"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 16 de março de 2014

FRASES DO HERÓI DA CANALHA ESQUERDISTA DESTE PAÍS



 
1. “Louco de fúria, mancharei de vermelho meu rifle estraçalhando qualquer inimigo que caia em minha mãos! Com a morte de meus inimigos preparo meu ser para a sagrada luta, e juntar-me-ei ao proletariado triunfante com um berro bestial!”

2. “O ódio cego contra o inimigo cria um impulso forte que quebra as fronteiras de naturais das limitações humanas, transformando o soldado em uma eficaz máquina de matar, seletiva e fria. Um povo sem ódio não pode triunfar contra o adversário. “

3. “Para mandar homens para o pelotão de fuzilamento, não é necessário nenhuma prova judicial … Estes procedimentos são um detalhe arcaico burguês. Esta é uma revolução!”

4. “Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar motivado pelo puro ódio. Nós temos que criar a pedagogia do Paredão!” (O Paredão é uma referência para a parede onde os inimigos de Che eram mortos por seus pelotões de fuzilamento).

5. “Eu não sou o Cristo ou um filantropo, velha senhora, eu sou totalmente o contrário de um Cristo … eu luto pelas coisas em que acredito, com todas as armas à minha disposição e tento deixar o outro homem morto, de modo que eu não seja pregado numa cruz ou qualquer outro lugar.“

6 . “Se qualquer pessoa tem qualquer coisa boa para dizer sobre o governo anterior, para mim é bom o suficiente matá-la.”

7. Che queria que o resultado da crise dos mísseis em Cuba fosse uma guerra atômica. “O que nós afirmamos é que devemos proceder ao longo do caminho da libertação, mesmo que isso custe milhões de vítimas atômicas”.

8. “Na verdade, se o próprio Cristo estivesse no meu caminho eu, como Nietzsche, não hesitaria em esmagá-lo como um verme.”

9. “Deixe-me dizer, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.”

10. “É muito triste não ter amigos, mas é ainda mais triste não ter inimigos.”

E nos dias de hoje, os esquerdopatas são contra um cidadão se defender de um bandido quando ele vem lhe roubar. Esquerdopatas, leiam a citação 3 do seu herói.
 
 
16 de março de 2014
in graça no país das maravilhas

PRÉ-CANDIDATA DO PT DIZ "QUANDO A LEI PROÍBE, FAZEMOS NA MARRA!"


 
 
 
Pré-candidata do PT diz "Quando a lei proibe, fazemos na marra!" 
 
 
16 de março de 2014
graça no país das maravilhas

ALCÂNTARA CICLONE ESPACE. VOCÊ SABE QUE MERDA É ESTA???


 
 
 
A Alcântara Ciclone Espace, empresa criada por Lula em parceria com a Ucrânia, já mandou um bilhão de dólares para o espaço e o foguete do PT chamado Conceição, como diz a letra da música “se subiu ninguém sabe ninguém viu”. Agora, a Ucrânia com a bota russa no pescoço é que o Conceição foi para o “espaço”, e o dinheiro para o buraco negro que é o bolso da cumpanherada .


Crise na Ucrânia ameaça parceria de R$ 1 bilhão com o Brasil para lançamento de foguetes

Selado em 2003, programa ucraniano-brasileiro de lançamento de foguetes, a partir do Maranhão, já consumiu R$ 1 bilhão

A crise na Ucrânia ameaça a parceria com o Brasil para lançar foguetes a partir da base de Alcântara, no Maranhão. O Cyclone 4, projetado por empresas ucranianas, corre o risco de não decolar. Se isso ocorrer, será desperdiçado cerca de R$ 1 bilhão, valor já investido pelos dois países no projeto, que pretende explorar serviços comerciais de lançamento de satélites.

16 de março de 2014
graça no país das maravilhas

PESCARIA DE MINISTROS


BRASÍLIA - O voto é secreto, mas o número de ex-ministros de Lula e Dilma que não devem apoiar a reeleição já passa de dez e continua crescendo, num movimento curioso.
Eduardo Campos e Marina Silva puxam a fila dos ex-ministros que caminham para a oposição e parecem preferir esses dois ex-colegas de ministério em governos do PT ao tucano Aécio Neves.

Essa fila dos que são pró Campos e Marina --logo, anti-Dilma-- acaba de incluir o embaixador José Viegas, mas já tinha o vice do PSB, Roberto Amaral, e o pernambucano Fernando Bezerra Coelho, que relutou, mas cedeu e, afinal, ficou com o governador do seu Estado.

Campos já se insinua para ex-ministros de Lula que têm menos identidade com o PT e mais com os tucanos, como Roberto Rodrigues e Luiz Fernando Furlan. Aécio está atrasado, ou muito discreto.

Não seria surpresa, portanto, que Campos investisse também em Nelson Jobim, que brilhou como ministro da Defesa de Lula, mas saiu do governo Dilma trocando desaforos com a presidente. Votaria nela agora? Amigos desse gaúcho sem papas na língua apostam que não. Ele é ligado a Serra, não tanto a Aécio.

Campos vai além e já até sondou a celebridade Gilberto Gil para concorrer no Rio. Como Gil pode voar para qualquer uma das três candidaturas, livre, leve e solto, Campos desviou o alvo para um outro ex-ministro de Lula, Miro Teixeira.

E o que fará, por exemplo, o senador Cristovam Buarque, que já foi, ele mesmo, candidato à Presidência? Seus interlocutores informam que ele não irá com Dilma e está a um passo de anunciar apoio ao conterrâneo Eduardo Campos.

São 39 ministérios, com um entra e sai razoável, e há ainda muito peixe a ser pescado: Miguel Jorge, Geddel Vieira Lima, Reinhold Stephanes, Mangabeira Unger...

Consultando-se a lista de ministros de Lula, Dilma só tem 100% garantidos... os do próprio PT.

16 de março de 2014
Eliane Catanhêde, Folha de SP

O PAPELÃO DA DIPLOMACIA BRASILEIRA

O Brasil é protagonista no teatro latino-americano que pretende isentar Nicolás Maduro de responsabilidade pela violência na Venezuela

Já são 28 os mortos desde o início dos protestos contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela, segundo dado atualizado pela Promotoria do país. Existem evidências suficientes de que por trás de muitas das mortes estão os chamados “coletivos”, milícias armadas e motorizadas que ganharam um endosso especial de Maduro quando, em 5 de março, primeiro aniversário da morte de Hugo Chávez, o ditador falou em cadeia nacional de rádio e televisão e pediu ao povo, em especial aos grupos chavistas, que seguissem “a ordem do comandante Hugo Chávez: vela que se acende, vela que apagamos com o povo organizado para garantir a paz a nosso país”.


Não tanto um chamado à concórdia, mas à repressão contra os manifestantes para garantir uma paz baseada no silêncio da oposição.
Enquanto a Venezuela sofre sob a ditadura chavista, a maioria dos vizinhos latino-americanos encena um teatro que faz deles cúmplices das mortes de venezuelanos.
E nessa farsa o Brasil, infelizmente, exerce papel de protagonista.

Em fevereiro, a presidente Dilma já tinha dito, na Bélgica, que “não cabe ao Brasil discutir o que a Venezuela tem a fazer, até porque seria contra a nossa política externa. Não nos manifestamos sobre a situação interna de nenhum país” – hondurenhos e paraguaios certamente teriam muito a dizer sobre a “não interferência” brasileira em seus assuntos.

O Brasil já tinha assinado uma nota absurda do Mercosul em apoio ao governo de Nicolás Maduro. Mas os acontecimentos dos últimos dias tornam ainda mais vergonhosa a atuação da diplomacia brasileira, que já foi uma das mais respeitadas do mundo, mas agora vive de joelhos diante da ideologia bolivariana.

O Brasil, por exemplo, ajudou a barrar, no dia 7, o envio de uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) à Venezuela. O argumento pífio do Itamaraty era o de que o fato de a entidade incluir os Estados Unidos desaconselhava uma ação da OEA.

Em outras palavras, só os aliados ideológicos de Maduro teriam a isenção suficiente para analisar a convulsão social venezuelana. Em vez disso, foi aprovada uma resolução insossa, quase condescendente com o governo chavista, como se Maduro estivesse realmente disposto ao diálogo e à reconciliação – apenas Estados Unidos, Canadá e Panamá se opuseram ao texto.

Em vez da OEA, entrou em ação a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), quase uma organização-satélite do bolivarianismo, presidida pelo ex-ditador e atual presidente do Suriname, Dési Bouterse, contra o qual existe até um mandado internacional de prisão por tráfico de drogas.

Na quinta-feira, os chanceleres dos países membros da entidade assinaram mais uma nota em que respaldam os “esforços do governo da República Bolivariana da Venezuela para promover um diálogo entre o governo, todas as forças políticas e atores sociais” – embora os únicos esforços governamentais feitos até agora são os de prender opositores e colocar os “coletivos” para disparar contra manifestantes, ações que não são nem sequer mencionadas no texto, duramente criticado pelo que sobrou da oposição venezuelana.

Agora, a Unasul pretende enviar “mediadores” à Venezuela, medida aplaudida pelo chanceler venezuelano, Elías Jaua. Antes da nota da entidade, a oposição venezuelana já havia pedido à Unasul que olhasse com objetividade para a aflição da Venezuela.

