"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

E ACONTECEU O NATAL!




MINHA MENSAGEM DE NATAL AOS AMIGOS QUE ANDAM POR ESTAS SENDAS.

QUE O NATAL POSSA TRAZER A CADA UM DE NÓS , A PAZ, A SAÚDE E A REALIZAÇÃO DOS SONHOS MAIS CAROS, PORQUE SONHAR É PRÓPRIO DOS MORTAIS.

E NOS ENCONTRAREMOS APÓS A FOLIA DE REIS, SALPICANDO, VEZ OU OUTRA ALGUMA NOTÍCIA MAIS IMPORTANTE...

http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=qCU39tuy0IY

m.americo


A ÁRVORE E SEUS FRUTOS
          Luc. 6.43-45

 
33  Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom, ou fazei a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece  a árvore.

34  Raça de víboras, como podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.

35  O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro, e o homem mau, do mau tesouro tira coisas más.

36  Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo.

37  Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado.

24 de dezembro de 2013

NOTÍCIAS DO NATAL QUE ACONTECE E DO ANO NOVO, QUE NUM PISCAR D'OLHOS ACONTECERÁ

Sinceramente? Eu gostaria que esse blog fosse um blog auspicioso e que apenas apresentasse notícias como "o Brasil é um país que está entre os primeiros no IDH", ou "temos a gasolina mais barata do planeta", ou quem sabe até "o Brasil lidera o ranking dos países onde a corrupção política registra Zero, há mais de 20 anos". Mas a realidade é bem outra. E infelizmente o blog faz o registro dos infindáveis escândalos, dia após dia, e quando registramos o digníssimo Ministro Joaquim Barbosa sentadinho num vôo comercial - logo após os passeios de políticos pelos aviões da FAB - somos tomados de um ufanismo de uma grandiloquência elogiosa, como se estivéssemos diante do inusitado valor moral, tão raro nessas plagas brasileiras.
Nunca o Brasil da silva esteve tão arrasado moralmente, o que nos leva a aplaudir os menores gestos de homens públicos que cumprem o dever de respeitar o bem público.
Por motivos assim, é que acredito no humor, como uma das grandes expressões que aliviam o sofrimento coletivo da nacionalidade. Chico Anízio, Jô Soares, Millôr... nos levaram a catarse através de grandes gargalhadas! Riamos de nós mesmos, o que os psicólogos consideram altamente saudável para o bem estar mental e emocional.
Fincou esse blog os pés na lama, escavando fundo no lixo político que nos cerca, irremediavelmente, movendo uma campanha incansável contra um dos partidos mais corruptos que esse país conheceu.
E chegamos a esse Natal, alimentando a esperança de que o ano vindouro nos trará a graça da renovação política. Não fora assim, ficaria extremamente difícil viver...

O Danilo Gentili, nesses tempos sombrios, é uma boa companhia para nos aliviar um pouco do pesadelo em que vivemos. Exemplo? A crônica FILME DO LULA. Claro, não tem atualidade, mas nos dá uma idéia da irreverência do tratamento que os fatos políticos do nosso Brasil da silva, sempre mereceu desse ator do riso...

***

"E o filme do Lula? Um monte de gente falando que foi "filme de campanha". Foi até indicado para representar o Brasil no Oscar. O que prova que não é só o Lula que bebe.
Ouvi falar que graças a esse filme Lula comemorou o fato de ter nascido no Brasil, pois ele achou que se fosse americano ia ter dificuldade para ler as legendas.
Na real, eu é que preciso de legenda para entender o que o Lula fala.
Sério, já viu como ele fala? Cospe, fala alto até grita. Preciso do doutor Dolittle para entender o que ele fala.
Uma coisa emocionante no filme do Lula é que se descobre que a mãe dele foi casada no passado com um cara muito canalha e que também era chegado num copo. E a atriz  convence muito nesse papel, pois é a Glória Pires.
O PSDB e o FHC ficaram enciumados com o filme.
Ficaram putos.
Quem devia ter ficado puto era o Lula, pois o filme ficou uma merda.
O filme é chato... Dá sono... Não acaba nunca. Parece discurso do Suplicy. Só não falo  que foi o Suplicy que roteirizou porque em nenhum momento o Lula cita o Renda Mínima.
Sério, o Suplicy só sabe falar em Renda Mínima. Se ele fosse roteirista do filme, algum jeito ele ia dar para encaixar isso no filme. Na lua de mel do Lula, ele ia dizer: 'Que calcinha é essa Marisa?' "É uma calcinha com renda mínima... Porque no Renda Mínima todo cidadão vai receber um salário..."

O Serra também ficou puto com o filme de Lula. Ficou, mas ele não tem motivos para ficar enciumado. Fizeram um filme pra ele bem antes. Assista aí: Nosferatu

O Serra vem falar que foi exilado. Só se foi na Transilvânia. Imagine se ele tivesse sido eleito e fizesse uma cagada?
- Vamos cassar o Serra.
- Ok, chamem o Van Helsing.

