"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

JOAQUIM BARBOSA BOTA PRA CORRER ADVOGADO DE JOSÉ G-SUÍNO



Os que assistiram algo mais do que aquela lenga lenga sobre seleção brasileira e Cópula do mundo na TV viram uma cena bizarra no plenário do STF.

O "divogadu" do quadrilheiro condenado José G-Suíno do PT, resolveu peitar o Eminente Ministro Joaquim Barbosa durante uma seção do STF.

O "divogadu" queria porque queria que o ministro colocasse na pauta do dia o pedido de G-Suíno para cumprir a sua pena por corrupção no conforto do lar.

G-Suíno que é cardiopata e não morre nem fudendo, entrou com um pedido de prisão domiciliar e parece que está com pressa, queria talvez assistir a Cópula do Mundo com a família, e pelo visto Joaquim Barbosa deu uma engavetada no pedido e vai levando em banho maria o julgamento do recurso.

Barbosa sabe que no momento em que sair para a aposentadoria e o infame sinistro Lewandowiski assumir a presidência do STF, será liquida e certa a soltura não só de G-Suíno como a de todos os PTralhas que estão lá... guardadinhos na Papuda. A maracutaia jurídica já deve até estar pronta.

Acredito que Barbosa protela o julgamento o máximo que puder com a intenção de se fazer justiça de alguma forma. Manter os quadrilheiros do PT em cana não tem preço, mas tem dias contados.

Bem, o "divogado" meteu o pé no peito de Barbosa, a situação virou um bate boca meio que barraco até que o presidente do STF mandou que retirassem o causídico badernento.

Após o anuncio de aposentadoria precoce, e principalmente após as condenações dos vagabundos vermelhos, parece que Joaquim Barbosa caiu em desgraça e todo mundo do lado negro da força resolveu atacar, desrespeitar e até ameaçar de morte o Ministro.

Todos querem tirar uma casquinha dessa situação, onde um eminente ministro fez valer as leis e colocou em cana vagabundos da pior espécie, e como o Brasil do pt virou um puteiro de quinta, a bandalheira tomou conta.

Esta circulando na mídia que o "divogadu" estava embriagado, segundo um dos seguranças que o retiraram do plenário, mas....

E para não deixar de ser a inutil OAB em vez de manter o estado de direito e o respeito as instituições punindo o "divogado" bate pau, soltaram uma nota criticando a postura do Ministro Barbosa, só faltam dar uma medalha para o escorraçado boquirroto. Todos sabemos que a OAB está aparelhada pelos vermelhos. Então...

E ao final desse circo sabemos que Barbosa se aposenta por não aguentar mais a pressão que recebe por ter enfiado em cana a vagabundalha vermelha, e o pior, os que lá ficam, no STF, irão trabalhar em prol da impunidade da cumpanherada. 
A democracia, a justiça e o país só tem a perder com esse esgoto a céu aberto que está se tornando a suprema corte. E para o G-Suíno, espero que ele não coma castanhas este ano eita coraçãozinho doente que não infarta sô!!!

12 de junho de 2014
omascate

FRASES CRETINAS

O mundo está cheio de frases cretinas. Inteligentemente formuladas, mas cretinas. Vou comentar algumas delas. A primeira, já a comentei em 2000. Volto ao assunto: Que és tu para contestar autoridades que já pensaram o mundo?

Este é argumento mais safado usado pelos crentes – em Deus ou em qualquer outra superstição – para dissuadir um jovem que tem dúvidas. Como ilustres sumidades é o que não falta para proferir bobagens ao longo da história, eles sempre encontram nomes de prestígio para citar.

A Igreja foi buscar-me ainda no campo. Uma catequista uruguaia apanhava-me em um jipe na Linha Divisória entre Livramento e Dom Pedrito para jogar-me nas aulas de catecismo.

Na cidade, fui estudar em colégio católico, dirigido por padres oblatos. A eles agradeço minha iniciação em latim, francês e inglês. E só. Para desgraça de meus catequistas, muito cedo comecei a ler a Bíblia. Como não há fé em Deus que resista a uma leitura atenta da Bíblia, minhas dúvidas começaram a inquietar os oblatos. Um sacerdote de Bagé, franzino e inquisitorial, veio às pressas para tentar trazer o herege em potencial de volta ao rebanho.

Discutimos um dia todo, com várias jarras de água e um almoço de permeio. A cada preceito de fé que eu contestava, o padre Fermino Dalcin me jogava no rosto a acusação: "Arrogância. Orgulho intelectual. Quem és tu para contestar, aqui em Dom Pedrito, o que autoridades decidiram em Roma?"

Era um argumento pesado para um piá de uns quinze anos. Eu só tinha como defesa descrer do que não conseguia entender. Mas resisti e consegui, ainda adolescente, libertar-me do deus judaico-cristão. Sou um ser dotado de pensamento lógico.

Por mais que padre Fermino citasse São Tomás ou Santo Agostinho, não me afastava um milímetro de minha posição. Do alto de minha razão, eu enfrentava o Torquemada de Bagé. Há pensadores que ganharam renome na história e até hoje fazem escola proferindo sandices. Por mais espaço que ocupem nas enciclopédias, a mim nada dizem. Essas pergunta – quem é você? – é uma das mais perversas que conheço. Se o interlocutor não tem muita segurança, o vigarista ganha a parada.