A nota de quinta-feira mostrou que a súplica passou em branco, ampliando o temor de que o grupo de mediadores, influenciado pelo bolivarianismo, já tenha praticamente prontas suas conclusões antes mesmo de colocar os pés no país, dando seguimento à farsa de que a diplomacia brasileira parece participar com alegria.
 
16 de março de 2014
Editorial Gazeta do Povo-PR

NOTAS DO JORNALISTA CLAUDIO HUMERTO


“Há pessoas felizes, outras menos felizes”
Ministro Gilberto Carvalho, proclamando suas obviedades sobre reforma ministerial


LULISTAS DO PT JOGAM DILMA AOS LEÕES NA CÂMARA

As sucessivas derrotas da presidente Dilma Rousseff na Câmara, semana passada, contaram com apoio não apenas da base aliada, chefiada pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), como do próprio PT, onde vem crescendo o movimento "volta, Lula". Nas palavras de um líder do "blocão", o "PT lavou as mãos e jogou Dilma às feras" ao abandonar a sessão na qual o governo sofreu uma derrota de 28 votos contra 267.

PROBLEMA DA DILMA

Diferentemente de outras votações, em que petistas vão à tribuna para defender o governo, deputados simplesmente sumiram do Plenário.

O TROCO

De uma bancada de 87, apenas 11 deputados do PT votaram contra a criação de comissão externa para investigar denúncia contra a Petrobras.

ESCAFEDEU-SE

Na Comissão de Fiscalização e Controle, a habitual tropa de choque do PT também não deu as caras para impedir a convocação de ministros.

PARA NÃO ESQUECER

João Capiberibe (PSB- AP) propôs sessão do Senado para que o golpe de 1964 não seja esquecido: “Infelicitou a Nação por 21 anos”.

JADER TORRA CADA CENTAVO DA VERBA INDENIZATÓRIA

Apesar de ter sido o senador mais ausente do ano passado, Jader Barbalho (PMDB-PA) não economiza quando o assunto é verba indenizatória. Em 2013, torrou até o último centavo permitido da gorda cota de R$ 40.426,20 mensais. Gastos com “divulgação da atividade parlamentar” e consultorias, além de passagens aéreas, coincidiram, milagrosamente, até os centavos, com toda a grana disponível no ano.

ATÉ A ÚLTIMA PONTA

Senadores paraenses têm cota de R$ 485.114,40 ao ano, mas apenas o ausente Jader conseguiu gastar tudo. Tudo mesmo.

DISTÂNCIA É GRANA

A cota parlamentar depende do valor da passagem aérea entre seu estado e Brasília. Vai de R$ 252,5 mil a R$ 531,3 mil por ano.

UM POR TODOS

Entre os senadores do DF, apenas Gim Argello (PTB) gasta sua cota. Rollemberg (PSB) e Cristovam (PDT) não mexem no dinheiro.

DESFAÇATEZ

O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, faz pouco da inteligência do contribuinte, ao dizer que a conta de luz só vai aumentar “quando o Tesouro cobrar” os bilhões liberados. Como se os recursos do Tesouro não fossem os impostos cobrados dos consumidores.

CHAPA PRONTA

Na política potiguar, é dada como certa a candidatura a governador do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), com o deputado João Maia (PR) na vice e a ex-governadora Wilma Faria (PSB) ao Senado.

DEIXA A ONDA PASSAR

O prefeito Eduardo Paes (PMDB-RJ) recuou de declarar apoio ao virtual candidato do PSDB, Aécio Neves (MG), à Presidência após desgaste na negociação para o fim da greve dos garis no Rio.

ME ERREM

Empenhadas em fazer reportagens sobre os 50 anos do golpe de 1964, emissoras de rádio e TV enfrentam dificuldade para encontrar militares da reserva que defendam o 31 de Março. Não querem dar a cara.

MARGEANDO O ALAMBRADO

Não basta ouvir vaia, tem que cercar: a Presidência da República reservou R$ 130 mil para comprar “alambrados disciplinadores” nas visitas de autoridades e contra “possíveis manifestações” em Brasília.

DEVAGAR, DEVAGARINHO

“Nunca antes” os Correios fizeram greve de quase dois meses em diversos estados, protestando contra o novo fundo privado Postalis, dirigido por um petista. No Rio Grande do Sul, acabou há três dias.

VAI QUE É TUA

Ligada à luta pelos direitos da mulher, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) tem recebido e-mails pedindo que defenda Rosemary Morais, a filha que o falecido ex-vice-presidente José Alencar renegou.

EFEITO SNOWDEN

Levantamento da PWC mostra aumento de 51% nos orçamentos para segurança da informação. No Brasil, 7% das empresas devem investir US$ 1 bilhão ou mais na área.

PERIGO AMARELO

Os satélites chineses são tão bons, que logo após “localizados”, os “destroços” do Boeing da Malásia viraram um pedido de desculpas.
Poder sem pudor

LIÇÃO DOS QUARTÉIS

Ministro do Interior e dos Transportes nos governos militares, o coronel Mário Andreazza tinha o hábito, ao desembarcar em qualquer lugar, de procurar imediatamente o sanitário do aeroporto. Certa vez, ele explicou ao assessor de imprensa Luiz Mendonça por que fazia isso:

- Aprendi no Exército: quando encontrar um banheiro e comida, sirva-se logo, porque nunca se sabe quando poderá fazê-lo novamente…
 
16 de março de 2014
claudio humberto

FALTA CORAGEM PARA ENFRENTAR O CAOS ENERGÉTICO

O pacote de salvação da lavoura - melhor, do setor elétrico nacional - chegou tarde, com caráter provisório e acovardado diante da proximidade das eleições. As fragilidades não são de hoje, assim como é de passado remoto a urgência de resposta definitiva para a crise, que avança celeremente.

Não bastasse o descompasso entre a infraestrutura disponível (por pura incompetência no investimento dos recursos públicos) e as necessidades nacionais, agora é crescente o risco de colapso financeiro das distribuidoras de eletricidade. Isso, numa conjuntura agravada pelo pior regime de chuvas em décadas.

Pois é nesse quadro preocupante que o governo cede a interesses eleitorais e deixa para o próximo ano - portanto, para bem depois de o brasileiro depositar seus votos na urna, quando os eleitos já estiverem firmes nos cargos - a maior parte do aumento da conta de luz decidida na última semana.
Mais: nem se fala em medida desgastante como o racionamento de energia. Tampouco se apela ao consumidor para que gaste menos, embora a economia popular, mesmo voluntária, incentivada por campanhas educativas, possa significar importante contribuição.

Até parece que a escuridão chegou antes para as autoridades, que não viram a ficha cair. Com o quadro hidrológico adverso, o apelo às termelétricas, poluentes e caras, foi a saída previsível.
Mas o tempo passou, o rombo aumentou e o uso prolongado das usinas - que não foram projetadas para funcionar de forma ininterrupta por prazos longos, devendo ser paradas para manutenção - começa a dar problemas, como a perda de eficiência. Diversas unidades já não conseguem gerar a energia programada. Ou seja, é o esgotamento da alternativa B, sem volta segura para a A.

Não bastasse, busca-se saída pela tangente. É o prescrito no tal pacote, anunciado quinta-feira. Na emergência, destinaram-se mais R$ 12 bilhões para o setor. Como parte será bancada pelo Tesouro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, antecipou que a compensação virá, entre outras fontes, na forma de "aumentos programados de alguns impostos".
A conta de luz também subirá. A questão é: ou estanca-se de vez a sangria, ou o buraco não terá fundo e o consumidor terminará sendo convocado a assumir os gastos extras quantas vezes forem necessárias.

Lembre-se de que a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, prometeu baratear as tarifas, preços que, na verdade, vêm sendo represados artificialmente (pagando menos, o consumidor gasta mais), por motivos políticos e para conter a inflação.
Lembre-se, ainda, de que a mandatária chegou aonde está carimbada pelo marketing político como gestora eficiente advinda justamente da área energética.
Essa luz já se apagou. Resta saber se aquela ainda visível no fim do túnel, brilhando tênue nas eleições de outubro, permanecerá acesa ou sucumbirá diante das manobras eleitoreiras que elegem a maquiação em detrimento da solução. É preciso ter coragem para enfrentar e mudar de vez o panorama do setor elétrico.

16 de março de 2014
Editorial Correio Braziliense

AS LIÇÕES QUE VÊM DO URUGUAI

Presidente Mujica dá exemplo ao evitar revanchismo, defender revalorização da política e afirmar que América Latina precisa construir acordos para pesar no mundo

José “Pepe” Mujica, 79 anos, é o 40º presidente do Uruguai. Ex-guerrilheiro tupamaro, lutou contra a ditadura que comandou o país entre 1973 e 1985. Participou de assaltos, sequestros e da tomada de Pando, em 1969, quando os tupamaros ocuparam a delegacia, o quartel dos bombeiros, a central telefônica e vários bancos de uma cidade. Passou 14 anos preso, sendo libertado em 1985.

