"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

A CANALHICE E A HIPOCRISIA DA MÍDIA BRASILEIRA DÁ NOJO...





Mais uma vez invertem a reação do Oprimido e vitimizam o Opressor.
Mais uma vez falam da consequência e não da causa do mal.
Mais uma vez desviam o foco do essencial e valorizam o boçal.



Por que o povo xinga a terrorista ?
R. 1 bilhão do nosso dinheiro para Cuba;
R. Mais de 100 ônibus queimados em 2014;
R. Povo é tratado como gado no Metrô, Lotação e Ônibus;
R. Milhões e milhões perdoados para ditadores africanos;
R. 1,204 bilhão para Refinaria Belga;
R. 36 bilhões para Copa Imunda da Fifa;
R. 60 milhões para crise energética na Bolívia e nada para o Brasil;
R. Milhões e milhões para um porto na Nicarágua e outro no Uruguai;
R. 16 bilhões de propaganda enganosa, mostrando um Brasil que não existe;
R. 2 trilhões de tributos por ano;
R. 12 milhões é o custo de cada parlamentar por ano;
R. Invasão de Pseudos Médicos Cubanos e Coitadinhos Haitianos > de 1,90, entre 18 e 45 aninhos e Saudáveis;


Para mídia esquerdista do Brasil xingar é pecado capital, mas a morte de 8 operários nas obras da Copa É NORMAL !!!

Para mídia esquerdista do Brasil xingar é sinal de estupidez, mas as mortes nos corredores dos hospitais É NORMAL !!!

Para mídia esquerdista do Brasil xingar é hediondo, mas 60 mil homicídios por ano É NORMAL !!!

Para mídia esquerdista do Brasil xingar é ignorância, mas o fato do Brasil ser o maior consumidor de Crack e Cocaína do Planeta É NORMAL !!!


Ei, imprensa VTNC !!!

16 de junho de 2014
CESAR BRAZIL

PARA A HISTÓRIA DA INFÂMIA




CLIQUE PARA AUMENTAR



O dia 12 de junho de 2014, data da abertura da Copa do Mundo no Brasil, viverá – como diria Roosevelt – na história da infâmia, segundo os petistas. “Nunca antes na história desse país” 63.000 pessoas, ao vivo e numa transmissão para o mundo inteiro, disseram a um presidente da república aquilo que Dilma Rousseff teve que ouvir no Estádio do Itaquerão em São Paulo. Antes daquilo que ela escutou, ir ao estádio era “coisa do povo”..era uma alegria de brasileiro pobre que, tomando sua cervejinha de domingo, poderia ir ao Maracanã na realização do sonho socialista. Depois do que aconteceu, Lula vem a público dizer que no Itaquerão só havia “burgueses” e que foi da diferença de classes e do preconceito que partiram as ofensas à presidente!

Por uma questão de respeito ao leitor, não vou descrever o que o público disse à Dilma naquela tarde. Não me interessa saber a que classe pertenciam as pessoas que estavam no Estádio nem se havia ou não pobres entre elas. Interessa afirmar que a primeira mandatária do país e representante de uma organização criminosa que tentou comprar todo Congresso Nacional, que destruiu toda universidade brasileira, que recebe traficantes com honras de chefes de estados, que matou prefeitos e ameaçou juízes...que bateu em professores e importou médicos cubanos..merecia e continua merecendo escutar aquilo que escutou..

O dia 12 de junho, presidente Dilma-Lula, há de entrar para História do Brasil e deixa aos senhores a duríssima lição..a inquestionável prova de que os senhores podem nos obrigar a votar, os senhores podem ter o dinheiro dos nossos impostos, podem nos processar e até mesmo nos prender tirando a nossa liberdade, mas vocês, jamais vão ter nosso respeito! Não podem ter do povo brasileiro aquilo que vocês mesmo tiraram dele: a capacidade de respeitar qualquer coisa..a simples noção de mérito e o princípio básico de respeito a cargos e instituições. Calem-se pois e não venham à imprensa com declarações que recordam as falsas virgens e que remetem aos pudores desconhecidos por aqueles que arrancam crucifixos das paredes e se masturbam em público com a estátua de Nossa Senhora.

