"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

"A TURMA DO ESCÁRNIO"

 
Instituto Teotônio Vilela
 
José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares creem que podem continuar caminhando pelo lado pantanoso da vida para se dar bem. Suas tentativas de se safar da cadeia revelam o pouco caso que devotam às instituições do país, em especial ao nosso Judiciário. Parece até escárnio, e é. Mas os mensaleiros presos não agem como solistas. Há uma orquestra inteira do PT a lhes fazer coro. São parte de uma triste história que faz o Brasil afundar num mar da corrupção.
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Há 20 dias os mensaleiros foram recolhidos ao presídio da Papuda para começar a pagar pelos delitos e pelas práticas criminosas cometidas por eles no maior escândalo de corrupção da nossa história recente. Desde então, os presos petistas protagonizaram uma série de tentativas de se livrar deste inevitável encontro de contas. Parecem tratar com escárnio os desígnios da Justiça brasileira.
 
Pelo jeito, José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares creem que podem continuar caminhando pelo lado pantanoso da vida para se dar bem. Suas tentativas de se safar da cadeia revelam o pouco caso que devotam às instituições do país, em especial ao nosso Judiciário. Só isso é capaz de explicar seus atos nos últimos dias. Parecem até chacota. E são.
 
Comecemos por Dirceu. Ele se acha um detento especial, mais especificamente um "preso político”, embora seja apenas um político preso. Nesta condição, partiu em busca de um emprego que o livrasse do xadrez, pelo menos durante o dia, e, melhor ainda, lhe pagasse R$ 20 mil em salário, com registro em carteira e tudo. Instalado na gerência de um hotel no coração de Brasília, frequentado por parlamentares e lobistas, Dirceu seria a própria raposa cuidando do galinheiro. Não conseguiu.
 
Ainda por cima, o hotel em questão não é um estabelecimento qualquer. Seu dono é dirigente de um dos partidos da base aliada de Dilma, o PTN, e também proprietário de redes de rádio beneficiadas por polêmicas decisões tomadas pela Anatel há poucos dias, quase no mesmo momento da contratação de Dirceu. Recorde-se que esta mesma área, a de comunicações, era um dos alvos prediletos das "consultorias” que o ex-ministro deu nos últimos anos. A fome das galinhas se junta à vontade de comer da raposa...
 
Nesta semana, soube-se mais: o estabelecimento que quer escalar Dirceu como gerente tem na sua composição acionária um panamenho que não faz nem ideia do que seja ser dono de um negócio no Brasil. Ou seja, é um laranja, como mostrou o Jornal Nacional anteontem. O hotel brasiliense reproduz em tudo o ambiente pantanoso em que o ex-todo-poderoso ministro de Lula move-se com desenvoltura.
 
Mas Dirceu quer mais. Quer ter vida normal na cadeia, usar computador, escrever em blog, receber jornal, revista e até viver dando entrevista e recebendo visita de amigos petistas (sem pegar fila no sol, é claro!), como mostra a Folha de S.Paulo hoje. Parece se sentir numa temporada de veraneio – como aquela em que estava quando teve sua prisão decretada pelo STF. É escárnio ou não é?
 
Mas Dirceu não está sozinho. José Genoino também protagonizou uma pantomima dos diabos para se livrar das grades. Tudo bem que o presidente do PT à época em que o mensalão correu solto para sustentar o projeto de poder de Lula e do partido é, de fato, um cardiopata. Mas uma penca de médicos de várias origens atestou que seu estado nem de longe inspira os cuidados e riscos que o mensaleiro preso tentou fazer crer.
 
Ainda assim, Genoino conseguiu escapulir da Papuda, não sem antes estampar capas de revistas posando como preso político e militante imbatível. Ato contínuo, vendo-se na iminência de ter seu mandato de deputado federal cassado pelos seus pares em função da sua condenação e prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha, renunciou.
 
Delúbio Soares, por sua vez, se inspirou em Dirceu e também tentou logo achar logo uma boquinha para empregar-se e livrar-se do incômodo das grades da Papuda. O ex-tesoureiro do PT na época de ouro do mensalão quer exercer um cargo com salário de R$ 4,5 mil no setor de formação da CUT, a central sindical petista que também já teve o mensaleiro como responsável por suas finanças. É mais uma raposa na granja ou é só escárnio mesmo?
 