Por que acham que o Serra é autor daquele programa-modelo contra a Aids? Ele quer todo sangue limpo só pra ele..."

***

Desde a antiguidade greco-romana, rir sempre foi um modo de demonstrar que não levamos a sério essa cambada que pensa que nos engana.

24 de dezembro de 2013
m.americo



 

POR SEISCENTOS MIL POR SHOW É FÁCIL SER DE ESQUERDA...


Fonte: Extra
 
Caetano e Gil vão receber a módica quantia de R$ 600 mil para fazer o show de revéillon em Salvador. É o que diz a matéria do jornal:
A Retratos da Vida descobriu o cachê que Caetano Veloso e Gilberto Gil vão receber para cantarem no réveillon de Salvador. Cada um dos baianos embolsará R$ 600 mil. A festa está sendo organizada pela empresária Flora Gil, cujo sobrenome entrega de quem ela é mulher. A virada do ano na capital da Bahia está sendo financiada com dinheiro público e de empresas privadas.
Um show de Roberto Carlos também estava programado para a semana do Natal na cidade, mas o Rei acabou desistindo de se apresentar por lá.
Pergunto ao leitor: com um cachê desses, não fica mais fácil defender o regime comunista cubano, o socialismo, a igualdade material, o PT e até os Black Blocs? Ah, fica! O sujeito que ganha mais de meio milhão para fazer um show, envolvendo dinheiro público, pode se dar ao luxo de criticar a ganância capitalista, de posar de desprendido e descolado.
Olha, um cara que ganha uma bolada dessas, em parte paga com nossos impostos, pode até mesmo fazer o papelão de sair em uma foto assim:

Fonte: GLOBO
 
Alguém que canta algumas músicas antigas (até porque as novas não são bem conhecidas) por duas horas e vai para casa levando R$ 600 mil, pode até mesmo ser ministro do Partido dos Trabalhadores e falar em nome do povo, dos pobres, dos humildes, não é mesmo?
Como é doce (e hipócrita) a vida de nossa esquerda caviar

24 de dezembro de 2013

ESTATUTO DO DESARMAMENTO: UMA DÉCADA DE VIOLÊNCIA


Estatuto do desarmamento

Dez anos após a aprovação da Lei 10.823/03, mais conhecida como Estatuto do Desarmamento, que mantém regras rígidas e burocráticas para o porte e posse de armas de fogo no Brasil, dados oficiais comprovam que o índice de violência do país é alarmante e avança indiscriminadamente sem que as autoridades consigam reduzir esta estatística, tampouco, minimizar seus efeitos.
 
De acordo com um dos estudos mais utilizados para a compreensão da violência no Brasil, o “Mapa da Violência” (em sua mais recente edição – 2013), no ano 2000 foram registrados 30.865 homicídios, número que, dez anos depois, aumentou para 36.792, numa variação de 19,2%.
 
Segundo o 7º Anuário Estatístico do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil possui seis entre as vinte capitais mais violentas do mundo em termos de homicídios com destaque para Maceió ocupando a sexta colocação, seguida por João Pessoa (10ª), Manaus (11ª), Fortaleza (13ª) Salvador (14ª) e Vitória (16ª).
 
O Brasil é considerado o 18º no ranking dos países com maior índice de homicídios com taxa de 25,8 mortes por 100 mil habitantes, num total de 50.108 homicídios por ano – o que supera o número de vítimas resultante de conflitos em diversas regiões do mundo. 
 
Com isso, claramente já se pode observar que as amplamente difundidas políticas de desarmamento, implementadas no país nos últimos dez anos, foram inteiramente ineficazes para a contenção de tal modalidade de crime.
 
A população, por sua vez, se sente cada vez mais insegura. De acordo com a quarta edição do estudo Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem), realizado pela Rede Nossa São Paulo, a sensação de insegurança do paulistano em 2012 foi a mais alta observada desde 2008. O levantamento aponta que 91% dos entrevistados acham pouco ou nada seguro viver na cidade. A opção “nada seguro” aumentou de 35% para 45% em 2012.
 
Outra pesquisa, da Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), demonstrou o aumento no número de pessoas que, amedrontadas pela incessante violência urbana, buscam na blindagem automotiva maior proteção. Em 2012, 8.384 carros foram blindados, um aumento de 2,7% no comparativo com 2011, ocasião em que o país já havia quebrado o recorde no número de veículos que receberam a proteção. No total, existem mais de 100 mil unidades “à prova de bala” no Brasil.
 
Quando são analisados os efeitos da política desarmamentista na circulação de armas de fogo no Brasil a conclusão da ineficiência do Estatuto do Desarmamento se reforça. As campanhas de desarmamento retiraram de circulação cerca de meio milhão de armas entre a população civil brasileira, número que hoje já alcança, de acordo com dados oficiais do Ministério da Justiça, 618.673.
 