Mantenham-se, ordeno eu, todos os petistas..todos aqueles que aparelharam, roubaram, fraudaram e corromperam a sociedade brasileira..todos aqueles que atentaram contra a inocência da infância, que abusaram dos ideais da juventude e que exploraram a doença da velhice no seu mais absoluto silêncio..Calem-se todos os que diziam antes que “a voz do povo é a voz de Deus” e que agora o peito inflam para falar em decoro, respeito ao cargo e educação perante à televisão..Voltem todos vocês, seus malditos, ao lugar onde habitam os espíritos inferiores..os Espíritos da Escuridão..


16 de junho de 2014
MILTON PIRES

EFEITOS DO ÁLCOOL?


CLIQUE PARA AUMENTAR

 
O Álcool é uma droga violenta , quando a pessoa não tem domínio , ATROFIA a massa encefálica , causa esquecimento , confusão mental e até cegueira ( Não sei , Não vi , é inveja , é intriga da oposição ) faz acusações falsas , mente mais que bula de remédio , é uma lastima ...
 
16 de junho de 2014
in graça no país das maravilhas

LULA, LEMBRA-SE DISTO?




 
Em maio de 2004, o presidente Lula estava furioso com o correspondente do New York Times no Brasil, o jornalista Larry Rohter.

Ao ouvir que Rohter não poderia ser expulso do país, Lula, descontrolado, berrou: "Foda-se a Constituição!"
 
O episódio, relatado com exclusividade pelo Blog do Noblat um dia depois do ocorrido, coloca em perspectiva as atuais reações de Lula, e do PT de um modo geral, em relação às vaias ouvidas por Dilma nos estádios da Copa.
 
16 de junho de 2014
in graça no país das maravilhas

O RUIM DAS MEIAS VERDADES É QUE QUEM AS DIZ, OMITE CONVENIENTEMENTE A OUTRA METADE


Piketty talvez esteja certo em dizer que a desigualdade econômica aumentou nas últimas décadas.

Só que ele talvez tenha se esquecido de dizer, ou, quem leu o livro omite - eu não li -, de registrar que isso aconteceu pari passu com o aumento do controle dos governos sobre a conduta da população. O Brasil é um bom exemplo: o capital monopolista subsidia a militância socialista, que busca obsessivamente que sua maneira de “pensar” seja única. Andam de braços dados, aqui e pelo mundo afora.

A meia-verdade nos leva a induzir que o capitalismo é o mal a ser combatido, quando, na verdade inteira, nesse estranho casório, é um homônimo dele que contrai núpcias com os vermelhinhos.
 
16 de junho de 2014

OLAVO, CADË O CRÉDITO DO KARL KRAUS?


Olavo de Carvalho em um artigo no Mídia Sem Máscara - “Notinhas horríveis” - mandou essa:

“Houve uma época em que não se podia escrever sátiras no Brasil porque tudo o que acontecia já era satírico em si mesmo. Hoje tornou-se impossível escrevê-las porque tudo está passando rapidamente do ridículo ao deprimente, do deprimente ao aterrador.”

Mandaria a honestidade que fosse dado o devido crédito a Karl Kraus, o verdadeiro autor do aforismo - a meu ver, esculhambado por Olavo -, que diz originalmente:

“Certas épocas não podem ser satirizadas, pois são satíricas em si mesmas e, nelas, a piada é indiscernível da realidade.”

Enfim, vocês sabem, Olavo é Olavo, sempre acima do Bem e do Mal...

Realmente, é uma notinha horrível!
 
 16 de junho de 2014

LULA PODE?


Só para lembrar:

Em 1987, Lula, em público, chamou Sarney de ladrão, e em 1993, Lula, em uma coletiva a jornalistas, chamou Itamar de filho da puta.