Mas Dirceu, Genoino e Delúbio não agem como solistas. Há uma orquestra inteira do PT a lhes fazer coro. A ponto de o partido dos mensaleiros preparar para a próxima semana um "ato de desagravo” em favor de seus presidiários mais ilustres. Há uma plena sintonia de sentimentos: afinal, o partido também se sente "prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção”, segundo resolução que pretende aprovar em seu congresso.
 
José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e a turma do mensalão condenada pelo Supremo são parte de uma triste história que faz o Brasil afundar num mar de lama e nos coloca em péssimas posições nos rankings mundiais de corrupção, como o divulgado nesta semana pela Transparência Internacional. O escárnio que os mensaleiros petistas exibem deve ficar guardadinho, bem trancado num pavilhão do presídio da Papuda. É lá, e não à solta, que eles devem pagar pelos crimes que cometeram.
 
06 de dezembro de 2013

JOSÉ DIRCEU, CORRUPTO LULISTA, VIROU PERSONAGEM DE DESENHO ANIMADO

 


José Dirceu atravessa seus primeiros dias de cárcere como se fosse um personagem de desenho animado —desses que, quando acaba o chão, continuam caminhando no vazio e só caem quando se dão conta de que pisam em nada. Desde a decretação de sua prisão, em 15 de novembro, o ex-número 2 do PT ainda não olhou para baixo.
 
Político preso, Dirceu se autoproclamou preso político. Detento do semiaberto, saiu-se com um contrato de ‘trabalho’ de R$ 20 mil mensais. Empregou-se num hotel cujo suposto proprietário, homem de rádios e tevês, tem na proximidade com o poder seu principal capital social. Em poucos dias, descobriu-se que o empregador de Dirceu habita um mundo em que ‘laranja’ há muito deixou de ser uma reles fruta.
 
Expostos os pés de barro do neopatrão, Dirceu ergueu o queixo e mandou seus advogados divulgarem uma nota. No texto, “renuncia à oferta de emprego”. Para não perder o hábito, queixa-se do “linxamento midiático”. Acha injusto que outras pessoas sejam “transformadas em alvo de ódio e perseguição” por terem sido generosas com ele.
 
Por sorte, a bondade do brasileiro é infinita. Uma ONG de amparo a presidiários ofereceu emprego a Dirceu e seus dois companheiros do núcleo político do mensalão. O salário é menor: R$ 508 mensais. Mas não há laranjas no cesto. Se topar, Dirceu vai supervisionar a fabricação de piso de concreto por outros presos.
 
No ofício que enviou ao STF, a entidade explicou que Delúbio, ex-gestor de arcas partidárias, sofrerá algumas restrições. “Não demostrou a nosso ver nenhuma habilidade em outras funções senão a de tesoureiro do partido político.” Nesse posto, anotou a ONG, Delúbio mostrou “não ser de confiança” para o exercício de funções administrativas. “Por este motivo, lhe ofereceremos o cargo de assistente de marcenaria.”
 
Quanto a José Genoino, a cooperativa de presos levou em conta seu estado de saúde. Como não pode fazer grandes esforços, o ex-presidente do PT teria a atribuição de costurar bolas de futebol. A atividade não impõe “nenhum esforço físico”, anota o ofício. E proporciona ao preso uma renda de R$ 5 por bola.
 
Não se sabe, por ora, se Dirceu aceitará cuidar da fabricação de piso de concreto em troca de remuneração equivalente a 75% do salário mínimo. Parece improvável. No dicionário de Dirceu não há o vocábulo piso, só teto. Na sua realidade de animação, o preso mais ilustre do mensalão fez um novo pedido à Vara de Execuções Penais de Brasília.
 
Mesmo no xiloindró, Dirceu deseja obter autorização para atualizar seu blog periodicamente. Repetindo: o preso quer laptop, banda larga de internet e liberdade para fazer política na rede. Mais: quer receber jornais e revistas. Não é só: acha que pode dar entrevistas.
 
Dirceu atravessa seu abismo sem fazer concessões à realidade. Enquanto caminha sobre o vazio, tenta de tudo sem perceber que tudo já não quer nada com ele. O detendo ainda não enxergou o tom acinzentado do chão da cela. Dirceu demora a olhar para baixo

06 de dezembro de 2013
Blog do Josias - UOL

GILBERTO CARVALHO, DO "PROPINODUTO CELSO DANIEL", DEFENDE O PARCEIRO DE DIRCEU

Ministro diz que há ‘dirigismo’ na cobertura da mídia contra Dirceu.  Gilberto Carvalho afirma que imprensa tem focado cobertura na prisão dos mensaleiros e deixado de lado outros assuntos


Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria Geral da Presidência Foto: Gilvaldo Barbosa / O Globo
Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria Geral da PresidênciaGilvaldo Barbosa / O Globo
 
O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse nesta sexta-feira que a mídia tem focado sua cobertura em notícias negativas contra os petistas condenados no julgamento do mensalão. Segundo ele, o caso de cartel no metrô de São Paulo e o suposto pagamento de propina envolvendo a empresa Siemens e autoridades do governo de São Paulo é muito mais grave do que o fato de o petista José Dirceu ter sido convidado para trabalhar em um hotel de Brasília por R$ 20 mil mensais e esse hotel estar em nome de um laranja no Panamá.
 