Porém, em virtude da política de desarmamento do governo, aliada ao excesso de burocracia imposta ao cidadão que deseja manter sua arma legalizada e a inexistência de estrutura do órgão responsável pelos registros, atualmente, mais da metade das 16 milhões de armas de fogo que circulam pelo país, segundo o Ministério da Justiça, não estão devidamente registradas no Sistema Nacional de Armas (SINARM). Das que estão, em 2010 havia 8.974.456 de armas de fogo com registro ativo. Já em 2012, o número passou para apenas 1.291.661. Com isso, 7.682.795 de armas encontram-se irregulares.
 
O Estatuto do Desarmamento além de não desarmar os criminosos, impede que os cidadãos brasileiros permaneçam com suas armas regularizadas. É certo que os criminosos não adquirem armas de fogo em lojas ou casas de armas, tendo fácil acesso a poderoso armamento através do desenfreado contrabando que assola o país. As armas utilizadas para se cometer um crime são ilegais, por isso retirar de circulação armas legais não funciona no combate à violência.
 
Além disso, a política para o desarmamento do cidadão brasileiro não representou nenhuma contenção no aumento da violência e não impediu o considerável crescimento dos homicídios no país.
 
O Estatuto do Desarmamento tornou os cidadãos brasileiros vítimas da lei e reféns da violência. A explicação é simples: leis restritivas à posse e ao porte de armas apenas desarmam os cidadãos, aqueles que cumprem as leis, mas não os criminosos. Porém, como já reconhece a própria ONU, na quase totalidade das vezes em que um homicídio é cometido com uma arma de fogo, quem puxa o gatilho é um criminoso habitual.
 
24 de dezembro de 2013
Salesio Nuhs é presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam).

A CEIA DOS QUADRILHEIROS

                RECORDANDO...

     tarja-an-o-ano-em-frases-2013

                                  PUBLICADO EM 17 DE JANEIRO

“A Ação Penal 470 resultou, entre outras injustiças cometidas, em uma multa milionária em desfavor de nossos principais dirigentes, em especial, José Dirceu e José Genoino; com a clareza de que o alvo deste julgamento sempre foi o PT e de que é necessário mobilizar a militância para defender o nosso partido, a Juventude do Partido dos Trabalhadores ─ JPT Brasília ─ organizou um jantar de arrecadação para ajudar a pagar a dívida dos companheiros, cuja condenação poderá se confirmar”.

Trecho do convite, publicado no site oficial do PT, para o “Jantar 470″, cujos participantes desembolsarão de R$ 100 a R$1.000 por um prato de frango com polenta, revelando que os jovens devotos dos mensaleiros resolveram fazer de conta que, apesar do tamanho do roubo, não sobrou dinheiro para o pagamento das multas impostas pelo STF aos quadrilheiros condenados.

24 de dezembro de 2013
in Augusto Nunes

DISTRIBUIÇÃO DA RENDA DOS OUTROS...

                                                               ISTO É O PT...


SOCIEDADE SEM DEVERES
SALÁRIO SEM TRABALHO...
ASSISTAM
 
VISIONÁRIO CHICO ANÍSIO
 
24 de dezembro de 2013

BIMBALHAM OS SINOS?

Todo ano eu escrevo sobre o Natal no Natal. Hoje, escrever sobre quê? Sobre o "mensalão"? Sobre o Natal na Papuda? Todos os natais são iguais: um sentimento de solidariedade jamais praticada durante o ano. Eu tento ser original, mas esbarro na mesmice dos dias natalinos; parece que o tempo é o mesmo dos anos cinquenta. Por isso só me resta repetir ideias dos melhores trechos de anos passados.

Os primeiros indícios do Natal surgem com ralas bolinhas douradas nas lojas, depois uma arvorezinha, ate que aparece a figura eterna de Papai Noel.

Não creio que Papai Noel seja muito querido, a não ser pelas criancinhas ainda sem web e videogames; os adultos sentem um vago mal estar diante daquele S. Nicolau que foi inventado na Noruega, aquelas barbas e roupinha quente para nosso verão. O que inquieta é a total falta de relação do Papai Noel com nossa vida cotidiana. De repente, ele surge como um invasor sorridente, um embaixador do Polo Norte, como um RP para lojas e supermercados, como se dissesse em seu ho ho ho: "Não se preocupem...tudo está bem...eu sou a bondade e o mundo muda mas eu não. Estarei sempre aqui, uma vez por ano. Rodeado por meus veadinhos e entrando pela chaminé que não existe mais". Papai Noel é o quê? Um santo, um lobista do comercio, um espião da NSA? O mundo está muito mudado.

Até quando? Será que no ano 2050 ainda haverá Papai Noel?

Na época do Estado Novo de Getúlio Vargas, nacionalista e fascistoide, alguns malucos lançaram uma campanha no rádio para substituir o Papai Noel por um outro símbolo: o "Vovô Índio" - um velho silvícola seminu, com peninha na cabeça, que traria presentes para os "curumins" de verde e amarelo. Foi um fracasso total, pois o cinema americano já mandava em nossas cabeças, com o Bing Crosby cantando White Christmas sem parar.