Sem falar em sua declaração sobre Pelotas...

16 de junho de 2014

PRESIDENTE DO PT ABANDONA COMPANHEIRO ANDRÉ VARGAS


Agora Falcão não quer ser testemunha de defesa do companheiro Vargas

O presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão (SP), disse que não comparecerá ao Conselho de Ética da Câmara na próxima quarta-feira (18), onde está prevista a primeira oitiva das testemunhas de defesa do deputado André Vargas (sem partido-PR). Segundo a assessoria de imprensa do petista, ele sequer foi notificado ou convidado a comparecer no Conselho de Ética.

Mais cedo, o relator do processo contra Vargas, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), disse que havia um acordo com o líder da bancada petista na Casa, Vicentinho (SP), para que dirigentes do PT comparecessem à audiência. Além de Rui Falcão, estava previsto também o depoimento do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

André Vargas responde a um processo por quebra de decoro parlamentar que pode culminar com o pedido de cassação de mandato. O ex-petista é acusado de ter uma relação próxima com o doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal.

(Estadão)

in coroneLeaks

A MENTIRA DOURADA E A REALIDADE CINZENTA

Há um ano, o governo petista previa PIB crescendo 4,5% em 2014. Sabem qual é a previsão hoje? 1,24%! E eles querem mais quatro anos...

Os dois "gênios" e as suas projeções ...Continuam rindo da nossa cara.

Os analistas pioraram pela terceira semana seguida a perspectiva de crescimento da economia brasileira em 2014 após novos sinais de fraqueza da atividade, mantendo a expectativa de que o Banco Central não voltará a elevar a Selic, a taxa básica de juros, neste ano.

A pesquisa Focus do BC, feita com economistas de cerca de cem instituições financeiras, apontou nesta semana que a expectativa para a expansão do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano agora é de 1,24%, contra 1,44% na semana anterior. Há um mês, a projeção estava em 1,62%. A expectativa para 2015 também se deteriorou e a mediana passou de 1,80% para 1,73% de expansão.

Em mais um sinal de dificuldade da atividade econômica brasileira em se recuperar após o resultado ruim do primeiro trimestre, as vendas no varejo recuaram 0,4% em abril sobre março, apontando que a fraqueza do consumo se estendeu para o início do segundo trimestre. Mesmo com o avanço da concessão de crédito –que impulsionou a venda de veículos–, o varejo ampliado, que inclui automóveis e material de construção, ficou aquém do previsto e subiu 1,6%.

Com isso, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu apenas 0,12% no mês, mostrando atividade econômica fraca no início do segundo trimestre, em um cenário de inflação alta e confiança estremecida. Com a mesma expectativa de economia andando de lado, o Banco Mundial reduziu de 2,4% para 1,5% a projeção de crescimento da economia brasileira este ano.

Os economistas consultados no Focus também pioraram pela terceira vez seguida a estimativa de expansão da indústria em 2014, projetando agora crescimento de apenas 0,51%, quase metade do previsto na semana anterior (0,96%). Para 2015, a projeção seguiu em ampliação de 2,25%.

INFLAÇÃO

Em relação à inflação, no Focus os economistas ajustaram a projeção para o IPCA este ano a 6,46%, 0,01 ponto percentual a menos que antes. Nos próximos 12 meses, a estimativa passou a 5,91%, frente a 6,01% anteriormente.

Já o Top 5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções, manteve a perspectiva de que o IPCA terminará 2014 com uma alta de 6,30%. Em maio, o IPCA desacelerou a alta a 0,46% ante o mês anterior e chegou em 12 meses a 6,37%.

Agora, os analistas esperam a divulgação na quarta-feira dos números de junho do IPCA-15, em meio à deflação dos preços no atacado e à desaceleração da alta dos alimentos ao consumidor registrada pelos Índices Gerais de Preços da Fundação Getulio Vargas (FGV). A previsão referente a 2015 saiu de 6,03% para 6,08%, e de junho seguiu em 0,34%.

