"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

BRASIL, O PAÍS DE ORELHUDOS, ENTREGA OS DEDOS E O ANEL PARA OS COMUNISTAS DO PT !!!


 
A menos de um ano das eleições de 2014, o Supremo Tribunal Federal (STF) se prepara para impor, à revelia do Congresso Nacional, um novo modelo de financiamento de campanhas políticas no Brasil.
Em suma, a Corte deverá proibir doações feitas por empresas e fixar parâmetros inéditos para a doação que pessoas físicas e os próprios candidatos podem fazer em eleições. 
A decisão tem consequências lógicas: sem os recursos privados, os partidos políticos e candidatos ficarão mais dependentes de dinheiro público.
Ou seja, na prática, a mudança nas regras ficaria muito próxima de um sistema de financiamento público de campanhas, o sonho antigo do Partido dos Trabalhadores.
 
O STF começou a julgar a ação direta de inconstitucionalidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que contesta trechos da Lei Eleitoral (9.504/1997) e da Lei dos Partidos Políticos (9.096/1995). Até o momento, os ministros Luís Barroso, José Dias Toffoli, Luiz Fux e Joaquim Barbosa, presidente do Supremo, consideraram que empresas e pessoas físicas não poderão mais financiar campanhas eleitorais nem injetar recursos no caixa de partidos políticos. O julgamento está paralisado por um pedido de vista do ministro Teori Zavascki. Não há data para que os debates sejam retomados.
 
A opção pelo financiamento majoritariamente público – permitindo doações pontuais de pessoas físicas ou dos próprios candidatos – beneficiaria atualmente o PT, já que o tamanho da bancada de parlamentares na Câmara dos Deputados deverá ser, a exemplo do que já acontece com o fundo partidário, o principal critério utilizado para a divisão do bolo.
E diante desse cenário parlamentares já se articulam para a aprovar às pressas no Congresso uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que assegure as doações de empresas.
 
Mais: em retaliação, ameaçam acelerar a tramitação de projetos que limitam os poderes do Supremo, colocando rédeas no que classificam como "ativismo judicial".
No novo embate entre Judiciário e Legislativo, iniciado na última quarta-feira, o STF não poupou críticas à relação entre financiador e financiado e, tomando para si a tese de que é preciso baratear as campanhas políticas e combater a corrupção, indicou que promoverá uma estatização do sistema político, institucionalizando um regime que poderá ser batizado de "partidocracia". 
 
“Todas as razões invocadas pelo STF são para combater uma suposta anomalia. Mas, para o governo, é sensacional a decisão de se induzir para um futuro financiamento público porque se chega à distorção de que o partido que é maior ficará cada vez maior, tendo um privilégio consolidado pelo seu passado”, afirma o advogado Ricardo Penteado, especialista em legislação eleitoral. “Não teria alternância de poder”, completa.

De acordo com o ministro Gilmar Mendes, do STF, a aniquilação das doações por empresas traz como consequência nefasta o privilégio para os detentores do poder, que já têm a máquina pública em suas mãos. “Quem está no poder tem a mais-valia.
Sabemos que se usa essa situação de forma descarada. Se bloquearmos o atual modelo de financiamento em uma sociedade plural, temos também que proibir a propaganda institucional, porque ela hoje nada mais é do que propaganda eleitoral”, disse Mendes, durante o julgamento na Corte nesta semana. 
“Se formos adotar como verdade que democracia só existe se houver financiamento público de campanha, obviamente estaríamos retirando os Estados Unidos e a Alemanha deste rol, o que é um problema”, ponderou.

Embora a tendência do Supremo seja permitir que eleitores e candidatos repassem, de forma controlada, recursos para políticos de sua preferência, caberá ao erário suprir a maior parte dos gastos com agremiações políticas. Ainda que não se criem mais impostos para financiar esse custo, restará a sensação de que mais dinheiro público está sendo usado para custear políticos em vez de priorizar áreas historicamente carentes, como saúde e educação.

“O Supremo está em vias de promover a estatização completa dos partidos políticos, que já são semiestatais porque recebem dinheiro público do fundo partidário e têm propaganda eleitoral”, pondera o sociólogo Demétrio Magnoli. “O resultado é que os partidos vão se tornar autônomos em relação aos eleitores, se tornando imunes ao escrutínio popular e sem mais a necessidade de convencer as pessoas a fazer parte deles ou os financiar."
 
 
13 de dezembro de 2013
in aluizio amorim

O NARIZ DO VIKING

      
hagarDesculpem voltar ao assunto, mas a inépcia da classe universitária neste país é uma fonte de inspiração inesgotável para este deslumbrado colunista.
Há coisas que o gênio mais excelso não conseguiria inventar,  que não existem nem entre o céu e a terra nem na nossa vã filosofia, mas que jorram da idiotice aos borbotões, num fluxo incessante de criatividade que só encontra igual, mutatis mutandis, no primeiro capítulo do Gênesis
 
Leiam esta frase da nossa já conhecida profa. Luciana Ballestrin:
 
“Mesmo os velhos e os contemporâneos clássicos do liberalismo político moderado são capazes de aceitar a tolerância, a diferença, a liberdade de expressão...”
 
O tom de superior condescendência sugere que a tolerância, o respeito à diferença etc. são virtudes tão bem repartidas entre vários regimes políticos, que até mesmo os liberais são capazes de praticá-las um pouquinho.
 
No mundo real, porém, ninguém ignora que essas virtudes foram inventadas pelos liberais e só existem nos sistemas políticos que o liberalismo criou ou nos quais deixou sua marca profunda. Elas são o liberalismo. Em todos os outros regimes, só o que se vê é rigidez, intolerância, perseguição, encarceramento e matança dos divergentes.
Não podendo negar esse fato, mas odiando reconhecê-lo, a articulista da Carta Maior apela ao expediente pueril de atenuá-lo mediante o uso do modo comparativo. Mas comparações só funcionam quando há elementos a ser comparados, e no caso não há nenhum.
No mundo moderno não há exemplos de tolerância e liberdade fora do liberalismo.
Não se trata portanto de uma comparação autêntica, mas de um fingimento, de uma comparação postiça, absurda, produzida à força para fins puramente pejorativos. Fingindo louvar um mérito, a professora o achincalha ao dividi-lo com quem não o tem, deixando ao seu portador único e genuíno só um tiquinho, uma lasquinha da virtude supostamente geral, como quem dissesse: “Até mesmo os ovíparos botam ovos.”
 