Lembro-me que no Natal, durante as ceias, eu via do meu canto de menino melancólico as ligações frágeis entre parentes, entre tios e primos, as antipatias disfarçadas pelos abraços frios e os votos de felicidades. O destino das famílias fica evidente no Natal. Os pobres se conformando com o tosco prazer dos presentes baratos e os ricos querendo provar que serão felizes a qualquer preço. Canalhas e egoístas o ano inteiro, esfalfam-se para viver uma alegria compulsiva entre gargalhadas solidárias, beijos molhados de vinho e uísque, terminando nas tristes saídas na madrugada, com crianças chorando e presentes carregados com tedio por pais de porre, aos berros de "feliz natal".

Eu olhava aquelas famílias viajando no tempo como um cortejo trôpego, eu via a solidão de primos, das tias malucas, dos avós já calados e ausentes, o eterno presunto caramelado, o peru com apito.

Todo mundo reclama do Natal, repararam? "Ah... porque no Natal aumenta o sentimento de culpa, a gente tem de aguentar a família e os traumas infantis, no Natal eu fico triste porque me separei do marido, o Natal é uma festa influenciada pelos americanos, com Papai Noel enchendo o saco em vez de esvaziá-lo, no Natal a gente engorda muito, comendo aquelas rabanadas e panetones, chega de Natal!"

Todo mundo fala essas coisas mas, de noite, olham com ternura as bolinhas douradas da árvore, comem seus pedaços de peru, dizem que "adoraram o presentinho, coisa pouca, não leva a mal, mas essa caixa de sabonetes naturais é legal, adorei a água de colônia, esse CD não é pirata não?"

Eu já tive carnavais felizes, "sãos joões" felizes, mas não me lembro de uma grande "noite feliz, noite de paz".

E fui o primeiro de minha turminha de subúrbio a desconfiar que Papai Noel era uma fraude. "Papai Noel não existe!" - foi meu grito revolucionário. "Existe sim! Ele me deu um velocípede!" - bradavam os meninos obstinados em sua fé. "Ah, é? Então, fica acordado para ver se não é teu pai botando os presentes na árvore!" Mas meus amigos lutavam contra essa desilusão, mais ou menos como velhos comunas não desistem até hoje do paraíso leninista. Recorri a meu avô, conselheiro e aliado, e ele confirmou e apoiou meu agnosticismo natalino: "Não existe não...Você não é mais neném...".

Daí para a frente, não parei mais. Entrei de sola na lenda da cegonha e do bebê que "papai do céu mandou". "Vocês pensam o quê? As mães de vocês ficam nuas e o pai de vocês bota uma coisa dentro da barriga delas pelo umbigo...!" "A minha mãe, não!" - berravam os jovens édipos, partindo para a porrada de rua comigo. Daí para descrer de Deus foi um pulo, para o horror escandalizado dos colegas do colégio jesuíta. "Deus é bom, padre?" "Infinitamente bom..." "Ele sabe de tudo?" "Sim..." - respondiam os padres já desconfiados. "Então, por que ele cria um cara que depois vai para o inferno?" Até hoje ninguém me respondeu isso.

E assim, fui, até começar meu ódio ao "imperialismo norte americano" dos anos 60.

Hoje, vejo que o Natal perdeu aquela delicadeza antiga, com o fim das famílias nucleares. Em vez do saco de presentes, temos as calamidades coloridas dos shopping centers. Em vez da família reunida em torno do peru, vemos pobres e ricos solitários tentando recriar uma noite feliz nem que seja nos botequins e lanchonetes.

E hoje, mesmo com o futuro cada vez mais ralo, confesso que tenho saudades da precariedade de nossa vida antiga, da ingenuidade dos comportamentos, de um mundo com menos gente louca e má. "Ah! Você por acaso quer a volta do atraso?" - dirão alguns. Não. Tenho saudades retrógradas dos tempos analógicos, do ritmo lento do dia a dia, sonho com uma vida delicada que sumiu, dos lugares-comuns, dos chorinhos e chorões, de tudo que era baldio, dos valores toscos da classe média. E quando chega o Natal, mesmo irritado com os "sinos que bimbalham", tenho a grande nostalgia das tristes ceias de minhas tias, sinto ainda o gosto dos "panetones" e rabanadas transcendentais do meu passado.

Hoje, no presépio de Belém, perto da manjedoura onde o menino Jesus recebeu os reis magos, nos lugares sagrados de Jerusalém, explodem os homens-bomba berrando "Feliz Natal, cães infiéis!".

 
24 de dezembro de 2013
Arnaldo Jabor, O Estado de S Paulo

QUERIDO PAPAI NOEL


Talvez o sr. nem se lembre da minha carta do ano passado (Estado, 25/12/2012, B2), na qual arrolei vários pedidos, entre os quais ajudar o País a levar a sério a educação e os governantes a respeitarem a população desatendida por serviços públicos de péssima qualidade, que só se explicam pelo descaso das autoridades.

