"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

"DESDE O SURGIMENTO DA INTERNET TODO MUNDO É FASCISTA" - UM ARTIGO DE SANDRO VAIA

 

     A observação foi feita em tom irônico pelo professor norte-americano Douglas Harper em seu dicionário etimológico, e convenientemente lembrada esta semana pelo crítico literário Sérgio Rodrigues em seu blog. Esse passou a ser o xingamento campeão nas redes sociais. Usa-se a torto e direito, mais ainda do que reacionário e direitista, e por ironia das ironias na maioria das vezes é usado por quem não sabe que seu significado lhe serviria como uma luva. Mal comparando, seria como se o Tiririca chamasse alguém de palhaço.

Na semana passada, dois acontecimentos muito didáticos jogaram luzes sobre esse jogo de sombras onde se esconde esse crescente autoritarismo castrador que se espalha como unha-de-gato em muro chapiscado.

A Folha contratou dois novos colunistas semanais para, segundo ela, ampliar o pluralismo de opiniões em seu caderno “Poder”: Reinaldo Azevedo, que tem um blog campeão de audiência hospedado na Veja, e Demétrio Magnoli, sociólogo e geógrafo conhecido por combater a imposição de cotas raciais nas universidades brasileiras.

A internet se encheu de gritos de maldição contra os articulistas e o jornal que os contratou, leitores anunciaram que cancelariam as suas assinaturas e, fato inusitado, a coluna de estreia de Azevedo, sobre a ação de libertação dos beagles de um instituto de pesquisas científicas, levou a ombudsman do jornal a classificar delicadamente o colunista como um “rotweiller” ─ o que ela explicou depois, claro, era só uma força de expressão.

Um caso claro de intolerância ideológica, que pode ser facilmente curado por duas providências simples: ou deixar de ler o jornal ou continuar lendo o jornal mas não ler os colunistas desagradáveis. Rebater argumentos e tentar provar com fatos que os deles estão errados e que os seus estão certos nem pensar. Isso dá muito trabalho. Negar em bloco e chamar de “fascista” facilita a vida. Desqualificar sempre, debater nunca.

Mais grave do que isso foi o que aconteceu numa feira literária em Cachoeira, no interior da Bahia, quando ativistas armados apenas pelas suas bordunas de intolerância intelectual impediram, aos gritos, que se realizassem os debates entre o sociólogo Demétrio Magnoli e a cientista social Maria Hilda Baqueiro Paraíso e o filósofo Luiz Felipe Pondé e o sociólogo francês Jean-Claude Kafmann.

Magnoli e Pondé foram impedidos de falar ─ como Yoani Sanchez já havia sido impedida meses atrás ─ por pessoas que os xingavam de “fascistas”. Exemplo perfeito daquilo que os franceses chamam de “glissement semantique“─ ou deslizamento de sentido das palavras.

País estranho e paradoxal onde opiniões fortes são comparadas com mordidas de rotweiller e onde fascistas em ação proíbem debates e quem é impedido de falar é que é o fascista.

01 de novembro de 2013
SANDRO VAIA

BOLSA FAMÍLIA. DEZ ANOS E NADA PARA COMEMORAR


Já vão aí dez anos de Bolsa Familia, isso signifgica que há dez anos tem gente vivendo as custas do governo sem trabalhar.

Como disse certa vez algum lúcido cidadão...
"O sucesso de um programa social não está no número de pessoas que dependem dele, e sim pelo número de pessoas que conseguem sair dele"
Só que aqui na pocilga ptralha, o que o desgoverno quer é mais gente recebendo bolsas para a perpetuação da miséria, e do poder para as ratazanas vermelhas...

Estamos entrando pela segunda, talvez terceira geração de assistidos, é gente pra caramba que vive de benefícios sociais em troca de votos. E como TODO ano eleitoral já começou a bandalheira de aterrorizar aos benefiociários com o boato de que se qualquer um que não seja a presidANTA Pinguim Dentuço ganhar as eleições para presidente, o Bolsa vai acabar, e para um povo vagabundo a idéia de ter que trabalhar para viver é aterrorizante, então tome voto nas Ratazanas Vermelhas, mesmo com os recorrentes desmentidos do governo, o bolsa é um programa eleitoral e ponto final.

O bolsa perpetua o povo na miséria intelectual, não transforma em cidadão e mantém o cabresto eleitoral.  Simplesmente mantém uma legião de coitados que vivem de migalhas sem muitas perspectivas de uma vida melhor e mais digna.
Preferem receber uns caraminguás em troca de votos e continuam fazendo "mininos" para arrecadarem ainda mais um pouco.
A verdadeira malandragem da burrice, mas...querer o que de um povo sem cultura né?

Estudar e trabalhar para melhorar de vida é o caminho que TODOS nós sabemos ser o certo, infelizmente após o pt chegar ao poder, estudar e trabalhar é coisa de otário burguês reacionário direitista e filhote da ditadura.

E assim vão se perpetuando a miséria e a ignorância endêmica que assolam o povo da pátria de chuteiras.
Para esse programa, que não é de todo ruim, tem lá seus bons resultados...são ínfimos, mas tem coisa boa, afinal é uma cópia escarrada do programa Bolsa Escola do governo Tucano de "efeagace", mas o pt descaracterizou o esforço em troca do benefício e perpetuou o assistencialismo barato e vagabundo em troca de votos.

O programa precisa passar por uma reestruturação em tres pontos fundamentais para que não seja utiliizada a miséria da população em pretensões, manobras, mentiras e presepadas eleitorais.

Primeiro tem que trocar o cartão do bolsa pelo título de eleitor, enquanto o cidadão estiver sendo assistido não pode votar para que não seja caracterizado a troca do voto pelo benefício. O popular cabresto.

Em segundo, o programa tem que ter prazo, o cidadão entra no programa e tem "X" tempo para dar um jeito na vida e sair da asa do governo.

Terceiro, o programa tem que virar política de estado para que este ou aquele partido não utilize do terrorismo político para obter votos dos miseráveis.

E de resto, apenas a mesmice de sempre do EX presidente Defuntus Verborrágicus, em fazer presepada e mentir sem parar para o povo idiota desta pocilga.

E vamo que vamo que em breve metade do país vai estar sendo assistido por algum programa do governo, isto é...se o país não quebrar antes.
 
01 de novembro de 2013
omascate

MÁFIA DO PT


 
A citação do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), como suposto beneficiário de propina da Máfia do Asfalto, causou incômodo no Palácio do Planalto. A expectativa é de que o líder dê explicações convincentes sobre suas relações com os personagens citados e desfaça qualquer suspeita. Apesar do clima de cobrança, Chinaglia só corre o risco de ser demitido do cargo se no decorrer das investigações sua atuação ficar comprovada. O parlamentar nega ter recebido qualquer quantia.
 
Ex-presidente da Câmara e ex-líder também do governo Lula, Chinaglia tem no seu passado um motivo para a permanência dentro do governo. Suas respostas, porém, foram vistas como tímidas até agora e incapazes de desvinculá-lo do caso. O governo espera que ele apresente elementos para descaracterizar a denúncia. "Ele tem a confiança do governo, mas é claro que ninguém gosta de ver um líder do governo numa situação dessas. Esperamos uma reação dele", diz um assessor palaciano.
 