Uma outra frase, não menos safada, é esta: ninguém é ateu no leito da morte. Comentei-a há alguns meses. Pior é quando é proferida por um médico. Como médico lida com morte, seu ofício parece dar-lhe mais autoridade.

Eu não conheço ateu no leito de morte – disse um cardiologista gaúcho, o dr. Lucchese, em um debate televisivo em Porto Alegre. O médico é um autor de livros de auto-ajuda que viraram best-sellers, com mais de meio milhão de exemplares vendidos. O que, para mim, já depõe contra o dr. Lucchese. Best-sellers são livros elaborados conforme os baixos instintos do grande público. Mas deixo de lado a fortuna literária do doutor e me atenho à sua afirmação.

Pretende o doutor que, na hora da morte, até ateus passem a crer em Deus. É o que deduzo de sua afirmação. Vou traduzir o crer em Deus por crer em uma vida após a morte. Pois para quem morre, o que interessa não é Deus, e sim a transcendência que sua existência implica.

Dr. Lucchese, antes de ser médico, revelou-se um católico fanático. (Pelo que sei, agora anda namorando os evangélicos televisivos). Daqueles que não admitem que alguém possa viver bem – e morrer bem – sem acreditar em deus. Mais ainda, sem esperar nada no Além. Se alguém vive bem e morre sem pedir água, toda a fé do Dr. Lucchese é vã. Ele precisa justificar sua muleta e então diz uma bobagem dessas.

Esta afirmação tem algo de ofensivo. No fundo, o médico está afirmando que todo ateu é um covarde, que na hora do vamos ver apela a Deus. Não é bem assim. Isso é coisa de religioso que não acredita – nem admite – que alguém possa viver bem sem esperanças de vida além da morte.

Não, Dr. Lucchese, nós ateus não temos razão alguma para almejar vida eterna. Uma só vida já está de bom tamanho. Nos leitos de suas cirurgias, o dr. terá encontrado simulacros de ateu, que sequer sabem o que seja descrer. Ateu que se preza não pede quartel.

Já vivi situações próxima da morte e nem pensei no tal de Deus. Pensei, isto sim, nos amigos e amigas que tive e tenho, e nos bons momentos que passamos juntos. Quando minha mulher morreu, nem eu nem ela pensamos em tais bobagens. Aliás, exigi a retirada de um Cristo obsceno que dominava a capela mortuária.

Outra variante também safada da frase do médico é esta: ninguém é ateu quando o avião está caindo. Já vivi também tal situação – não que o avião estivesse caindo, mas eu pensava que estava – e tampouco em momento algum pensei no tal de criador de todas as coisas. Apenas apertei a mão de minha mulher e fiquei à espera do pior. Ou talvez do melhor, nunca se sabe o que vem pela frente.

Na esteira das frases cretinas sobre aviões, uma outra se sobressai. É quando, em caso de acidente, um sobrevivente diz: graças ao bom Deus, me salvei. Sorte a sua, companheiro. Mas que tinha seu bom Deus contra os que morreram?

Adelante! Esta ouvi de um companheiro de bar: não deves estar à frente de tua época. Era marqueteiro et pour cause. Não é bom que um marqueteiro esteja à frente de sua época. Se estiver, não será entendido pelos seus conterrâneos e perderá clientes. De minha parte, sempre procurei ler os autores que pensaram à frente de seus coetâneos. A meu modo, sempre estive à frente dos meus. Quando estava em moda ser comunista, eu há muito criticava os comunistas. Fui católico, é verdade. Mas isto foi um acidente de percurso, do qual eu não estava imune, e do qual libertei-me tão logo comecei a ler a Bíblia.

É frase que concorre forte ao Nobel das frases idiotas. Claro que este companheiro de boteco não esquentou muito banco em minha mesa. Esta assertiva é a mais cabal negação de todo avanço na história, na ciência e no conhecimento. Não fossem os homens que pensaram adiante de sua época, viveríamos ainda na Idade Média.

Para concluir, esta outra, safadérrima: o hábito de perguntar por quê arruinou o mundo. É de autoria do padre Padre Pio de Pietrelcina, sacerdote católico italiano, elevado a santo pela Igreja Católica e objeto de particular veneração do Aiatolavo de Carvalho, outro ao qual deve incomodar muito o hábito de perguntar por quê.

Era malandro desde pequeno, quando se tornou amigo do seu anjo da guarda, a quem recorria muitas vezes para auxiliá-lo no seu trajeto nos caminhos do Evangelho. E eu que não sabia que até os anjinhos da guarda conheciam os Evangelhos. Vai ver que tinham aulas de catecismo nas alturas. Conta a história que ele recomendava muitas vezes as pessoas a recorrerem ao seu anjo da guarda, estreitando assim a intimidade dos fiéis para com aquele que viria a ser o primeiro sacerdote da história da igreja a receber os estigmas do Cristo do Calvário.

Aos 23 anos teve seu primeiro estigma, tinha o dom da bilocação e era muito milagreiro. Já que falei em aviões, relato um de seus milagres. O personagem é um piloto americano de bombardeiro durante a Segunda Guerra e devoto do padre Pio, que o salvou nos ares.

