"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

GOVERNADOR DO CEARÁ VAI USAR FOGOS DE ARTIFÍCIO EM EVENTOS

Adorador de mordomias, Cid Gomes agora quer ser saudado por fogos

            Protagonista de ações como o mergulho nas águas de uma adutora para consertar um vazamento e inaugurações embaladas por shows de artistas consagrados, o governador do Ceará, Cid Gomes (PROS), vai contratar uma empresa para que faça shows de fogos de artifícios em eventos oficiais do Estado.

O edital ainda não foi publicado e está em fase de ajustes, mas um aviso de contratação divulgado pelo governo já indica mais uma polêmica à vista na gestão de Cid Gomes. Reeleito em 2010, o governador usará as inaugurações de seu último ano de mandato para fazer o sucessor nas eleições de outubro.

Cid Gomes já protagonizou outros escândalos na utilização de recursos públicos, como a ruidosa viagem de jatinho, em seu primeiro governo, num passeio que incluiu a sogra, além de hospedar-se em hotéis de luxo, com diária de R$ 7.700 no exterior, e contratar um buffet por R$ 3,4 milhões para garantir especiarias à sua mesa, em Fortaleza.

No fim de 2012, o Ceará assinou um acordo de R$ 410 mil com uma empresa para serviços de pirotecnia por 12 meses no interior e na região metropolitana de Fortaleza. Segundo a Casa Civil, o fogaréu é usado em inaugurações de obras e eventos externos, nos quais “nem sempre o governador está presente”.

Pelo contrato vencido em dezembro, a empresa precisava fornecer itens como “tortas europeias bazucão de cores 12 efeitos, bombas Disney World, baterias de apitão e morteiros tiro seco, além de tortas europeias com efeito zigue-zague”. Até o momento, o governo efetuou o pagamento de R$ 250,5 mil e diz que esse valor será o total de gastos.

Cid Gomes, que deixou o PSB rumo ao PROS para se manter na base da presidente Dilma Rousseff, é conhecido por gostar de eventos de inaugurações agitadas. No início do ano passado, seu governo pagou cachê de R$ 650 mil para a cantora Ivete Sangalo em show de inauguração do Hospital Regional Norte em Sobral, berço político de Cid. O Ministério Público chegou a entrar com uma ação para que o dinheiro fosse ressarcido aos cofres públicos.

No fim de 2013, moradores de Itapipoca viram uma cena inusitada: sem camisa, Cid mergulhou numa adutora para consertar um vazamento no município, que estava há dias sem água.

14 de janeiro de 2914
Diário do Poder
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

BRASIL MARAVILHA SEGUE BATENDO RECORDES DE INCOMPETÊNC IA

Indústria tem em 2013 déficit comercial de US$ 105 bilhões, o maior da história

 
 
A balança comercial brasileira de produtos industrializados teve no ano passado o maior rombo da história. O déficit dos manufaturados atingiu US$ 105,015 bilhões, resultado de exportações de US$ 93,090 bilhões e importações de US$ 198,105 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em 2012, o déficit de manufaturados foi de US$ 94,162 bilhões.
O déficit do grupo dos produtos industrializados começou a ser registrado em 2007 e aumenta a cada ano desde 2010 (ver quadro). O rombo da indústria mostra que nem mesmo a desvalorização do real em relação ao dólar no ano passado - mais de 15% - e o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra) foram suficientes para ajudar na competitividade da produção brasileira.

"Há um consenso de perda da competitividade da indústria brasileira. São problemas em grande medida provenientes dos custos adicionais de logística e falta de inovação", diz Ricardo Markwald, diretor-geral da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). As transações da indústria também perderam espaço por causa dos poucos acordos comerciais firmados pelo governo brasileiro, afirma Markwald.

Os acordos assinados pelo Brasil são com países pequenos, como Palestina, Israel e Egito. Outros países foram mais ativos nessa assinatura de acordos e têm benefícios tarifários em diversos mercados."

Como reflexo do momento ruim da indústria, os produtos manufaturados perderam representação na pauta de exportação do Brasil. A participação desse grupo de produtos cai desde 2005. Em 2008, ano anterior à crise global, os manufaturados representavam 46,8% do total exportado pelo Brasil para o resto do mundo, mas em 2013 responderam por 38,4% das vendas totais.
"A presença dos manufaturados na pauta de exportação do Brasil é muito baixa para um país que tem um parque industrial como o nosso", diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Prejudicados. O rombo da balança comercial da indústria pode ser exemplificado pelo péssimo desempenho dos setores químico e eletroeletrônico.
Os números da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) mostram que o déficit no setor não para de crescer - no ano passado, foi de US$ 32,2 bilhões, acima dos US$ 28,6 bilhões de 2012. Em 1991, era apenas de US$ 1,5 bilhão. "O déficit aumentou porque não existem investimentos. Se me perguntar sobre 2014, a resposta é que o déficit vai crescer outra vez", diz Fernando Figueiredo, presidente executivo da Abiquim.
A fraca demanda pelos produtos brasileiros fez com que a capacidade utilizada da indústria química ficasse em 82% no ano passado - o ideal é que esteja próximo de 90%.

O déficit em eletroeletrônicos também avançou entre 2012 e 2013 - passou de US$ 32,5 bilhões para US$ 36 bilhões. "Esse número vem crescendo de maneira expressiva ao longo dos anos", afirma Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). O grande entrave desse setor é que as importações acabaram superando as exportações porque é preciso comprar componentes de fora do País para abastecer a indústria local.

O setor eletroeletrônico ainda foi afetado pela queda nas exportações de produtos de telecomunicação, sobretudo de aparelhos celulares. Em 2013, o recuo em relação a 2012 foi de 20%, para US$ 457 milhões. "É uma queda assustadora. Os países que eram os principais mercados brasileiros, como Argentina e Venezuela, colocaram barreiras contra as importações brasileiras", diz Barbato.
O Brasil foi um grande exportador de celulares.
As fábricas foram instaladas no País para abastecer o mercado latino-americano.