Para piorar um pouco mais as coisas, ela não reconhece essas virtudes políticas nem mesmo em todos os liberais, mas só nos “moderados”. Fica subentendido que existem liberais radicais que as negam. Mas a única facção radical que existe nas hostes liberais é o libertarianismo, que em vez de negar a tolerância e a liberdade as amplia até à demência. Se alguém entre os liberais aceita moderá-las em vista de outras considerações, são precisamente... os moderados.
 
Vem mais: “Seria um tanto contraproducente esboçar nessas linhas argumentos e razões que tentem comprovar que o Brasil não é governado por comunistas e que a universidade brasileira não está intoxicada pelo marxismo.” Se ela dissesse que esboçar esses argumentos é  “desnecessário”, entenderíamos que, na sua opinião, são pontos pacíficos, fatos notórios que nem é preciso provar. É obviamente isso o que ela deseja que o leitor acredite. Mas, ao escolher a palavra com que vai dizê-lo, ela se trai e diz o inverso.
 
Reiterar a demonstração do óbvio pode ser desnecessário, tedioso, supérfluo. “Contraproducente”, nunca: uma demonstração é contraproducente quando, em vez de dar o resultado esperado, produz o seu oposto e, no esforço de repetir a pretensa certeza adquirida, acaba por demoli-la.
A professora sabe que é precisamente isso o que aconteceria se ela tentasse provar a inexistência da hegemonia marxista nas nossas universidades, pela simples razão de que essa hegemonia é um fato. Em tão constrangedora circunstância, ela tenta fazer o leitor engolir como verdade notória e arquiprovada algo que ao mesmo tempo ela confessa não poder provar de maneira alguma.
Tentando ser esperta, só prova que é mesmo uma boboca. Numa das tiras de “Hagar, o Horrível”, o robusto viking encontra seu amigo magrinho, cujo nome esqueci, esmurrando vigorosamente o própio nariz. “Que raio de coisa é essa?”, pergunta o chefe. E o outro, todo orgulhoso: “Um guerreiro precisa vencer-se a si mesmo.” A profa. Ballestrin estudou nessa escola.
 
Completando: “Da mesma maneira estéril, argumentar que o eurocentrismo, o colonialismo e o progresso moderno não são completamente afastados do marxismo e que justamente por isso, ele encontra resistência nos movimentos decoloniais latino-americanos.”
 
Não liguem para a palavra “decoloniais”: é o neologismo pedantíssimo com que alguns intelectuais anticolonialistas de Nova York insinuam que ainda são colonizados, coitadinhos. O que a professora está dizendo é que eles se irritam com os parágrafos em que Marx reconhece o papel positivo do colonialismo europeu no desenvolvimento das forças produtivas.
Mas ver nessa ranhetice de detalhe uma “resistência ao marxismo” é como dizer que Lênin “resistiu ao marxismo” quando achou que podia fazer a revolução com meia dúzia de intelectuais em vez de esperar pelo proletariado.
Não faz o menor sentido ressaltar a “importância das várias correntes do marxismo, do vulgar e ortodoxo para o crítico e arejado” (sic), e depois imaginar que as diferenças que as separam sejam “resistências ao marxismo”. Todas essas divergências e uma infinidade de outras brotam dentro de um marco conceitual que permanece estritamente marxista.
 
Cada vez que os comunistas divergem uns dos outros, isso é explicado, dentro do movimento, como uma prova da sua pujança e riqueza de perspectivas, e, fora, como uma prova de que o comunismo acabou e de que preocupar-se com ele é “paranóia”. A professora Ballestrin pensa que pode fazer as duas coisas de uma vez. Por isso mesmo, acaba não fazendo nem uma, nem a outra. 
 
13 de dezembro de 2013
 Olavo de Carvalho
Publicado no Diário do Comércio

MORDOMOS DO MARACANÃ

 
 

Como agem os vigilantes que ficam de costas para o campo
por Renato Terra
 

Lucas Torres, um jovem corpulento de 28 anos, pele branca e cabeça raspada, estava de pé havia meia hora com as mãos para trás. Em minutos, o Fluminense daria o pontapé inicial da partida contra o São Paulo no Maracanã pelo Campeonato Brasileiro.
Como uma estátua viva, Lucas mexia apenas os olhos, lépidos e inquietos como os de um camaleão. Voltado para a torcida, estava perfilado no gramado com outros quatro vigilantes atrás do banco de reservas do time da casa.
De barba bem-feita, todos vestiam calça, sapatos e boné pretos e um colete verde-limão. Assim que soou o apito inicial, os cinco sentaram-se em perfeita sincronia, como se fossem golfinhos amestrados.

A 1 metro dali, uma dezena de torcedores do Fluminense se aboletou junto à mureta de concreto que separa a arquibancada do gramado. Smartphones e câmeras digitais em punho, eles gritavam palavras de incentivo para os reservas, como se chamassem um garçom num boteco barulhento.

No novo Maracanã, os espectadores das primeiras filas ficam a poucos metros do campo. No setor onde Lucas trabalha, um torcedor que esticasse o braço alcançaria o banco de reservas – desde que, claro, ele não estivesse lá para coibir, do alto de seus 2,02 metros.

A função dos vigilantes no gramado é intimidar possíveis invasores, como o que adentrou o campo na final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha. O torcedor pulou a mureta e as placas de publicidade e abraçou os jogadores enquanto a Seleção comemorava o título. Perseguido e imobilizado, foi retirado rapidamente, sem truculência, sob vaias da torcida.

A cena não se repetiu desde então. Caso volte a ocorrer, Lucas tem o procedimento padrão na ponta da língua. “O steward vai conter o invasor e o encaminhar ao JECrim junto com a Polícia Militar”, explicou, referindo-se ao Juizado Especial Criminal que fica dentro do estádio. “A gente entra como testemunha.”