Nesses pontos o sr. não me atendeu. Para mim, a pior notícia do ano é que 50% dos jovens de 15 anos não compreendem o que leem e 2 entre 3 são incapazes de entender porcentuais, frações e de interpretar gráficos simples. Na Matemática, que é a linguagem da ciência moderna, nossos jovens continuam tropeçando nas quatro operações. Quanto à qualidade dos serviços públicos, é melhor não chover no molhado, porque a temporada de chuvas já tem feito grandes estragos, a maioria previsível e evitável, se houvesse pelo menos uma pitada destes ingredientes tão importantes para a democracia: respeito ao povo e receio do seu julgamento. As manifestações de junho chegaram a assustar e nos deram alguma esperança de mudança, mas logo tudo voltou a ser como dantes no quartel de Abrantes.

Confesso que hoje lhe escrevo com sentimentos divididos. Celebramos o pleno-emprego (que é explicado pela baixíssima produtividade do trabalho), a elevação do consumo doméstico e o desempenho da agricultura e do agronegócio, cujas exportações chegaram a US$ 94 bilhões e evitaram o colapso das contas externas. Mas não dá para esquecer que o País não cresceu, que a indústria continua minguando e que mantivemos uma política de remendos, mais voltada para manter a máquina em marcha lenta do que resolver os problemas que restringem o desenvolvimento.

Quando olho para o lado, vejo que o mundo progride muito mais do que nós e que vamos ficando para trás em todas as áreas relevantes. Outro dia li que, em 2012, a China superou os EUA em registros de patentes, com pedidos cem vezes superiores ao número de registros feitos pelo Brasil, e lembrei-me de que há apenas 20 anos nós estávamos à frente e exportávamos inovações para a China. É essa a medida do nosso atraso relativo.

Seria injusto não reconhecer uma mudança que, do meu ponto de vista, foi a melhor coisa que aconteceu no ano em matéria de economia, e que certamente contou com sua intervenção, já que constava da lista de pedidos da minha última cartinha: que o governo federal aceitasse suas dificuldades para enfrentar os desafios da infraestrutura e definisse regras claras e condições adequadas para atrair o investimento privado. Valeu, Papai Noel! Finalmente o governo cedeu, as obras nos aeroportos "concedidos" estão aceleradas, as riquezas do pré-sal serão exploradas, rodovias serão melhoradas, portos modernizados e quem sabe este tardio pacote de investimentos não seja a semente de um novo ciclo de crescimento, agora mais sustentável?

Papai Noel, meu pedido para 2014 é que o sr. nos ajude a ter mais Estado e menos governo. Sei que não é fácil, mas o brasileiro acredita em Papai Noel e temos de manter as esperanças para o ano-novo. Que nossas agências reguladoras regulem de fato os prestadores de serviços e protejam os cidadãos dos abusos diários que são cometidos. Por exemplo, já imaginou se a Anatel assegurasse o funcionamento dos celulares e que a banda larga comprada, paga e prometida fosse de fato entregue aos usuários? E que tal se a Aneel exigisse das distribuidoras de energia, que nos cobram uma fortuna por kw/hora, os investimentos para assegurar um fornecimento estável e que resista às chuvas e trovoadas que, não se sabe por que, insistem em tumultuar a vida do País a cada verão. E se os planos de saúde funcionassem como prometem? E se as políticas públicas fossem executadas pensando mais no cidadão e menos na eleição, a eficiência e os resultados não seriam bem melhores?

Querido Papai Noel, sei que é muito pedido para um Natal só, mas não posso deixar de incluir um último: que o Verdão, que acaba de ser campeão da segundona, volte glorioso para celebrar o centenário com muitos títulos.

COMPRAS COM UM CLIQUE


24 de dezembro de 2013
Celso Ming, O Estado de S Paulo

O GOLPE DE 64 NO NATAL DE 63


Perus, gatos, golpes e o que diziam os jornais no último Natal antes de o país cair sob a ditadura

"GALINHA VAI à mesa e peru perde reinado", dizia um título desta Folha da véspera do Natal de 1963. O Mercado Municipal vendera 4 perus e 3.500 galinhas. Patos vinham em terceiro lugar. Em segundo, "franguinhos de leite, que os restaurantes chamam de galeto ao primo canto'".

No dia de Natal, a primeira página contava a história de um trio de mecânicos da Baixada Santista, acusados por um vizinho de aliciar, capturar e comer seu "belo gato preto", que fora assado "numa cantina local". Os acusados admitiam comer gato com frequência, embora negassem o furto.

No ano que vem, o Golpe de 64 faz, óbvio, 50 anos. Nas "festas" de 63, do que se falava nos jornais do país que em três meses assistiria a um golpe de Estado?

Falava-se de golpe e de naufrágios mortíferos; patos e gatos à margem.