Renata Veríssimo e Luiz Guilherme Gerbelli - 
O Estado de S.Paulo

BALANÇA COMERCIAL REGISTRA DÉFICIT DE US$ 574 MILHÕES NO INÍCIO DO ANO


 
A balança comercial brasileira abriu o ano com déficit (exportações menores que importações) de US$ 574 milhões. O valor refere-se ao período de 1° a 12 de janeiro, e resulta de US$ 5,069 bilhões em exportações e US$ 5,643 bilhões em importações. Os dados foram divulgados hoje (13) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

A média diária das exportações, que corresponde ao volume financeiro vendido por dia útil, caiu 0,2% na comparação com janeiro de 2013 e 27,1% na comparação com dezembro. Ante janeiro do ano passado, caíram as vendas de industrializados (7,5%), mas cresceram as de produtos básicos (3,3%) e semimanufaturados (4,9%). Já na comparação com o último mês, houve recuo nas exportações das três categorias de produtos.
Do lado das importações, houve recuo de 11,4% em relação a janeiro de 2013, com destaque para combustíveis e lubrificantes, com queda de 71,7%; leite e derivados, baixa de 38%; e aeronaves e peças, redução de 23,8%. Ante dezembro, houve queda de 6,9% das compras do Brasil no exterior, puxada por combustíveis e lubrificantes (65,6%), aeronaves e peças (36,1%) e adubos e fertilizantes (21,7%).
  
Mariana Branco
Repórter da Agência Brasila
14 de janeiro de 2014

"COISAS" DO CACHACEIRO PARLAPATÃO NO BRASIL PETRALHA: CASA CIVIL NA MIKRA DO MPF. ROSEMARY PROTEGIDA?


Nec 

 
 
O Ministério Público Federal (MPF) investiga a Casa Civil por suposta manipulação do processo que apurou o envolvimento de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, indicada ao cargo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em esquema de corrupção e tráfico de influência. A Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF) também quer saber se a Secretaria-Geral da Presidência, comandada pelo ministro Gilberto Carvalho, fiel escudeiro de Lula, foi omissa em relação ao caso para blindar a petista.
  
Braço-direito de Lula durante os seus dois governos (2003-2010), Rose caiu em desgraça após a Polícia Federal apontar a participação dela em suposto esquema de venda de pareceres técnicos do governo a empresas privadas. Ela teria se aproveitado da relação íntima com o ex-presidente para indicar dois integrantes do grupo investigado, os irmãos Paulo e Rubens Vieira, a cargos de chefia em agências reguladoras. Conforme o inquérito da Operação Porto Seguro e denúncia do Ministério Público, que a acusam de falsidade ideológica, tráfico de influência, corrupção passiva e formação de quadrilha, a ex-chefe de gabinete recebia vantagens para facilitar pleitos da quadrilha.
 
  
O inquérito sobre as investigações do governo federal a respeito de Rose foi aberto em 18 de dezembro e tem prazo de um ano, prorrogável por mais outro, para ser concluído. A PR-DF dá início à apuração com denúncia — cuja autoria é mantida em sigilo pelo órgão — de que a Secretaria de Controle Interno da Presidência da República (Ciset), embora tenha a função de apurar administrativamente os ilícitos cometidos por funcionários da Presidência, não teria se movido em relação ao caso Rosemary. 

A Ciset é vinculada à Secretaria-Geral da Presidência. As acusações que chegaram à Procuradoria sugerem ainda que a apuração da Casa Civil não teria sido “revisada” pela Ciset. Durante as apurações, teria havido um desgaste entre os dois órgãos do governo. Funcionários da Ciset teriam aberto uma investigação “paralela” à da Casa Civil, que não gostou da interferência. O desentendimento teria sido a causa da demissão do então secretário de Controle Interno, Jerri Coelho, e do então coordenador-geral de Correição do órgão, Torbi Abich Rech, em setembro passado.

Os dois, que não foram localizados pela reportagem, teriam insistido que não era atribuição da Casa Civil investigar o caso Rosemary. O papel seria da Ciset, que tem função de órgão seccional de correição, com área de atuação relacionada aos departamentos integrantes da Presidência da República.
A Casa Civil instaurou sindicância para apurar a conduta de Rose em novembro do ano passado. O relatório listou irregularidades administrativas cometidas pela ex-funcionária e pediu à Controladoria-Geral da União (CGU) a abertura de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD). A CGU concluiu pela demissão de Rose e ainda a proibiu de ocupar novos cargos no governo federal.

“As conclusões da CGU levaram em conta, segundo parecer jurídico da controladoria, que a ‘culpabilidade, considerada como índice de reprovação social da conduta, é elevada, tendo em vista que a sociedade brasileira tolera cada vez menos a atuação improba de servidores públicos’”, registra a decisão do órgão.


Em meio às investigações sobre o caso, o Ministério Público e a Casa Civil entraram em conflito. A pasta diretamente ligada ao Palácio do Planalto negou à Procuraria da República em São Paulo acesso às informações sobre o processo de sindicância feito pelo órgão. Para o MP, as informações auxiliariam nas apurações do caso e a recusa foi um obstáculo ao pleno conhecimento dos ilícitos praticados pela ex-funcionária.
A Casa Civil alegou que “o chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República não tem competência para prestar a informação requisitada”. Em nota, a pasta disse que o MPF “descumpriu a própria Lei Complementar do Ministério Público, que estabelece que requerimentos de informações desta natureza sejam previamente submetidos ao procurador-geral da República, procedimento que não foi obedecido neste caso”.

AMANDA ALMEIDA Correio Braziliense 
14 de janeiro de 2014

NÚMERO DE REPUBLICANOS NOS EUA CAI AO MENOR ÍNDICE EM 25 ANOS

Identificação com Partido Republicano cai a menor índice em 25 anos nos EUA

Democratas também tiveram queda entre apoiadores. Independentes cresceram

O republicano Chris Christie, governador de Nova Jersey, discursa durante a Convenção Republicana
O republicano Chris Christie, governador de Nova Jersey, discursa durante
a Convenção Republicana (AFP)
 
Apenas 25% dos americanos se definem como republicanos, número mais baixo para o partido em 25 anos, enquanto o número de independentes cresceu ao índice recorde de 42%, segundo pesquisa do Instituto Gallup divulgada nesta quinta-feira. Nos últimos dez anos, a parcela dos eleitores que se identificam como independentes foi a que mais cresceu nos Estados Unidos. No mesmo período, republicanos e democratas recuaram.