Os economistas ainda mantiveram a perspectiva de que a Selic não voltará a ser elevada este ano, encerrando 2014 no atual patamar de 11%. Nova elevação da taxa básica deve ocorrer, segundo eles, apenas em janeiro, de 0,50%, mesma perspectiva da pesquisa anterior. Já o Top 5 de médio prazo vê a Selic a 11,25% este ano, mesma projeção da semana anterior.

(Folha de São Paulo)

16 de junho de 2014
in coroneLeaks

NA FALTA DOS BANDIDOS PRESOS, LULA ASSUME O PAPEL DE CHEFÃO

 
O vídeo não é novo. E da campanha de 2002. Mostra claramente quem mandava em quem. Nos primeiros segundos, antes da manifestação do corrupto José Dirceu, atualmente preso na Papuda, cumprindo pena pelo Mensalão, observem que Lula sai apressadamente da cena, quando vê a chegada da equipe de filmagem. Não quer aparecer. José Dirceu questiona Duda Mendonça, o marqueteiro do "Lulinha Paz e Amor" e da "Esperança vai Vencer o Medo" que Lula acaba de revisitar. Gilberto Carvalho, a mão escondida de Lula que trai diariamente a democracia e o estado de direito, tenta explicar para José Dirceu que aquele material é sigiloso. Aí José Dirceu mostra a faceta daquela sofisticada organização criminosa ali reunida. E diz que tem coisas do "arco da velha" sobre adversários. Queixa-se, em seguida, da fita vazada onde Lula chama os homens de Pelotas, Rio Grande do Sul, de "veados". É um vídeo auto-biográfico do PT, sem dúvida alguma. Ali estão os seus mais nojentos e sujos representantes. Inclusive Guido Mantega, o petista que está acumulando desastres na condução da economia.

José Dirceu está preso. Gilberto Carvalho não tem mais a mínima repercussão, tendo em vista os sucessivos golpes que armou, ao longo dos anos, contra a democracia, além do seu conhecido envolvimento no episódio Celso Daniel. Antônio Palocci caiu por corrupção. José Eduardo Dutra adoeceu e saiu da política. Luiz Gushiken morreu. Outros que sobraram foram levados para o Instituto Lula, onde operam lobbies e achaques generalizados em busca de palestras milionárias e comissões por serviços de aproximação entre ditaduras corruptas e empresários não menos. Está aí o sigiloso Porto de Mariel, em Cuba, que surrupiou dos cofres públicos mais de R$ 2 bilhões, via BNDES. Um empréstimo que Fernando Pimentel, candidato ao governo de Minas, ainda ministro, botou sob segredo pelos próximos 30 anos. Uma caixa preta inexplicável, que supõe um verdadeiro roubo contra o Tesouro Nacional. 

Neste momento de crise, quando Dilma despenca nas pesquisas e o PT caminha para a derrota eleitoral, a quem recorrer para o embate contra a Oposição? Ao aloprado Mercadante, que ontem concedeu uma entrevista imbecil usando instalações oficiais, cometendo um possível crime eleitoral? Ao pífio Rui Falcão, que não dá conta de livrar o PT das ligações com o PCC e com a Operação Lava-Jato, no papel de faxineiro que agora afasta os companheiros em troca sabe-se lá de que favores, para que não conspurquem ainda mais a imagem de corrupção grudada na estrela do seu partido? Quem mais? A senadorinha paranaense que bloqueia dinheiro para os flagelados do Paraná, em busca de dividendos políticos? O ministro Paulo Bernardo, que comanda os Correios enlameados pela roubalheira no seu fundo de pensão? Não há mais quadros no PT. 