O consórcio que administra o estádio às vezes chama os vigilantes de “controladores de público”, mas o termo que mais usam é steward, palavra em inglês que designa comissários de bordo e administradores, mas também mordomos. De fato, os profissionais gostariam que os torcedores se portassem como lordes durante os jogos. Quando um torcedor pôs os pés na cadeira à sua frente, um colega de Lucas sinalizou sem alarde, num gesto discreto com as duas mãos espalmadas para baixo, que ele deveria rever sua atitude.

“A gente sempre chega na educação”, disse Lucas. “O torcedor também é um cliente. Ele vem para assistir ao futebol e chega aqui para ser bem atendido.” Em caso de briga, os vigilantes são obrigados a agir com mais energia. Mas não são eles que se encarregam do trabalho pesado. “Atuamos para ajudar a Polícia Militar”, explicou o steward. “A função de conter tumultos é deles.”

Não houve briga para separar no jogo entre Fluminense e São Paulo, no terceiro domingo de novembro. Desde que entrou no gramado, às 15 horas, até o fim da partida, quatro horas depois, Lucas limitou-se a executar a coreografia sincronizada do senta e levanta. Aos dezessete minutos do primeiro tempo, Lucas fitou, impassível, o desânimo dos torcedores com o gol dos visitantes. Sete minutos depois, levantou-se, compenetrado, conforme mandava o figurino – era gol do Fluminense. O primeiro tempo terminou empatado.
 
ma hora antes do início do jogo, acomodado num sofá de couro preto na recepção de um amplo escritório dentro do Maracanã, Lucas explicou que os vigilantes devem ficar de pé nos trinta minutos que antecedem o apito inicial. Depois, sentam-se em banquinhos para não atrapalhar a visão dos torcedores. Voltam a se levantar por alguns minutos em caso de gol, nos intervalos e quando o jogo termina. Passam a partida de costas para o campo e são proibidos de olhar para o jogo. “O torcedor vai agir no nosso erro”, explicou Lucas. “Pode ser o momento que ele vai pular e estragar nosso serviço.”

Os vigilantes também são proibidos de se manifestar em caso de gol. O tricolor Flavio Frajola, vice-presidente da Federação das Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro, contou o caso de um deles que comemorou um gol tomado pelo Fluminense noutra partida. “Foi hostilizado pelos torcedores próximos até ser retirado dali”, disse. “Fizemos uma reunião com os administradores do Maracanã para que isso não acontecesse mais.”

Num dia de casa cheia, a administração do Maracanã pode escalar até 800 stewards. Naquele domingo, eles eram 600, para um público de 37 mil pessoas. Seis horas antes do jogo, estavam todos reunidos para receber instruções, uniforme e uma marmita com o almoço. Às 14h10, foram divididos em grupos – além dos stewards no gramado, há vigilantes nas arquibancadas, nas rampas de acesso e nas entradas do estádio.

O trabalho é coordenado por uma empresa de segurança privada contratada pelo consórcio. Ela tem um cadastro com mais de mil profissionais, que ganham como freelancerspor jogo trabalhado. Lucas Torres é funcionário da empresa, mas atua como steward em diasde folga para complementar a renda. Naquele domingo, recebeu 90 reais.O valor não daria para bancar os 120 reais do ingresso do setor que ele estava vigiando – o Maracanã Mais, uma espécie de área VIP que oferece sanduíche e refrigerantes aos torcedores (havia também ingressos a 10 e 30 reais).

No segundo tempo do Fluminense e São Paulo, Lucas tampouco teve muito trabalho. Coçar a orelha por duas vezes foi o único movimento imprevisto feito por ele. Após o final da partida, cinco crianças se espremeram na mureta. Um menino queria chamar o zagueiro Gum, que marcou o gol da vitória do Fluminense dois minutos antes do fim. “Gum, me dá sua camisa!”, ele gritava insistentemente, enquanto o zagueiro dava entrevistas. Impaciente com a demora, o menino encarou Lucas e perguntou: “Posso invadir?” O steward sorriu pela primeira vez naquela tarde.

13 de dezembro de 2013
Revista Piauí, 87

QUANDO O HUMOR DESENHA A REALIDADE

 
 
13 de dezembro de 2013


PT E SEUS HELICÓPTEROS PRA LÁ DE SUSPEITOS



 O terceiro e o quarto da direita para a esquerda são o governador do Acre Tião Viana (PT) e seu irmão Jorge Viana (PT), senador por aquele estado. Eles não são engenheiros, mas entendem de uma negociata com helicópteros como ninguém. Na gestão de Jorge Viana como presidente do Conselho de Administração da Helibras, um laudo da Polícia Federal comprovou que o governo do Acre direcionou edital e inflou o preço para comprar um helicóptero desta empresa.  
 
O Ministério Público Federal pediu a anulação do negócio e a devolução de seu valor atualizado, R$ 9,2 milhões, aos cofres públicos. A PF também constatou que o Acre pagou mais do que outros Estados pela mesma aeronave, descontados os valores de itens adicionais e treinamento de pilotos. De acordo com o laudo, o sobrepreço chegou a 38% na comparação com uma compra do governo do Espírito Santo. Isso significa que a gestão Binho Marques, o petista aliado dos Viana, pagou US$ 938 mil (R$ 1,56 milhão) a mais por seu helicóptero.
 
Segundo a Folha de São Paulo, o ex-governador e atual senador Jorge Viana, multiplicou seu patrimônio ao trabalhar para uma fábrica de helicópteros que fechou contrato bilionário com o governo Lula.  Em 1998, o patrimônio que declarou à Justiça Eleitoral era um apartamento financiado, dois carros e três linhas telefônicas. Até 2002, seus bens pouco evoluíram.  Na semana passada, Viana revelou ao TRE do Acre ter um patrimônio de R$ 2,32 milhões --um salto de 1.466% em relação a 1998.
 
A explicação para o sucesso de Viana é sua passagem pela Helibras, a maior fábrica de helicópteros do país. Após deixar o governo acriano, Viana, cotado para ocupar ministérios, tomou posse na presidência do conselho de administração da empresa, em Itajubá (MG), onde trabalhou entre setembro de 2007 e março último, quando deixou a empresa para disputar o Senado. A empresa é controlada pelo grupo franco-alemão EADS, que faturou 48,3 bilhões em 2008.