A princípio, sua simplicidade extrema beirava o exotismo. A casa modesta numa fazendola perto da capital uruguaia; seu carro, um velho fusca; as roupas simplórias mesmo em atos oficiais; os 90% do salário doados à caridade; um único carro de polícia na segurança de sua casa. Trata-se de um ato de protesto, revelou, em entrevista ao GLOBO. “As repúblicas não vieram ao mundo para estabelecer novas cortes; nasceram para dizer que todos somos iguais (...)”.

Em 2013, ele pôs o pequeno Uruguai na vanguarda ao legalizar o aborto, o casamento gay e a maconha. Explicou: “Aplicamos um princípio muito simples: reconhecer os fatos”.

A frase vale tanto para as três ousadas iniciativas quanto para a postura do presidente uruguaio, livre do revanchismo que turva a visão política de outros líderes atuais que militaram na esquerda radical. E que dificulta consensos e a governabilidade. Mujica demonstra ter um senso realismo que falta, por exemplo, no outro lado do Rio da Prata, na Casa Rosada, sede do governo argentino.

Sobre seu passado de guerrilheiro, afirmou que “há 40 ou 50 anos, achávamos que chegar ao governo nos permitiria criar uma nova sociedade. Nossa maneira de pensar era ingênua, uma sociedade é muito complexa e o poder, muitíssimo mais complexo”. Se vê com simpatia movimentos de protesto, como a Primavera Árabe e mesmo as manifestações no Brasil, logo ressalva que “não levam a lugar nenhum”. Na sua opinião, “não construíram nada. Para construir, há que se criar uma mente política, coletiva, de longo prazo, com ideias, disciplina e método. Isto é antigo, ou parece antigo. Mas, sem interesses coletivos, é difícil mudar”. O presidente uruguaio não desfila a arrogância que alguns egressos da esquerda latino-americana da década de 70 ostentam hoje no poder.

Fato é que sob governos de uma esquerda que se revela moderna— ele sucedeu a Tabaré Vázquez, que deverá voltar à presidência —, organizada numa frente, o Uruguai, sem arroubos, salvacionismos e revanchismos se destaca no continente. Dos arredores de Montevidéu, Mujica envia a mensagem: “nós, latino-americanos, temos de ter a sabedoria de tratar de construir acordos para poder pesar neste mundo. Nós precisamos do Brasil, mas o Brasil necessita de nós todos, porque o desafio é de continentes.” Provavelmente, se ele tivesse mais voz no Mercosul, talvez o Brasil não estivesse preso num beco ideológico sem saída, emparedado entre a Argentina e a Venezuela. Mujica parece ser um dos raros estadistas na política latino-americana.

 
16 de março de 2014
Editorial O Globo

O GOSTO AMARGO DO MENSALÃO

O legado do julgamento da Ação Penal 470 é acre.
Embora possa ser visto como exemplar, pois afinal encarcerou políticos poderosos, entre os quais os chefes do partido ora no poder, o desenlace deixou a sensação de que o Supremo Tribunal Federal (STF) se contaminou por interesses político-partidários.

Nada disso prenuncia boas coisas: nos quase 12 anos em que estão no governo, os petistas, após várias tentativas, enfim parecem ter encontrado a composição ideal - para seus propósitos - da maior corte de Justiça do País.
Pois é essa a impressão que fica dos episódios que resultaram no abrandamento das penas impostas aos caciques do PT envolvidos no escandaloso esquema de corrupção denominado "mensalão".

No processo, que começou quando ainda faziam parte do STF os ministros Cezar Peluso e Carlos Ayres Britto, os líderes petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares foram condenados a penas entre 6 anos e 11 meses a 10 anos e 10 meses de prisão por formação de quadrilha e corrupção ativa. João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara, foi condenado a 9 anos e 4 meses por crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.

Havia carradas de provas do "comportamento delinquencial gravíssimo" desses réus, conforme as palavras indignadas do ministro Celso de Mello, decano do tribunal. Foram mais de 60 sessões de um processo que se arrastou desde 2007, produzindo cerca de 50 mil páginas que reconstituíram aquilo que se configurou no plano de assalto ao poder republicano brasileiro articulado pelos indigitados líderes do PT junto com criminosos de outros partidos.


Aos réus foi concedido amplo direito à defesa, que foi exercido nos mais exaustivos detalhes - sempre na esperança, para eles, de que o atraso, a chicana e a procrastinação prescrevessem os crimes.

No entanto, o árduo trabalho do colegiado de magistrados impediu que triunfasse a impunidade, fazendo avançar um processo que os céticos esperavam que caminhasse, a passos de cágado, para o esquecimento, até então a vala comum das ações contra políticos corruptos no Brasil.

Quando ficou claro que os líderes petistas seriam efetivamente condenados e teriam de ir para a cadeia, o PT deflagrou uma feroz campanha de intimidação contra a Suprema Corte, qualificando-a de "tribunal de exceção" - uma evidente ironia, considerando-se que grande parte dos ministros do STF fora nomeada por presidentes filiados ao partido. Foi especialmente vilipendiado o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, eleito pela milícia petista para encarnar o "Mal", aquele que atropelara as leis para perseguir "democratas" como Dirceu e Delúbio e, assim, auferir popularidade para uma eventual candidatura política. O destempero de Barbosa, tanto em relação aos réus quanto a seus pares no STF, não ajudou a dissipar essa imagem.

Mas as decisões do Supremo não foram monocráticas, e sim colegiadas, conferindo-lhes indiscutível legitimidade.

Restava apostar na mudança desse colegiado para reverter as penas, e isso aconteceu, efetivamente, quando o STF passou a contar com Luiz Roberto Barroso e Teori Zavascki.

Com os votos desses dois ministros, Dirceu, Delúbio e Genoino escaparam da condenação por formação de quadrilha, livrando os dois primeiros do regime fechado. Além disso, Barroso e Teori contribuíram decisivamente para absolver João Paulo da acusação de lavagem de dinheiro, o que também o livrará do regime fechado.

Pode-se dizer, ainda assim, que o simples fato de haver políticos graduados atrás das grades torna o caso do mensalão um marco na história do País.

Isso é verdade, mas causa desconforto observar que o Supremo pode reformar suas próprias decisões - em um julgamento "plenamente legítimo e solidamente estruturado em provas lícitas, válidas e produzidas sob a égide do contraditório", como disse Celso de Mello - não de acordo com o que está nos livros jurídicos e nas leis e, sim. conforme entendimentos que, afinal, podem ser mutantes.
Não é um bom augúrio.
 
16 de março de 2014
Editorial O Estadão

CRIATIVIDADE NEFASTA

Falta de chuvas e decisão de Dilma de forçar redução na conta de luz geram graves problemas ao setor elétrico, que precisa de socorro

É preocupante o caminho escolhido pelo governo Dilma Rousseff (PT) para lidar com a alta dos custos da energia no país.

O problema decorre, em parte, da falta de chuvas. Com a menor geração hidrelétrica, as usinas térmicas, mais caras, precisam ser utilizadas. Como as distribuidoras vendem energia ao consumidor por um preço regulado, isso atualmente lhes proporciona prejuízo.

A situação ficou ainda mais grave porque a presidente decidiu, no ano passado, forçar uma redução na conta de luz.

As crescentes dificuldades das distribuidoras se tornaram insustentáveis, e o governo teve de agir. Imaginava-se que o equilíbrio seria alcançado por meio de um aumento moderado na tarifa somado a repasses do Tesouro --R$ 4 bilhões serão liberados para o setor.

Com relação ao aumento para o consumidor, no entanto, o governo, pautando-se por objetivos eleitorais, resolveu deixar o impacto para 2015. Para isso, recorreu, como tem sido comum nessa administração, a soluções criativas --no mau sentido do termo.

O pacote de socorro às distribuidoras será completado com empréstimos, no total de R$ 8 bilhões, a serem tomados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), uma entidade privada mantida pelo setor. O financiamento, em tese, será pago pelas empresas a partir do próximo ano com a receita propiciada pelo aumento da conta de luz.

O secretário do Tesouro, Arno Augustin, um dos mais criativos membros da administração, afirma que não haverá impacto no Orçamento, já que não se trata de uma empresa pública.

Diante da incerteza que reina no sistema, todavia, pode ser difícil para a CCEE achar atores dispostos a bancar a aventura. Não será surpresa, portanto, se os bancos públicos acabarem sendo convocados para cuidar da fatura.

No afã de reduzir a conta de luz --o que em tese poderia favorecer a competitividade do setor privado brasileiro--, o governo ignorou a racionalidade econômica. Preços menores devem ser consequência de ganhos de eficiência, não de promessas populistas.

Ações concretas e planos de longo prazo para o setor, por enquanto, não constam da estratégia governista. Já seria de lamentar em qualquer hipótese, mas é ainda pior vindo de uma presidente que cultivou fama de boa gestora, não sem ironia, precisamente no Ministério de Minas e Energia.

 
16 de março de 2014
Editorial Folha de SP

ELETROCUTADA, A INÉPCIA VIRA EMPULHAÇÃO

Se Dilma quer credibilidade, basta que diga por que o aumento da conta de luz fica para depois da eleição 

Em dezembro a comissária Gleisi Hoffmann lastimou as inundações do verão dizendo o seguinte: "Não temos como evitar chuvas". Sábia senhora, reconheceu que até lá não vão os poderes petistas. O problema é que, não podendo também evitar a estiagem ("estresse hídrico", no dialeto do poder), o governo desorganizou o setor elétrico, apostou contra o clima, perdeu e, como não poderia deixar de ser, a conta vai para a patuleia. 