Segundo os analistas, a ascensão dos independentes ocorreu mais em função do Partido Republicano do que do Partido Democrata, com o qual 31% dos cidadãos se identificam. O número de americanos que se consideram republicanos teve seu máximo em 2004, com 34%, quando o ex-presidente George W. Bush começou seu segundo mandato na Casa Branca.


No entanto, foi justamente durante os últimos quatro anos de sua Presidência que a identificação dos cidadãos o partido começou a cair a um ritmo mais acentuado, até chegar aos 25% atuais.
 
Já para o partido do presidente dos Estados Unidos Barack Obama o Democrata, o número se mantém estável (31%) há quatro anos, embora este índice é inferior ao registrado (36%) quando o atual líder iniciou seu primeiro mandato, em 2008.
 

A conclusão que os pesquisadores do Gallup chegaram é que os independentes são o grupo que mais cresce nos EUA por causa do contexto político de duro e praticamente diário enfrentamento entre democratas e republicanos e com o Congresso mais dividido da história do país.

De acordo com o Instituto Gallup, os resultados da última pesquisa – que pode ser vista na íntegra no site da instituição, em inglês – baseiam-se em 18.000 entrevistas e enquetes realizadas em treze localidades diferentes dos EUA.

14 de janeiro de 2014
Veja
(Com agência EFE)

A POLÍTICA EXTERNA E AS ELEIÇÕES

As convenções partidárias que confirmarão os candidatos a presidente da República serão realizadas em junho, pouco antes da Copa do Mundo. A partir de agosto, todas as atenções estarão voltadas para as eleições. Haverá pouco tempo para um efetivo debate sobre os temas maiores que afetarão a economia, políticas sociais, meio ambiente e políticas externa e de comércio exterior no próximo governo, a partir de 2015.
 
Por isso, parece oportuno que alguns temas comecem a ser discutidos para influir nos programas dos futuros candidatos. Um dos temas que mais suscitaram controvérsia nos últimos 12 anos foi o da formulação e execução da política externa e a condução do Itamaraty, que era considerada uma das instituições de excelência na vida pública brasileira.
 
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato provável da oposição em outubro, foi o primeiro a apresentar suas ideias sobre áreas que considera prioritárias para discussão durante a campanha eleitoral. Dentre os temas ressaltados em sua cartilha e que se espera sejam desdobrados em propostas concretas para consideração da sociedade brasileira, está o papel do Itamaraty, os desdobramentos da política externa e suas implicações para a política de comércio exterior. Como reintegrar o Brasil no mundo e aumentar sua credibilidade e projeção externa são os desafios.
 
Segundo Aécio Neves, "o viés ideológico imposto à nossa política externa nos últimos anos está isolando o Brasil do mundo. Demos as costas para importantes nações democráticas e abraçamos regimes de clara inclinação totalitária, em flagrante contraste com as melhores tradições da nossa diplomacia. Com visão de futuro, o compromisso é conquistar um lugar privilegiado para o Brasil no mundo. É necessário abandonar a política externa de alinhamento ideológico adotada nos últimos anos e resgatar a tradição de competência e a atuação independente da diplomacia brasileira. O Itamaraty deve servir ao Brasil e defender o interesse nacional, acima de todo e qualquer interesse partidário. Nossa diplomacia deve, também, recuperar no exterior os compromissos que defendemos internamente, como o repúdio às tiranias, o direito à paz, a solidariedade internacional em defesa da democracia, o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente".
 
A cartilha ressalta ainda que "a partidarização da política externa tem consequências severas na política de comércio exterior: acentua o isolamento, ao invés de ampliar a integração; produz atritos, em lugar de cooperação produtiva; empobrece nossa pauta de comércio, ao invés de dinamizar trocas e oportunidades. As decisões equivocadas de política externa fizeram com que, nos últimos anos, o Brasil não negociasse acordos com as principais economias e os principais blocos, de forma a dinamizar nossas relações de comércio. A integração regional está se desfazendo e o Brasil continua a reboque dos acontecimentos. Deixamos de abrir mercados para os produtos brasileiros e de ampliar a modernização da estrutura produtiva interna, pela falta de acesso à inovação e à tecnologia de ponta".
 
"Especificamente em relação ao Mercosul, o bloco precisa voltar a ser o que era quando da sua concepção: uma área voltada à liberalização do comércio e à abertura de mercados. O Brasil deve assumir a efetiva liderança regional e propor as mudanças que se fazem necessárias para o crescimento do nosso comércio internacional e o desenvolvimento de nossa economia. A negociação de um acordo abrangente e equilibrado entre Mercosul e União Europeia deve ser concluída, mesmo que, para tanto, o Brasil avance mais rapidamente que outros membros do bloco, para deles não ficar refém. O Brasil precisa voltar a integrar-se num mundo em que, cada vez mais, as relações são interdependentes. Nossas empresas produzem com qualidade, mas com cada vez menos competitividade, dados os altos custos internos. É preciso criar condições para ajudá-las a se integrar nas cadeias produtivas globais, por meio de profunda melhoria, racionalização e simplificação do ambiente econômico interno".
 