"O avião estava voando para o aeroporto onde ia pousar depois de descarregar suas bombas. Mas o avião foi danificado por um avião de caça japonês. "O avião" - disse o filho - explodiu antes que a tripulação tivesse a chance de saltar com o pára-quedas. Eu só tive sucesso saindo do avião. Eu não sei como eu fiz. Eu tentei abrir o pára-quedas, mas eu não tive sucesso fazendo isto.

Então eu teria me esmagado no chão se eu não tivesse recebido a ajuda de um frade que me apareceu no ar. Ele tinha uma barba branca, ele me levou em seus braços e me colocou suavemente no aeroporto. Você imagina, que tipo de surpresa eu tive, isto retirou minha fala.

Ninguém acreditava em mim, mas por causa de minha presença todo mundo teve que acreditar. Eu reconheci o frade que salvou minha vida quando, depois de alguns dias me deram licença e eu fui para casa. Eu vi o monge nas fotografias de minha mãe. Ela me falou que tinha pedido para Padre Pio que cuidasse de mim".

Quanto à tripulação, que se lixe. Não eram devotos do santo padre. Explodiram com o avião. Este é o paradoxo de todos os milagres aéreos. Por que? Ora, padre Pio detesta esta perguntinha.

Era homem que sabia do que falava. Nesta pergunta reside a origem de todas as heresias e a libertação do homem de dogmas absurdos. Todo religioso a detesta.

Se o leitor conhece outras perguntinhas deste teor, favor enviar para minha coleção.



12 de junho de 2014
janer cristaldo

PALMADA: EM CASA MANDO EU!

Artigos - Governo do PT

Quem decide acerca da religião e dos valores éticos ensinados em domicílio são os pais, e nunca o Estado.

A tal "lei da palmada", recente criação do Congresso Nacional, representa uma invasão abstrusa do Estado no recesso do lar. Com efeito, reza a Constituição Federal: "A casa é asilo inviolável, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.” (Art. 5º XI). Pois é! O Estado quer penetrar à chucha calada nas residências brasileiras, determinando como os pais devem educar os filhos.

Ninguém, em sã consciência, aprova qualquer medida física, violenta, a ser infligida contra crianças. No entanto, para coibir o excesso, já existem o Código Penal Brasileiro e leis esparsas.

Um amigo me contou que num restaurante presenciou a cena na qual uma criança, completamente fora de si, desobediente e agressiva, desferiu um tapa no rosto da mãe. O que fazer nessa situação? Segurar o referido infante energicamente pelos braços e levá-lo à força para fora do recinto seria um comportamento que se subsome ao tipo da novel lei?

No fundo, a "lei da palmada" é inconstitucional. Demais, trata-se de um precedente gravíssimo de inserção de ideologias totalitárias no seio da família, pois, atrás dessa lei demagógica poderão vir outros regramentos de cunho doutrinário. As entidades que tutelam os direitos das crianças deveriam ser as primeiras a propor ações judiciais com vistas em extirpar a aludida norma legal do ordenamento jurídico.

Em casa mando eu! A frase, tão comum nas conversas entre nossos patrícios, denota um princípio elementar do Estado laico. Quem decide acerca da religião e dos valores éticos ensinados em domicílio são os pais, e nunca o Estado.

Quem delibera a propósito do modo de educar os filhos, tornando-os pessoas solidárias e não criaturas egoístas e despóticas, são os pais e jamais o Estado!


12 de junho de 2014
Edson Luiz Sampel é doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma e membro da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp).

Publicado no Diário do Comércio.

PADILHA, HOMEM AO MAR?

BRASÍLIA - São Paulo é um Estado esquisito, com uma capital mais esquisita ainda. A dias da abertura da Copa, tudo parece um caos, com os sem-teto engrossando os protestos dos metroviários, as polícias cheias de dedo para evitar imagens chocantes mundo afora e os cidadãos amargando um trânsito horroroso.

Imagina-se que, para essas "vítimas", não interessa de quem é a culpa, se é do prefeito, do governador, da presidente da República. O alvo do mau humor é generalizado, daí o recorde de 37% sem candidatos.

Pelo menos até agora, porém, a insatisfação não se reflete proporcionalmente nas intenções de voto no maior colégio eleitoral do país, com mais votos do que regiões inteiras.

Como Fernando Haddad não é candidato em outubro, vamos a Geraldo Alckmin, do PSDB, e a Dilma Rousseff, do PT, ambos candidatos à reeleição. Enquanto Alckmin tem surpreendentes 44% no Datafolha, Dilma está mal na foto paulista: 61% dizem que não votariam nela "de jeito nenhum" e ela perde, num eventual segundo turno, não só para o segundo colocado, Aécio Neves, mas até para Eduardo Campos, que caiu quatro pontos no cômputo nacional.

Esse resultado, que deve doer na alma do ex-presidente Lula, não é exclusivo de Dilma, mas do próprio PT, e atinge em cheio duas das melhores promessas do partido. A popularidade de Haddad não é nada animadora e o candidato ao Bandeirantes, Alexandre Padilha, amarga 3%, contra os 44% do líder Alckmin.

Já que hoje é a convenção nacional do PMDB para selar apoio a Dilma, vale destacar a inversão em São Paulo: não é o PMDB que vai apoiar o PT, mas provavelmente o contrário. Padilha está sendo discretamente jogado ao mar, enquanto o pemedebista Paulo Skaf nada de braçada rumo ao segundo turno --se houver segundo turno. O PDT e o Pros, que não são bobos nem nada, já mudaram oportunamente de barco.