Uma planilha do empreiteiro Olívio Scamatti, controlador do grupo Demop, sugere pagamentos a uma série de parlamentares. O nome de Chinaglia é citado como beneficiário de R$ 40 mil pagos em dezembro de 2011. A reportagem tentou contato nesta sexta-feira, 01, mas não houve retorno. Antes, o deputado tinha classificado a acusação como "vigorosa mentira" e cobrado do Ministério Público uma apuração rigorosa.
 
Assim como Chinaglia, o ex-líder do governo Cândido Vaccarezza (PT-SP) aparece na lista. Ele é tido como o maior beneficiário, tendo supostamente recebido R$ 355 mil entre janeiro de 2011 e junho de 2012 em 16 repasses. Ele nega ter recebido qualquer quantia. "Nunca recebi um tostão do Olívio", afirmou Vaccarezza. "Eu nunca na minha vida negociei nenhuma emenda, nem com Olívio, nem com ninguém", continuou. "Não sou amigo dele. Encontrei com o Olívio em toda a minha vida umas cinco vezes no máximo", complementou.
 
Vaccarezza afirma que dois assessores que aparecem na investigação como próximos do empreiteiro foram demitidos em 2010 e 2011, mas por razões administrativas. Diz não saber se o grupo Demop fez a execução de alguma de suas emendas porque faz a destinação de recursos para prefeituras, que são as responsáveis por fazer a licitação e tocar as obras.
 
A chamada Máfia do Asfalto foi desmontada pela Operação Fratelli, deflagrada em abril. Scamatti, preso desde então, é apontado como líder do grupo que agia na intenção de direcionar licitações de prefeituras para realizar obras de pavimentação e recapeamento asfáltico. Parte dos recursos aplicados decorriam de emendas parlamentares.
 
01 de novembro de 2013
 in coroneLeaks

BRASIL É "NOTÍCIA DE ONTEM" - DIZ INVESTIDOR AO "FINANCIAL TIMES"

Americano deixa de lado o país e a China para investir em mercados mais arriscados
 
DO "FINANCIAL TIMES"

Logo que o investidor americano Gabriel Schulze se mudou para a China, há oito anos, a fim de conquistar um espaço no mais promissor dos mercados inexplorados mundiais, percebeu que havia chegado tarde.
 
"Cheguei pensando que estava na fronteira, que estava adiante da curva, e, quando comecei a almoçar com chineses, descobri que todos estavam indo para a África."
 
Schulze, herdeiro de uma bilionária família da mineração, rapidamente seguiu os chineses à Etiópia, onde criou o primeiro fundo de ações dedicado a um dos países mais fechados do continente.
 
"As pessoas me chamavam de maluco. Mas, se você estivesse buscando um lugar que não era plenamente apreciado até ali, a Etiópia certamente merecia o primeiro lugar", diz o acionista controlador da Schulze Global Investments.
 
Schulze está na vanguarda do investimento de fronteira, cuja promessa de recompensas pelos riscos assumidos atrai cada vez mais interesse.
 
Quando o dinheiro começou a escapar dos países emergentes, alguns meses atrás, as ações dos mercados de fronteira apresentaram desempenho muito superior ao de países em desenvolvimento menos arriscados, com crescimento em dois dígitos.
 
Mas as ações de companhias de capital aberto são só parte da história. Os mercados de ações de fronteira em certos casos só operam com um punhado de companhias --e não existem Bolsas. É por isso que Schulze prefere investimentos de capital privado, formando parcerias com empresas familiares.
 
Sua família investiu US$ 10 milhões em um fundo de ações, antes de atrair US$ 90 milhões de outros investidores, com participações em companhias de café, educação, alimentos e cimento.
 
Schulze depois disso adicionou novos paradeiros exóticos e de alto risco para seus investimentos, deixando de lado a China e o Brasil --"são notícia de ontem".
 
Em lugar, entraram produção de cashmere e serviços de mineração na Mongólia, um fundo de US$ 100 milhões para energia hidrelétrica na Geórgia e até mesmo investimentos na Coreia do Norte.
 
INCOMPREENDIDOS
 
Schulze acredita que os mercados de fronteira não sejam necessariamente mais arriscados. "Eles muitas vezes são só mal compreendidos, ou desconsiderados", afirma.
 
Ele prefere fundos que operam em um só país e participações minoritárias. Diz ter concluído mais de uma dúzia de transações com índices de retorno de mais de 30%.
 
"Creio que às vezes as pessoas, entre elas meu pai, nos olhavam e imaginávamos que éramos caubóis. Na minha opinião, você pode agir como caubói uma vez e se dar bem, mas acredito que tenhamos desenvolvido um padrão de sucesso nas nossas operações em mercados como esses."
 
DE OLHO EM MARTE
 
Ele prefere que suas equipes de investimento tenham base local, para que enfrentem "as mesmas realidades" que as companhias nas quais sua empresa investe - autoridades repletas de caprichos, por exemplo.
 
Na Coreia do Norte, ele diz ter feito quatro transações "muito limpas", em empréstimos de US$ 1 milhão para três estatais locais, todos com "juros muitos altos". "Fiquei realmente surpreso ao descobrir uma economia vibrante."
 
Mas talvez a Coreia do Norte não seja a fronteira final. "Chegará o dia, em algumas décadas, em que estaremos procurando ser os primeiros a operar em Marte."

01 de novembro de 2013

"A LOQUACIDADE DE LULA'

Ao disparar uma saraivada de farpas contra sua ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que aderiu a Eduardo Campos, ex-aliado e agora adversário eleitoral de sua favorita, Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva revela um aspecto inusitado da disputa pela Presidência no ano que vem. A um ano da abertura das urnas, a campanha já tem um aspecto completamente diferente de eleições anteriores, com três candidatos declarados a presidente - Dilma, o tucano Aécio Neves e o governador de Pernambuco - e dois ocultos: o próprio Lula e a ex-senadora e fundadora de seu Partido dos Trabalhadores (PT).
 
A intensa atividade de Lula na campanha contraria frontalmente as lições que deu ao professor Fernando Henrique Cardoso, depois que o substituiu no governo. Disse, então: "Ele dá palpite o tempo inteiro e não se comporta como um ex-presidente deve se comportar". Àquela ocasião, Lula e seu partido já tinham trocado o objetivo de "mudar tudo o que está aí", quando chegassem ao poder, pela tática realista de "fazer o diabo para ficar no poder" e decretado, com isso, "às favas com os escrúpulos". E exigiu que Fernando Henrique não fizesse a oposição que Lula fez quando o seu adversário estava no poder. Por um motivo que lhe parecia indiscutível: "Nós estamos fazendo o governo que ele não quis fazer. Eu estou fazendo o Brasil que ele não conseguiu fazer".
 
Mas seria perda de tempo cobrar coerência de um líder político populista que, assim que lhe foi conveniente, adotou como lema de vida e postura um verso famoso cantado por Raul Seixas: "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Da mesma forma, ingênuo seria estranhar a virulência com que o ex-presidente passou a tratar dois antigos companheiros de estrada - o neto de Miguel Arraes e a herdeira da luta ambientalista de Chico Mendes. Na práxis do PT e de Lula eles são inimigos a combater e vencer.
 
A realidade é que o projeto do PT e de Lula é levar Dilma à vitória, se possível no primeiro turno. E isso tem parecido mais difícil depois que os índices de popularidade da presidente despencaram com as manifestações nas ruas em junho, nas quais ficou patente a insatisfação popular com os serviços públicos. Na queda, a fragilidade da candidata à reeleição se revelou por inteiro: dificuldade de se expressar, inabilidade ao se comunicar e incapacidade de seduzir. Mestre nessas artes, Lula, o rei dos palanques, foi chamado para salvar a pátria.
 