Então resta ele, Lula, finalmente no papel de chefão. Sem poder fugir das câmeras. Sem poder usar laranjas. Sem o auxílio de testas-de-ferro. Lula, desde a última sexta-feira, um dia após a patriótica vaia dada à Dilma, que sintetizou tudo o que está escrito em todas as pesquisas de opinião, botou a cara para fora com o seu conhecido discurso do ódio, do "nos contra eles", dos pobres contra os ricos, dos brancos contra os negros, revivendo aquele ser bruto e vociferante que mandava presidentes tomarem no cu, que chamava políticos, hoje seus aliados, de ladrões, que, como assassino de reputações, construiu as maiores mentiras que a história só agora está conseguindo desmanchar.

No entanto, os tempos são outros. Passaram-se 12 anos de jugo do PT e o país está novamente ameaçado pela inflação, pelo desemprego, pela estagnação econômica. O povo está sentindo a verdade na carne e não serão palavras velhas, carregadas de ódio e medo, que mudarão esta descrença no governo petista. Lula e Dilma não têm nada a oferecer ao país, a não ser palavras raivosas, mentirosas e descabidas, que ofendem a inteligência dos brasileiros. Resta a Lula e Dilma o esperneio verbal. O destempero. Não vai funcionar. O discurso do ódio contra o PT é um tiro no pé. Não há quem não odeie os corruptos mensaleiros, os corruptos da Copa, os corruptos da Petrobras, os corruptos do Porto de Mariel, os corruptos da Operação Lava-Jato, os corruptos da Rose, os milhares de corruptos que, à sombra deste partido enlameado pelas mais variadas denúncias, se aboletaram no estado brasileiro. Fala mais, Lula. Fala mais, Dilma. A resposta do país será o voto na urna e a derrota desta sofisticada organização criminosa. 
 
16 de junho de 2014
in coroneLeaks

A BUSCA PETISTA PELA HEGEMONIA

Este também é o objetivo do decreto destinado a subordinar o Estado a comissões tripuladas por companheiros, em nome da ‘sociedade civil’

Não se pode deixar de reconhecer características do PT como as de organização e de capacidade de mobilizar a militância. A legenda mantém das origens sindicais o vigor nas ações e, desde a fundação, há quatro décadas, é considerado um partido político de fato, com programa e projeto de poder.

Por trazer no DNA traços de diversas ramificações da esquerda, da católica à stalinista, o partido, não poderia deixar de ser, carrega um ranço de autoritarismo. Mas descobriu, depois da terceira tentativa frustrada de Lula de chegar à Presidência, que deveria abrir-se a alianças à direita. A fórmula havia sido aplicada com êxito pelos tucanos, a partir da análise correta do sociólogo Fernando Henrique Cardoso de que a esquerda sozinha não conseguiria governar o Brasil.

O PT tentou e deu certo a partir das eleições de 2002, quando a Vice-Presidência foi cedida a um empresário, José Alencar, e a presidência do BC, ao ex-CEO de um banco internacional, Henrique Meirelles.

Mas o partido, mesmo que deseje, não pode renunciar às origens. O PT ou qualquer outro. Nesta campanha, tem ficado translúcida a tendência visceral do PT à hegemonia política. Talvez até pelos desgastes inerentes a uma aliança partidária mantida à base do toma lá dá cá do fisiologismo, por opção petista, o partido tem como projeto para 2014 eleger amplas bancadas no Congresso, para depender menos de aliados. No caso, o PMDB, uma frente de caciques regionais, e, por isso mesmo, pouco confiável para o PT.

Porém, como o objetivo do momento para o partido é somar minutos e segundos no programa eleitoral, finge-se internamente que não foi uma derrota política o fato de a aliança com o PT ter sido rejeitada por 41% da convenção nacional do PMDB, mesmo preservada a Vice-Presidência de Michel Temer.

O trabalho do PT para ampliar as bancadas no Congresso esbarra em interesses dos outros partidos aliados, o PMDB o maior deles. Peemedebistas sentem em suas bases efeitos da busca petista pela hegemonia política.

As desavenças no Rio de Janeiro são típicas. O lulopetismo apoia a candidatura do senador petista Lindbergh Farias ao Palácio Guanabara como forma de puxar mais votos para a legenda, e deixa em segundo plano a aliança que fez com o PMDB de Sérgio Cabral, um acerto político que facilitaria a eleição de Luiz Fernando Pezão, vice-governador e candidato à sucessão de Cabral.