O risco de Padilha é olhar em volta e se ver uma ilha no próprio PT.


11 de junho de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP

ARTES E MANHAS

Programa humorístico antigo tinha um refrão musical que dizia assim no encerramento do número: "Cara de pau vai fazendo o seu papel".

Um coro hipotético ecoa na memória aquele cântico em seguida à leitura detalhada do noticiário sobre a palestra do ex-presidente Lula da Silva em palestra contratada pelo jornal espanhol El País, na semana passada.

Foi em Porto Alegre, onde na véspera ele já havia feito uma afirmação meio esquisita, mas não tão explícita. Pedia a aplicação de um "remédio já" para conter a inflação.

Produziu as metáforas de sempre, fazendo comparações com "febres de 38 e 39 graus" e não disse nada, além do que pretendia: falar o que as pessoas querem ouvir para fazer de conta que está ao lado da maioria.

No dia seguinte mandou às favas a cerimônia e resolveu criticar a economia fazendo de seu "sparring" o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, que estava na plateia.

Crescimento baixo? Culpa do Arno. Basta liberar o crédito. "Não é por maldade dele, não", amenizou Lula, para ironizar em seguida: "Cabeça de tesoureiro".

O ex-presidente deu lições, autoelogiou a oferta de crédito em seu governo, cobrou explicações do secretário como se subordinado a ele fosse e uma chefe não tivesse. "Se depender do pensamento do Arno você não faz nada."

Um festival de zombarias tão desrespeitosas com o profissional que ali estava sem condições de se defender e com a presidente da República que o nomeou e o sustenta no cargo (e, portanto, avaliza suas ações) que fica difícil compreender aonde o ex-presidente quis - ou quer com essa metodologia discursiva - chegar.

Segundo explicações da assessoria do Instituto Lula, a lugar nenhum, pois tudo não passou de uma "brincadeira". Ora, piorou, pois o El País não iria organizar uma palestra para que o ex-presidente se desse ao desfrute de um exercício de autorrecreação a fim de se divertir com o secretário do Tesouro Nacional nomeado pela presidente da qual foi fiador perante toda a nação.

Lula bateu muito mais pesado do que muitos críticos da política econômica que tanta "irritação" desperta na presidente Dilma. Entretanto, por motivos óbvios, desta vez não reagiu. O ex-presidente disse que está tudo errado e ela aceitou.

Mas, Lula afirmou também que ele fez o certo e indicou que sabe qual é o caminho correto. Está querendo o quê? Preparar o terreno para ser candidato? É uma possibilidade. Atuar como cabo eleitoral tirando o discurso da oposição? Também pode ser. Mas é estranho que faça isso falando mal do governo de sua candidata.

Ou estará dizendo ao eleitorado que pode de novo votar nela que ele estará na retaguarda para assegurar que daqui para frente tudo vai ser diferente? As pessoas deram uma segunda chance em 2006 depois do mensalão, uma terceira em 2010; pode ser. Desde que estejam dispostas a renovar a aposta mais uma vez.

Travado. O grau de desconhecimento explica o baixo índice, mas não justifica a queda de Eduardo Campos na pesquisa do Datafolha. Ainda que pouco, ele é mais conhecido agora do que em maio. No entanto, perdeu quatro pontos porcentuais entre uma consulta e outra.

Além disso, tem a candidata a vice, Marina Silva, bastante conhecida e com "recall" da presidencial de 2010, em tese para funcionar como alavanca da preferência do eleitorado. Essa era a ideia quando o PSB resolveu antecipar a oficialização do nome da ex-senadora como companheira de chapa.

Algo está emperrando o desenvolvimento de Campos. Duas hipóteses: 1. Os constantes vetos de Marina, que acabam passando uma imagem negativa do PSB, além de atrasar o avanço das alianças; 2. A dubiedade contida no discurso de críticas pesadas à presidente Dilma, sem o mesmo rigor dirigido ao PT e muito menos ao ex-presidente Lula, dificultando a marca de oposição.


11 de junho de 2014
Dora Kramer, O Estadão

NOTALATINA EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA: ÁUDIO DA ENTREVISTA COM O HACKER RESPONSÁVEL PELA FRAUDE CONTRA ZULUAGA

Internacional - América Latina

rrSabe-se agora, pela boca do próprio hacker que se infiltrou, que o Ministério Público não só sabia como autorizou e apoiou a infiltração!


Em fins de maio desse ano, surgiu na Colômbia um enorme escândalo que pretendia macular a honra e a campanha do candidato à presidência pelo Centro Democrático, Oscar Iván Zuluaga. Do fato eu fiz inúmeras traduções e escrevi artigos, onde pode-se ver com clareza meridiana o desespero de Juan Manuel Santos e seus acólitos, uma vez que Zuluaga fazia uma campanha limpa sem sequer tocar no seu nome e subia nas pesquisas de forma tão avassaladora, que levou as eleições para o segundo turno com maioria dos votos.



Surge agora um escândalo ainda maior, com o áudio de uma entrevista dada no último dia 06 de junho por Rafael Revert (foto), um suposto hacker que teria providenciado ou participado da fraude, onde ele afirma que “se infiltrou” (na verdade foi isto que ele fez mas rotulou de “grosseiro” quando foi assim classificado pelos jornalista que o entrevistaram) a pedido do Ministério Público mesmo! Quer dizer, não basta ao Promotor Geral, Eduardo Montealegre, bajular Santos descaradamente, afirmar não ter visto qualquer irregularidade no vídeo nitidamente fraudado, oferecer proteção ao espanhol Revert. Sabe-se agora, pela boca do próprio hacker que se infiltrou, que o Ministério Público não só sabia como autorizou e apoiou a infiltração!