Falava-se de golpe com uma sem-cerimônia que hoje soa muito sinistra. A leitura parece agourenta mesmo levando em conta que golpes etc. eram então "coisas da vida". Getúlio, deposto, dera um tiro no peito apenas nove anos antes. JK quase não assumiu e governou sob "intentonas". João Goulart foi "semideposto" antes de conseguir assumir o governo.

Nos textos, discutia-se abertamente se esquerda ou direita dariam o golpe; quem agradava a tal ou qual general. A conversa comum era sobre a ambivalência, a indecisão e a tibieza de Goulart.

Goulart estava para nomear um "ministério das reformas" ("esquerdistas") em janeiro. Anunciara a nacionalização de empresas estrangeiras de serviços públicos e desapropriações de terras.

Numa coluna com uma seleta de opiniões de outros jornais, lia-se: "O desafio totalitário feito pelo presidente, que declarou guerra ao Brasil..."; "o governo se encontra definitivamente nas mãos das esquerdas. Um passo apenas nos separa da ditadura, e Goulart está impaciente para dá-lo"; "governo caminha para a aventura extralegal, modelo 1937".

Numa longa mensagem de Natal, kitsch e carola até para a época, Adhemar de Barros, governador paulista, orava: "Preservai, Senhor, nosso país da sanha dos Sem-Deus, da loucura dos materialistas que nos querem impor seu jugo impiedoso".

A mensagem natalina de Goulart dizia: "É preciso que o pobre coma sem amargura para que o rico viva sem sobressalto. A distância entre um e outro deve ser encurtada...".

Adhemar articulava com Magalhães Pinto, governador de Minas, uma "união em prol da democracia" (conspiravam ainda com Carlos Lacerda, governador da Guanabara); discutia uma dobradinha com Magalhães Pinto na eleição presidencial de 1965, que não haveria.

A inflação era assunto geral, até de sarcasmos do colunista social. O novo e DÉCIMO ministro da Fazenda de Goulart dava entrevista confusa sobre seu "decálogo" econômico.

Noticiava-se um editorial do "Times", de Londres, sobre a estagnação e a inflação do Brasil, um país que dera saltos por 25 anos e chegara ao posto de 11ª economia do mundo, agora em crise por má gestão e pela "divisão na sociedade".

Seguindo o conselho de um doutor americano, um texto recomendava-se a donas de casa que não ligassem eletrodomésticos barulhentos quando os maridos estivessem em casa, pois o ruído causaria úlceras em homens cansados.

LUTA CONTRA A POBREZA


 
24 de dezembro de 2013
Rubens Barbosa, O Globo

A CARA DO BRASIL

Basta prestar um mínimo de atenção nas coisas para saber que Campinas, a segunda maior cidade do Estado de São Paulo, com 1,1 milhão de habitantes, santuário da indústria brasileira, polo irradiador de tecnologia e centro nervoso da região produtiva mais avançada do país, é mais ou menos o máximo a que o Brasil pode aspirar no momento, com realismo, em termos de progresso. Foi ali, e na constelação de cidades à sua volta, que o esforço para levar a indústria até o interior teve os seus melhores resultados.
O PIB da região metropolitana de Campinas está entre 45 e 50 bilhões de dólares, conforme o critério usado para os cálculos. Equivale ao de todo o Estado de Pernambuco, é maior que o do Ceará e tem o tamanho de um Uruguai inteiro – vale mais, por sinal, que o PIB de pelo menos 110 países espalhados pelo mundo afora. Um terço de tudo o que o Brasil exporta e importa por via aérea passa por Campinas.
As cinquenta maiores empresas do mundo têm operações na região metropolitana, um conjunto com perto de vinte cidades. Funcionam em Campinas duas das mais prestigiadas universidades do Brasil, institutos de pesquisa de primeira linha, uma orquestra sinfônica. E ali que está a maior refinaria da Petrobras no Brasil.
O PIB per capita da região, nos cálculos mais elevados, está entre 20 000 e 25 000 dólares anuais – mais que o da Grécia ou o do Chile, e o dobro do da Rússia. Seu último IDH foi de 0,805, já na zona tida pela ONU como "elevada".

Campinas, com a sua coleção de virtudes, é a cidade mais desenvolvida do interior de São Paulo, o estado mais desenvolvido do Brasil – um "colosso", como se diz por ali. Enfim, para falar em português claro: muito melhor que isso não fica.