A cartilha, em três parágrafos, lança o debate envolvendo questões que interessam aos empresários, aos trabalhadores e à sociedade em geral. O principal objetivo é a recuperação do prestígio do Itamaraty e de sua centralidade no processo decisório interno. O trabalho da Chancelaria deveria ter como meta apenas o interesse nacional, acima de plataformas de partidos políticos. Entre outros temas, caberia discutir como aperfeiçoar sua gestão para evitar situações equivocadas e para responder aos desafios atuais; como voltar a projetar o Brasil no mundo por meio de políticas sem preconceitos ideológicos; como ampliar o relacionamento com nossos vizinhos sul-americanos e a integração regional, hoje os maiores problemas da política externa; como voltar a dar prioridade às relações com os países desenvolvidos de onde poderá vir a cooperação para a inovação e tecnologia; como reexaminar a estratégia de negociação comercial externa, paralisada pelo isolamento do Brasil, que em 12 anos negociou apenas três acordos de livre-comércio; como aprofundar os acordos de comércio com Peru, Colômbia e México; como iniciar conversações tendentes a associar o Brasil aos acordos regionais e bilaterais com países desenvolvidos para integrar as empresas nacionais nas cadeias produtivas globais; como completar a negociação com a União Europeia, que se arrasta há mais de 12 anos; como aperfeiçoar o processo decisório interno para fortalecer a Câmara de Comércio Exterior (Camex) e dar mais relevância e apoio ao setor externo, que só conseguiu apresentar superávit em 2013 em razão de manobras petroleiras contábeis.
 
Esses são alguns dos temas que o futuro governo deverá enfrentar e que em boa hora começamos a debater.

14 de janeiro de 2014
 Rubens Barbosa, O Estado de S.Paulo
*Rubens Barbosa é ex-embaixador do Brasil em Washington e Londres.

EM MEIO A REFORMA, DILMA REJEITA DAR MAIS UM MINISTÉRIO AO PMDB

Dilma rejeita dar mais um ministério ao PMDB

A presidente Dilma Rousseff iniciou na segunda-feira (13) as negociações para a reforma no primeiro escalão do governo com uma sinalização negativa ao PMDB: será difícil ampliar o espaço do partido na Esplanada.
 Em conversa de mais de duas horas com vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), ela confidenciou que precisa contemplar com cargos outros partidos da coalizão que estariam hoje sub-representados no Executivo, caso do PTB e do recém-criado Pros.

A presidente quer aproveitar a saída de vários ministros que irão concorrer nas próximas eleições para contemplar os partidos da base.
Por exemplo, na Saúde o ministro Alexandre Padilha irá deixar o posto para concorrer ao governo de São Paulo. Na Casa Civil, Gleisi Hoffman (PT) também sairá para disputar a eleição no Paraná.

A Esplanada tem hoje 39 ministérios ou pastas com cargos cujos ocupantes têm o status de ministro.
Conquistar uma sexta vaga, em particular a da Integração, era o objetivo declarado do PMDB.

O ministério era ocupado por Fernando Bezerra (PSB), que entregou o cargo no ano passado depois que Eduardo Campos anunciou o desembarque de seu partido do governo para ficar à vontade nas negociações políticas de sua candidatura.

No Palácio do Jaburu, residência oficial do vice, peemedebistas aguardavam na segunda-feira a chegada de Temer interessados em informações da reforma ministerial.

Ouviram do vice um relato de poucos detalhes, mas suficientemente claro no principal: Dilma precisará usar alguns dos principais cargos para evitar que outras legendas que hoje estão na órbita do governo passem a gravitar em torno dos adversários Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE), prováveis adversários nas eleições deste ano e ambos com muito pouco tempo de TV.

Nos cálculos internos, Dilma quer chegar a ter mais do que 50% dos minutos destinados à propaganda eleitoral em relação aos oponentes. Essa meta depende do sucesso da reforma e do grau de satisfação na base na distribuição de postos na administração federal.

No PMDB, legenda conhecida pelo apetite por cargos, o aceno pessimista da presidente não deve ficar sem resposta.

Ao saber do resultado da conversa preliminar, o líder da bancada peemedebista na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), propôs a convocação de uma reunião da cúpula do partido para a noite de quarta-feira com o objetivo de discutir como se posicionar.

Dilma deve usar ainda esta semana para continuar as tratativas com outros partidos. Falta dar uma resposta ao Pros do governador cearense Cid Gomes (CE), aliado de primeira hora antes, durante e depois do desembarque do PSB do governo.

O PTB e o PP também deverão receber resposta para seus pleitos nesta semana. Além da Integração Nacional, o Planalto estuda alocá-los em pastas de menor vulto na Esplanada, como Turismo, no caso de o PMDB abocanhar outro ministério, ou mesmo Portos e Cidades.

O plano do Palácio do Planalto é acelerar a reforma nos primeiros dias de fevereiro, quando Dilma retorna de uma série de compromissos internacionais para focar na transição de suas pastas.

Dilma ouviu mais de uma vez de Temer, entretanto, que fazer as mudanças durante o recesso parlamentar protegeria o governo de eventuais crises com o Congresso na retomada de seus trabalhos, em fevereiro.

14 de janeiro de 2014
NATUZA NERY e TAI NALON - Folha de São Paulo


 Editoria de Arte/Folhapress 

PLANEJAMENTO DUVIDOSO DA ENERGIA TÉRMICA

Nos últimos meses, apareceram mais evidências de equívocos no modelo de energia elétrica. Por exemplo, o vulto dos subsídios concedidos pelo governo federal às geradoras para compensar a mudança tarifária de 2013; os danos provocados no mercado de gás natural pelos subsídios dados ao preço do óleo combustível; o descontrole das despesas correntes em usinas estatais; ou a cobrança de R$ 12 bilhões da União pela Eletrobrás como indenização pela antecipação de concessões. 
 Em contrapartida, há o exemplo de empreendedores privados que, em plena crise, em pouco mais de uma década montaram o parque eólico de Caetité, na Bahia, descrito na reportagem de Renée Pereira, no Estado de domingo.
 
Mas predominam os maus exemplos da política energética, mostrou estudo do Instituto Acende Brasil sobre a falta de transparência do modelo brasileiro de energia, que é analisada desde o racionamento de 2001.
 
Um dos erros de planejamento das usinas térmicas fica exposto com clareza nos períodos em que as termoelétricas são muito acionadas, como em 2011 e 2012, quando os reservatórios das hidrelétricas apresentaram níveis baixos, que impunham a operação intensiva das térmicas, sob pena de pôr em risco a oferta de energia.
 