- O que me impressiona muito é um certo dirigismo que há em certo tipo de reportagem em detrimento de outros temas muito importantes. Por exemplo, o famoso cartel que ocorre em São Paulo, porque que o enfoque tá sendo muito mais contra os acusadores. É muito impressionante esse tipo de foco, quando, na verdade o montante de prejuízo público no caso de São Paulo é infinitamente maior para o povo, para o público brasileiro, do que saber se esse hotel tem sede ou não tem no Panamá, se vai pagar tanto, se não vai pagar tanto - reclamou Gilberto, após uma solenidade no Palácio do Planalto.
Gilberto foi chefe de gabinete do ex-presidente Lula durante os dois mandatos do petista, enquanto Dirceu foi o ministro-chefe da Casa Civil até a eclosão do escândalo do mensalão.

06 de dezembro de 2013
Catarina Alencastro - O Globo

MÁFIA DO ISS RECEBEU PROPINA EM 410 OBRAS - DIZ MINISTÉRIO PÚBLICO

Máfia do ISS: 410 empreendimentos pagaram propina
 

Documento mostra que, em apenas 16 meses, o prejuízo para a Prefeitura teria sido de 59 milhões de reais



 
 
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Roberto Victor Anelli Bodini, promotor de justiça do GEDC, e Cesar Dario Mariano da Silva , promotor de justiça de patrimônio social,  durante entrevista coletiva a respeito do caso da corrupção dos fiscais da prefeitura de São Paulo, realizada na sede da Promotoria Pública de São Paulo - (14/11/2013)
Roberto Victor Anelli Bodini, promotor de justiça do GEDC, e Cesar Dario Mariano da Silva , promotor de justiça de patrimônio social,  durante entrevista coletiva a respeito do caso da corrupção dos fiscais da prefeitura de São Paulo, realizada na sede da Promotoria Pública de São Paulo - (14/11/2013) - JF Diorio/AE
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma contabilidade paralela do grupo suspeito de fraudar o Imposto sobre Serviços (ISS) em São Paulo, apreendida pelo Ministério Público Estadual (MPE), aponta que em apenas 16 meses os quatro auditores fiscais acusados de integrar o esquema arrecadaram 29 milhões de reais em propinas. O montante foi pago por 410 empreendimentos imobiliários, concluídos entre junho de 2010 e outubro de 2011 na capital paulista.
A planilha mostra os desvios do tributo. O material foi descoberta entre os bens apreendidos no fim de outubro com o fiscal Luis Alexandre Cardoso de Magalhães. O documento aponta que os imóveis listados deveriam ter recolhido 61,3 milhões de reais de ISS, mas apenas 2,5 milhões de reais foram repassados aos cofres da Prefeitura, contabilizando um prejuízo de 59 milhões de reais. Ao MPE, Magalhães disse desconhecer a autoria da planilha.
Divisão - Para o promotor Roberto Bodini, "o documento fala por si". "Ele é rico em detalhes, traz os valores das guias e nomes de empreendimentos. Isso nos permite avançar nas investigações", afirmou. Segundo o promotor, o arquivo mostra que as construtoras que pagaram propina tiveram 50% de desconto de ISS. Outros 10% eram dados ao despachante que intermediava a operação e o restante era dividido igualmente entre os quatro fiscais - que chegaram a ser presos.
Para Bodini, os valores mostram que a estimativa de que a quadrilha teria desviado até 500 milhões de reais da Prefeitura é real. "A gente tem notícia de que o esquema funcionou até setembro de 2012. Ou seja, tem ainda um ano para frente não contabilizado e um período ainda não definido para trás", ressaltou. O promotor também afirmou que outro fiscal sob investigação, Carlos Augusto di Lallo, pode ter uma contabilidade paralela, uma vez que era chefe de Magalhães
De acordo com o MPE, na lista aparecem empreendimentos das seis empresas que já são investigadas por suposto pagamento de propina - Alimonti, Brookfield, BKO, Tarjab, Tecnisa e Trisul - e outras que ainda serão confirmadas pela Promotoria, antes de terem seus nomes revelados. Das seis, Alimonti e Brookfield admitiram a prática de propina, desembolsando 416 mil reais e 4 milhões de reais, respectivamente.
As demais negaram e disseram que estão colaborando com as investigações. Segundo o promotor, elas pediram mais tempo para prestar depoimentos. Aos promotores, Magalhães apenas reiterou que as empresas não eram obrigadas a pagar propina para conseguirem a liberação do Habite-se. Segundo ele, as construtoras aderiram ao esquema por vontade própria, para obter vantagem financeira. 
Para o controlador-geral do Município, Mário Spinelli, a planilha também vai ajudar a Prefeitura a tentar reaver os valores de ISS que não foram recolhidos. "Nós saímos de um patamar de 40 para 410 empreendimentos. Se há indício claro de que essas empresas deixaram de recolher imposto, evidentemente que serão chamadas (pela Prefeitura, para cobrar o valor devido)", disse Spinelli. A administração paulistana já intimou as construtoras responsáveis pelas 40 obras a comprovar que recolheram integralmente o ISS devido.
Ainda chamou a atenção dos investigadores que na contabilidade paralela da quadrilha constavam pequenas obras. Essas tinham valores de ISS inferiores a 1 mil reais.
Denúncia só em 2014 - Para o promotor Bodini, as novas provas ampliam ainda mais o universo de investigação e, por isso, uma denúncia dos acusados à Justiça só deve ocorrer no ano que vem. "Estamos há poucos dias do recesso forense, ou seja, é impossível apresentar uma denúncia ainda em 2013. 
06 de dezembro de 2013
Veja
(Com Estadão Conteúdo)