Jorge Viana, o primeiro à esquerda, é só sorrisos, enquanto Lula brinca de aviãozinho.
Na gestão Viana, a Helibras, no âmbito do acordo militar assinado entre Brasil e França no final de 2008, acertou vender à União 50 helicópteros de transporte, por R$ 5,1 bilhões.  A agenda de Lula e o histórico do projeto feito pela STN (Secretaria do Tesouro Nacional), entregue ao Senado, mostram que Viana apresentou pessoalmente a Lula, em 13 de fevereiro de 2008, a proposta da Helibras para instalação de linha de produção de helicópteros que desse conta da encomenda. O Ministério da Defesa confirmou que Viana participou de reuniões com autoridades do governo a propósito do acordo militar.
 
Com o presidente da empresa.
 
Em 2009, a Helibras também fechou contrato com o Exército, de R$ 375 milhões, para modernizar, até 2021, 34 helicópteros.
Viana caiu nas graças do governo francês. Em novembro, foi condecorado pelo presidente Nicolas Sarkozy, em Paris. Fotos mostram que Lula participou do ato. 
 
A "Legião de Honra" é conferida a quem contribuiu com a França nas áreas econômica, social e cultural. Ele está na primeira categoria. A Embaixada da França no Brasil confirmou que a condecoração se deveu ao trabalho de Viana na Helibras, descrita como "grande parceira econômica da França". 
Viana disse que a honraria "foi uma maneira de eles homenagearem um trabalho feito que construiu o que eu chamo de "a nova Helibras'".
 
Ontem, Lula falou em helicópteros com drogas em discurso inflamado no I Congresso Oficial do PT Mensaleiro. Hoje, o presidente da França, François Hollande, estava no Brasil para vender os Rafale, em substituição aos velhos Mirage. Se a história se repetir...

DADO MAIS IMPORTANTE DA CNI-IBOPE: MENSALÃO É A NOTÍCIA MAIS LEMBRADA PELO POVÃO

13% dos brasileiros citaram, na pesquisa CNI-IBOPE, o Mensalão como a notícia específica mais importante dos últimos dois meses.

Ou seja: o Mensalão será lembrado e considerado nas eleições de 2014. Não poderia ser diferente.
O partido da Dilma e do Lula é corrupto e teve os seus maiores líderes levados para uma penitenciária.
Estão lá, esperneando, gritando, chiando, mas cumprindo a pena imposta pelo STF. 
Ninguém gosta de votar em bandido. Ainda mais em bandido protegido pelos companheiros, desde o mais chinfrim até o ex-presidente e a atual presidente da República.
 
13 de dezembro de 2013
in coroneLeaks

O CHEFÃO CONTINUA FUGINDO DO MENSALÃO


 
Ontem, depois de dizer que só falaria de Mensalão depois do último recurso, Lula não resistiu aos apelos da plateia petista, ergueu o punho revolucionário e sugeriu, talvez alcoolizado, que os tucanos são traficantes de cocaína.
 
Do Mensalão, nada. Há oito anos que o chefão foge do Mensalão como o diabo da cruz. Em 2005, em meio à crise da primeira denúncia, Lula fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV dizendo que se sentia traído pelos acontecimentos divulgados, e pediu desculpas ao povo brasileiro.
 
Mais tarde, Lula passou a divulgar diversas versões sobre o caso, desde que fora uma mera repetição de atitude comum aos políticos brasileiros, o uso de caixa 2 nas campanhas eleitorais, até que tudo não passara de uma tentativa golpista de tirá-lo do poder.
 
Lula prometeu ainda provar, quando saísse da Presidência da República, que o mensalão simplesmente não existiu.
Até hoje, a única coisa que Lula fez foi enrolar a militância petista, abandonando os companheiros presos na Papuda.
Aliás, nesta semana, ficou provado pelo livro de Tuma Júnior que Lula foi um alcaguete da ditadura, entregando companheiros para o DOPS.
De certa forma, repete o gesto entregando Dirceu, Delúbio e Genoíno e fazendo conta que não é nada com ele.
 
13 de dezembro de 2013
in coroneLeaks

BANCOS TAMBÉM PAGAVAM PROPINA, AFIRMA DELATOR DA MÁFIA DO ISS

O auditor fiscal Luis Alexandre Magalhães, delator da máfia do ISS, disse em depoimento à Promotoria que empresas de estacionamento, segurança privada e bancos também pagavam propina ao chefe da quadrilha.
 
Segundo ele, além do esquema do grupo com construtoras, outros setores tinham acertos paralelos para a redução do imposto devido aos cofres municipais.
 
O delator declarou que isso envolvia outros fiscais, que abasteciam Ronilson Bezerra Rodrigues, subsecretário da Receita da gestão Gilberto Kassab (PSD).
Em seu depoimento, Magalhães não citou nomes de supostos corruptores nem deu detalhes do esquema.
 
Mas disse que, com todos os "tentáculos" de atuação, Ronilson chegou a ganhar R$ 6 milhões em uma semana. O filé-mignon, segundo ele, eram os recursos arrecadados do setor bancário.
 
O promotor Roberto Bodini diz que Magalhães não explicou quanto tempo essa arrecadação milionária durou.
 
 Editoria de Arte/Folhapress 
 
Folha apurou que a Controladoria-Geral do Município investiga auditores de outras áreas além do setor de quitação do ISS para liberação do Habite-se de empreendimentos imobiliários.
 
Parte deles está numa relação de dez nomes citados por Magalhães anteontem como "corretores" da máfia do ISS (que levavam clientes para a quadrilha).
 
Nem a Promotoria nem a Controladoria citam os nomes dos auditores para não atrapalhar as investigações.
 
Um dos setores em que as apurações estão avançadas é na área de estacionamento. O envolvimento de Ronilson com esse segmento foi uma das primeiras denúncias a chegar à prefeitura ainda no ano passado.
 