Na hora de explicar, a doutora Dilma (ex-ministra de Minas e Energia) continuou cuidando do PMDB e mandou para a vitrine uma equipe de eletrotecas que fizeram o possível, mas não responderam à principal pergunta: Quem pagará o buraco de R$ 12 bilhões? (Ervanário equivalente a todos os investimentos do governo em janeiro). 

Em fevereiro o ministro Edson Lobão já avisara: "A repercussão não será imediata". Óbvio, ela chegará no ano que vem, depois da eleição. É nesse ponto que a inépcia associa-se à empulhação. Um governo que mobilizou sua máquina de marquetagem quando baixou as tarifas não teve a lealdade de reconhecer que precisa aumentá-las logo. 

Numa trapaça da fortuna, no dia em que os eletrotecas anunciaram as novidades, o ministro Guido Mantega recebia uma missão da Standard & Poor's que veio estudar as contas do país para avaliar a credibilidade do governo. Ecoava impropriamente o tempo das missões do FMI. Nem a S&P tem essa bola toda, nem deveria ser mimada com cerimonial e exibicionismo. Mesmo assim, infelizmente, se o negócio é credibilidade bastava que assistissem a entrevista dos eletroetecas. 

REBELDIA MANSA
De uma raposa com décadas de experiência no Parlamento, no Executivo e na administração da bolsa da Viúva: "O PMDB não sai do governo nem a pontapés". 

ELLEN GRACIE
A ex-ministra do STF Ellen Gracie continua sendo um sonho tucano para compor suas chapas. Primeiro houve a sugestão de que fosse candidata a vice-presidente na chapa de Aécio Neves. Agora circula a hipótese de ser a vice de Pezão, candidato ao governo do Rio. 

Noutra raia, teriam chegado ao ministro Joaquim Barbosa os números que o colocam como barbada para disputar o Senado no Rio.

MADAME NATASHA 
Madame Natasha concedeu sua primeira bolsa internacional aos gênios do Exército americano. 

Eles passaram a chamar as greves de fome dos prisioneiros de Guantánamo de "jejuns não religiosos duradouros" e a atenção dada às suas consequências de "assistência médica para presos com perda de peso". 

GERENTONA 
Quem já foi a uma cidade, reservou apartamentos em dois hotéis e só usou um pode defender a qualidade da gerência da administração da doutora Dilma. Ela fez isso em Santiago. 

Como diria a doutora, "no que se refere" ao paganini, foi para a Viúva. 

*COMIGO, NÃO * 
O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse que cogitava chamar o Exército de volta ao morro do Alemão. Cinco dias depois, mudou de ideia. 

No intervalo, percebeu que a ideia caiu mal na tropa. Afinal, o governo usa o Exército na marquetagem, descuida do resto e quando a encrenca recomeça, pede sua volta. Depois, a conta acaba indo para um tenentinho. 

RECORDAR É VIVER 
O Itamaraty suspendeu dois diplomatas acusados, entre outras impropriedades, de condutas homofóbicas. No início dos anos 60, um diplomata considerou-se preterido numa promoção e foi ao chefe do Departamento de Administração, para queixar-se com o embaixador Antonio Câmara Canto. 

Ele, com seu falar gaúcho, perguntou-lhe: 

- Queres saber porque não foste promovido? Aguentas uma verdade? Não fuiste promovido porque eres puto. 

Câmara Canto celebrizou-se em 1973. Era embaixador em Santiago e fechou as portas da embaixada para brasileiros que viviam na cidade e precisavam de asilo depois que o general Pinochet tomou conta do país. Negou salvo-conduto a um preso que precisava só da sua assinatura para embarcar num voo da ONU. O exilado morreu. (A embaixada da ditadura militar boliviana refugiou seus cidadãos.) 

Câmara Canto fez isso por convicção, mas até hoje não apareceu o telegrama de Brasília com instruções para que fizesse o contrário. 

DESEJO PETISTA 
O altíssimo comissariado tem duas esperanças e uma expectativa. 

A primeira esperança é de que algum grande órgão de imprensa vá para o mercado. 

A segunda é de que se consiga reunir um grupo de empresários-companheiros com verdadeiro peso, associados a nomes de prestígio. 

A expectativa é de que se possam organizar operações triangulares de crédito de bancos oficiais capazes de equilibrar a conta e dar a devida compensação ao prestígio. A ideia não é nova. Num caso exemplar, pôs a pique o "Correio da Manhã". 

AS MONTADORAS BRIGAM COM O PROGRESSO 
Em 1903 havia nos Estados Unidos um sujeito que pretendia produzir carros baratos. Pelas regras do setor, só podia vender veículos quem fabricasse a maior parte dos seus componentes. Henry Ford fazia o contrário, montava o que os outros produziam e seu carro custava US$ 240. O cartel queria que ele cobrasse pelo menos US$ 1 mil. Como não tinha o selo da guilda, foi à Justiça. A briga durou oito anos.

Quem ouve falar nessa história acha que é coisa de um tempo superado. Algo semelhante está acontecendo no século 21. As grandes montadoras americanas querem blindar a alma eletrônica do seus carros. Sustentam que os painéis dos veículos são de sua propriedade e empresas como o Google e a Apple devem se limitar ao fornecimento de aplicativos. 

Steve Jobs, Larry Page e Sergey Brin fizeram a Apple e o Google como Henry Ford: tinham uma ideia, mas não tinham dinheiro. Quando a banca negava empréstimos a Jobs, as montadoras nadavam em dinheiro. Se elas querem ligar seus carros ao mundo das comunicações, podem investir em pesquisa, mas preferem fechar as máquinas. Já existem carros que não precisam de motorista. O sistema de operação dessa máquina foi desenvolvido pelo Google. Depois do surgimento do GPS, há agora aplicativos que transformam os iPhones dos motoristas em sensores capazes de comunicar a uma rede a situação do trânsito numa determinada rota, aconselhando-os caminhos alternativos. Nesse mundo as montadoras não entraram. (No Brasil algumas delas conseguiram apoio no comissariado para tentar adiar a entrada em vigor da obrigatoriedade dos airbags. Felizmente, falharam.) 

Nesse e em qualquer outro caso em que maganos tentam preservar seus negócios bloqueando ou torcendo contra inovações, vale o conselho do bilionário Warren Buffett: Quando surge uma nova tecnologia não é necessariamente um bom negócio investir nela, pois quase todas as fábricas pioneiras de automóveis quebraram. É sempre um bom negócio sair da tecnologia velha. Em 1910 não existiam mais fábricas de carruagens.
 
16 de março de 2014
Elio Gaspari, Folha de SP

O NOSSO DINHEIRO


No momento em que a Polícia Civil de Brasília prendeu o economista e ex-chefe da Assessoria de Orçamento do Senado, José Carlos Alves dos Santos, exatos 21 anos depois de ter vindo à tona o escândalo dos Anões do Orçamento, outra data serve para abrir um debate sobre o próprio Orçamento: na terça-feira, o Instituto de Direito Público, presidido pelo ministro do Supremo Gilmar Mendes, organizará uma série de palestras com especialistas e autoridades de várias áreas para marcar os 50 anos da Lei 4320, que promoveu uma reforma modernizadora neste processo.
Na ocasião, será distribuído o livro Orçamentos: Por que desinteresse? , de Fernando Rezende e Armando Cunha, da Fundação Getúlio Vargas. O Orçamento público é lei básica da democracia moderna, e historicamente foi a origem do Parlamento, pela necessidade de definir o financiamento das obras públicas e as prioridades de um governo.

O que é prioridade nos parlamentos das democracias desenvolvidas do mundo não passa de um detalhe da atividade parlamentar brasileira. A partir da ditadura militar, o Orçamento passou a ser tratado como um decreto-lei, o Congresso só podia aprová-lo ou rejeitá-lo, sem emendá-lo.

A Constituição de 1988 retomou o espírito da de 1946, com a capacidade de emenda do Congresso. Mas, no governo Collor, surgem os Anões do Orçamento , com o ex-deputado João Alves - que ganhou várias vezes na loteria - de relator, manipulando o Orçamento a favor de um pequeno grupo, em todos os sentidos, com a ajuda do João Carlos Alves dos Santos citado acima.

O Executivo voltou então a centralizar as decisões sobre o Orçamento, que passou a ser autorizativo, isto é, o governo central pode contingenciar determinadas verbas. O orçamento impositivo aprovado pelo Congresso diz respeito apenas às emendas dos parlamentares.

Coordenador dos debates no IDP em Brasília, o economista José Roberto Afonso diz que na prática o Orçamento ainda é um caixa preta, ignorada por muitos, e, o pior, sempre que há um escândalo de corrupção, no fim da meada está o orçamento . Ele diz que não há dúvida de que precisa ser remodelado todo o processo, mas ninguém quer tratar do assunto . A mais recente tentativa foi aprovar na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado um projeto originário do ex-senador Tasso Jereissati, relatado por Francisco Dornelles. O governo manobrou e enviou-o para outra comissão.