Marina atacou a política econômica de Dilma, dizendo que a marca do atual governo "tem sido o retrocesso. Não gostaria que a presidente tivesse essa marca. Ela cumpriu o seu papel, mas o modelo se esgotou, não tem mais para onde ir". E, já que a presidente não encontrou resposta para este repto, Lula respondeu por ela, na festa de aniversário do Bolsa Família, caça-votos prioritário das três gestões federais petistas: "Ela (Marina) deveria parar de aceitar com facilidade as lições que estão lhe dando". Fez, com isso, uma referência indireta à ligação de Marina com o economista André Lara Resende, um dos criadores do Plano Real, principal causa das vitórias que Fernando Henrique lhe impôs nos pleitos de 2002 e 2006.
 
Depois, num almoço com Dilma e ministros no Palácio da Alvorada, Lula não escondeu que assumiu com entusiasmo a tarefa de poupar a pupila de ter de responder às críticas dos adversários, reservando-se esse papel. "Depois de desencarnar por quase três anos, estou voltando à atividade política. Me aguardem em Pernambuco." Deixou claro com isso que o neto de seu velho aliado Miguel Arraes não perde por esperar.
 
Mostrando que a falta de modéstia não é mesmo seu maior defeito, Lula insinuou que o candidato de Campos a prefeito do Recife só ganhou a eleição porque ele não subiu no palanque do pretendente petista. E deixou claro que a missão de escudo de Dilma que ora cumpre pode ser um treino para a própria campanha no futuro: "Se me encherem o saco, em 2018 estou de volta". Ou seja, o lobo perdeu o pelo, mas não perdeu a manha.

01 de novembro de 2013
Editorial do Estadão

"QUEM VAI PAGAR A CONTA DE EIKE BATISTA?"

 
Tudo indica que a conta do calote de Eike Batista vai sobrar para os acionistas minoritários, para os credores estrangeiros e para os fornecedores de suas empresas. O empresário está fazendo de tudo para livrar os bancos e, principalmente, o governo de amargar prejuízos.
 
A OGX entrou nessa semana com o maior pedido de recuperação judicial da América Latina, deixando para trás R$ 11,2 bilhões de dívidas não pagas. Pode causar espanto, mas não há dívidas bancárias envolvidas. A maior fatia - quase R$ 8 bilhões - é com investidores do exterior, que compraram os títulos de dívida da empresa.
 
As únicas dívidas bancárias da OGX estavam na subsidiária OGX Maranhão, que produz gás na bacia do Parnaíba. Se a OGX Maranhão tivesse sucumbido, Itaú BBA, Morgan Stanley e Santander teriam tomado um calote de R$ 200 milhões cada um. Na véspera da recuperação judicial da petroleira, o fundo Cambuhy, do banqueiro Pedro Moreira Salles (Itaú Unibanco) topou injetar dinheiro na empresa.
 
Ontem à noite estava sendo costurado um acordo para salvar a empresa naval OSX de ter o mesmo destino da OGX. A OSX é hoje o principal risco de dor de cabeça para a administração Dilma Rousseff, que terá que explicar uma "tunga" de R$ 1,6 bilhão em Caixa e BNDES se a empresa for à lona.
 
Até ontem o que estava sendo costurado era uma solução que não comprometesse o governo, porque passava por uma injeção de recursos dos bancos privados que garantem os empréstimos (Santander e Votorantim) e do próprio Eike, que colocaria R$ 100 milhões na empresa.
 
Causa espanto a disposição de Eike de por dinheiro na OSX, já que ele se negou recentemente a injetar a mesma quantia na OGX. Talvez a relação especial que o empresário sempre gozou com Lula e Dilma ajude a explicar sua opção.
 
Nos últimos meses, Eike também conseguiu passar para frente pedaços da termelétrica MPX (hoje chamada Eneva), da mineradora MMX e da empresa de logística LLX. A exposição dos bancos brasileiros, que chegava a cerca de R$ 20 bilhões, estava fortemente concentrada nessas três empresas. Se tivessem sido contaminadas, o estrago seria grande.
 
Até ontem, ainda não era certeza que a OSX escaparia da recuperação judicial, mas, se tudo sair como planejado, a conta do calote de Eike ficará apenas com os acionistas minoritários de suas empresas, cujos papeis se desvalorizaram muito, e com os credores internacionais.
 
As ações da OGX, por exemplo, foram cotadas ontem a míseros R$ 0,13. Os fundos internacionais, como Pinco e BlackRock, também não vão escapar de um desconto brutal no pagamento de seus empréstimos durante a recuperação da petroleira.
 
É claro que investir em ações ou bônus de uma petroleira pré-operacional é um risco e todos devem saber disso, mas os prejuízos para o país são significativos.
 
A bolsa brasileira já vem sofrendo com o "efeito OGX", que prejudica um canal importante para as empresas se financiarem e para as pessoas elevarem sua poupança.
 
Além disso, as portas lá fora estarão difíceis de abrir a partir de agora para empresas brasileiras novatas que possuam um bom projeto de infraestrutura, mas nenhuma receita. E isso num país que precisa muito de investimentos é preocupante.
 
De forma indireta e, apesar dos esforços para deixar o governo de fora, a conta de Eike Batista já caiu um pouco no colo de todos nós. Se a OSX não se salvar, vai ficar ainda mais salgada.

01 de novembro de 2013
Raquel Landim, Folha de São Paulo

MÁFIA DO ASFALTO: PLANILHA INDICA PAGAMENTO MENSAL A POLÍTICOS

Documento sugere cachê mensal pago a prefeitos e deputados estaduais e federais. Cândido Vaccarezza (PT) e Itamar Borges (PMDB) são os mais citados
 

Operação Fratelli
Planilha apreendida pelo MP revela existência de mensalão pago 
por grupo Scamatti a políticos (Fabio Carvalho/Dhoje Interior)

Uma nova planilha, apreendida em posse do empreiteiro Olívio Scamatti, sugere pagamentos mensais da "Máfia do Asfalto", entre 2011 e 2013, para deputados estaduais e federais, prefeitos e servidores públicos. Na quarta-feira, foi revelada a existência de uma primeira planilha, apreendida com um contador ligado à organização, que apontava pagamento de mais de 3 milhões de reais a políticos. Para o Ministério Público, os documentos são "indícios de propina".
 
Os nomes dos parlamentares Cândido Vaccarezza (PT), Geraldo Vinholi (PSDB), Jéfferson Campos (PSD), Otoniel Lima (PRB) e Itamar Borges (PMDB) aparecem com assiduidade no documento encartado aos autos da Operação Fratelli - missão integrada da Polícia Federal e do Ministério Público que investiga organização infiltrada em pelo menos 78 municípios da região noroeste de São Paulo para fraudar licitações com recursos de emendas de deputados federais e estaduais.
 
Scamatti - preso há sete meses - é o controlador do Grupo Demop, que reúne empresas de construção, entre elas a Scamatti & Seller e a Scan Vias. Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Núcleo São José do Rio Preto (SP), atribuem ao empreiteiro o papel de "chefe da quadrilha, grande articulador e mentor da absoluta maioria das fraudes".
 
Para os promotores, Scamatti "convencia prefeitos dos mais variados municípios a direcionar as licitações no ramo de pavimentação e recapeamento asfáltico" - parte do dinheiro dessas obras saía de emendas parlamentares.
 