Ontem, Promotoria abriu um cofre apreendido em um dos apartamentos de Ronilson na operação em que ele foi preso, em 30 de outubro.
 
Dentro dele, foram encontrados R$ 72,7 mil. O cofre só foi aberto ontem porque deveria ser feito na presença de um defensor do auditor.
 
Os promotores já tinham encontrado anteriormente R$ 88 mil em um cofre apreendido no escritório da quadrilha, na região central.
 
'ABSURDO'
O advogado de Ronilson, Marcio Sayeg, diz que não teve acesso ao novo depoimento e, por isso, não tinha conversado com seu cliente.
 
Disse, porém, que a acusação é falsa e que é um "absurdo" Magalhães falar em R$ 6 milhões semanais. "Quanto daria isso desde 2007? Só ele arrecadava imposto? A prefeitura não?"
 
As informações foram repassadas pelo delator ao detalhar uma planilha encontrada em um de seus computadores apreendidos -na qual são listados 410 supostas transações de propina.
 
Magalhães tem um acordo de delação premiada com a Promotoria (para ajudar em troca de redução de pena).
 
Folha procurou ontem entidades dos setores mencionados pelo auditor --Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Sindepark (sindicato de estacionamentos) e SESVSP (das empresas de segurança), que não se manifestaram.
 
13 de dezembro de 2013
ROGÉRIO PAGNAN e JOSÉ ERNESTO CREDENDIO - Folha de São Paulo
Colaborou BRUNO BENEVIDES

"FANTASIAS DE 2014"

“Imagina na Copa”. Não dá para imaginar mais nada, mal ou bem, porque a Copa simplesmente chegou. A ficha caiu: faltam seis meses, só. E sem estádio ícone, nem aeroporto super, nem novíssimas estações de metrô, nem trem bala Rio-São Paulo, nem hotel das Arábias em cartão postal. Menos, menos, muito menos.
 
Segure a cívica vaidade vã, lamente a megalomania e nem se lembre do fantástico Ninho do Pássaro de Pequim (construção de US$ 500 milhões, equivalentes à reforma do Maracanã). Considere: o panteão moderno de Brasília, que custou R$ 1,7 bi e um operário morto, com aquelas colunas todas, bem que impressiona.
 
Esqueça a estrutura de ferro e aço que despencou na lama do estádio construído para abertura do Mundial, o Itaquerão de São Paulo – jazigo perpétuo de dois outros trabalhadores. Tragédia que nem os mais pessimistas esperavam.
 
Mantenha o prumo, caia na real, almeje o possível. Digamos: torcedores conscientizados ao longo dos últimos quatro anos e, quem sabe, um Maracanã sem inundação no seu entorno. Quanta ambição! Menos, bem menos: a realidade aqui é inimaginavelmente dura.

Maracanã. Foto: Severino Silva / Agência Estado

Até para a intocável Fifa. Escaldada pela Copa das Confederações, ela se prepara, sempre em grande estilo, para o pior: no sorteio da Copa, na sexta-feira passada, realizado em luxuoso e exclusivo resort da Bahia, soube-se que havia dois policiais para cada três convidados do evento.
 
Com ou sem protestos, a blindagem do público da Copa, ainda que por forças de segurança muito aquém do “padrão Fifa”, está mais do que testada. Iludida, revoltada ou alijada, a maioria dos brasileiros vai parar em Junho para ver o Mundial. Na Hora H da seleção, quem, no país do futebol, ficará indiferente?
 
Mesmo sendo anfitriões, nosso orgulho cívico dependerá mais do resultado obtido no gramado do que das realizações fora dele. Fora do campo, é patente – e gritaram isso as manifestações de Junho -, que as conquistas, no Esporte e além dele, foram superestimadas. Restará a batalhados atletas: jogar bem, controlar os adversários e contar com a sorte.
 
Se escaparmos dos riscos de vexame, no final será apresentado um balanço favorável da Copa, apesar de estouros em orçamentos regionais. Houve, é certo, quem trabalhasse direito. Mas se ganharmos o Hexa, que legado importa?
 
Começará em seguida a rodada que definirá o placar de Outubro. Veremos erguer-se novamente o mundo dourado para eleitores. A hora da abundância: mais, mais e mais promessas - inclusive para as Olimpíadas de 2016.
 
13 de dezembro de 2013
O Globo
Mara Bergamaschi é jornalista e escritora. Foi repórter de política do Estadão e da Folha em Brasília. Hoje trabalha no Rio, onde publicou pela 7Letras “Acabamento” (contos,2009) e “O Primeiro Dia da Segunda Morte” (romance,2012). É co-autora de “Brasília aos 50 anos, que cidade é essa?” (ensaios, Tema Editorial,2010). Escreve aqui às quintas-feiras.

ATENTADO À DEMOCRACIA

 
          Instituto Teotônio Vilela
O STF tende a proibir empresas de fazer doações para campanhas eleitorais. Será a maneira mais direta de privilegiar quem está no poder, dificultar a saudável alternância e eternizar no comando quem dispõe da máquina de propaganda que todo governante controla. Já aviltado pelo despudor com que o partido atualmente no governo manipula os instrumentos a seu dispor, o jogo eleitoral tornar-se-á ainda mais desequilibrado e antidemocrático.
*
Se prosseguir na toada em que veio até agora, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá proibir pessoas jurídicas de fazer doações para campanhas eleitorais. Será a maneira mais direta de privilegiar quem está no poder, dificultar a saudável alternância e eternizar no comando quem dispõe da máquina de propaganda que todo governante controla.
 
O julgamento da ação direta de inconstitucionalidade movida pela Ordem dos Advogados do Brasil no STF foi suspenso ontem já com quatro votos favoráveis à proibição de doações por empresas. O ministro Teori Zavascki pediu vista e adiou por um tempo uma decisão que já se prenuncia favorável à tese da OAB.
 
Além dos quatro ministros que já votaram, outros três já anteciparam opiniões dando mostra de que se manifestarão pela proibição – o STF é composto por 11 membros. A prevalecer esta tese, a dúvida, então, será saber se o dispositivo já passará a valer nas eleições gerais que acontecerão daqui a dez meses ou entrará em vigor apenas em 2016, nas disputas municipais.
 