Nos EUA, o Orçamento obedece ao princípio secular de que não pode haver tributação sem representação, a célebre máxima no taxation without representation , que marcou a revolta das colônias americanas contra o Congresso inglês, que assumia uma representação virtual das colônias e se sentia autorizado a definir seus impostos.

O economista da Fundação Getulio Vargas Fernando Rezende, coautor do livro que dá base ao seminário de Brasília, nota que, nos últimos anos, o peso dos impostos que recaem nas costas de todos os brasileiros é tema de debate permanente, mas o mesmo não ocorre com respeito à forma como os recursos oriundos desses impostos são utilizados .

O Orçamento, formado com o dinheiro que o governo extrai compulsoriamente dos cidadãos por meio de uma grande variedade de tributos, não é motivo de igual interesse, estranha ele, para lembrar que a indignação com a má qualidade dos serviços públicos deveria levar a uma preocupação maior com a maneira como é feito o Orçamento, que está por trás desta situação. É preciso provocar um debate sobre prioridades, beneficiários, desequilíbrios, resultados e desperdícios envolvidos nas decisões sobre o uso dos recursos públicos , diz ele.

As regras que comandam a elaboração e a execução do orçamento pressupõem que a sociedade deveria participar das decisões sobre o uso dos recursos que compõem o orçamento durante a tramitação da proposta que o governo elabora e envia ao Congresso para ser discutida e votada. Mas, ressalta Fernando Rezende, afora a mobilização de alguns setores que buscam preservar seu espaço no orçamento, a sociedade brasileira não se envolve nesse debate .

O Orçamento público é muito importante para ser ignorado, lamenta Rezende: Ele repercute no cotidiano dos cidadãos, afeta o comportamento da inflação, é fundamental para proporcionar iguais oportunidades de ascensão social para uma parcela expressiva da população e para melhorar as condições necessárias ao desenvolvimento do país .

Em suma, precisa ser conhecido e respeitado.

16 de março de 2014
Merval Pereira, O Globo

A ARTE DE PERDER

Quando algo é subtraído da minha vida, logo lembro o poema de Elizabeth Bishop, A Arte de Perder, em que ela diz que perder não é nenhum mistério. Só perdi bobagens na minha infância e puberdade, nada que fizesse falta a ponto de me doer até hoje. Depois, adulta, perdi alguns afetos importantes (“tantas coisas contém em si o acidente”), e agora dei para perder itens materiais que desaparecem de uma hora para outra. Começou com minha carteira recheada de documentos e cartões, sumida num passe de mágica, nunca mais a vi.

Dia desses, bobeei de novo. Das primeiras horas da manhã até o início da noite, revirei a casa atrás do meu smartphone (“perca um pouquinho a cada dia”), e acabei encontrando-o muito tempo depois em cima da máquina de lavar, no modo silencioso, entre uma pilha de jornais – esquecido em algum momento em que fui dar de comer para o gato na área de serviço.

Comentei recentemente que estou entrando na fase de não juntar lé com cré (“depois perca mais rápido, com mais critério: lugares, nomes, a escala subsequente”), as palavras evaporam da lembrança – isso durante conversas fiadas. Textos por escrito se salvam porque podem ser pensados e repensados antes de irem para o jornal.

Não perco a fé, pois um lampejo de crença é preciso ter para levantarmos da cama todas as manhãs, mas cada vez que assisto aos telejornais e suas más notícias, a esperança desaparece como uma carteira, um celular. Não sei se voltará.

“Aceite, austero. A chave perdida, a hora gasta bestamente”.

Perder chave não é problema, sempre há uma sobressalente, e a hora gasta bestamente é perda divertida, saudável, moleca, venero as horas gastas bestamente. Sou pontual não só por educação, mas para me sobrar tempo para o nada.

Mas andei perdendo meus óculos de grau. E isso mudou tudo, cara Elizabeth Bishop.

Encomendei um novo que levou 10 dias úteis para ficar pronto, 10 dias que para mim foram de imagens turvas, nebulosas. Não enxergava as mensagens que chegavam pelo celular (aquele que perdi e recuperei), nem os sensacionais contos de Nu, de Botas, do Antonio Prata (sobre a infância que perdemos e que no livro ele recupera), nem o aviso na parede do prédio sobre a próxima reunião de condomínio, que sempre perco e desse mal não me recupero. Meus óculos de grau, onde ficaram?

Perdi na beira de uma praia de Santa Catarina, ali, na areia, lugar da adolescência que perdi, mas também recuperei – a maturidade tem dessas proezas.

“É evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério”.

Escrevo. Meio cega às vezes, com menos poesia do que gostaria, aturdida com minhas distrações, mas ainda escrevo – para não me perder. 


16 de março de 2014
Martha Medeiros, Zero Hora

COMO IRRITAR AS PESSOAS

Uma das esquetes mais divertidas do grupo inglês de comédia Monty Python se chama Como Irritar as Pessoas, no qual são retratados personagens e situações cujo único propósito e objetivo na vida parece ser irritar as pessoas. Pelo somatório de experiências que venho acumulando, John Cleese e seus companheiros encontrariam farta matéria-prima em nosso cotidiano tropical.

Tente ligar para uma central de táxis. Uma voz dirá automaticamente “um momento” e você cairá em uma espera de prazo indeterminado. Vencida a barreira, você será informado de que não há táxis disponíveis nos próximos 30 minutos e que, portanto, deve ligar para outra central, onde uma voz dirá automaticamente “um momento” e...

Aliás, nesse capítulo dos táxis de Curitiba, tudo me irrita, a começar pelo poder desmesurado da corporação dos taxistas, que consegue – com a conivência de políticos – fazer que o número de carros permaneça o mesmo durante dezenas de anos, enquanto a população se multiplica rapidamente. Depois, a exasperante lentidão do processo licitatório para colocar 750 carros na praça, que já dura mais de um ano e que tem remotas chances de ser concluído no primeiro semestre. Enquanto isso, quando vou para o Rio de Janeiro, sabidamente a capital mundial da bagunça do serviço de táxis, consigo chamar um deles em segundos a qualquer hora do dia e da noite. Que devo pensar? Viva a bagunça, pois ela é mais eficiente que nossa obsessiva organização curitibana?

Não vou falar no atendimento das companhias de telefonia e de cartões de crédito, que levam o pobre comunicante a um passeio numérico interminável (para tal coisa, disque 1, para tal outra coisa, disque 5... ligue novamente e comece tudo novamente pois sua senha não foi reconhecida...), que já são vilões muito manjados.

Tente viajar numa das maravilhas da tecnologia que são os aviões modernos. Na fila do check-in, o primeiro embate: sua mala de mão pesa 7,5 kg e o limite é 5 kg, donde há de despachar sua frágil maleta para ser submetida ao bullying dos carregadores que se esmerarão em colocá-la debaixo das malas mais pesadas para que cheguem você sabe-se como. Depois, sua raiva crescerá quando você entrar no avião e encontrar vários companheiros de voo carregando alegremente gigantescas mochilas, poupadas simpaticamente pelo pessoal do check-in do mesmo destino de sua indefesa mala de mão.

Mas você ainda não chegou lá. Antes há de passar pela revista das bagagens, cuja calibragem para a detecção de metais não perdoa nem obturações de ouro e amálgama. Ao que se segue o vai e vem de tirar os sapatos, o cinto, correntinhas e patuás metálicos e tudo o mais que apite. Eu, que tenho um pino de platina em um tornozelo, colocado pelo saudoso dr. Heinz Rucker, sempre cogito da possibilidade ter de me submeter a um raio-X in loco. Ah, mas meus tubos de creme de barbear com 120 gramas são invariavelmente confiscados pois o limite máximo é 100 gramas.

Não acabou. O avião tem poltronas desenhadas para jóqueis e pessoas desprivilegiadas verticalmente, como dizem os politicamente corretos. Fora desses grupos, viaja-se com o companheiro da frente literalmente em seu colo. Para compensar, você também viaja no colo do passageiro de trás.

Paciente leitor: este texto é uma obra aberta a ser completada por você, que, tenho certeza, terá seu estoque de experiências a relatar. Repito: matéria-prima é que não falta.

 
16 de março de 2014
Belmiro Valverde Jobim Castor, Gazeta do Povo-PR

FRENTES FRIAS

A semana passada começou com o Palácio do Planalto falando grosso e terminou com o governo falando fino para tentar conter a rebelião liderada pelo PMDB em sua base de suposto apoio do Congresso.

Na versão do departamento de propaganda oficial, o embate seria ótimo para a presidente Dilma Rousseff, que teria oportunidade de mostrar-se à opinião pública mais uma vez inflexível às demandas fisiológicas dos políticos, uma categoria em franca derrocada de imagem.

Na realidade, o governo viu-se obrigado a chamar os partidos menores da aliança para negociar caso a caso, cargo a cargo suas demandas fisiológicas a fim de tentar esvaziar o movimento dos rebeldes.

O que a presidente ganhou com isso, além de uma derrota humilhante? Absolutamente nada, uma vez que não poderá levar seu gesto de inflexibilidade à massa. O instrumento que teria para isso seria o horário eleitoral.