Campinas, quando comparada com municípios do mesmo porte no exterior, é o tipo de cidade onde o Brasil conseguiu ficar mais parecido com o Primeiro Mundo. É em lugares como Campinas, em suma, que o Brasil deu "mais certo". E é em lugares como Campinas, ao mesmo tempo, que dá para perceber quanto o Brasil deu errado – e o tamanho do buraco em que estamos metidos. Por quê? É muito simples: em Campinas, esse "colosso" aqui descrito, 30% da população entre 15 e 64 anos – ou seja, praticamente todo mundo – são analfabetos funcionais, gente que não consegue entender direito o que lê num texto simples, não sabe enunciar números com mais de quatro ou cinco algarismos e não tem noções elementares de proporcionalidade.
Outros 40%, como dizem educadamente os técnicos em pedagogia, têm apenas um nível "básico" de alfabetização – são aquilo que os leigos chamam de "semianalfabetos". Tira daqui, põe ali, e o que se tem de concreto, goste-se ou não, é o seguinte: não mais que 30% dos habitantes da cidade-sucesso do Brasil são realmente alfabetizados – e podem, assim, se qualificar como cidadãos plenos deste país.
Numa sociedade em que a verdadeira divisão de classes está entre os que; têm conhecimento e os que não têm, 70% estão condenados desde já, em grau maior ou menor, a ficar no bloco dos perdedores.

Num ano como este 2013 que ora se encerra, quando o Brasil teve tantas oportunidades para se ver diante de escolhas claras entre o progresso e o atraso, as dramáticas contradições existentes em localidades como Campinas servem para o país olhar com mais sobriedade para si próprio – e admitir que o espelho no qual se enxerga não reflete uma imagem só. Campinas é apenas um exemplo do tipo de crescimento e de progresso com que o Brasil se habituou; mas dezenas de outras cidades brasileiras, talvez até mais, poderiam perfeitamente ser citadas em seu lugar.

Ao contrário do mundo desenvolvido, onde mais produção gera apenas mais prosperidade, aqui as cidades mais dinâmicas não conseguem crescer sem atrair pobreza, exclusão social e desigualdade. Se é assim em lugares com os números e o desempenho de Campinas, imagine-se então como andam as coisas na média nacional – ou, pior ainda, onde se vive abaixo dela.
Não existe, simplesmente, uma única cidade ou região no Primeiro Mundo onde 70% da população tenha instrução suficiente para executar apenas as tarefas mais simples – e também as mais penosas, mal remuneradas e sem esperanças de melhora.
No Brasil, que pretende no momento dar lições de desenvolvimento e avanço social ao resto do mundo, a cidade-símbolo do nosso progresso aceita passivamente viver nessa indigência. Não chegará nunca, desse jeito, aonde tem de chegar; continuaremos, como de costume, a ter uma das dez maiores economias do mundo e ficar ali pelo centésimo lugar em termos de bem-estar real para a população.

Os dados mais recentes sobre a situação desesperadora da educação na mais bem-sucedida cidade do interior paulista estão numa pesquisa da Federação das Entidades Assistenciais de Campinas, e o quadro geral que mostram é ainda mais feio. Um em cada cinco jovens na faixa dos 18 aos 24 anos já é chefe de família, e de toda a população do município com essa idade 60% não estudam – só metade deles, por sinal, chegou a concluir o ensino médio.

Não é preciso ter um diploma de sociologia para concluir que muito pouca gente, aí, está a caminho da prosperidade. Mais da metade dos campineiros entre 18 e 24 anos vive em famílias com uma renda per capita que não passa de dois salários mínimos; ou seja, a moçada que está trabalhando em Campinas largou o estudo por uma pura e simples questão de sobrevivência, e não para ganhar uma fortuna como banqueiros de investimento.
Em vez de estarem acumulando conhecimento em cursos superiores, como deveria ser a regra para quem vive nessa idade, estão precisando trabalhar em empregos de baixa qualidade para ganhar o seu sustento, e em muitos casos o das famílias que já chefiam.
A cada dia que passa, mais longe ficam de aprender as habilidades indispensáveis para entrarem num mercado de trabalho agressivamente tecnológico como o de hoje e, mais ainda, de amanhã.

Não deve surpreender a ninguém, é claro, que no último grande balanço da educação mundial para a garotada na faixa dos 15 anos, o Pisa de 2012 feito pela OCDE, organismo internacional que reúne as maiores economias do mundo, o Brasil tenha ficado em 575 lugar, num total de 65 países avaliados – pior que isso, só mesmo pegando o último. (Como houve uma melhora na nota brasileira em matemática, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, determinou que o teste foi "um grande sucesso" para o Brasil.
Aliás, ele já garantiu que a educação brasileira vai tão bem que terá tempo de sobra para participar da campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014.) Existe bem mais, nisso tudo, que uma calamidade estatística.
Os números de Campinas, por si sós – Deus sabe como os do Brasil, tomado por inteiro, são ainda piores –, servem como pista segura para mostrar a sombria realidade de uma turma que não tem futuro. Antes de completarem 25 anos de idade, já está definido para todos aqueles jovens, salvo exceções, que serão cidadãos de segunda classe até o fim de sua vida.