A investigação começou em 2008. Para os quatro promotores envolvidos no caso - Evandro Ornelas Leal, João Santa Terra Junior, Paulo César Neuger Deligi e João Paulo Gabriel de Souza -, as planilhas com nomes de políticos e valores "são indicativos da possibilidade de pagamento de propinas".
 
Foro - Mesmo incluindo nos autos da Fratelli a planilha do empreiteiro, os promotores não fizeram acusação formal a nenhum parlamentar. Eles não puderam apurar a veracidade da lista, porque não detêm competência para procedimento dessa natureza. Por isso, encaminharam cópia da contabilidade de Scamatti para duas esferas, a Procuradoria-Geral de Justiça e a Procuradoria-Geral da República, a quem cabe investigar autoridades com prerrogativa de foro privilegiado, caso dos deputados e prefeitos.
 
A sucessão de repasses coincidiu com uma etapa de prosperidade das empresas coligadas do empreiteiro - em 2011, a Scamatti & Seller teve faturamento bruto de 16,44 milhões de reais; em 2012, deu um salto para 99,36 milhões de reais.
 
A agenda que pode dar a pista para a corrupção estava guardada em um pen drive que a PF recolheu na residência de Scamatti, quando a operação foi desencadeada, em abril. O Setor Técnico Científico do Ministério Público abriu o arquivo que pode reforçar suspeitas de laços entre o empreiteiro e políticos.
 
Mais citado - Uma das citações mais frequentes na contabilidade do principal alvo da Operação Fratelli aponta para o nome do deputado federal Cândido Vaccarezza e de uma ex-assessora dele, Denise Cavalcanti. Em 2011, por exemplo, os lançamentos se repetem onze vezes, apenas entre janeiro e maio. Em 2012, há outras quatro menções ao petista. A soma global de valores foi de 355 000 reais.
 
Itamar Borges, deputado estadual pelo PMDB, teve seu nome anotado nove vezes na agenda do empreiteiro em 2011, de fevereiro a dezembro - a maioria das parcelas de 25 000 reais. Borges também foi citado outras duas vezes em setembro de 2012: o montante que teria sido repassado ao peemedebista chegou a 247 000 reais.
 
Um único registro menciona Roquinho, como é conhecido o deputado estadual Roque Barbieri (PTB) - 19 de agosto de 2011, ao lado da quantia de 20 000 reais. Foi Barbieri que denunciou, em agosto de 2011, a venda de emendas parlamentares na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Segundo ele, entre 25% e 30% de seus pares no Palácio Nove de Julho vendem emendas.
 
Os promotores selecionaram e anexaram à denúncia criminal entregue à Justiça um bloco de onze interceptações telefônicas "reveladoras" que flagraram Scamatti "em contatos com agentes políticos ou assessores destes visando influenciar a destinação de recursos para municípios específicos, em obras do ramo de atuação do grupo para posteriormente fraudar as licitações".
 
O fluxo de caixa de Scamatti mostra que depósitos podem ter sido feitos diretamente em conta bancária, mas a maior parte dos repasses é vinculada a um personagem enigmático do esquema, Osvaldo Ferreira Filho, o Osvaldin, apontado como lobista e elo da organização com o poder público. Osvaldin foi assessor na Alesp e na Câmara dos Deputados, em Brasília, do parlamentar Edson Aparecido (PSDB), licenciado para comandar a Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo.
 
Outro lado - A maioria dos parlamentares negou qualquer relação com os integrantes do grupo acusado de fraudar em licitações em prefeituras do interior de São Paulo. A reportagem conseguiu contato com oito dos catorze parlamentares citados no documento apreendido pelo Ministério Público. Os deputados Devanir Ribeiro (PT), Cândido Vaccarezza (PT), Otoniel Lima (PRB), Roque Barbiere (PTB) e Gilmaci Santos (PRB) não foram localizados. Carlos Cezar (PSB) não respondeu aos questionamentos.
 
O deputado estadual Itamar Borges (PMDB) afirmou que nunca negociou com o Grupo Demop. "O parlamentar nunca recebeu qualquer tipo de doação ou benefício em troca de emendas parlamentares de quem quer que seja e jamais fez qualquer tipo de negociação com os empresários envolvidos na investigação", disse a assessoria de imprensa de Itamar Borges.
 
Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara dos Deputados, também é citado na contabilidade da Máfia do Asfalto. Ele disse que a informação, que consta na planilha apreendida, é uma "vigorosa mentira". "O MP tem o dever de apurar corretamente todos os fatos", disse o deputado.
 
O atual prefeito de Catanduva (SP), Geraldo Vinholi (PSDB), que teria recebido 105 000 reais de acordo com a planilha, "nega com veemência" a inclusão de seu nome na lista. "Geraldo Vinholi não tem qualquer envolvimento ou contato com os empreiteiros em questão e repudia com veemência a inclusão de seu nome", disse, em nota, a assessoria de imprensa do tucano.
 
O petista João Antonio, atual secretário de Relações Governamentais do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse que nem sequer assinou emendas durante o período citado nos documentos do Ministério Público. Na planilha de Scamatti, o nome de João Antonio aparece ao lado da quantia de 100 000 reais. "O deputado estadual licenciado João Antonio não assinou emendas ao orçamento de 2011. Ele não destinou quaisquer recursos para prefeituras que eventualmente assinaram contratos com o grupo investigado", afirmou sua assessoria de imprensa.
 
José Mentor, deputado federal do PT, também disse que não fez emendas com o grupo Demop. De acordo com a planilha do Ministério Público, Mentor teria recebido da organização 25 000 reais entre 2011 e 2012, como propina.
 
O deputado Enio Tatto (PT) afirmou que não conhece Scamatti e repudiou envolvimento no caso. "Eu não conheço essa turma. Não tenho relação nenhuma. Eu jamais teria, muito pelo contrário. É só ver a minha atuação na Assembleia Legislativa. Eu até pedi para abrir CPI", disse o parlamentar. O nome de Tatto aparece no documento apreendido ao lado da quantia 85 000 reais.
 
O deputado federal Jefferson Campos (PSD) afirmou por intermédio de sua assessoria que não iria comentar sobre as novas informações contidas dos documentos do Ministério Público Estadual.

01 de novembro de 2013
Veja
(Com Estadão Conteúdo)

PARA PRESSIONAR DILMA, RENAN CALHEIROS DECIDE INSTALAR CPI DA COPA

Segundo peemedebistas, decisão foi motivada por recusa de apoio ao filho do senador alagoano na corrida estadual e ação do PT para comandar Senado em 2014
 
 
Em mais um embate com a presidente Dilma Rousseff, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), avisou ao vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) que vai instalar, na próxima terça-feira (5), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Copa do Mundo. A atitude de Renan, segundo interlocutores, tem como motivação a recusa do PT e do Palácio do Planalto em apoiar uma possível candidatura de seu filho, o deputado Renan Filho (PMDB-AL) ao governo de Alagoas no próximo ano.
O PT concorda em apoiar uma eventual candidatura do próprio Renan Calheiros ao governo do estado. No entanto, no caso da candidatura de Renan Filho, tanto o PT quanto o governo já avisaram que não estão dispostos a um acordo. A opção do partido da presidente Dilma Rousseff, nesse caso, seria a de se coligar com o PP e levar a frente a candidatura do senador Benedito de Lira (PP-AL).
Agência Brasil
Enfrentamento de Renan também motivou a inclusão da autonomia do BC na pauta do Senado