Nele, do total de 11 a 13 minutos dos quais poderá dispor se conseguir reeditar a aliança na última eleição, algo em torno de quatro minutos pertencem ao PMDB. Evidentemente estará impedida de atacar o aliado nessa tribuna.

Sendo assim, para que serviu o trato agressivo no Congresso? Se a ideia pretendida pelo marketing não for transmitida à massa, perde sua eficácia.

Mas, de outro lado, deixa como prejuízo um imenso mal-estar com os congressistas, cuja disposição de se empenhar pela reeleição da presidente junto aos eleitores será diretamente proporcional à má vontade com que foram tratados.

Pergunte-se a qualquer um dos deputados federais do PT o que acharam da condução do Planalto nesse episódio e se ouvirão críticas. Sob a proteção do anonimato, claro. O silêncio público da bancada na defesa da presidente nesse embate diz tudo.

Visto com especial desalento por ser mais um de uma série, iniciada com a "faxina ética" do primeiro ano de governo, desmentida com a volta de políticos e partidos então afastados.

Na sequência, a redução da tarifa dos bancos seguida por nove altas de juros e a queda no preço nas contas de luz de aumento já contratado para 2015.

X da questão. O cerne da crise do governo com o PMDB está na Câmara. É pelo número de deputados federais eleitos que se define o tempo de televisão destinado a cada legenda. Hoje com 75 parlamentares, o partido tem direito a cerca de quatro minutos.

O PT quer ajuda federal nos Estados para aumentar sua bancada na Câmara na próxima legislatura. Com isso, busca reduzir o tempo de TV e o poder do PMDB já nas eleições de 2016. Com um número maior de deputados, os petistas ficam em condições também de impor candidatura à Presidência da Casa.

Portanto, é de sobrevivência política que se trata. Se Dilma atende às demandas do PMDB por apoio nos Estados contraria os planos de hegemonia de seu partido; se não atende, põe em risco a construção desse projeto de poder, cujo pressuposto é o de que os aliados se contentem com o papel de subordinados.

Em ovos. A liderança do governo na Câmara não tem dúvida de que o PMDB votará contra o projeto que estabelece o chamado Marco Civil da Internet. Por essa avaliação, a bancada não tem como recuar da posição já anunciada.

Mais uma vez os parceiros de aliança serão adversários no plenário nesta semana. Se votação houver, bem entendido. Até sexta-feira o governo só tinha certeza de contar com os votos do PT, PC do B, PDT, PROS e PSB. Tinha esperança de conquistar o PTB e o PP, dúvidas sobre o PSD e quase certeza de que não teria o apoio do PR.

Este último está estressado com o ministro César Borges (Transportes), do partido, que tentou fazer a bancada abandonar o "blocão" e ouviu de volta que se alguém deveria sair de algum lugar era o ministro do cargo.

 
16 de março de 2014
Dora Kramer, O Estado de S. Paulo

DILMA VAIADA

 
16 de março de 2014




O QUE VOCÊ NÃO VÊ NA TV

Conselho Fiscal da Petrobras faz alerta sobre dívida e rating de crédito. Com US$ 114,3 bilhões em dívida no fim de 2013, a Petrobras é a petroleira mais endividada do mundo

 
A Petrobras precisa se esforçar para reduzir sua dívida, caso não queira correr o risco de ter sua nota de crédito rebaixada, disse o Conselho Fiscal da estatal. O corte da nota poderia prejudicar os planos de investimento ao aumentar seus custos.

A dívida líquida da petroleira subiu para mais de 3,5 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (o chamado Ebitda) em 2013, um nível mais de 40% acima da meta da empresa de 2,5 vezes o Ebitda.

Os comentários do Conselho foram feitos em uma reunião no dia 25 de fevereiro, cuja ata foi publicada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na sexta-feira. 
Com US$ 114,3 bilhões em dívida no fim de 2013, a Petrobras é a petroleira mais endividada do mundo, segundo dados da Thomson Reuters.

O aumento na dívida da Petrobras, provocada pelo controle do governo nos preços de combustível e perdas com as importações crescentes de gasolina e diesel, aumentou a preocupação de que a empresa pode ter problemas para pagar seu plano de investimentos de cinco anos de US$ 221 bilhões.
 
 
“Os membros recomendam à administração da companhia que envide esforços para reduzir a alavancagem da Petrobras tendo em vista que a deterioração deste múltiplo põe em risco o atual rating de crédito, podendo afetar tanto os volumes como os custos de futuras captações para financiamento do plano de investimentos da companhia”, disse o Conselho Fiscal na ata.
Em outubro, a agência de classificação de riscos Moody's cortou o rating de longo prazo da Petrobras de A3 para Baa1, por preocupações com a alta alavancagem financeira e o fluxo de caixa negativo da estatal brasileira.
No início desta semana, a Petrobras vendeu US$ 8,5 bilhões em bônus para ajudar a financiar seu plano de investimento.

REUTERS (EMAIL)
O Globo

CAMPANHA CONTRA VIOLÊNCIA NA VENEZUELA TRAZ IMAGEM DE DILMA

 


Usuários do Twitter estão compartilhando montagens de fotos com alguns presidentes da América Latina que lutaram contra ditaduras em seu país em décadas passadas e, hoje, consideram a realidade na Venezuela como sendo democrática.

Na campanha, internautas condenam a posição tomada pelos líderes da Argentina, Cristina Kirchner, do Brasil, Dilma Rousseff, e do Uruguai, José Mujica, pedem pela paz no país e relembra as mortes de cidadãos do país, calculadas em pelo menos vinte e cinco, em mais de um mês de manifestações violentas.
 
Com a hashtag #SOSVENEZUELA, as fotos, que começaram a ser compartilhadas pelo usuário @calavera, estão fazendo sucesso na rede social.
 
 
​Entre os líderes, a campanha usa a foto de José Mujica, líder do Uruguai, que expressou em uma entrevista ao jornal chileno La Tercera nesta quarta-feira sobre as manifestações que acontecem na Venezuela. Segundo Mujica, “a oposição tem recursos capazes de derrubar o governo e conseguir uma grande maioria” e que o governo deve “fazer cumprir a Constituição”.
O presidente uruguaio diz que a oposição venezuelana seria “o primeiro caso na história de um exército da esquerda na América Latina”.

16 de março de 2014

BIBLIOTECA DIGITAL DO SENADO SÓ POSSUI MATÉRIAS SOBRE SARNEY


Quem pesquisar, pela internet, por textos publicados em duas dezenas de órgãos de imprensa entre os anos 1970 e meados dos 1990 no acervo digital de jornais e revistas da Biblioteca do Senado encontrará somente reportagens sobre um único político: José Sarney (PMDB-AP).
 
Os registros eletrônicos mostram que mais de 10 mil reportagens foram indexadas com o assunto "Sarney, José", e nada mais. Diversas imagens escaneadas dos recortes de jornais mostram o nome do senador como único termo sublinhado nos títulos das reportagens.
 
Nos 10.677 textos, estão desde considerações de Sarney sobre política, diplomacia e economia até registros sobre a saúde da mãe dele, Dona Kiola.
 
Também há referências a escândalos e denúncias no decorrer de sua trajetória. Só não estão incluídas menções à Assembleia Constituinte de 1988. O motivo é a existência de outra coleção digital que concentra reportagens sobre a Carta Magna.
 
Também nela, Sarney é a estrela: seu nome é citado em mais 19.847 textos - 58% dos quase 34 mil registros. Informações de bastidores da biblioteca e da direção do Senado revelaram que foi o próprio político, em sua primeira gestão como presidente da Casa, entre 2003 e 2005, quem deu a largada para a digitalização do noticiário referente à Constituinte e também de um projeto intitulado "Presidentes do Senado".
 
Embora Sarney tenha sido o 62º senador a ocupar o posto, o trabalho começou - e acabou - por ele. Renan Calheiros (PMDB-AL), seu sucessor, encerrou contratos com funcionários terceirizados e pôs fim ao projeto.
 
16 de março de 2014
 

GRUPO CONVOCA REEDIÇÃO DE MARCHA ANTICOMUNISTA OCORRIDA EM 1964



A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, ocorrida em São Paulo, no dia 19 de março de 1964, para pedir que o então presidente João Goulart fosse deposto, por conta de uma ameaça comunista, será reeditada no próximo sábado (22), em mais de 200 cidades.

O evento, convocado pelo Facebook, já tem a confirmação de presença de mais de 3 mil pessoas. Em apoio ao regime militar, cerca de 500 mil pessoas foram às ruas, segundo informações do Jornal do Brasil na época.
 
Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, entre as justificativas para a passeata estão “um golpe comunista marcado para esse ano" e  que seriam organizados pelo “PT, com o apoio de partidos de esquerda, da Mídia Ninja".

O grupo pede uma intervenção militar, para acabar com a corrupção, retirar os políticos corruptos de seus cargos, moralizar os três Poderes e convocar novas eleições para a criação de um governo “ficha limpa".