Mas a questão que realmente merece reflexão é: a quem interessa o fim da possibilidade de doações eleitorais feitas por empresas?
 
A resposta é imediata: a quem está no poder e tem, pela posição que ocupa, meios naturalmente assimétricos, desequilibrados, desmesurados em relação a quem está fora dele. Ou seja, cristalinamente, se o STF de fato caminhar como parece que caminhará, o PT ganhará enorme força para perpetuar-se no comando do país.
 
A OAB alega que as doações do poder econômico distorcem a disputa. Mas a desproporção entre os meios institucionais de que dispõe o governante e aqueles que têm seus opositores é muito mais atentatória ao equilíbrio eleitoral. Portanto, muito mais antagônica ao preceito democrático. É isso o que se pretende?
 
Nas palavras do ministro Gilmar Mendes, único a se manifestar contra a ação da OAB até agora: "Estamos fazendo um tipo de lei para beneficiar quem estiver no poder? É isso que se quer? É disso que seu cuida? É para eternizar quem está no poder?” Há como discordar do que ele diz?
 
Alguém tem dúvida do desequilíbrio que pode marcar as eleições se, de um lado, se apresentar o partido atualmente no poder com o uso despudorado que faz da máquina estatal e, do outro, seus adversários munidos apenas de ideias, convicções e quase nenhum recurso material para viabilizar a realização de um embate de propostas minimamente balanceado?
 
Atualmente, a legislação brasileira permite que pessoas jurídicas doem até 2% do faturamento bruto do ano anterior ao da eleição. A norma vem desde 1993. Não é algo distinto do que acontece em países como Inglaterra, Alemanha, Espanha e Japão, que, assim como o Brasil, também preveem algum tipo de repasse de dinheiro público para os partidos – no nosso caso, fundo partidário e horário nos rádios e TVs.
 
Se o modelo atual abriga falhas, devem ser corrigidas. "É preciso aprimorar a prestação de contas e a transparência do dinheiro que entra nos comitês de campanha e das medidas tomadas por seus beneficiários quando estão no governo, depois da vitória nas urnas”, analisa Iuri Pitta, na edição de hoje d'O Estado de S.Paulo.
 
Os financiamentos de empresas respondem por quase a totalidade do que as candidaturas arrecadam nas eleições. Sem eles, a alternativa será o financiamento público, bancado pelo Estado. Será que o contribuinte – que arcou com R$ 4 bilhões apenas com os custos do horário eleitoral nos últimos dez anos – está disposto a bancar isso? Muito pouco provável.
 
Um dos mantras preferidos dos petistas, este modelo demanda a adoção de listas fechadas de candidatos e baseia-se no tamanho da bancada na Câmara ou no número de votos na eleição anterior. Tende, portanto, a consolidar mandarins partidários. De novo, o principal beneficiado será o PT. "Uma vantagem presente e transitória seria transformada em ativo permanente”, alerta Reinaldo Azevedo na Folha de S.Paulo.
 
Além disso, sem se preocupar em aprimorar o rigor com a fiscalização, punir quem burla a legislação e dar transparência às doações e aos gastos, a decisão dos ministros do STF poderá acabar estimulando o que é mais nefasto nas campanhas eleitorais: a doação por baixo dos panos, o caixa dois.
 
Por tudo o que se percebe, os ministros do STF – incitados pela OAB e sob a torcida nem um pouco velada dos petistas – estão prestes a perpetrar um atentado à democracia. Já aviltado pelo despudor com que o partido atualmente no poder manipula os instrumentos a seu dispor, o jogo eleitoral tornar-se-á ainda mais desequilibrado.
 
13 de dezembro de 2013
 

COMO GANHAR DINHEIRO VENDENDO "ÉTICA" !!! O MAIOR CONTO DO VIGÁRIO DO SÉCULO ! OU COMO GANHAR DINHEIRO ENGANANDO UMA NAÇÃO.

Lula, o `Barba`, tem vidão de rico, e continua denunciando “as elites”
 
 
J. R. Guzzo: Lula tem vidão de rico, e continua denunciando “as elites”, às quais hoje ele gostosamente pertence

Lula saiu do povo e não voltou mais. Anda com bilionários, exige jato particular para ir às suas conferências e Johnnie Walker Rótulo Azul no cardápio de bordo ( Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula)
UMA DOCE VIDA DE RICO — Lula saiu do povo e não voltou mais. Anda com bilionários, exige jato particular para ir às suas conferências e Johnnie Walker Rótulo Azul no cardápio de bordo ( Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula)


O ENIGMA DAS ELITE

campeões de audiência 02
 
A elite brasileira é acusada todo santo dia pelo ex-presidente Lula de ser a inimiga número 1 do Brasil – uma espécie de mistura da saúva com as dez pragas do Egito, e culpada direta por tudo o que já aconteceu, acontece e vai acontecer de ruim neste país. É possível até que tenha razão, pois se há alguma coisa acima de qualquer discussão é a inépcia, a ignorância e a devastadora compulsão por ganhar dinheiro do Erário que inspiram há 500 anos, inclusive os últimos dez e meio, a conduta de quem manda no país, dentro e fora do governo.
 
 
O diabo do problema é que jamais se soube exatamente quem é a elite que faz a desgraça do Brasil. Seria indispensável saber: sabendo-se quem é a elite, ela poderia ser eliminada, como a febre amarela, e tudo estaria resolvido. Mas continuamos não sabendo, porque Lula e o PT não contam. Falam do pecado, mas não falam dos pecadores; até hoje o ex-presidente conseguiu a mágica de fazer discursos cada vez mais enfurecidos contra a elite, sem jamais citar, uma vez que fosse, o nome, sobrenome, endereço e CPF de um único de seus integrantes em carne e osso. Aí fica difícil.
 
Mas a vida é assim mesmo, rica em perguntas e pobre em respostas; a única saída é partir atrás delas. Na tarefa de descobrir quem é a elite brasileira, seria razoável começar por uma indagação que permite a utilização de números: as elites seriam, como Lula e o PT frequentemente dão a entender, os que votam contra eles nas eleições?
 
