"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 18 de maio de 2014

FUNDOS DE PENSÃO APLICARAM R$ 23 MILHÕES DE SERVIDORES PÚBLICOS EM EMPRESA DO DOLEIRO YOUSSEF


 
 
O doleiro Alberto Youssef
 
Fundos de previdência de servidores públicos devem zelar pela segurança do investimento dos funcionários, considerando também as melhores condições de rentabilidade.
 
Mas quando essas entidades são loteadas por indicados políticos em administrações municipais e estaduais, nem sempre o servidor fica em primeiro lugar, como mostra o passado recente de captação de recursos da Marsans Brasil.
 
Apesar das graves dificuldades financeiras que a empresa enfrenta, pelo menos sete fundos de previdência de funcionários públicos injetaram dinheiro de aposentados na agência de viagens.
 
A operadora de turismo foi fundada em 1973 no país e é controlada pelo doleiro Alberto Youssef desde meados de 2010. Desde março, Youssef passou a ser conhecido também como um dos pivôs do esquema de lavagem de 10 bilhões de reais, investigado pela Polícia Federal na operação Lava-Jato.
 
Documentos obtidos pelo site de VEJA revelam agora que entre 2012 e 2013 – ou seja, sob o controle de Youssef – a Marsans Brasil conseguiu angariar cerca de 23 milhões de reais de fundos de previdência dedicados a garantir pensões de servidores aposentados.
Só o Instituto de Gestão Previdenciária do estado do Tocantins aplicou 12 milhões de reais na empreitada. Também tornaram-se investidores na empresa do doleiro os fundos municipais de previdência de Cuiabá (MT), que desembolsou 3,4 milhões de reais; e Paranaguá (PR), que gastou 2 milhões de reais.
 
No Nordeste, o fundo de Amontada (CE) gastou cerca de 1,6 milhão de reais e o de Petrolina (PE) desembolsou 980.000 reais. Hortolândia e Holambra, duas cidades do interior paulista, aplicaram respectivamente 1,5 milhão de reais e 980.000 reais para virar sócias de Youssef.
 
O aporte dos fundos de previdência foi feito através do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Viaja Brasil. É um produto criado pelo banco Máxima com o propósito de impulsionar o crescimento do grupo Marsans Brasil.
 
Todo o dinheiro que entrou no Viaja Brasil foi aplicado na Graça Aranha RJ Participações — dona da Marsans Brasil, de acordo com relatório da consultoria Lopes Filho. Documentos da Junta Comercial do Rio de Janeiro, no entanto, revelam outro dono na Marsans. Segundo certidão do órgão,  a GFD Investimentos, uma empresa do doleiro, é a única controladora da Marsans.
 
A situação financeira da agência também causa estranheza. Apesar da milionária injeção de recursos feita pelos fundos desde 2012, a Marsans enfrenta dificuldades. Em relação ao fim do ano passado, as compras de passagens aéreas pela companhia caíram drasticamente neste primeiro semestre, o que sinaliza que menos clientes contrataram viagens e o faturamento diminuiu. 
(...)
Além de inúmeras operações ilegais de entrada e saída de dólares do país, desde pelo menos 2010 Youssef ajudava na coleta de recursos para campanhas de políticos.
Nos últimos meses, esbanjava intimidade com o poder. Tinha contatos frequentes com os deputados federais André Vargas (ex-PT) e Luiz Argôlo (SDD).
Articulava negócios com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, com quem é acusado pelo Ministério Público de ter desviado mais de 8 milhões de reais de obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
E é acusado ainda de comandar um laboratório farmacêutico que conseguiria faturar até 35 milhões de reais, em cinco anos, na venda de medicamentos com uma parceria chancelada pelo Ministério da Saúde.
 

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