"Seria constituído um governo provisório, de três meses, e eles convocariam novas eleições, mas em urnas que não sejam fraudadas", explicou à Folha um dos organizadores do evento, Bruno Toscano. Também envolvida na organização da marcha, Cristina Peviani afirmou, em resposta ao uso de tortura pelos militares, que nem sabe  “se eles adotaram isso. Porque o pessoal que diz que foi torturado está tão gordo, tão forte, tão bonito, né? Eu vi lá na comissão [da Verdade de São Paulo], que eles não tinham uma marquinha sequer. Mas, o seguinte: era uma guerra entre o bem e o mal. Os dois mataram. Eu tenho uma lista imensa de soldados mortos pelo comunistas".
O grupo se diz apartidário.

16 de março de 2014
 

HEGEMONIA PERDE FORÇA

A luta, vista de perto, deixa ver um embate engalfinhado por espaços na estrutura governativa entre dois gigantes partidários: PMDB e PT. Sobre o primeiro colou-se a pecha de fisiológico, onipresente em quaisquer governos.

Sobre o segundo, conta-se um pouco de tudo, desde a versão de que deixou de ser “vestal” para se transformar em pecador igual aos outros, ao mito de que, à moda do Criador, teria plasmado a abóbada que adorna os céus dos nossos trópicos e aberto, “pela primeira vez”, a torneira da bem-aventurança, despejando felicidade a milhões de brasileiros saídos do inferno para o gozo do paraíso. Ambos são parceiros na construção da aliança que pôs Dilma Rousseff no comando da Nação.

Desde 1986, quando elegeu 22 dos 23 governadores de Estado, 260 deputados federais e 44 senadores, o PMDB tornou-se a maior organização partidária, elegendo, em eleições seguintes, o maior número de prefeitos e as bancadas mais cheias nas áreas legislativas- federal, estadual e municipal.

De lá para cá, acumulou extraordinária capilaridade, fazendo-se presente nos rincões distantes e se tornando o pêndulo de qualquer governo.

Desde 1984, quando foi criado sob o epíteto do “socialismo democrático”, que hoje se esconde sob o esparadrapo de feridas abertas pela Ação Penal 470, o PT se esforça para liderar o ranking da política.

Puxando os cordões do poder pelas margens sociais, conseguiu chegar, por três vezes, à presidência da República, e esse ano busca angariar a quarta vitória, com a qual reforçará a base do projeto mais longo (e vertical) de poder da história contemporânea: dirigir o Brasil por um tempão. Vertical na perspectiva de concentrar o poder nas próprias mãos, evitando dispersão de forças.

Vista de longe, a esganiçada contenda entre os dois atores mostra que ambos não lutam apenas para conquistar espaço na Esplanada dos Ministérios (o PT comanda 17 Pastas e o PMDB apenas 5). Trata-se de algo mais abrangente e que, pouco a pouco, acirra os ânimos dos parlamentares plantados nas legendas governistas.
O busílis tem nome: o projeto hegemônico do Partido dos Trabalhadores.

O escopo pode ser assim descrito: alijar o principal parceiro, o PMDB, do centro do poder, deixá-lo à margem, transformando-o em partido médio igual aos outros; portanto, de arreio curto e sem condição de alçar vôo em direção ao comando das duas Casas Legislativas, como hoje.

A meta petista PT é eleger, este ano, 130 deputados federais, o maior número de governadores, a mais extensa bancada de deputados estaduais, pavimentando um gigantesco campo que servirá de base para a decolagem de candidatos a prefeitos e vereadores, em 2016, com os quais a sigla resgataria, sob ecos triunfantes, o Volta Lula em 2018, com direito à reprise na reeleição de 2022. O resto, SDS (Só Deus Sabe).

Hegemonia – eis o fulcro do imbróglio entre os maiores partidos políticos. O poder hegemônico engendrado pelo PT é que está em jogo. Tal estratégia começa a esquentar a peroração política. A sensação, no momento, é de que o domínio político e administrativo por uma sigla que abre intensa polêmica, ameaça criar divisões profundas no meio da sociedade.

Ortodoxos chegam a aventar a hipótese de mudança de regime e da instalação de um Estado com extensos braços intervencionistas, a par do controle dos meios de comunicação, caso os petistas consigam realizar seu intento. Vamos à análise. São tênues, para não dizer improváveis, alternativas que apontem para o estreitamento das colunas do nosso edifício democrático.

Governos de partidos únicos, regimes totalitários, visões intervencionistas e modelagens que fecham as tubas de ressonância social são cada vez mais escassas na esfera planetária. A contemporaneidade abre-se para o respiro social e a hegemonia, pelo menos nos termos do passado, não condiz com a atualidade.

Hegemonia expressa domínio, força, poder de mudar, controlar e impor. Denota o predomínio de visão unilateral por parte de um partido ou de um grupo, engenharia que não condiz com o espírito de nosso tempo.

Não se divisa “o fim do poder”, nas condições que o editor-chefe de Foreign Police, Moisés Naim, mostra em seu livro lançado em outubro do ano passado, e, sim, sua degradação, seu arrefecimento. Basta enxergar a teia por onde se move a política.

As crises econômicas, em série; a organização das comunidades de todos os tipos; a elevação do conceito de igualdade entre gêneros; os conflitos no mundo do trabalho; a delinqüência e a violência expandida nos centros urbanos; a queda dos mercados financeiros constituem, entre outros, fatores que alteram a maneira de agir dos Poderes centrais.

As dificuldades enfrentadas pelas administrações públicas, em todo o planeta, impõem novos paradigmas, levando os Poderes a se tornarem fragmentados. O palco da política está mudando. Na esteira da dispersão, antigos Centros de Poder perdem sua capacidade de coordenação e controle.

Os arsenais das democracias enchem-se de armas menores, mas tão eficientes como os grandes armamentos, tendo capacidade de vetar, contrapor, combater e limitar as margens de manobra dos grandes atores.

Essa nova artilharia é composta e suprida por micropoderes, ajuntamentos de pessoas, formados no interior de categorias profissionais, na escala dos gêneros, nas geografias regionais e no espaço das organizações intermediárias. E o que se vê? Governantes, mesmo aqueles que detêm imenso poder, como os nossos, ancorados num modelo presidencialista de caráter imperial, enfrentam vulnerabilidades.

A presidente Dilma, mesmo dispondo de formidável rolo compressor – uma base governista em torno de 350 parlamentares na Câmara – não acaba de ver a aprovação da convocação de 10 ministros?

Moisés Naim pinça um bom retrato: “a figura de Gulliver, amarrado no chão por milhares de minúsculos liliputianos, capta bem a imagem dos governos destes tempos – gigantes paralisados por uma multiplicidade de micropoderes”.

16 de março de 2014
Gaudêncio Torquato, jornalista, é professor titular da USP e consultor político e de comunicação

ESTUDANTES LANÇAM MANIFESTO EM VÍDEO À NAÇÃO NA VENEZUELA E AVISAM: NÃO SAIRÃO DAS RUAS: LIBERDADE OU NADA!


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=X1QhfR54Yj0

Este vídeo que percorre o mundo pelas redes sociais reúne os depoimentos de dezenas de estudantes da Venezuela. Foram os estudantes que iniciaram a onda de protestos contra a ditadura chavista comunista de Nicolás Maduro.

O protesto que começou pequeno e tomou conta de todo o país. Há mais de um mês o povo venezuelano está nas ruas contra a ditadura.

Neste sábado a violenta repressão do governo chavista com assessoria de especialistas em tortura e assassinato do governo cubano, continuou perseguindo a população civil desarmada e violando os lares dos cidadãos.

Pelo Twitter, na tarde deste sábado, um ativista sugeriu que as pessoas deveriam utilizar sacos plásticos cheios de "pupú" (cocô) para lançar do alto dos apartamentos contra invasores, argumentando ser uma arma não letal e que afugentaria os comunistas.

Esse é o estado real da Venezuela. Este vídeo e a inusitada decisão de lançar sacos de fezes humanas contra os comunistas jamais serão veiculados pela grande mídia, totalmente controlada pelos comunistas do PT.
 
16 de março de 2014
in aluizio amorim

AS LIÇÕES DE EDMAR BACHA PARA IÇAR O BRASIL DO LODAÇAL DO ATRASO.


PAÍS PRECISA URGENTEMENTE SE INTEGRAR ÀS CADEIAS GLOBAIS DE PRODUÇÃO PARA ESCAPAR DO 'PIBINHO'
Edmar Bacha: O Brasil é um gigantinho em termos de PIB e um anão nas exportações (Foto do site do Estadão)
No atual debate político econômico brasileiro, poucos têm posição tão clara como o economista Edmar Bacha. "Não é segredo para ninguém que sou tucano", diz ele. Um dos pais do Plano Real e hoje diretor da Casa das Garças, ponto de encontro carioca reservado às discussões de temas de interesse nacional, Bacha defende que o novo governo vai precisar impor um "desafazimento" da atual política macroeconômica e lançar as bases para uma abertura comercial de longo prazo.
 
O jornal O Estado de S. Paulo fez uma longa entrevista com Edmar Bacha cujo conteúdo se pode tipificar como as linhas gerais de um plano de governo na área econômica. E por isso surge imediatamente uma indagação: Por que brasileiros inteligentes, competentes, estudiosos e educados com o professor Edmar Bacha, são descartados? 
 