 
Por trás da negociação eleitoral, peemedebistas enxergam uma ação do PT para assumir o controle do Senado a partir de 2015. Contra isso, os peemedebistas tentam se prevenir de um desfalque na Casa, já que pelo menos dois caciques do partido no Senado podem abrir mão do mandato se forem eleitos aos governos de seus estados. O dilema no maior partido aliado do governo, segundo um de seus líderes, é quem ficará para comandar a Casa.
Entre os peemedebistas que podem deixar a Casa, estão o líder do partido, senador Eunício Oliveira, que concorrerá ao governo do Ceará, e do líder do governo, Eduardo Braga, que concorrerá ao governo do Amazonas, além de Ricardo Ferraço, que também planeja se candidatar ao governo do Espírito Santo. Também não está nos planos do ex-presidente José Sarney (PMDB-AL) disputar um novo mandato no próximo ano.
O desfalque do PMDB no Senado pode incluir ainda o senador Vital do Rêgo (PB), cotado para assumir o Ministério de Integração Nacional na reforma que a presidente fará em dezembro.
Para tentar controlar as tensões com Renan, a presidente Dilma Rousseff, por meio do vice-presidente Michel Temer, chamou Vital e Eunício para uma reunião em seu gabinete. A conversa está prevista para a próxima quarta-feira.
A criação de uma CPI para investigar possíveis desvios e superfaturamento de obras em plena ano de Copa do Mundo e eleições é tudo que o Planalto não quer. A proposta de instalação da comissão, de iniciativa do senador Mário Couto (PSDB-PA), angariou 33 assinaturas, seis a mais que o mínimo necessário. O projeto está na Mesa Diretora do Senado há quase duas semanas e sua instalação só depende da vontade de Renan.
O enfrentamento de Renan a Dilma também foi motivação para que ele colocasse na pauta do Senado na última semana a proposta que prevê total autonomia do Banco Central, com eleições para seus presidentes, hoje indicados pela Presidência da República. O governo é contrário á proposta e a oposição decidiu defender essa bandeira, apesar de ter sido rechaçada quando tramitou durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
01 de novembro de 2013
 Luciana Lima - iG 

REINALDO AZEVEDO: "COM QUE ROUPA?"


 
O texto que segue após este prólogo é mais um bom artigo do jornalista Reinaldo Azevedo, na Folha de S. Paulo desta sexta-feira. Escrever sobre política no Brasil depois da ascensão do PT ao poder tornou-se uma tarefa ingrata. Max Weber afirmou, num de seus escritos, que "fazer política é fazer um pacto com o diabo".
De certa forma, e sem saber, fez uma previsão acertada sobre o Brasil do século XXI. Todavia a sua teoria política não contempla a inexistência da "luta", que é inexorável na sociedade, mormente a luta política. Esta pressupõe, no mínimo, que exista um confronto, ou seja, "oposição".
A luta no reino dos homens se dá nos mais variados níveis, incluindo, obrigatoriamente a política que é, segundo o próprio Weber, "a luta pelo poder ou pela manutenção do poder". A civilização nada mais é do que a transformação da luta cruenta em incruenta, mas ainda assim ela prevalece.
A abordagem de Reinaldo Azevedo faz todo o sentido e por isso mesmo qualifica isto o seu artigo como o único texto do jornal que não resvala pelo tortuoso caminho do relativismo político, moral e ético que dá o tom à linha editorial da Folha, o que o jornal designa como "pluralista", algo que não passa de mais uma jabuticaba. Enfim, é o retrato do Brasil.
Mas vamos ao que interessa, o artigo de Reinaldo cujo o título original é o mesmo deste post.
Leiam:
 
A um ano da eleição, a situação de Dilma Rousseff é muito menos confortável do que alardeia o PT. Mais Médicos, leilão do pré-sal, crédito para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, onipresença nas TVs, reação à suposta espionagem dos EUA, o que excita o ressentimento nacionalista de exaltação...
Está na casa dos 40% das intenções de voto. A tibieza dos adversários, mais do que a força da petista, é que projeta um futuro. Quem é entusiasta de Dilma? Muita gente quer mudar. Mas com que roupa?, perguntaria o sambista. Eis o busílis.
 
Governos, a teoria não é minha, se impõem por um misto de consenso e coerção, ora se sobressaindo um, ora outro. FHC e Lula, a seu respectivo modo, criaram o primeiro.
A Dilma, sem um Plano Real como redutor de diferenças ou uma conjuntura externa favorável, sobrou a segunda. A coerção, que é da natureza do Estado e dos governos, tem a sua eficácia, mas é de alcance limitado. É o consenso entre os pares, obra da política, que dá feição à gestão. E isso não há. O governo é medíocre. O momento é propício a mudanças.
 
Mas quais são as opções no mercado de ideias? O PSDB permitiu que sua história e suas notáveis conquistas fossem sequestradas pelo PT. Progressista demais para ser conservador e conservador o bastante para ser progressista, tenta conciliar paternalismo e administrativismo numa narrativa que, até agora, é ignorada por parcela considerável do próprio eleitorado de oposição. Por que os não-petistas que escolheram Dilma em 2010 deveriam escolher um tucano em 2014? Essa pergunta precisa de resposta.
 
Marina Silva e Eduardo Campos se oferecem como opção a quem quer outra "posição", mas não a "oposição". Com isso, pode-se abrir uma boa ONG de trocadilhos. Prometem o melhor de FHC com o melhor de Lula. E se o cruzamento fosse malsucedido e se desse o contrário?
 
Em entrevista a esta Folha, o economista Eduardo Giannetti, um dos interlocutores de Marina, afirmou: "Crescer 7% destruindo patrimônio ambiental é muito pior do que se crescer 3% preservando patrimônio ambiental e, na medida do possível, melhorando as condições de vida. O crescimento em si não é o objetivo".
 
No "Roda Viva", disse a líder da Rede: "Hoje, quando se fez a pesquisa do Datafolha perguntando se as pessoas preferiam pagar um pouco mais caro pelos alimentos em lugar de ver a floresta desmatada, cerca de 95% das pessoas disseram que sim".
 
Não se tomam aqui essas falas como programa de governo. Pensem, no entanto, no efeito devastador que podem ter em campanha. Na ponta, afrontam necessidades elementares dos mais pobres; na origem, vocalizam o velho contraste entre natureza e civilização.
Mesmo fraca, Dilma só enfrenta "posições", sem oposição. Bom para ela. Ruim para o país.
Eu, hein, Rosa!?
 
"Liberdade é, apenas e exclusivamente, a liberdade dos que pensam de modo diferente." A frase já foi um clichê na boca de esquerdistas que se opunham ou à ditadura ou a supostos consensos que, na democracia, não eram do seu agrado. Poderia ter sido dita pela liberal-libertária Ayn Rand, mas a autora é a comunista Rosa Luxemburgo.
Confrontava Lênin, que mandou às favas a Assembleia Constituinte. No seu equívoco, Rosa tinha a honestidade dos ingênuos, mas revoluções são conduzidas pelo cálculo dos cínicos. A liberdade perdeu. A múmia de Lênin fede. Seu cadáver ainda procria.
 