As térmicas, segundo o presidente do instituto, Claudio Sales, foram feitas para operar por curtos períodos, só em épocas de fragilidade do regime pluviométrico. Por isso os empreendedores investiram o mínimo possível.
"Desde que o custo do capital fosse pequeno, as térmicas poderiam ter um custo operacional elevado, já que ficariam desligadas", notou Sales.
Assim, apenas 30% da eletricidade gerada nas usinas térmicas tem custo módico, de até R$ 100 o MWh. Mas 54% da energia produzida pelo parque térmico tem custo alto, a metade entre R$ 100 e R$ 200 o MWh e a outra metade de até R$ 400 o MWh, informou o jornal Valor.
Um pequeno porcentual da energia térmica (3,7%) chega a ter custo entre R$ 600 e R$ 800 o MWh. Os projetos térmicos negligenciaram ainda outros atributos, como a localização e a flexibilidade operacional, que lhes dariam mais eficiência.
 
O problema é agravado por outros erros, como o de superestimar a oferta de armazenamento dos reservatórios - e, portanto, de oferta de energia. O resultado é um aumento dos custos da energia, cabendo ao governo reconhecer a necessidade de aprimorar as informações e corrigir os erros de planejamento.

14 de janeiro de 2014
O Estado de S.Paulo

CALOR LEVA À PRODUÇÃO RECORDE DE ENERGIA E A RISCO FALTA DE LUZ



Calor eleva consumo, e cresce risco de casos pontuais de falta de luz
 
País tem produção recorde de energia; alta temperatura pode prejudicar equipamentos de transmissão
Especialista diz que país não pode ser comparado à Argentina, que viveu apagão de quase 10 dias em 2013
 

As altas temperaturas no país neste início de ano levaram, na sexta-feira passada, as usinas elétricas a bater seu recorde histórico de produção de energia e trouxeram uma preocupação: o risco de falha nos equipamentos de transmissão e distribuição, o que pode gerar faltas de luz pontuais e localizadas.
 
A avaliação é do coordenador do Gesel/UFRJ (Grupo de Estudos do Setor Elétrico/UFRJ), Nivalde de Castro.
 
Aliado ao aumento do consumo, o calor "estressa" os equipamentos, que, por sua vez, podem vir a apresentar falhas técnicas pontuais.
 
Na atual situação, o risco de problemas na transmissão ou na distribuição é maior do que o de questões estruturais --a oferta de energia não acompanhar a demanda, por exemplo.
 
De acordo com Castro, os reservatórios que abastecem as hidrelétricas estão mais cheios do que em janeiro do ano passado e as usinas térmicas continuam em funcionamento, como forma de manter os níveis dos estoques de água das hidrelétricas.
 
"A Argentina de hoje não é o Brasil de amanhã. Existe a possibilidade de faltas de luz pontuais, sim, mas não por causas estruturais", disse Castro, referindo-se ao apagão de quase dez dias no país vizinho no fim de 2013.
 
De acordo com boletim do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o país bateu seu recorde de geração de energia na sexta-feira passada, ao registrar, às 14h39, produção de 79.962 MW, 0,05% mais que a marca anterior, do dia 4 de dezembro.
 
Na sexta, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste tinham 41,96% de sua capacidade -- a média em janeiro de 2013 era de 37,46%.
 
A mesma situação é verificada no Nordeste, com reservatórios 39,26% cheios, enquanto em janeiro passado a média era de 32,86%.
 
Para o professor colaborador da Coppe/UFRJ Roberto D'Araújo, o risco de falta de energia decorre do fato de, com o objetivo de poupar reservatórios de uma ou outra região do país, o SIN (Sistema Interligado Nacional) ter enviado grandes cargas de energia de um canto do país para o outro.
 
No dia do recorde, por exemplo, as usinas da região Norte enviaram 3.916 MW para o Nordeste.
 
"Uma falha no meio do caminho pode levar a falta de energia em determinada região. Não digo que terá apagão, mas esse transporte grande de carga mostra um desequilíbrio no sistema."
 
Desde 2012, o país mantém ligada boa parte das usinas térmicas com o objetivo de poupar os estoques de águas das hidrelétricas.
 
Do total gerado no dia do recorde, 14,2% vieram das térmicas convencionais, que excluem as usinas nucleares.
 
As hidrelétricas foram responsáveis por mais de 82%.

14 de janeiro de 2014
LUCAS VETTORAZZO - Folha de São Paulo

O BC E A CRISE DE CONFIANÇA



Derrotado pela inflação de 5,91% em 2013, o Comitê de Política Monetária (Copom) reúne-se hoje e amanhã para definir os próximos lances do combate à alta de preços. A situação está longe de ser rotineira e está em jogo, mais uma vez, a credibilidade da instituição. Durante todo o ano, o comitê, formado por diretores do Banco Central (BC), prometeu um resultado melhor que o do ano anterior, de 5,84%. Foi a mesma promessa convertida em mantra pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. A única diferença foi a linguagem. No jargão do BC, o objetivo era fazer a inflação convergir para a meta oficial, de 4,5%, embora lentamente. Em linguagem comum, a tarefa era conseguir uma taxa menor que a de 2012 e com tendência de queda nos dois anos seguintes. Nenhum item desse programa foi cumprido e os primeiros números coletados em janeiro indicam pressões inflacionárias crescentes.
 
Diante do fiasco, alguém teria de falar em nome do BC sobre a disparada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para o regime de metas de inflação. O indicador mostrou resistência "ligeiramente acima" da esperada, afirmou em nota o presidente da instituição, Alexandre Tombini. Além disso, "a inflação se posicionou dentro do intervalo de tolerância fixado para o ano".
 
Em outras palavras, o quadro teria sido pior, se o acumulado ficasse acima de 6,5%. É quase escandaloso o presidente do BC usar um argumento como esse. Margem de tolerância, ele sabe muito bem, é para acomodar eventos excepcionais. Não houve nada parecido em 2013.
 