Ao tomar conhecimento dessa gravíssima e reveladora entrevista, o Notalatina faz esta edição extra, reapresentando um artigo de Eduardo Mackenzie onde ele analisa brilhantemente esse fato, e o audio - INÉDITO - da entrevista dada por Rafael Revert à La W Radio da Colômbia. Leiam o artigo e ouçam o audio para ver como está a situação da Justiça colombiana, e entender por que nós brasileiros devemos nos preocupar com as eleições presidenciais no vizinho país no próximo dia 15 em segundo turno. Fiquem com Deus e até a próxima!


 
Leia o artigo de Eduardo Mackenzie: Colômbia: manipulação da revista Semana cai por terra




12 de junho de 2014
Graça Salgueiro

LO NDONISTÃO: UMA VISÃO PRESCIENTE DE UMA FICÇÃO DE 1914

A exagerada narrativa antecipa de forma assustadora a aliança da esquerda com os islamistas de nossos tempos, fenômeno praticamente imperceptível até os anos de 1980.

Há exatamente um século, o renomado escritor britânico G.K. Chesterton (1874-1936), considerado por seus admiradores como o maior pensador e escritor do século XX, publicou um curioso livro de ficção intitulado The Flying Inn (A Pousada Voadora). No interlúdio da Primeira Guerra Mundial, ele imaginou o Império Otomano conquistando a Grã Bretanha e impondo a lei da Sharia.



Chesterton percorre esse improvável cenário como meio de ridicularizar o progressismo, a mesma abordagem arrogante, "científica," de cima para baixo, esquerdista, ao governo que caracteriza a época de Obama.
Chesterton explicou corretamente que "o negócio dos Progressivos é continuar a cometer erros" e The Flying Inn sarcasticamente expõe essas falhas. Nas passagens, sua visão de uma ilha com o cetro islamizado, tem figuras que saltam aos olhos, merecendo comemoração pelo seu centenário.


Notoriamente distraído, G.K. Chesterton tinha a tendência de escrever em qualquer lugar que se encontrava.


Chesterton fala de uma guerra em que "o maior dos guerreiros turcos, o terrível Oman Pasha, famoso pela sua coragem no campo de batalha e igualmente famoso pela crueldade em tempos de paz", conquista uma notória vitória sobre as forças britânicas, acaba ocupando a Inglaterra, com os turcos se apoderando da polícia militar e a crescente influência de um "eminente místico turco", Misysra Ammon, que defende costumes islâmicos, como não ingerir carne de porco, proibição de imagens representativas, tirar os sapatos na porta de entrada e a poligamia.


Mas o mais importante costume islâmico, ao redor do qual gira o The Flying Inn, é o decreto de Oman Pasha de destruir os vinhedos e a proibição do consumo de álcool. Lorde Philip Ivywood, ávido, progressivo adepto da dhimmi de Ammon, aprovou em 1909 a proibição de consumo de álcool, com raras exceções: edifícios com letreiros de pousadas nas fachadas (prestes a caírem em desuso) e dois famosos barzinhos para membros do parlamento (é claro), o Claridge's Hotel e o Criterion Bar. De resto, pubs serviam limonada, chá e o que Chesterton chamava de "bebidas sarracenas".


The Old Ship é um nome comum para pubs e pousadas. O da foto acima fica em Aveley, Inglaterra.


Aproveitando a brecha, um valente marinheiro irlandês e um taberneiro passam a viajar pelo campo com o cartaz do pub "The Old Ship", um enorme barril de rum e um considerável tambor de queijo cheddar. Suas façanhas orgíacas e a crescente fúria do Lorde Ivywood, são os ingredientes da ficção, culminando na revolta contra Ivywood, contra Londonistão, contra a força policial turca usando o fez (tipo de chapéu turco) e os costumes abstêmios. Odiando "o fato de serem esmagados pelas armas dos homens marrons e amarelos, fez com os ingleses o que não se via há séculos". A heróica insurgência acaba com a morte de Oman Pasha "com sua face voltada para Meca" e com a reabertura dos pubs.


Soldados usando o fez em The Attack (O ataque) de Fausto Zonaro (1854-1929), um retrato da Batalha dos Domekos da Guerra greco-turca de 1897.



Muito embora seja um desafio ler a ficção, a exagerada narrativa antecipa de forma assustadora a aliança da esquerda com os islamistas de nossos tempos, fenômeno praticamente imperceptível até os anos de 1980. Antevendo George Galloway e Carlos o Chacal, o esquerdista Ivywood chamou o Islã de "grande religião" e "religião do progresso". Ele até preconizava a completa união entre a cristandade e o islamismo, a ser chamada Chrislam (termo atualmente em uso), ao passo que um pároco mais moderno desejava que a St. Paul's Cathedral ostentasse "uma espécie de duplo emblema", combinando a cruz com a lua crescente".