Não pode ser. Na última vez em que foi possível medir isso com precisão, no segundo turno das eleições presidenciais de 2010, cerca de 80 milhões de brasileiros não quiseram votar na candidata de Lula, Dilma Rousseff: num eleitorado total pouco abaixo dos 136 milhões de pessoas, menos de 56 milhões votaram nela. É gente que não acaba mais. Nenhum país do mundo, por mais poderoso que seja, tem uma elite com 80 milhões de indivíduos. Fica então eliminada, logo de cara, a hipótese de os inimigos da pátria serem os brasileiros que não votam no PT.
 
As elites seriam os ricos, talvez? De novo, não faz sentido: os ricos do Brasil não têm o menor motivo para se queixar de Lula, dos seus oito anos de governo ou da atuação de sua sucessora. Ao contrário, nunca ganharam tanto dinheiro como nos últimos dez anos, segundo diz o próprio Lula. Ninguém foi expropriado sequer em 1 centavo, ou perdeu patrimônio, ou ficou mais pobre em consequência de qualquer ato direto do governo.
 
Os empresários vivem encantados, na vida real, com o petismo; um dos seus maiores orgulhos é serem “chamados a Brasília” ou alcançarem a graça máxima de uma convocação da presidente em pessoa. No puro campo dos números, também aqui, não dá para entender como os ricos possam ser a elite tão amaldiçoada por Lula e seus devotos.
 
De 2003 para cá, o número de milionários brasileiros (gente que tem pelo menos 2 milhões de reais, além do valor de sua residência) só aumentou. Na verdade, segundo estimativas do consórcio Merrill Lynch Capgemini, apoiado pelo Royal Bank of Canada e tido como o grande perito mundial na área, essa gente vem crescendo cada vez mais rápido. Pelos seus cálculos, surgem dezenove novos milionários por dia no Brasil, o que dá quase um por hora, ou cerca de 7 000 por ano; em 2011, o último período medido, o Brasil foi o país que teve o maior crescimento de HNWIs – no dialeto dos pesquisadores, “High Net Worth Individuais”, ou “milionários”.
 
O resultado é que há hoje no Brasil 170 000 HNWIs – os 156 000 que havia no levantamento de 2011 mais os 14 000 que vieram se somar a eles, dentro da tal conta dos dezenove milionários a mais por dia.
 
Não dá para entender bem essa história. O número de milionários brasileiros, após dez anos de governo popular, não deveria estar diminuindo, em vez de aumentar? Deveria, mas não foi o que aconteceu. A sempre citada frota de helicópteros de São Paulo, com 420 aparelhos, é a segunda maior do mundo; no Brasil já são quase 2000, alugados por até 3 000 reais a hora.
 
Os 800 000 brasileiros, ou pouco mais, que estiveram em Nova York no ano passado foram os turistas estrangeiros que mais gastaram ali: quase 2 bilhões de dólares. Na soma total de visitantes, só ficaram abaixo de canadenses e ingleses – e seu número, hoje, é dez vezes maior do que era dez anos atrás, início da era Lula.
 
O eixo formado pela Avenida Europa, em São Paulo, é um feirão de carros Maserati, Lamborghini, Ferrari, Aston Martin, Rolls-Royce, Bentley, e por aí afora. Então não podem ser os ricos os cidadãos que formam a elite brasileira – se fossem, estariam sendo combatidos dia e noite, em vez de viverem nesse clima de refrigério, luz e paz.
 
Um outro complicador são as ligações de Lula com a nossa vasta armada de HNWIs, como diriam os rapazes da Merrill Lynch. É um mistério. Como ele consegue, ao mesmo tempo, ser o generalíssimo da guerra contra as elites e ter tantos amigos do peito entre os mais óbvios arquiduques dessa mesmíssima elite? Ou será que bilionários e outros potentados deixam de ser da elite e recebem automaticamente uma carteirinha de “homem do povo” quando viram amigos do ex-presidente?
 
Para ficar num exemplo bem fácil de entender, veja-se o caso do ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi, uma das estrelas do círculo de amizades políticas de Lula. O homem é o maior produtor individual de soja do mundo, e a extensão das suas terras o qualifica como o suprassumo do “latifundiário” brasileiro. É detentor, também, do título de “Motosserra de Ouro”, dado anos atrás pelo Greenpeace – grupo extremista e frequentemente estúpido, mas que ainda faz a cabeça de muita gente boa pelo mundo afora.
 
É claro que não há nada de errado com Blairo: junto com seu pai, André, fundador da empresa hoje chamada Amaggi, é um dos heróis do progresso do Brasil Central e da transformação do país em potência agrícola mundial. Mas, se Blairo Maggi não é elite em estado puro, o que seria? Um pilar das massas trabalhadoras do Brasil? Lula anda de mãos dadas com Marcelo Odebrecht, presidente de uma das maiores empreiteiras de obras do Brasil e do vasto complexo industrial que crescerem torno dela.
 
Ainda há pouco foi fotografado em companhia do inevitável Eike Batista, cuja fortuna acaba de desabar para meros 10 bilhões de dólares, numa visita a um desses seus empreendimentos que nunca decolam; foi seu advogado, logo em seguida, para conseguir-lhe um ajutório do governo. É um fato inseparável de sua biografia, desde o ano passado, o beija-mão que fez a Paulo Maluf, hoje um aliado político com direito a pedir cargos no governo – assim como Maggi, que ainda recentemente foi cotado para ser nada menos, que o ministro da Agricultura de Dilma.
 
Dize-me com quem andas e eu te direi quem andas e te direi quem és, ensina o provérbio. Talvez não dê, só por aí, para saber quem é realmente Lula. Mas, com certeza, está bem claro com quem ele anda.
 
As classes que Lula e o PT descrevem a “elite brasileira” não são suas amigas só de conversa – estão sempre prontas para abrir o bolso e encher de dinheiro a companheirada. Nas últimas eleições presidenciais, presentearam a candidata oficial Dilma Rousseff quase 160 milhões de reais – mais do que deram a todos os outros candidatos somados. Há de tudo nesses amigos dos amigos: empreiteiros de obras, é claro, banqueiros de primeira, frigoríficos empenhados até a alma no BNDES, siderúrgicas, fábricas de tecidos, indústrias metalúrgicas, mineradoras. É o que a imprensa gosta de chamar de “pesos-pesados do PIB”.
 