 
01 de novembro de 2013
in aluizio amorim

A PÎRÂMIDE ESFARELA: A RETUMBANTE QUEDA DE EIKE BATISTA, A MÍDIA E O GOVERNO DO PT


Ilustração do editorial do Grupo RBS
Quem não se lembra dos jornais adulando diariamente Eike Batista, que chegou a ser considerado há um ano pela revista Forbes como o sétimo homem mais rico do mundo.
As reações estão apenas no seu começo. Um exemplo disso é o editorial dos jornais do Grupo gaúcho RBS, que edita entre outros títulos o Diário Catarinense de Florianópolis e o Zero Hora de Porto Alegre. Além disso possui a concessão de transmissão da Rede Globo No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
 
O teor do editorial está correto. Todavia, sou obrigado a afirmar que o que está acontecendo no Brasil sob o governo imperial do PT, que tem o apoio de todos os grandes grupos empresariais brasileiros, inclusive da RBS - Rede Brasil Sul de Comunicação, que contribuiu para o retorno do PT ao poder no Rio Grande do Sul, a bordo do conhecido stalinista tupiniquim Tarso Genro, um dos chefões nacionais do PT.
 
E deve-se acrescentar a isso, sem desmerecer essa pujante empresa gaúcha, que já passou da hora de seus proprietários e gestores, de rever a linha editorial de seus veículos fortemente ancorada no pensamento políticamente correto, que serve como a novilíngua do comunismo do século XXI. À diferença dos heróis de Tarso Genro o comunismo do século XXI não deseja mais expropriar todas as propriedades privadas e empresas ou fazer a guerra de guerrilhas, mas associar-se elas construindo uma pareceria que envolve de um lado o setor privado e de outro o erário!
 
Isto pode ser muito sedutor quando se sabe que os empresários brasileiros sempre foram chegados ao deletério patrimonialismo, locus da confusão entre o público e o privado. 
O Brasil entrou no século XXI trepado na charanga petista fazendo o caminho não para o futuro, mas para o passado. O episódio que envolve o grupo empresarial do Sr. Eike Batista é apenas a ponta do formidável iceberg nesse oceano de mensalões e transferências de recursos do erário, via BNDES para Cuba, Angola e também para as demais tiranias comunistas de vizinhos bolivarianos, sem que esses aportes fenomenais de dinheiro público passe pelo crivo do Congresso Nacional. É zero de transparência!
 
No plano interno, a drenagem de recursos públicos para o setor privado constitui também uma fabulosa caixa preta e que o editorial da RBS, com razão, questiona. 
Como afirmei no início deste prólogo, o editorial em pauta é totalmente procedente. Mas não vale fazer de conta que não sabia. Não foi por falta de aviso. 
Transcrevo na íntegra o editorial da RBS, que tem por título "A queda da pirâmide", ao que eu acrescento: e bota pirâmide nisso. Leiam:
Mais do que a retumbante queda pessoal do empresário brasileiro apontado pela revista Forbes como o sétimo mais rico do mundo, há apenas um ano, o pedido de recuperação judicial da petroleira OGX, de Eike Batista, representa uma lição para a economia do país. Batista exerceu poder hipnótico sobre um contingente importante de pessoas com poder de decisão, conseguiu convencer investidores brasileiros e estrangeiros de que tinha megaprojetos mágicos e acabou submergindo num pesadelo compartilhado com todos os que, direta ou indiretamente, também saem perdendo com a sua derrocada.

Agora, fica fácil apontar os erros dos projetos, em especial o da OGX, mas há alguns meses o ousado empresário era adulado por governantes e lideranças empresariais que sequer levantavam dúvidas sobre a solidez do seu negócio. O interesse pelo desfecho de seus investimentos, portanto, é também do governo e, por consequência, da sociedade. Há recursos públicos em investimentos do empresário, mesmo que não diretamente na empresa que depende agora de recuperação judicial. O BNDES tem participação diminuta na petroleira e assegura não ter concedido financiamentos à OGX, mas vinha chancelando as operações de Eike Batista, assim como o governo federal, em outras atividades. Não faz muito, a presidente Dilma Rousseff disse em discurso que Eike era um modelo para o empresariado brasileiro.

Por isso, Eike Batista não fracassa sozinho. As lições da quebradeira devem ser assimiladas por quem de alguma forma contribuiu para a sua ascensão e para o seu fracasso. Suas empresas de minério, energia e hotelaria, além de um porto e um estaleiro, sucumbem, basicamente, porque a mais vistosa de todas, a OGX, não atendeu às expectativas criadas por seu controlador. Credores e investidores ficam agora na incerteza de que poderão recuperar pelo menos parte dos recursos apostados no grupo. Os contribuintes, por sua vez, devem ser informados, com toda a transparência, pelas instituições públicas que ofereceram aporte financeiro às empresas. Todos têm o direito de saber qual é a participação estatal, via empréstimos ou participações acionárias, nos negócios que naufragaram com a petroleira.

A solução para as atividades do senhor Eike Batista, se existir, não pode ficar na dependência de socorro oficial. Espera-se também que a crise de credibilidade provocada pelo episódio não contamine a imagem do Brasil junto a investidores e organismos internacionais. E que o fracasso de projetos tão grandiosos não desestimule as ideias e os sonhos dos que movem o empreendedorismo sério e responsável.
 
 
01 de novembro de 2013
in aluizio amorim

A REVOLTA DOS ZOOXIITAS

           
          Artigos - Ambientalismo 
O braço desses movimentos é mais longo. Depois que os animais forem totalmente substituídos por plataformas vegetais, os zooxiitas irão se unir contra a criação e o abate de reses para alimentação humana, como já é o objetivo atual do PETA. 

No dia 18 de outubro de 2013, um bando de “ativistas” (leia-se “terroristas”) assaltou o Instituto Royal, em São Roque, SP, de onde roubaram 178 cães da raça beagle e depredaram as instalações, incluindo equipamentos e arquivos de pesquisas. Os vândalos destruíram o conhecimento proveniente de décadas de experimentos, especialmente a busca de um medicamento para combater o câncer (quebra de patente) e fitoterápicos para diversos usos.


Os responsáveis pelo instituto garantem que os testes realizados com cães e outros animais estavam de acordo com a lei brasileira, dentro das normas do Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e que os meigos beagles não sofriam maus tratos, como alegam os zooxiitas.

Muitos desses alegados defensores dos animais são defensores apenas na frente das câmaras. Como se explica, então, que os zooxiitas tenham largado na rua dois beagles surrupiados e anunciado a venda de um deles na internet por R$ 2.700,00? Se eles são defensores dos animais, por que levaram todos os beagles do Royal e deixaram todos os ratos para trás?

Há muitas organizações de defesa dos “direitos dos animais” espalhadas pelo mundo, algumas extremamente violentas, nas quais se espelham os macaquitos brasileños. Entre elas se destacam a ALF, a ELF, o PETA e o ultrarradical VHEMT.

A ALF (Animal Liberation Front - Frente de Libertação Animal) é uma ONG do Reino Unido, que promove ataques terroristas contra pesquisadores e centros de pesquisa que utilizam animais para a produção de vacinas e outros experimentos. Também atacam comerciantes de peles de animais e incendeiam lanchonetes de fast food na Europa, que utilizam carne vermelha no cardápio.
O neurocientista americano David Jentsch, da Universidade da Califórnia, já teve seu carro destruído por elementos do ALF e recebeu lâminas contaminadas por HIV. Em 1997, a ALF invadiu laboratórios da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e soltou 80 saguis e alguns macacos. Em 2008, invadiu laboratório de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), destruindo material de pesquisa, equipamentos e computadores.