MAIS ROUBALHEIRA NO GOVERNO DILMA: DESVIO DE R$ 1,8 MILHÃO DO MEIO AMBIENTE

 
PF investiga desvios de pelo menos R$ 1,8 milhão de órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente.  Três pessoas foram presas na operação no ICMBio. Funcionária é acusada de incluir falsos beneficiários em ordens de pagamento
 A Polícia Federal deflagrou operação nesta sexta-feira para investigar desvios de recursos da folha de pagamentos do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade e Meio Ambiente (ICMBio), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. Segundo a PF, até o momento as investigações já identificaram desvios de aproximadamente R$ 1,84 milhão. A Polícia Federal prendeu uma servidora pública e dois tios dela acusados de desviar os recursos.
 
A servidora, de 28 anos de idade, foi indiciada por formação de quadrilha, peculato e inserção de informação falsa em banco de dados público. As investigações podem atingir outras pessoas da família da funcionária.
 
Ela era contratada em regime temporário e ficava responsável pela execução da folha de pagamento, com salário de R$ 4 mil por mês. Segundo a polícia, ela criou cadastros falsos de servidores com dados de parentes para simular pagamentos de salários ou de prestação de serviços. Com isso, ela conseguia fazer desvios com regularidade em valores que variavam de R$ 5 mil a R$ 29 mil por mês, de acordo com o tipo de pagamento.

O dinheiro era repassado para contas de familiares e, depois, voltava para às mãos da servidora. Pelas investigações da PF, a servidora tentava levar uma vida modesta para não despertar suspeitas, mas de vez em quando fazia algumas extravagância. Ao longo da apuração, a PF descobriu que a mulher chegou a gastar R$ 3 mil num salão de beleza em um mês. A polícia começou a investigação a partir de informações levantadas inicialmente pela auditoria interna do Instituto Chico Mendes.
 
Batizada de Operação Desfalco, a ação levou ao cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão temporária, e ao bloqueio judicial de nove conta correntes de sete pessoas ligadas aos investigados e familiares.
 
Em agosto, a Contabilidade do ICMBio acionou a PF, após um levantamento interno identificar que uma funcionária terceirizada que cuidava da folha de pagamentos teria incluindo beneficiários falsos nas ordens de pagamento do órgão, desde 2010.
 
“Em média eram repassados cerca de R$ 150 mil por mês para contas de familiares da funcionária, que imediatamente sacavam os valores e investiam em construções, imóveis e pagamento de despesas da família. Tudo era feito de forma a dificultar o rastreamento destes valores e evitar a recuperação do dinheiro desviado”, afirmou a PF.
 