Ninguém, nessa turma, faz mais bonito que as empreiteiras, que dependem do Tesouro Nacional como nós dependemos do ar. Foram as maiores doadoras privadas às eleições municipais do ano passado: torraram ali quase 200 milhões de reais, e o PT foi o partido que mais recebeu. Ficou com cerca de 30% da bolada distribuída pelas quatro maiores empreiteiras do país, e junto com seu grande sócio da “base aliada”, o PMDB, raspou metade do dinheiro colocado nesse tacho.
 
Todo mundo sabe quem são: Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS e Camargo Corrêa. Mas esses nomes não resolvem o enigma que continua a ocultar a identidade dos membros da elite. Com certeza, nenhum dos quatro citados acima pertence a ela, já que dão tanto dinheiro assim ao ex-presidente, seu partido e seus candidatos. Devem ser, ao contrário, a vanguarda classes populares.
 
Restariam como membros da elite, enfim “inconformados” com o fato de que “um operário chegou à Presidência” ou que a “classe melhorou de vida. Mais uma vez, não dá para levar a sério. Por que raios essa gente toda está inconformada, se não perdeu nada com isso? Qual diferença prática lhes fez a eleição de presidente de origem operária, ou por que sofreriam vendo um trabalhador viajar de avião?
 
Num país com 190 milhões de habitantes, é óbvio há muita gente que detesta o ex-presidente, ou simplesmente não gosta dele. E daí? Que lei os obriga a gostar? Acontece com qualquer grande nome da política, em qualquer lugar do mundo. Ainda outro dia, milhares de pessoas foram às ruas de de Londres para festejar alegremente a morte da ex-líder britânica Margaret Thatcher – que já não estava mais no governo havia 23 anos. É a vida.
 
Por que Lula e seus crentes não se conformam com isso e param de encher a paciência dos de outros com sua choradeira sem fim? O resumo dessa ópera é uma palavra só: hipocrisia. Lula bate tanto assim na “elite” para esconder o fato de que ele é hoje, na vida real, o rei da elite brasileira. O ex-presidente diz o tempo todo que saiu do povo. De fato, saiu – mas depois que saiu não voltou nunca mais. Falemos sério: ninguém consegue viver todos os dias como rico, viajar como rico, tratar-se em hospital de rico, ganhar como rico (200 000 reais por palestra, e já houve pagamentos maiores), comer e beber como rico, hospedar-se em hotel de rico e, com tudo isso, querer que os outros acreditem que não é rico.

Onde está o operário nisso tudo? (Foto: Valter Campanato / ABr)
Onde está o operário nisso tudo? (Foto: Valter Campanato / ABr)

Lula exige jato particular para ir às suas conferências e Johnnie Walker Rótulo Azul no cardápio de bordo. Quando tem problemas de saúde, interna-se no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, um dos mais caros do mundo. Sempre chega ali de helicóptero. Vive cercado por um regimento de seguranças que só o típico magnata brasileiro costuma ter.
 
O ex-presidente sempre comenta que só falam dessas coisas porque “não admitem” que um “operário” possa desfrutar delas. Mas onde está o operário nisso tudo? É como se o banqueiro Amador Aguiar, que foi operário numa gráfica do interior de São Paulo e ali perdeu, exatamente como Lula, um dos dedos num acidente com a máquina que operava, continuasse dizendo, sentado na cadeira de presidente do Bradesco, que era um trabalhador manual.
 
Lula não trabalha, não no sentido que a palavra “trabalho” tem para o brasileiro comum, desde os 29 anos de idade, quando virou dirigente sindical e ganhou o direito legal de não comparecer mais ao serviço. Está a caminho de completar iria 68 e, depois que passou a fazer política em tempo integral, nunca mais tomou um ônibus, fez uma fila ou ficou sem dinheiro no fim do mês. Melhor para ele, é claro. Mas a vida que leva é um igualzinha à de qualquer cidadão da elite. O centro da questão está aí, e só aí. Todo o resto é puro conto do vigário.

13 de dezembro de 2013
Ricardo Setti - Veja
Publicado originalmente em 8 de junho de 2013
Artigo publicado em edição impressa de VEJA

SÓ TRÊS GOVERNOS ESTADUAIS SÃO APROVADOS POR MAIS DE 50%

Pesquisa Ibope revela descontentamento geral dos eleitores nos Estados
 
O dado que talvez possa expressar melhor o estado de ânimo dos brasileiros é a tabela publicada neste post, com a avaliação dos governos de 26 Estados e do Distrito Federal. Há também a taxa de aprovação pessoal de cada governador.
 
Os percentuais abaixo de 50% estão marcados em vermelho. Os de 50% para cima estão em azul. Como se observa, só 3 Estados têm suas administrações avaliadas positivamente por mais de 50% dos eleitores (Amazonas, Pernambuco e Acre).
 
O Ibope e o Datafolha já tinham detectado um sentimento difuso a favor de mudanças no país em estudos recentes. A avaliação sofrível da imensa maioria dos governos nos Estados e no Distrito Federal corrobora esse dado. Esse cenário terá algum efeito nas eleições de 2014 –e certamente não será algo positivo para os grupos quem hoje estão no poder, sejam governadores buscando reeleição ou indicando sucessores.
 
Só para registrar, o Ibope pesquisou também a aprovação do governo Dilma Rousseff, que está em 43% –também abaixo de 50% e muito distante das taxas acima de 60% que a presidente tinha para sua administração no primeiro semestre deste ano de 2013.

Eis as avaliações dos governadores (clique na imagem para ampliar):

Governadores-Ibope-avaliacao-dez2013
CLIQUE PARA AUMENTAR

Obs.: a tabela está ordenada pela popularidade do governo. Depois, pela popularidade pessoal do governador. Se há empate nesses dois critérios, a ordem é alfabética a partir do nome do Estado.

13 de dezembro de 2013
Fernando Rodrigues - UOL