Eles não terão os mesmos direitos que os outros, que neste momento já estão muito à frente deles, pelo simples motivo de que não terão as mesmas oportunidades. Para a grande maioria deles, estará fechado o acesso ao que em geral se considera as coisas materiais mais compensadoras da vida. Vão ter empregos, em vez de carreiras – isso para os que conseguirem se empregar. Podem ter mais do que tiveram os seus pais, o que é ótimo, mas raramente vão subir muito acima dos degraus onde estão hoje.
O governo e seus fãs, aliás, não param de dizer que a rapaziada de Campinas, e seus equivalentes espalhados pelo Brasil, foi beneficiada pelo "maior programa de distribuição de renda", ou de "inclusão social", ou de "vitória contra a pobreza" jamais visto na história universal.
Um jovem de 21 anos de idade, com salário mensal de 1000 reais e mulher e filho para cuidar, por exemplo, talvez não perceba bem por que a sua vida está assim tão espetacular, como lhe dizem: mas não tem muita razão para esperar grandes melhoras, levando-se em conta que os donos do governo estão convencidos de que já lhe deram uma enormidade nos últimos anos.

Dizer que o Brasil nunca esteve pior, não "vai para a frente", não tem "solução" e coisas desse tipo é apenas uma tolice que colide diretamente com os fatos. Em cinquenta anos, para tomar um período de tempo redondo, o país melhorou tão extraordinariamente que a realidade brasileira daquela época parece incompreensível para o cidadão de hoje. Mais de 50% da população era analfabeta. Só gente acima da classe média tinha telefone – esse aparelho hoje utilizado na forma de 270 milhões de celulares e 45 milhões de linhas fixas. Para ter um carro, sem ser rico, só sendo motorista de táxi.
O Brasil inteiro, cinquenta anos atrás, tinha uma frota total inferior a 500 000 veículos; Campinas, sozinha, tem hoje por volta de 850000. A única estrada asfaltada ligando duas capitais era a Via Dutra, entre o Rio de Janeiro e São Paulo, inaugurada em 1951 - e com pista simples, como é hoje uma estradinha vicinal do interior. Muitas crianças iam à escola descalças, era comum um trabalhador usar roupas remendadas e obras como o Maracanã, por exemplo, eram construídas movendo-se toneladas de cimento em carrinhos de mão.
A economia do Brasil era uma piada; o país ia pouco além de uma república bananeira, que mal conseguia se manter na era da energia elétrica. No auge do "milagre econômico" do regime militar, as autoridades falavam no "sonho" de atingir um dia a meta de 2 bilhões de dólares em exportações anuais – cifra que se obtém hoje em três dias. O PIB do Estado de São Paulo, sozinho, é 70% maior que o da Argentina.

O Brasil mudou tanto, na verdade, que acabou por se transformar num outro país – e está melhor, hoje, do que jamais esteve. Mas sua desgraça é que não cresceu nem perto do necessário para sair do subdesenvolvimento, nem com a rapidez de que precisava.
Correu muito, sem dúvida, mas não o suficiente para acompanhar o ritmo dos mais rápidos e mais bem-sucedidos – e agora já não consegue acompanhar o passo de quem realmente prospera. É como o corredor na prova de fundo que já deu o seu sprint e não chegou à posição que deveria ter alcançado com esse esforço; não é capaz de dar outro arranque, e com isso vai ficando para trás na comparação com os países bem-sucedidos. Campinas, como se viu, está entre o que o Brasil fez de melhor em cinco décadas – e isso não foi o bastante.
O que parece claro, quando se examina a lista dos principais suspeitos de conduzir o Brasil ao ponto a que chegamos, é a presença de um equívoco duplo e mau. Seu primeiro veneno foi a ideia de que bastaria produzir mais para criar uma vasta riqueza que se espalharia sozinha, pela sua própria natureza.
A segunda insensatez foi não perceber, na vida política e no mundo pensante, que a concentração de renda e a desigualdade são efeitos, e não as causas, do desastre social do Brasil; essas doenças são a consequência inevitável da concentração do conhecimento e da péssima distribuição dos benefícios de uma educação de qualidade – estas sim os grandes fatores da divisão do Brasil em cidadãos de primeira e de segunda classe – ou terceira, ou quarta, ou quantas se queira.

Treze anos atrás, quando o PT foi para o governo, o filho de um pai rico, que podia pagar-lhe uma educação de primeira, tinha muito mais chance de dar certo na vida do que o filho de um pai pobre, que não podia pagar nada. E hoje – o que mudou nisso? Zero. A diferença continua exatamente a mesma.
É uma má notícia para os 70% de campineiros que não chegaram à "alfabetização plena" - e sabe-se lá quantos brasileiros mais. Não existe na história humana o caso de uma sociedade que prosperou, se tornou mais justa e reduziu
realmente as desigualdades tendo em sua população tanta gente que não consegue entender o que lê, ou fazer uma conta que vá além do 2 + 2.

O compositor e vocalista Cazuza, numa de suas canções mais celebradas, pedia para o Brasil mostrar a sua cara. Ela está aí, à vista de todos.

PSDB MODERNIZA VISÃO SOBRE FEDERALISMO


APENAS NATAL


OS INTERESSES ELEITORAIS DOS OUTROS


UEBA! RENAN, O IMPLANTE VOADOR!

  

 
24 de dezembro de 2013
José Simão, Folha de SP