A Polícia Federal investiga se todos os familiares que receberam valores em suas conta correntes sabiam do crime ou se faziam parte do esquema de ocultação. Entre as pessoas que estão sendo alvo das medidas judiciais há parentes próximos da funcionária e até um namorado.
 
O ICMBio é uma autarquia. Cabe ao órgão executar ações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, criado para proteger o meio ambiente. O órgão também fiscaliza ações nessa área. Entre as competências está a criação de novas Unidades de Conservação.

06 de dezembro de 2013
Jailton de Carvalho - O Globo

"O DESAFIO DA EDUCAÇÃO"

 
 
A percepção generalizada é de que a situação da educação brasileira é sofrível. Nos últimos dias, porém, o que apenas se intui foi constatado em números. O Brasil apareceu pessimamente classificado nos principais rankings educacionais globais. No caminho atual, não capacitamos nossos jovens para o exercício da cidadania, nem para competir no mercado de trabalho. Minamos o seu futuro. A nossa educação está reprovada!
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Tem sido dito, quase diariamente, que a situação da educação brasileira é sofrível. Trata-se de percepção generalizada. Nos últimos dias, porém, o que apenas se intui foi constatado em números. O Brasil apareceu pessimamente classificado nos principais rankings educacionais globais. Se há um desafio que precisa ser, urgentemente, enfrentado no país é este.
 
Na terça-feira, saíram os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (o Pisa, coordenado pela OCDE). Como foi divulgado no mesmo dia em que ficamos conhecendo mais um pibinho produzido pela linha de desmontagem da gestão da presidente Dilma, o desempenho lastimável dos alunos brasileiros no teste acabou merecendo menos atenção do que deveria.
 
Comecemos pelo que aconteceu com a média geral dos estudantes brasileiros. O Brasil figura em 58º lugar numa lista formada por 65 países. Se isso serve de consolo, ganhamos de nações como Albânia, Colômbia, Peru, Jordânia e Tunísia. Mas estamos bem atrás de países como Cazaquistão, Vietnã, Malásia e Costa Rica, para ficar apenas nos exemplos mais aberrantes.
 
A prova, aplicada pela OCDE a alunos de 15 a 16 anos, mede conhecimentos e habilidades em três dimensões do conhecimento: matemática, leitura e ciências. Nos três casos, continuamos nas rabeiras do ranking: o Brasil ocupou a 55ª posição em leitura, a 58ª em matemática e a 59ª em ciências. Nas três áreas avaliadas, nenhum dos nossos estudantes atingiu o nível 6, o mais avançado de aprendizado.
 
Apesar de o Brasil ter sido apontado como o país onde os alunos mais avançaram em matemática nos últimos nove anos, 67% dos nossos estudantes estão no menor degrau de notas na matéria em todo o mundo e somente 0,8% conseguem alcançar os níveis mais altos, sem, contudo, chegar às notas máximas.
 
Para se ter ideia do abismo que nos separa do resto do mundo, em Xangai, primeiro país no ranking geral do Pisa, 3,8% e 55% dos alunos ocupam cada um destes patamares de conhecimento matemático, respectivamente. Na média da OCDE, são 23% e 12,6%.
 
O ritmo de melhoria em matemática caiu bastante nos últimos três anos. De 2006 para 2009, o avanço foi de 16 pontos e nos três anos seguintes – esta é a periodicidade da prova – caiu para 5. É uma característica da estatística: quando menor o patamar, mais fácil é acelerar. O problema é que, mesmo ainda lá em baixo, nosso motor já dá sinais de ratear.
 
"Como comemorar os pontos ganhos no Pisa se o aumento na nota brasileira se deu com maior força entre os piores alunos, cuja nota média na edição de 2003 equivalia a zerar na prova, e hoje, quase dez anos depois, esse mesmo grupo ainda não é capaz de ler uma única informação em um gráfico de barras?”, resume Paula Louzano, pesquisadora da USP na Folha de S.Paulo.
 
O que o Pisa revela em relação ao ensino fundamental, o Enem demonstra para a educação de nível médio. A avaliação, que o governo do PT transformou num sucedâneo do vestibular, comprova a distância que ainda a separa a qualidade oferecida pelos estabelecimentos privados das escolas públicas e o fosso que aparta o ensino nas regiões Sul e, principalmente, Sudeste do restante do país.
 