Mais surpreendente que os números finais, no entanto, é a alegação de surpresa. A alta de 0,92% em dezembro ficou acima das projeções conhecidas, mas a aceleração dos aumentos, muito clara a partir de agosto, estava embutida em todos os cálculos sérios. Falar em surpresa diante de um salto pouco maior que o esperado é quase enveredar, como diria Sérgio Porto, pelo perigoso caminho da galhofa. Não deve ter sido essa a intenção do presidente do BC. Mas o Copom deve uma demonstração mais clara de empenho no tratamento da inflação. Mesmo um resultado pouco abaixo de 5,84% em 2013 teria sido muito ruim pelo menos por três motivos, para citar só os mais evidentes.
 
Primeiro, os números oficiais do ano passado vieram com maquiagem, por causa das intervenções políticas em preços e tarifas. Sem esses truques, a taxa anual teria chegado a 6,71% e estourado a margem de tolerância, segundo cálculo publicado no Estado de sábado.
 
Segundo, a meta de 4,5%, com margem de 2 pontos porcentuais, é muito mais alta que a de países governados mais seriamente - incluídos alguns sul-americanos.
 
Terceiro, porque a tolerância à inflação abre espaço à farra fiscal (gastança, concessão arbitrária de benefícios, promiscuidade entre Tesouro e bancos oficiais, etc.), além de produzir outros desarranjos graves (no câmbio, por exemplo). Parte dos problemas enfrentados pela indústria brasileira no comércio internacional está associada aos desajustes cambiais. Para alguns economistas, o problema está na gestão cambial. Errado: a tolerância à inflação é muito mais grave.
 
Ao retomar a elevação dos juros em abril de 2013, o Copom começou a recobrar sua credibilidade e a mostrar-se capaz de tomar decisões independentes, sem se dobrar às opiniões formuladas no Palácio do Planalto. Mas sua reação, além de tardia, foi insuficiente para compensar os desmandos cometidos pelo governo em outras áreas.
 
A credibilidade do Executivo perante as pessoas informadas está obviamente comprometida. O resultado fiscal de 2013 - um superávit primário de R$ 75 bilhões, segundo o ministro da Fazenda - foi obviamente inflado. Além de receitas atípicas, como os R$ 15 bilhões do bônus do Campo de Libra, o governo usou vários outros componentes para melhorar o resultado, como o grande aumento dos restos a pagar e o atraso em transferências a Estados e municípios. Ao decidir o próximo passo, os membros do Copom deveriam levar em conta a crise de confiança na gestão federal e os custos do agravamento dessa crise.

14 de janeiro de 2014
Editorial O Estado de S. Paulo

GOVERNO SEGURA PAGAMENTO A OBRAS DO PAC

Regra negociada com o setor da construção permite o desembolso antecipado de 5% do valor dos contratos
Tesouro afirma que não estava retendo recursos e argumenta que não há uma obrigação legal para o adiantamento
 

Em meio a críticas de ter atrasado pagamentos para melhorar o desempenho das contas públicas em 2013, o governo descumpriu uma regra que permite o desembolso antecipado de 5% do valor dos contratos de projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), segundo o setor da construção.
 
Com isso, recursos que deveriam ter sido liberados ao longo de 2013 foram postergados para o início deste ano.
 
A partir das reclamações de construtoras, a Folha fez um levantamento da situação de 46 obras do PAC em 20 municípios de São Paulo.
 
Em 40 delas, havia parcelas em atraso, apesar de não haver nenhuma indicação de pendência com a obra. Cerca de R$ 43 milhões aguardavam liberação do Tesouro Nacional em 2013. Os projetos totalizam R$ 540 milhões e são vinculados ao Ministério das Cidades em parceria com prefeituras. São obras de saneamento e de infraestrutura.
 
Segundo Paulo Safady, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o governo começou a regularizar os pagamentos neste ano. "A situação realmente se agravou no final do ano. O governo justificou [o atraso argumentando] dificuldade de processamento, mas, desde o dia 3, está sendo normalizado."
 
Para as construtoras, esses débitos não teriam se acumulado se o governo tivesse cumprido a regra negociada com o setor, que faz parte do Manual de Instruções para Aprovação e Execução dos Programas e Ações do Ministério das Cidades.
 
FÔLEGO

Com o objetivo de agilizar o andamento de projetos normalmente conduzidos por prefeituras e empresas de menor porte, que têm menos fôlego para suportar atrasos, a norma permite que o valor equivalente a 5% do total do contrato seja depositado numa conta vinculada à obra.
 
Com isso, as construtoras têm a garantia de desembolso rápido de uma parte do dinheiro, independentemente dos trâmites para medição das etapas concluídas. O processo de medição muitas vezes consome meses até a liberação dos recursos.
 
Procurado, o Ministério das Cidades não quis falar sobre o assunto. Disse que o Ministério da Fazenda comentaria os atrasos.
 
O Tesouro Nacional afirmou que não estava retendo recursos e argumentou que, apesar da previsão do adiantamento dos 5% no manual, "não há uma obrigação legal de repasse de recurso pelo governo antes de efetuada alguma medição das obras e, sim, uma possibilidade, após verificada a disponibilidade financeira e orçamentária".
 
Em nome do setor, Safady rebateu: "Mesmo que não haja uma obrigação legal, era um compromisso estabelecido. Se a regra não vale, precisamos negociar outra".

14 de janeiro de 2014
SHEILA D'AMORIM - Folha de São Paulo

JUSTIÇA DO MARANHÃO MANDA GOVERNO DO ESTADO CONSTRUIR PRESÍDIOS EM 60 DIAS

Decisão também prevê reforma do Complexo Penitenciário de Pedrinhas; advogados pedirão impeachment de Roseana

Visita dos representantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas Foto: Francisco Silva / Jornal Pequeno
Visita dos representantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas Francisco Silva / Jornal Pequeno

 
A Justiça determinou que o governo do Maranhão construa, em 60 dias, novos presídios no estado. A decisão, resultado de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público em 2011, prevê também a reforma do Complexo Penitenciário Pedrinhas, também em 60 dias.
 