A ELF (Earth Liberation Front - Frente de Libertação da Terra) é uma ONG que defende, p. ex., o lince real e promove ataques terroristas nos EUA e na Europa. Na mira do FBI, a ELF já promoveu muitos atentados contra condomínios e carros de luxo. Em 2003, a ELF ateou fogo em uma concessionária americana e destruiu 40 jipes considerados “poluidores” para a organização. No dia 18/6/2010, a ELF incendiou carros em uma concessionária da Land Rover localizada na Marginal Pinheiros, em São Paulo.

O PETA (People for the Ethical Treatment of Animals - Povo para o Tratamento Ético de Animais) possui cerca de um milhão de membros e se autodenomina como a maior organização de “direitos dos animais” no mundo. Fundada em 1980, o PETA opera sob o princípio de que “os animais não são nossos para comer, vestir, fazer experiências ou para uso de diversão”. Para fabricar um casaco de pele para madame, são necessários 60 minks ou 40 raposas ou 50 arminhos ou 120 chinchilas.

O VHEMT (Voluntary Human Extinction Movement - Movimento para a Extinção Humana Voluntária), junto com a Gaia Liberation Front (GLF), prega a total libertação da Terra, ou seja, a extinção dos humanos como espécie, considerada uma “raça alienígena”. Já que a ética não é seguida pelos terráqueos, por que não transferi-la aos animais e eliminar os humanos da face da Terra? Afinal, nada mais idílico para o zooxiita do que ver as imagens do Discovery Channel, em que os fofinhos animais lutam pela vida, devorando-se uns aos outros.
Close de sangue, orgasmo garantido. O sonho maior desses tantãs é a volta dos dinossauros como os senhores do planeta - os bobocas esquecem que seriam os primeiros a serem jantados por esses monstros. Ou a chegada triunfal do Lula Molusco, um cefalópode gigante, esperado pelo ecoteólogo Bob Esponja, quero dizer, Leonardo Boff. Luiz Inácio deve estar ainda mais rouco e afônico de tanta satisfação...

Mas voltemos ao motivo alegado pelos defensores dos animais, de que não se deve maltratar os bichos para realizar experimentos científicos, pois já existe a “plataforma vegetal” para tal fim. De fato, já se utilizam plantas para a fabricação de medicamentos.
Em 4/1/2011, p. ex., a Bio-Manguinhos assinou contrato com o Centro Fraunhofer para Biotecnologia Molecular e a iBio Inc., dos EUA, para produzir vacina contra a febre amarela a partir de uma planta, sem o uso de vírus atenuado. No entanto, o uso de animais ainda é imprescindível para a fabricação de muitos medicamentos, como alerta o doutor em Biologia Celular e Molecular, Octavio Menezes de Lima Junior, desmontando, um a um, os argumentos alegados pelos zooxiitas.

Ninguém, em sã consciência, consente que animais sejam maltratados. São seres vivos, têm sentimentos, sentem dor, e já existem leis brasileiras para punir os que maltratam bichos. No entanto, os zooxiitas não passam de farsantes, ao mentirem que os animais testados em laboratórios sofrem, pois são sedados durante os testes. Ao mesmo tempo, esses “ativistas” têm cérebro de siri, ao equiparar a vida humana à de um cão ou de um rato, como se tivessem o mesmo valor.
Pior ainda é quando colocam a vida de uma tartaruguinha acima da vida de um feto humano - como é o caso dos grupos feministas, para os quais o Projeto Tamar deve ser defendido com a própria vida, ao mesmo tempo em que uivam pela liberação total do aborto, ou seja, o assassinato do ser humano mais inocente e desprotegido que existe.

A história apresenta farta documentação de movimentos radicais, que são essencialmente contra a ciência. O Fenômeno Capitão Swing, p. ex., foi uma revolta ocorrida em muitos condados da Inglaterra, em 1830. “Swing” tornou-se o nome genérico para todos os que operavam como incendiários e destruidores de maquinaria no início da Revolução Industrial. “O ‘progresso’ inglês tinha criado suas próprias energias peculiares, e eram poucos os que ansiavam por atacá-lo, a menos que esse ataque se originasse de pessoas como Carlyle, que queria voltar à Idade Média” (KARL, 1995: 749).

No Brasil, esse tipo de terrorismo é hoje realizado por vândalos do Movimento Socialista Terrorista (MST), que já destruíram centros importantes de pesquisa biotecnológica, como os da Monsanto e da Aracruz Celulose, além de erradicar extensos laranjais da Cutrale em São Paulo e plantações de eucalipto na Bahia, “porque eucalipto não se come”.

No Brasil, de 12 a 15/11/1904, ocorreu a obscurantista Guerra da Vacina ou do Quebra-Lampião. Sob a liderança de Lauro Sodré, houve uma revolta popular contra a vacina obrigatória implantada pelo sanitarista Oswaldo Cruz. Houve barricadas nas ruas, incêndios de bondes e destruição de lampiões de gás de iluminação pública. Os alunos da Escola Militar, sob influência positivista, também foram simpáticos ao movimento. A violência deixou 23 mortos e 67 feridos. Vencida a baderna, muitos foram mandados em exílio para a Amazônia e Lauro Sodré ficou preso dez meses num navio de guerra. Dois anos antes, quase 1.000 pessoas haviam morrido de febre amarela no Rio.

Obviamente, o objetivo desses militantes xiitas não é apenas a proibição de animais a serem usados como cobaias. O braço desses movimentos é mais longo. Depois que os animais forem totalmente substituídos por plataformas vegetais, os zooxiitas irão se unir contra a criação e o abate de reses para alimentação humana, como já é o objetivo atual do PETA.

A ONU defende a ingestão de insetos em substituição à carne, seja ela vermelha ou branca - com total apoio do novo diretor-geral da FAO, José Graziano. Besouros crocantes, baratas ao chocolate, tanajuras fritas, escorpiões à milanesa, gafanhotos à parmegiana - o novo cardápio não tem fim. Mas, esses bichos não são também animais? Por que matá-los para saciar nossa fome? Vamos todos virar vaca, pastar capim, como querem os vegetarianos? Mas, aceitemos que essa seja uma boa opção, comer insetos, como São João Batista e Santo Antão já faziam no deserto.

O problema é que, para que haja oferta de insetos em larga escala, são necessários criadouros imensos, que custam fortunas.
Aí voltamos à estaca zero: atualmente não falta comida no mundo, mas dinheiro dos miseráveis para comprá-la. Assim, da mesma forma que o pobre não tem dinheiro para comprar uma picanha, não terá dinheiro para comprar uma barata untada em chocolate. Ou será que a FAO de José “Fome Zero” Graziano quer que os famintos cacem insetos em florestas e cerrados que não existem mais?

Um argumento fajuto é apresentado pelos que defendem o fim da criação de bois e porcos. Dizem esses embusteiros que, para se obter 1 kg de carne, p. ex., são necessários não sei quantas toneladas de água que o boi vai ingerir por cada quilo de bife final, e não sei quantas toneladas de ração que terá que mastigar para produzir o mesmo quilo de bife. E daí? Ocorre que essa é uma conta de farsantes, porque as toneladas de água e de alimento ingeridos não se evaporam em um ato de mágica, mas se transformam em energia para o próprio corpo do animal e o excesso é expelido em forma de urina, suor e fezes, que serão reciclados pela natureza, para produção de mais água e mais alimento.
“Na natureza, nada se cria, tudo se transforma” (Lavoisier). Segundo esses embusteiros, em comparação com os bovinos, insetos consumiriam menos água e menos insumos por cada quilo final, a ser levado à panela. Tem cabeça de siri que acredita nisso. Será que esses idiotas calcularam também quantas toneladas de cocô irão produzir em toda sua vida?