A entrevista está muito interessante. É também uma ótima aula de economia, já que Bacha foi professor da PCU-Rio, por muitos anos (não sei se ainda é). E, como professor, sabe explicar as coisas complicadas com exemplos simples. A ilustração do “reclame” Regulador Xavier neste post tem a ver com a entrevista. Bacha é irônico bem humorado, porém extremamente elegante e respeitoso na formulação de suas análises e na defesa de seus pontos de vista.
 
Por tudo isso, recomendo que leiam com atenção. Ao final dou o link para a leitura completa da entrevista.
Leiam:
 
No evento que marcou os 20 anos do Plano Real, na semana passada, o senhor disse que no primeiro dia do novo governo seria necessário retomar a reforma tributária. A agenda se resume à reforma?
Edmar Bacha: Não. Com certeza é mais ampla. Eu parto de um diagnóstico, com uma sequência de pontos. O primeiro ponto é a constatação que estamos presos na chamada armadilha da renda média. Desde 1981, o Brasil vem tendo um crescimento medíocre. Esse processo parecia ter se alterado a partir de 2004. Porém, fica muito claro hoje que o impulso adicional que a economia teve entre 2004 e 2011 foi fruto único e exclusivo da bonança externa. A alta dos preços das commodities (matérias-primas com cotação internacional) e a enorme entrada de capital nesse período propiciaram e financiaram um extraordinário aumento da demanda interna. Como havia no começo do período uma capacidade ociosa acentuada e um desemprego alto, isso permitiu, durante esse período da bonança até 2011, que o País crescesse mais do que vinha crescendo no período anterior. Com a reversão da bonança, os preços das commodities começaram a cair e o fluxo de capital, por circunstâncias diversas, se reverteu, e voltamos aos pibinhos. Associado a esses pibinhos vem algo peculiar. Se temos pibinhos, deveríamos ter inflação baixa. No entanto, ao contrário, estamos com inflação elevada para os padrões dos nossos vizinhos - com exceção de Argentina e de Venezuela, que ninguém mais leva em conta. Há também déficit externo, quando pibinhos são associados a superávits comerciais. Esse conjunto denota que a economia brasileira tem uma enfermidade. Estamos diante de uma doença brasileira, que se forma pela associação de baixo crescimento, alta inflação, déficit externo e, para compor o quadro, desindustrialização. O que se constata é que o pibinho não é produto do atual governo, não é cíclico. É uma característica da economia brasileira há 30 anos. Uma característica quase secular - o País tem limitações para fazer a transição para o primeiro mundo.
(...)
Qual o segundo ponto do diagnóstico?
Edmar Bacha: O segundo ponto é o que se vê quando listamos os países que, no pós-guerra, conseguiram fazer a transição da renda media para a renda elevada. Não foram muitos. Na minha conta, foram uns dez. Os Tigres Asiáticos e Israel fizeram a transição com base na indústria exportadora. Os países da periferia europeia - Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda - fizeram a transição com base em prestação de serviços, inclusive com a concessão de mão de obra para a comunidade europeia. O terceiro conjunto de países inclui Austrália, Nova Zelândia e eu também colocaria no grupo a Noruega. Até o final dos anos 1960, a Noruega era o mais pobre entre os nórdicos e agora é o mais rico. Esses três países fizeram a transição na base de produtos naturais. Cada um fez a transição a sua maneira, mas com uma característica comum: todos se integraram a um mercado maior e encontraram nichos a partir dos quais conseguiram se desenvolver. Isso é empírico. A transição ocorreu por meio da integração internacional. Analiticamente, parece claro - para transitar da renda média para a alta renda, o nome do jogo é produtividade. Para todos esses países havia acabado a fase fácil em que se conseguia aumentar a produtividade trazendo gente da cidade para o campo - a fase em que a China e a Índia ainda se encontram. Como o ambiente urbano é mais produtivo que o campo, a mera transição do campo para a cidade, num contexto frequentemente de substituição de importações, permite que se faça a transição da pobreza para a renda média.
Pela sua exposição, foi feito tudo ao contrário do que se deveria, então.
Edmar Bacha: Sim. Hoje temos uma economia improdutiva, de alto custo, que sobrevive com enormes níveis de proteção. Nossos altos preços são frutos de uma economia fechada. A resposta do governo para toda essa problemática, principalmente depois de 2007, foi fechar mais. Quando o governo viu a desindustrialização e a incapacidade de concorrência das nossas empresas, ele aumentou as tarifas de importação e reduziu o IPI para produtos como automóveis produzidos localmente. Houve uma generalização da política de conteúdo local, da ideia de adensamento produtivo e da percepção de que é preciso criar mais proteção. Vou usar uma analogia. Vocês são muito jovens e não vão lembrar, mas tudo bem. Nos bondes de Belo Horizonte, nos anos 1950, havia anúncios do Regulador Xavier, O Grande Amigo da Mulher. Número 1: excesso. Número 2: escassez. Nós temos escassez de exportação e, portanto, precisamos de Regulador Xavier número 2. Abertura. Mas o governo está usando como remédio o Regulador número 1, que é para excesso. Faz isso porque vê excesso de importações. E ainda tenta corrigir o problema setorialmente. Vai setor por setor, olhando qual é o déficit comercial. Na indústria da saúde - esse eu sei - o déficit é de US$ 11 bilhões. Na indústria de eletrônicos - esse eu também sei - US$ 16 bilhões. Em função dos déficits setoriais, o governo cria estratégias de proteção, via subsídios creditícios do BNDES e via requisitos de conteúdo local, exagerados. São excrescências. E há ainda uma terceira excrescência: os PPBs, Processos Produtivos Básicos. Se você quer se beneficiar dos subsídios e da proteção para produzir a tomada de três pontas - esse grande avanço tecnológico brasileiro (risos) - basta submeter um projeto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, apresentando especificações das diversas etapas do processo produtivo, e um burocrata do ministério vai dizer quanto você tem que comprar de produto local para produzir aquele bem. É a mesma coisa por todos os lados: para dar uma resposta à baixa produtividade o governo aumenta a improdutividade, criando e ampliando toda essa parafernalha. Vou dar um exemplo bem pequenininho. A Unesco está lançando um concurso de projetos, voltado a pesquisadores de universidades interessados em fazer um estudo analítico sobre como aprofundar a política de adensamento produtivo, de maneira a beneficiar os setores mais atingidos pela onda das importações. Veja você: é um projeto realmente encomendado e financiado por alguém do Brasil para a Unesco e a gente sabe que vai ter só uma proposta, de uma universidade do interior paulista. A gente precisa romper com essa combinação desastrosa que existe no Brasil de hoje.
(...)
E como fica o BNDES?
Edmar Bacha: O BNDES, depois da crise, foi totalmente desvirtuado. O mercado de capitais estava se desenvolvendo e o BNDES se voltando para duas grandes linhas - de complementação do financiamento privado e de especialização em nichos muito críticos, mas que o setor privado não vai atacar, como infraestrutura e alta tecnologia. Mas, de repente, o BNDES virou a mãe do todos os empresários brasileiros. Abriram o Tesouro para ele fazer tudo o que queria e o BNDES se tornou esse Golias - não, Golias não, isso seria uma homenagem. Tornou-se esse gigante balofo que está aí, que, na verdade, em vez de complementar, está substituindo o mercado financeiro, inibindo o desenvolvimento financeiro do País, distorcendo a alocação de recursos, criando um orçamento paralelo que não é votado pelo Congresso, que não é incluído nas contas públicas, tornando ainda menos transparentes as contas públicas brasileiras. O BNDES virou uma desgraça e certamente ele tem que voltar aos trilhos de antes dessa expansão extraordinária, propiciada por uma percepção equivocada das consequências da crise econômica financeira internacional de 2008 e 2009.
(...)
O sr. já apresentou essa proposta a algum candidato?
Edmar Bacha: Obviamente eu discuto essas ideias. Vocês devem querer saber sobre a minha relação com o Aécio (Aécio Neves, senador por Minas Gerais e provável candidato do PSDB à Presidência da República). Não é segredo para ninguém que sou tucano. Mas não estou na campanha. Quando o Aécio me pergunta alguma coisa, eu apenas digo o que eu acho.
Vocês têm conversado?
Edmar Bacha: Não. A última vez que conversei com o Aécio foi sobre o discurso dele. Esse discurso que ele fez sobre o Real.
Que cenário o sr. está vendo para a campanha?
Edmar Bacha: Do nosso lado houve o apaziguamento interno. Desde o Fernando Henrique, esta será a primeira eleição em que o partido vai estar íntegro, apoiando um candidato. O trabalho do Aécio foi feito todo em cima disso e foi conseguido. O partido está unificado. Agora, temos que conseguir os palanques regionais. É isso que o Aécio está falando atualmente. A etapa final é na hora em que a TV se abre, após o fim da Copa. Aí vamos para o debate público.
A economia vai ter um peso maior nessa eleição?
Edmar Bacha: Do jeito que as coisas estão indo, com certeza. A insatisfação existe. É uma insatisfação difusa. O emprego ainda está alto, mas, por outro lado, os preços estão saindo do controle. Existe medo do que o futuro promete. Há muita insatisfação com a qualidade dos serviços públicos. Existe o desejo de mudança. Isso está nas pesquisas de opinião pública. As pessoas estão insatisfeitas, estão querendo alguma coisa nova.
 
 
16 de março de 2014
in aluizio amorim