O juiz Manoel Matos de Araújo, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Comarca de São Luís, mandou que os novos presídios sejam construídos preferencialmente no interior do estado e que eles tenham alojamentos suficientes para resolver o problema de superpopulação do Maranhão.
 
Se o estado não construir os presídios ou reformar o complexo de Pedrinhas no prazo determinado, pode ser multado em R$ 50 mil por dia.
 
A Justiça também ordenou a nomeação, dentro de um mês, de agentes penitenciários aprovados em concurso público no ano passado.
 
Nesta terça-feira, advogados do Coletivo de Advogados de Direitos Humanos protocolaram na Assembleia Legislativa do Maranhão uma representação pedindo o impeachment contra a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, devido à situação do sistema carcerário no estado. O grupo, composto por 25 advogados de São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Belo Horizonte e Maranhão, afirma que Roseana tem que ser responsabilizada por falhas e incompetências políticas no caso e que ela não tem cumprido com seu dever constitucional de zelar pelos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos do estado, especialmente os dos presidiários de Pedrinhas.
 
Segundo a professora de Direito da FGV-SP Eloísa Machado de Almeida, uma das integrantes do grupo, a governadora pode ser enquadrada em duas hipóteses previstas no artigo 7º da Lei de Crimes de Responsabilidade (Lei 1.079/50), conhecida como Lei do Impeachment, a mesma pela qual o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello respondeu.

Uma delas prevê a violação de direitos e garantias individuais. A outra diz que podem ser enquadrados em crime de responsabilidade aqueles que se servirem das autoridades sob sua subordinação imeadiata para praticar condutas de abuso de poder (como atentado à incolumidade física do indivíduo e ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual sem as formalidades legais) ou tolerarem que os subordinados pratiquem abuso de poder sem repressão sua.
 
— A governadora tem ciência dos problemas de Pedrinhas desde 2011, quando o Conselho Nacional de Justiça fez relatório sobre o complexo e comunicou a governadora.
A inação e inabilidade em resolver o problema e prevenir situações são passíveis de responsabilização política. É o crime de responsabilidade — explica Eloísa.
 
De acordo com a professora, protocolada a representação na Assembleia Legislativa do maranhão, a Casa tem 15 dias para instaurar uma comissão especial formada por deputados, que vão investigar os problemas do sistema penitenciário, ouvindo testemunhas e coletando informações.
 
— Essa comissão tem que fazer um relatório final e pode decidir pela suspensão do mandato da Roseana por 180 dias e pela cassação de todo o mandato dela. Depois, o processo pode seguir para o Tribunal de Justiça do estado, para que ele decida sobre a perda de direitos politicos da governadora — afirma Eloísa.
 
Segundo a TV Globo, em nota, o governo informou que tomou todas as medidas necessárias para resolver os problemas das penitenciárias e que a Justiça tem conhecimento delas.
 
Na segunda-feira, o Complexo Penitenciário de Pedrinhas, recebeu a visita de seis integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado, que desembarcaram no estado para tratar da crise do sistema prisional. A visita durou cerca de duas horas, mas a ala mais crítica do presídio, onde ocorreram decapitações, não foi vista pelos senadores, pois não havia como garantir a segurança necessária aos visitantes.
 
Os senadores descreveram um cenário de caos e afirmaram que ouviram as mais variadas queixas dos detentos e que encontraram celas superlotadas e condições precárias de higiene nos presídios do complexo. Adversário político da família Sarney, o senador João Capiberibe (PSB-AP) foi mais crítico na avaliação.
 
- O que encontramos ali foi um depósito de seres humanos. Não é uma penitenciária. É um local degradante e sub-humano, sem qualquer higiene. Há até paciente mental no local, que não deveria estar ali. É um lugar sem regra. Em todos os pavilhões há pouquíssimos agentes penitenciários. Esse é o resultado da privatização - disse Capiberibe.

14 de janeiro de 2014
O Globo, com TV Globo e G1

A MANUTENÇÃO DO PODER E AS ALIANÇAS ESPÚRIAS

Por candidatura de Pezão, PMDB diz que desiste do Senado no Rio
 
 

Na tentativa de salvar a aliança com o PT no Rio e garantir apoio à candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão ao governo fluminense, o PMDB sinalizou ontem que poderia abrir mão da disputa ao Senado no Estado.
 
No arranjo proposto, o governador Sérgio Cabral deixaria de concorrer à única vaga de senador pelo Rio em jogo em 2014, cedendo-a a um petista.
A oferta ocorre um dia antes de reunião entre os diretórios nacional e fluminense do PT para decidir a possível saída do partido da base do governo estadual.
O PT quer lançar o senador Lindbergh Farias na disputa pelo governo do Rio.
 
Na semana passada, o presidente regional do PT, Washington Quaquá, disse que sua "chapa dos sonhos" teria Cabral disputando o Senado, e Lindbergh, o governo.
 
A proposta foi rejeitada de imediato pelo PMDB.
 
"Candidatura fixada é do Pezão. Evidente que o partido quer o Sérgio como candidato ao Senado. Mas evidente que não será um impeditivo numa aliança com o PT. Cabral tem colocado internamente que a prioridade é vencer as eleições para governador e manter a parceria PT-PMDB", disse Jorge Picciani, presidente do PMDB do Rio.
 
Picciani participou de encontro do PMDB no Palácio Guanabara reunindo o vice-presidente Michel Temer, Eduardo Cunha (líder do PMDB na Câmara), o senador Valdir Raupp (presidente nacional da sigla), Cabral e o prefeito Eduardo Paes.
 
O PT do Rio quer, porém, deixar a base do governo Cabral até o fim do mês.
Procurado para comentar o assunto, Quaquá não respondeu à Folha até a conclusão desta edição.

14 de janeiro de 2014
ITALO NOGUEIRA - Folha de São Paulo

MANIFESTAÇÕES DE RUA E ELEIÇÕES 2014



Os movimentos insurgentes de junho, enquanto arena de mobilização popular de rua, criaram a falsa impressão de que haviam sido de caráter episódico, visto que desapareceram repentinamente.
 