Chama a atenção que Ivywood escreveu uma biografia do titânico sultão otomano Abdul Hamid II para a série Progressive Potentates, prevendo (entre outros livros) a inflada biografia de Patrick Seale sobre Hafez al-Assad. A esquerda de hoje encontra justificativas para a mutilação genital feminina, Ivywood abandonou meninas ocidentais sequestradas para servirem em haréns turcos com base na premissa de que "não deverá haver nenhum novo desentendimento que venha a causar algum desconforto nos nossos laços amigáveis". Ecoando os progressistas de hoje, ele argumenta que as mulheres turcas desfrutam da "maior liberdade" e ao mesmo tempo menospreza as mulheres britânicas.


Na mesma linha, Chesterton previu outros temas então não existentes, hoje com força total. Ivywood também especulou sobre os dias atuais: em "um ou dois séculos", segundo ele, "talvez vejamos a causa da paz, ciência e reforma em todos os lugares apoiadas pelo islamismo". Nesse espírito, ele defende"Ásia na Europa", algo que a imigração muçulmana já atingiu.


O místico turco Ammon declarou que "alguma mania sobre a civilização inglesa que parece ter sido fundada pelos turcos, acredita que os ingleses logo voltarão a pensar dessa maneira". A bem da verdade, é comum ouvir em 2014 islamistas insistirem na crença de como os muçulmanos chegaram às Américas no século X d.C. e que o Islã teve um papel preponderante na composição da Constituição dos Estados Unidos.
The Flying Inn esboça, de forma memorável, um quadro preliminar, maluco e esquisito do islamismo na Grã Bretanha, quadro esse, muito mais real nos dias de hoje do que quando foi publicado, numa época tão diferente.

12 de junho de 2014
Daniel Pipes
Publicado no The Washington Times.
Original em inglês: A 1914 Novel's Prescient Vision of Londonistan

Tradução: Joseph Skilnik

ŽIVI HRVATSKA!

Verde e amarelo são duas cores muito bonitas. Pelo menos quando separadas. Juntas, para mim pelo menos, causam brotoejas. Lembram não só a pátria, pela qual não tenho especial apreço, mas também o fanatismo futebolístico. É quando mais aparecem. A Copa, de longe, é o evento mais cultivado no país. Semana da Pátria é obrigação chata de militares e colegiais.

Há quem imagine que detesto futebol. Nada disso. Aliás, o considero um esporte bonito e inteligente. O problema são as multidões e o fanatismo que gera. Jamais entrei em um estádio. Enfim, a bem da verdade, certa vez entrei em um, em construção, para fazer uma reportagem. Foi em janeiro de 1969. Estava começando como repórter no Diário de Notícias, de Porto Alegre, e “seu” Olinto, o diretor de redação, me chamou:

- Janer, vai até o Gigante da Beira-Rio ver o andamento das obras.

Minha resposta quase custou-me o emprego:

- Certo, “seu” Olinto! De que time é mesmo esse estádio?

Perplexidade na redação. A sala era enorme, tínhamos de falar alto. Os redatores não acreditavam no que haviam ouvido. Do setor de esportes, voou pela redação uma pergunta indignada do editor:

- Tu não sabes a que time pertence o maior estádio particular do mundo?

Não sabia. Aliás, sabia até demais para minha erudição na área. Sabia pelo menos que o tal de Gigante tinha algo a ver com futebol. Essa foi a única vez que entrei em um estádio. Não por preconceito. Eu até que era bom no esporte, me lembro que certa vez fiz um gol. Milagres acontecem! Meus colegas não conseguiam acreditar no que haviam visto. Ocorre que multidões me horrorizam, sejam quais forem. Se uma multidão vai para o sul, eu rumo ao norte. Pela mesma razão, jamais assisti a uma tourada. Os réveillons quase sempre me pegam nalguma capital européia. Em vez de comemorar na rua com a multidão, me refugio no quarto do hotel.

O futebol é o início da guerra civil, escreveu Orwell. Civilizada seria a nação em que uma torcida aplaudisse uma jogada brilhante do time adversário. Mas isso pertence ao reino da utopia. Há no entanto um momento em que viro torcedor. É quando o Brasil é finalista. Só então me disponho a torcer... contra o Brasil. Se o Brasil perder na finalíssima, melhor ainda. Me soa como orgasmo interrompido pela chegada do marido.

Ninguém se iluda com essa gente que quer um Brasil sem Copa. Mal a bola começar a rolar, estarão ou nos estádios – que agora, sei lá por quais razões, chamam-se arenas – ou grudados na TV, torcendo pelo hexa. Os protestos são de mentirinha, nada mais que ameaças de desordem para obter ganhos, desde casa própria paga pelos contribuintes, tenham estes ou não casa própria - a aumentos salariais. É claro que continuarão durante a Copa. Mas, no fundo do coração do brasileiro médio, vai morar sempre um fanático.

Todo leitor mais velho deve lembrar da Copa de 70, que Médici assumiu como coisa do governo. Eram os dias do “milagre econômico” e do “ninguém segura este país!” Torcer pela vitória do Brasil era alinhar-se à ditadura. As esquerdas fizeram boquinha de siri e torciam encabuladas, às escondidas. Isso que a Copa foi no México.

Já que falamos em Médici, vejamos a visão do cronista Nelson Rodrigues sobre 64: “muito antes do primeiro momento eu já achava que só as Forças Armadas podiam salvar o Brasil”. E sobre Médici: “Esse soldado é de uma natureza simples e profunda. Está disposto a tudo para que não façam do Brasil o anti-Brasil. Seja como for, deixará este nome, para sempre: – Emílio Garrastazu Médici”.