Completando o quadro, recentemente também foram divulgadas avalições de em âmbito global referentes ao ensino superior. No ranking que considera todas as instituições do mundo, o Brasil não tem nenhuma entre as 200 melhores, de acordo com a consultoria britânica Times Higher Education. Entre os emergentes, temos apenas quatro entre as 100 melhores e somente a 11ª de uma lista encabeçada por chineses e asiáticos.
 
Sobram diagnósticos para comprovar o que se percebe a olhos vistos: a educação brasileira está reprovada! No caminho atual, não capacitamos nossos jovens para o exercício da cidadania, nem para competir no mercado de trabalho. Minamos o seu futuro. Quem sabe o Plano Nacional de Educação, que deverá ser aprovado nos próximos dias no Senado, ajude a desbravar novos rumos e a descortinar dias melhores.
 
06 de dezembro de 2013
Instituto Teotônio Vilela

"PRESO (IN) COMUM"

O ideal seria que José Dirceu não tivesse cortado relações com a lei e por isso sido condenado e preso. Mas, já que escolheu esse caminho e o Supremo Tribunal Federal decidiu lhe dar pena de prisão, desde o último dia 15 ele está sob a tutela do sistema prisional onde regra é regra.
 
Dirceu, contudo, teima em negar essa realidade. A ficha, como se diz, ainda não caiu. São várias as evidências. A última, o pedido feito à Justiça para que possa continuar atualizando seu blog mesmo na penitenciária.
 
Note-se: a solicitação não se relaciona com a ainda aguardada autorização do juiz da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal para Dirceu trabalhar fora durante o dia, como lhe assegura o regime semiaberto até que seja julgado o embargo infringente pelo crime de formação de quadrilha.
 
O advogado dele pede, com base na lei que confere ao preso direito de comunicação com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, que Dirceu faça o blog e dê entrevistas de dentro do presídio da Papuda.
 
Essa lei (7.210) diz que o detento pode exercer suas atividades anteriores "desde que" sejam compatíveis com a execução da pena. Aqui parece que se resolve a questão e se evidencia o despropósito da regalia pretendida.
 
A menos que o faça por meio de cartas, para DE Dabastecer o blog Dirceu precisa de um computador. A lei não fala nessa hipótese, até porque data de 1984, pré-internet. Mas não fala também sobre o uso de telefones celulares e eles são proibidos nas penitenciárias por obviamente incompatíveis com a execução da pena.
 
Os celulares, sabemos, entram clandestinamente, mas não é isso que Dirceu pretende, claro. Concedido seu pedido, estaria criado o precedente para que os demais presos reivindicassem o mesmo ou pior. Ninguém imagina que aceitariam passivamente o privilégio.
 
Por muito menos, houve revolta das famílias dos presos na Papuda com a romaria de visitas que entravam e saíam quando bem entendiam até o Ministério Público pedir isonomia de tratamento a fim de não criar instabilidade no ambiente já instável e deteriorado de uma cadeia.
 
Dirceu deseja também dar entrevistas como sempre fez, inclusive durante o julgamento como alega seu advogado para embasar o pedido, propositadamente ignorando um detalhe: lá não estava condenado, era presumidamente inocente. Deixou de sê-lo quando o STF provou o contrário.
 
Por muito menos, uma só entrevista à revista IstoÉ, José Genoino foi proibido de falar à imprensa pelo juiz da execução. E isso porque estava fora da prisão, no hospital. Continua proibido mesmo tendo recebido o benefício da prisão domiciliar temporária. Se Genoino não pode dar entrevistas por que Dirceu poderia?
 
Os pedidos são tão audaciosos que chegam a levantar a suspeita de que só os faça para se manter em destaque no noticiário.
 
José Dirceu exigiu ser tratado como preso político; quis ganhar R$ 20 mil passando o dia num hotel exercendo profissão que não se enquadrava no quesito "atividades anteriores"; pretendeu receber visitas ao arrepio das normas impostas aos demais; tentou furar a fila dos colegas com mais de 60 anos de idade que aguardam o exame de suas propostas de emprego para usufruírem o direito dado pelo regime semiaberto.
 
Agora quer se comunicar online com o chamado mundo exterior. Ou seja, quer vida normal. Por mais duro que pareça, isso não é possível. Houve um processo, um julgamento, uma condenação e há pena a ser cumprida (por corrupção ativa, em caráter definitivo). Embora se ache uma pessoa incomum, José Dirceu é, desde o dia 15 de novembro, um preso comum.
 
Tanto quanto seus ex-colegas de Parlamento cujos mandados de prisão foram expedidos ontem.

06 de dezembro de 2013
Dora Kramer, O Estado de São Paulo