Ledo engano. As pesquisas eleitorais, que têm funcionado como caixa de ressonância do pensamento da população, estão revelando que as insatisfações permanecem latentes, só que agora externalizadas de forma recôndita. A queda substancial na avaliação da gestão de governantes desde o meio do ano, urbi et orbi, é prova eloquente disso.
 
É muito provável, portanto, que essas inquietudes perdurem até as eleições, mesmo porque algumas das demandas que as motivaram não podem ser atendidas no curto prazo e outras tantas ainda não sensibilizaram seus destinatários, particularmente as de cunho ético-político.
 
A questão que se coloca é de que forma esse mood da população afetará os resultados do pleito que se avizinha. Pelo menos quatro hipóteses podem ser aventadas:
 
(1) os eleitores serão mais rigorosos nas suas escolhas, descartando candidaturas cujo perfil não se enquadra na moldura-padrão desenhada em junho;
(2) a taxa de renovação parlamentar será das mais elevadas: o clima é de decepção com o Legislativo, completamente dissonante com a pauta do povo.
(3) os incumbentes terão mais dificuldades de se reelegerem ou de fazerem seus sucessores, conforme sinalizam os levantamentos de opinião;
(4) O alheamento eleitoral (abstenção + votos em branco + votos nulos), que em 2010 atingiu 27%, tende a aumentar, o que diminui os votos válidos acarretando duas conseqüências:
 
(a) fica mais fácil para quem lidera as corridas majoritárias atingir 50% mais um dos votos válidos e encerrar o certame na sua primeira fase e (b) nas disputas proporcionais o quociente eleitoral baixa na proporção da queda nos votos válidos, dado o número de cadeiras do Parlamento.
 
 
Sob o prisma da alienação eleitoral, então, os protestos de rua, sendo estendidos às eleições, podem ensejar resultados indesejáveis: na perspectiva da disputa majoritária, subtrair a chance de segundo turno, momento mais oportuno para se avaliar as candidaturas líderes e suas propostas; no âmbito do embate proporcional, permitir que partidos e coligações de menor densidade eleitoral possam ascender ao Legislativo com candidatos menos representativos.
 
 
Tudo leva a crer, enfim, que o eleitor será mais criterioso, escolhendo candidatos que reúnam condições de contribuir com o aprimoramento ético do processo político e para o atendimento da pauta que impulsionou o movimento.
 
 14 de janeiro de 2014
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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau.

DÉFICIT DA INDÚSTRIA CHEGA A R$ 105 BILHÕES EM 2013: UM RECORDE

O déficit do grupo dos produtos industrializados na balança comercial brasileira começou a ser registrado em 2007 e aumenta a cada ano desde 2010

Especialistas acreditam que perda de competitividade pesou para queda da participação da indústria nas exportações (Reuters)
 
A balança comercial brasileira de produtos industrializados teve, no ano passado, o maior rombo da história. O déficit dos manufaturados atingiu 105,015 bilhões de dólares, resultado de exportações de 93,090 bilhões de dólares e importações de 198,105 bilhões de dólares, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em 2012, o déficit de manufaturados foi de 94,162 bilhões de dólares.
 
O déficit do grupo dos produtos industrializados começou a ser registrado em 2007 e aumenta a cada ano desde 2010. O rombo da indústria mostra que nem mesmo a desvalorização do real em relação ao dólar no ano passado - mais de 15% - e o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra) foram suficientes para ajudar na competitividade da produção brasileira.

"Há um consenso de perda da competitividade da indústria brasileira. São problemas em grande medida provenientes dos custos adicionais de logística e falta de inovação", diz Ricardo Markwald, diretor-geral da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). As transações da indústria também perderam espaço por causa dos poucos acordos comerciais firmados pelo governo brasileiro, afirma Markwald. "Os acordos assinados pelo Brasil são com países pequenos, como Palestina, Israel e Egito. Outros países foram mais ativos nessa assinatura de acordos e têm benefícios tarifários em diversos mercados."
 
Como reflexo do momento ruim da indústria, os produtos manufaturados perderam representação na pauta de exportação do Brasil. A participação desse grupo de produtos cai desde 2005. Em 2008, ano anterior à crise global, representavam 46,8% do total exportado pelo Brasil para o resto do mundo, mas em 2013 responderam por 38,4% das vendas totais. "A presença dos produtos manufaturados na pauta de exportação do Brasil é muito baixa para um país que tem um parque industrial como o nosso", diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
 
Prejudicados — O rombo da balança comercial da indústria pode ser exemplificado pelo péssimo desempenho dos setores químico e eletroeletrônico. Os números da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) mostram que o déficit no setor não para de crescer - no ano passado, foi de 32,2 bilhões de dólares, acima dos 28,6 bilhões de dólares de 2012. Em 1991, era apenas de 1,5 bilhão.

"O déficit aumentou porque não existem investimentos. Se me perguntar sobre 2014, a resposta é que o déficit vai crescer outra vez", diz Fernando Figueiredo, presidente executivo da Abiquim. A fraca demanda pelos produtos brasileiros fez com que a capacidade utilizada da indústria química ficasse em 82% no ano passado - o ideal é que esteja próximo de 90%.
 
O déficit em eletroeletrônicos também avançou entre 2012 e 2013 - passou de 32,5 bilhões de dólares para 36 bilhões de dólares . "Esse número vem crescendo de maneira expressiva ao longo dos anos", afirma Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). O grande entrave desse setor é que as importações acabaram superando as exportações porque é preciso comprar componentes de fora do País para abastecer a indústria local.
 
O setor eletroeletrônico ainda foi afetado pela queda nas exportação de telecomunicação, sobretudo de aparelhos celulares. Em 2013, o recuo em relação a 2012 foi de 20%, para 457 milhões de dólares . "É uma queda assustadora. Os países que eram os principais mercados brasileiros, como Argentina e Venezuela, colocaram barreiras contra as importações brasileiras", diz Barbato. O Brasil foi um grande exportador de telefones celulares. As fábricas foram instaladas no País para abastecer o mercado latino-americano. 
 
(com Estadão Conteúdo)

14 de janeiro de 2014
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