Hoje, Nelson parece ter virado porta-voz das esquerdas. Achados seus, como pátria em chuteiras e complexo de vira-latas foram encampados pelo governo e citados canhestramente até por Dona Dilma, vítima da ditadura dos militares que Nelson tanto incensava e chegou inclusive a negar que fossem torturadores.

“Uma outra coisa importantíssima surgiu no Brasil, importantíssima. E eu vou falar o que é. Ela está ligada, de uma certa forma, a uma crônica feita por um senhor que se tivesse nascido em qualquer lugar de língua inglesa seria considerada gênio lá. (…) Ele fez uma crônica ─ ele chamava Nelson Rodrigues, ele era muito engraçado ─ ele fez uma crônica que chamava “Complexo de Vira-lata”. Ele dizia que ─ isso foi na época, se eu não me engano, do jogo com a Suécia, final com a Suécia, não tenho certeza, mas foi na final, um pouco antes da final com a Suécia ─ ele fez uma crônica que ele dizia o seguinte: que o Brasil tinha complexo de vira-lata e que ele não podia ter complexo de vira-lata, e que a equipe era boa, tanto que a equipe era boa que ela era boa tecnicamente, taticamente, fisicamente, artisticamente. Tanto é que nós dessa vez ganhamos a Copa. Mas ele sempre falava desse complexo de vira-lata que pode… a gente pode traduzir como um pessimismo, aquela pessoa que sempre acha que tudo vai dar errado, que ela é menor que os outros. E ele dizia uma coisa, e eu queria dizer isso para vocês. Ele dizia que se uma equipe entra… eu não vou citar literalmente, não, mas se uma equipe entra para jogar com o nome Brasil, se ela entra para jogar com o fundo musical do Hino Nacional, então ela é a pátria de chuteiras”.

Com a Copa, até Nelson, o inimigo figadal das esquerdas, virou gênio para o PT. Como o cronista agora dileto da presidente atesta não ter havido torturas durante a ditadura, é até provável que seus alegados tormentos sejam fruto de uma imaginação fértil.

Dona Dilma garante que os turistas não levarão as obras viárias de apoio à Copa nem os estádios. No que diz respeito às obras viárias, pelo que dizem os jornais, nem a metade será concluída até o começo da competição. Quanto aos estádios, seria melhor que os levassem. Muitos ficarão como elefantes brancos, monumentos faraônicos vazios de público, em memória de sonhos de poder do PT.

Mas a hora é de união. Até mesmo um cronista liberal – seja lá o que isto quer dizer – e fanzoca deslumbrado da Disneylândia como Rodrigo Constantino, se abraça à presidente em seu amor pelo Brasil:

“É hora de deixar as diferenças de lado e vestir a camisa do Brasil. Assim que acabar a Copa, serei o primeiro a criticar o governo em tudo que ele merece ser criticado – e a lista é infindável. Aliás, pretendo continuar com as críticas durante os jogos. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Mas enquanto for o Brasil, e não o governo, representado pelos 11 jogadores em campo, pretendo torcer sim, e bastante. Pra cima deles, Neymar!”

Rodrigo Constantino e Dilma Rousseff, mesmo combate, quem diria? Vamos terminar com esses protestos idiotas contra um governo que investe mais em futebol que na educação e saúde. É vício de negativistas profissionais, como se dizia nos saudosos anos Médici.

Só se vê o que existe no fundo de um lago quando as águas baixam. Imagine então uma Copa que pretende ser a Copa das Copas. A escolha do país-sede foi obra de Lula e o PT quer tirar um caldo desse osso. O oportunismo está mais para tiro no pé. Os tempos são outros e a maior parte da nação parece estar cansada do dito partido dos operários. Hoje, atrapalhar a Copa se tornou, para muitos, obrigação cívica.

Ocorre ainda que o ano é eleitoral e as eleições ocorrem logo depois dos jogos. O que o PT condenava como recurso da ditadura no governo Médici, agora endossa com entusiasmo. Se a Copa, como organização, for um fiasco, milhões de votos a menos para Dona Dilma. Se o Brasil não emplacar o hexa, provavelmente o PT não emplaque o governo. O que parecia ser um trunfo, passou a ser aposta arriscada. Já prevendo uma eventual derrota, o governo está planejando um governo paralelo para o próximo mandato, a cargo de sovietes sob a tutela do PT.

De minha parte, continuo o mesmo de sempre, o torcedor das finais. Contra o Brasil. Uma vitória dá ao povão uma sensação ilusória de algum ganho pessoal, quando na verdade só perderam tempo, trabalho e dinheiro. Particularmente nesta Copa, que apesar de ser um evento que gera lucros fabulosos, será patrocinada pelo teu, pelo meu, pelo nosso dinheirinho.

Uma desclassificação, de preferência já nos primeiros jogos, seria para mim uma dádiva dos deuses. Para a nação, um salutar banho de água fria em um público que se deixa nutrir alegremente por pão e circo.

Que viva a Croácia!