Depois que a humanidade passe, enfim, a comer capim e insetos, quem garante que os zooxiitas não irão atacar também as plataformas vegetais instaladas nos laboratórios para a fabricação dos novos medicamentos? Afinal, planta também tem “sentimento” e gosta de ouvir música, principalmente música clássica, ao contrário dos maconheiros, que preferem rock pesado. Produtores de vinho na Itália usam a música clássica para acalentar as videiras e melhorar a qualidade de seu produto.

Assim, se no futuro não se puder fazer experimentos científicos com animais, nem com plantas, e já que os minerais não servem para tal, por não terem vida, que tal aplicar os testes com vírus nos gordos glúteos dos zooxiitas? Eu aprovo esta iniciativa, principalmente se os testes forem feitos também nas feministas favoráveis ao aborto. E em todo mascarado Black Bloc preso em flagrante quebrando e incendiando tudo o que encontra pela frente. Com um detalhe: sem anestesia...

01 de novembro de 2013
Félix Maier

Nota:
 
KARL, Frederick R. George Eliot - A voz de um século. Record, Rio e São Paulo, 1995 (Tradução de Laís Lira).

A POLÍTICA COMO VOCAÇÃO


          Artigos - Cultura   
     
A missão do prof. Olavo de Carvalho, em abrir a possibilidade de viabilizar a formação política, pode fazer história e dar esperança a nossa geração, que angustiada frente aos desafios atuais, se expressa pela indagação de Lobão no hangout  anterior, com Graça Salgueiro:
"E o quê a gente faz?"
No hangout com Lobão e Danilo Gentilli, o prof. Olavo de Carvalho, ao ser questionado sobre a sua posição em relação à formação política, deixou clara a sua disposição em preparar aqueles que realmente têm vocação e querem atuar no difícil campo político. Penso que foi um dos momentos altos da conversa, o que demonstrou de modo inequívoco a prioridade do seu trabalho como educador, em preparar intelectuais capazes de entender a realidade do nosso país e ocupar postos na sociedade para agirem no combate à barbárie atual – intramuros.
 
E voltamos então ao desafio que permanece o mesmo, em todos os momentos da História, seja qual for o contexto cultural e político: muitas vezes os que têm vocação em servir à pátria e darem o melhor de si, se lançam à generosidade heróica e fazem história em meio às hostilidades dos ambiciosos desmedidos, que querem apenas se servir do poder, como num desvio de propósitos, para as patologias do mandonismo, a manipulação e demais violências engendradas por estruturas totalitárias. As verdadeiras lideranças se sentem, em alguns instantes, aquém de suas forças: "quem sou eu para ir ter com o faraó?” indagou Moisés.
 
O fato é que muitos dos melhores talentos, as almas mais nobres, as que amam de verdade, são as que padecem na cova dos leões da arena política, e muitas vezes, como ressalta Johan Huizinga, "os heróis se movem em meio a negociações políticas frias e calculistas com um ímpeto imprudente e um capricho pessoal que põe a perder sua vida e seus esforços".

Os ambiciosos desmedidos, que querem se servir do poder para o mando pessoal se favorecem da lógica amoral e imoral dos oligarquismos que se formam por serem mais astutos e implacáveis nas práticas de todo abuso de poder. Mas há os vocacionados, que são chamados como Teseu, para enfrentar o Minotauro no labirinto, e também vencem os desafios, pois contam com o fio de Ariadne. Tal sabedoria é requerida para se moverem sem tibieza na areia movediça do campo político. E aí, sim, por aquilo que dá humanidade e civiliza, justifica-se a formação. Aquiles não prescindiu do Centauro Quíron, e mesmo com o mal-entendido com Agamemnon, voltou para o campo de batalha quando a circunstância de força maior assim exigiu, e com isso garantiu a vitória necessária. 
 
E pensar que Crítias e Alcibíades foram discípulos de Sócrates apenas por ambição e cobiça. Conta Xenofonte que "Crítias foi o mais cobiçoso, violento e sanguinário dos oligarcas. Alcibíades o mais dissoluto e insolente dos democratas". Frequentavam Sócrates, pois "queriam tudo feito por eles, que seu nome não tivesse igual". Por isso Xenofonte reconhece que "Sócrates não deveria ter ensinado política aos que com ele conviviam antes de ensinar-lhes a sabedoria".
 
Enquanto estavam em companhia de Sócrates aparentaram o que foi preciso para alcançar suas ambições. "Uma vez longe dele, Crítias, refugiado na Tessália, viveu em companhia de homens mais afeitos à ilegalidade que à justiça". Alcibíades também tornou-se insolente, soberbo sem limites.
 
E o mesmo Crítias, antes aluno, "se tornou inimigo jurado de Sócrates. Não tendo do que acusá-lo, carregava-o com a censura que de comum se joga aos filósofos e caluniava-o junto à opinião pública". Sócrates arguiu então que a violência e a ilegalidade "são atos pelos quais o mais forte, em vez de convencer o mais fraco, obriga-o a fazer o que lhe convém". Mas o filósofo esmerou-se na defesa de princípios e valores e não fraquejou no seu dever de "correr perigo ao lado da lei e da justiça".
 
O caso clássico de Sócrates é exemplar no que deve se pautar o filósofo e de como entende a vocação e a missão do político em favor da verdadeira liberdade, resistindo, portanto, a toda e qualquer tirania. Só assim o político pode cumprir sua missão de servir à Pátria, dispondo dos recursos para fazer valer a justiça e a liberdade; que ambas sejam garantidas para a promoção do bem integral da pessoa humana. 
 
Deve, pois, o filósofo instruir o político? Indagação antiga, mas tanto Sócrates quanto outros luminares da inteligência humana reconhecem a validade de tal instrução, apesar dos riscos e dos perigos constantes, por conta da tentação da desmesura. O fato é que "a verdadeira instrução só pode ser para o bem", diz Santo Agostinho. E deve perseverar nesse propósito, sempre.
 
Hoje no Brasil, o lulismo faz triunfar a lógica de Macunaíma, com uma degradação moral nunca antes vista no país, e cuja ideologia totalitária é mascarada pela mídia, por acadêmicos e artistas liliputianos e subservientes do Leviatã globalista, que se agiganta cada vez mais. Há, pois, urgência, mais uma vez, de se refrear o furor da hybris.

Por isso, a missão do Prof. Olavo de Carvalho, em abrir a possibilidade de viabilizar a formação política, pode fazer história e dar esperança a nossa geração, que angustiada frente aos desafios atuais, se expressa pela indagação de Lobão no hangout  anterior, com  Graça Salgueiro: "E o quê a gente faz?"

E em resposta a tudo isso, cabe uma ressalva: discernir os ambiciosos desmedidos, a exemplo de Crítias e Alcibíades, e os verdadeiramente vocacionados, dispostos a realmente estudar, e a se sacrificar, e assumir o ônus da missão, a aceitar o deserto e a cruz, no "bom combate" pela vida.
 
01 de novembro de 2013
Hermes Rodrigues Nery é coordenador do Movimento Legislação e Vida, foi vereador, presidente de Câmara e promulgou a primeira lei orgânica pró-vida do Brasil. Coordena a Campanha São Paulo pela Vida, que visa incluir o direito a vida desde a concepção na Constituição do Estado de São Paulo, via iniciativa popular.