12 de junho de 2014
janer cristaldo

O MELHOR DA COPA


Cada um enxerga a Copa com seus próprios olhos. Para um jogador de futebol em começo de carreira, pode ser a vitrine que o vai propulsar ao estrelato mundial. Para um técnico profissional, pode significar a abertura de interessantes oportunidades. Para autoridades nacionais, pode servir de trampolim para angariar simpatia e votos. Para empresários corruptos, é o momento de contar e recontar a fortuna amealhada nas costas dos bobões habituais.

Para indiferentes ― que os há, acredite! ― é hora de tirar uns dias de férias e desaparecer do mundo dos mortais. Para torcedores, é um momento de emoção, de alegrias, de tristezas. E no final ― quem sabe? ― pode até chegar a hora de gozar a alegria suprema de ver a esquadra nacional subir ao degrau mais alto do pódio. A todos, é permitido sonhar.

Como não sou jogador, nem selecionador, nem autoridade, nem empresário corrupto, não lanço à Copa olhar profissional. Aprecio o esporte em si. Gosto muito daquele balé colorido e imprevisível em que a partitura é inventada e reinventada a cada instante.

Um dos atrativos maiores do futebol é justamente essa incerteza quanto ao resultado. Em outros esportes, o melhor costuma vencer. É raro que, em atletismo, o mais rápido ou o mais ágil deixe de levar a medalha. No futebol, não é assim. Já vi a Itália perder para a Coreia do Norte. Aconteceu na Copa de 1966. O resultado deixou trauma que, passado meio século, ainda não se dissipou.

Há momentos mágicos em que um jogador manda a bola por cima de meia dúzia de adversários para aterrissar aos pés de um companheiro que, por sua vez, dá sequência à coreografia. Sejam quais forem os times em campo, o espetáculo é sempre bonito. Se houver emoção, melhor ainda.


Homem com a mão no coração (detalhe) by Frans Hals, pintor flamengo, séc. XVI
Homem com a mão no coração (detalhe)
by Frans Hals, pintor flamengo, séc. XVI



Mas há um momento, nesses jogos internacionais, que ― para mim ― paira acima de todos: é a hora do hino. O nosso é fabuloso. Se hino bonito ganhasse Copa, o nosso teria mais estrelas que a Marselhesa. O nosso é de escutar em pé, mão do coração, nó na garganta.

Recortei e guardo até hoje um artigo que o jornal londrino Guardian publicou doze anos atrás, por ocasião da Copa de 2002. O autor faz esfuziantes elogios ao hino brasileiro dizendo que é o mais gentil, o mais alegre, o mais melodioso, o mais envolvente. Parece escapado de uma ópera de Rossini. Chega a dizer que nosso hino é um dos grandes presentes que o Brasil deu à felicidade humana. É mole?

Parece que a Fifa impõe que a execução do hino de cada país não exceda um minuto e meio. Muitos cabem nessa exigência. O nosso, não. O resultado é que nosso cântico nacional costuma ser truncado, sustado na metade, deixando os jogadores com cara de bobos e o público com um gosto de quero mais.

Hino Brasil

Entendo que regra é regra. Leis não são feitas para serem discutidas, mas para serem cumpridas. Mas, convenhamos, nossos (sempre) distraídos congressistas, aqueles que assinaram sem ler a Lei Geral da Copa, deviam ter pensado nesse detalhe.

Posso até entender que se desviem alguns bilhões do dinheiro brasileiro para construir estádios monumentais, mas tenho dificuldade em aceitar que um de nossos símbolos nacionais mais fortes seja desfigurado diante de bilhões de terráqueos.

Os bilhões de dólares, com «arenas» ou sem elas, com «Copa das copas» ou sem ela, seriam desviados de qualquer maneira. Mas truncar o hino, ah, está aí um crime facilmente evitável.

No momento em que escrevo, faltam ainda algumas horas para a abertura do campeonato. Quem sabe uma luz terá baixado nos organizadores? Quem sabe nos deliciaremos com a execução integral da primeira parte do hino?
O futebol é esporte que sempre reserva alguma surpresa. Vamos torcer. Esperemos que seja executado sete vezes. Por inteiro.

12 de junho de 2014
José Horta Manzano

NOTA AO PÉ DO TEXTO

Anatole France, o príncipe dos céticos e pessimistas, escreveu em um dos seus livros - já não me recordo em qual - uma deliciosa sentença que faz a alegria dos niilistas e anarquistas: " as leis são como as virgens, existem para serem defloradas".
Isso ocorre-me agora, quando leio no texto que "as leis foram feitas para serem cumpridas". 
Fica a sensação de um universo humano absoluto, quando sabemos, e a história nos mostra isso a cada geração, que a  nossa humanidade patina no plano eterno do relativo, onde a verdade nos parece sempre uma fantasia.
E o que seria de nós se não fosse a relatividade dos fatos e das coisas?
O que gosto em Anatole France é exatamente essa dimensão de mistério iconoclasta que não admite a verdade.
Le jardin d'Epicure, um dos seus livros cuja leitura inquietante para os que acreditam na estabilidade dos humores humanos e na permanente serenidade dos dias e das noites, desperta aquele sentimento instável que procuramos negar a cada momento.
Quando Miguel de Unamuno afirma, peremptoriamente, que "não gosta de Anatole France, porque não sabe indignar-se", fiquei pendurado entre os dois abismos do homem: o que acredita nas virtudes humanas, e o que é absolutamente indiferente aos sentimentos humanos.
Enfim, continuo com o silêncio noturno e abismal do infinito pascaliano...
m.americo