Enredos semelhantes se repetem pelo país afora. O grupo que detém o controle do PT parece mesmo decidido a lutar pela hegemonia, e já trabalha para isso desde já. Outro objetivo não tem o Decreto-Lei 8.243, destinado a subordinar o Estado brasileiro a comissões, fóruns e “mesas” tripuladas por companheiros, rotulados de representantes da “sociedade civil”. Se não vai pelo voto, vai pelo decreto.

 
16 de junho de 2014
Editorial O Globo

ADVERTÊNCIA OPORTUNA

A greve é um direito garantido pela Constituição aos trabalhadores para que possam defender seus interesses em convenções, acordos coletivos, laudos arbitrais ou sentenças normativas da Justiça do Trabalho. Utilizá-la com objetivos ideológicos, políticos ou partidários é desfigurar esse direito.

Esse foi o argumento invocado pela Seção Especializada em Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho (TST) para declarar abusiva a greve deflagrada por professores e servidores administrativos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em novembro de 2012, para tentar impedir a posse da reitora Anna Maria Marques Cintra. Colocada em terceiro lugar na eleição feita pela comunidade, ela foi escolhida para ocupar a Reitoria pelo cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, presidente da Fundação São Paulo, entidade mantenedora da PUC-SP. Pelas regras da instituição, o cardeal tem a prerrogativa de escolher um dos integrantes da lista tríplice indicada por docentes, estudantes e funcionários.

Estimuladas por micropartidos radicais, as três corporações se opuseram à decisão do arcebispo de São Paulo. Invocaram a "democracia acadêmica", pretendiam que fosse nomeado reitor o candidato mais votado. Cedendo às pressões, o Conselho Universitário - integrado por 47 representantes de professores, alunos e funcionários - revogou a lista tríplice que havia homologado semanas antes, como forma de inviabilizar a posse da professora Anna Maria Marques Cintra. Dom Odilo impetrou recurso judicial e a 7.ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu a decisão do Conselho, o que permitiu que a reitora finalmente assumisse seu cargo.

Para forçá-la a renunciar, as associações de docentes, estudantes e servidores administrativos deflagraram greve por tempo indeterminado. A entidade mantenedora da PUC-SP reafirmou a legalidade da nomeação da reitora e alegou que, se deixasse o cargo, todas as medidas por ela tomadas depois de sua posse seriam anuladas - inclusive a emissão de diplomas, certificados e bolsas de estudo. Também advertiu que a greve prejudicava financeiramente a instituição, uma vez que a suspensão dos trabalhos administrativos dificultava o pagamento das mensalidades, gerando problemas de caixa. As associações de professores, estudantes e funcionários não só mantiveram a greve, como passaram a impedir a entrada da reitora e dos pró-reitores no câmpus.

Alegando que a paralisação tinha motivação ideológica e que o protesto era político, a Fundação São Paulo entrou com recurso ordinário na Justiça do Trabalho, acusando o Sindicato dos Professores de São Paulo (Simpro) e o Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de São Paulo de "extrapolar o âmbito trabalhista em suas manifestações de protesto".

Apesar de os advogados desses sindicatos terem alegado que não poderia recair a responsabilidade sobre as corporações, pois o protesto era "do conjunto da comunidade universitária", o recurso foi acolhido pelo TST. A Corte determinou que os professores repusessem as aulas não dadas e que os servidores administrativos compensassem 50% dos dias parados. Mais importante do que as sanções aplicadas, foram os argumentos usados pelos ministros para sustentar sua decisão. O relator do recurso, Walmir Oliveira da Costa, afirmou que os grevistas exorbitaram. "A greve não teve o objetivo de reivindicar condições próprias de trabalho. Foi um movimento claramente político, denotando a abusividade", disse ele. Por maioria de votos, o TST entendeu que, quando "as greves extrapolarem o âmbito laboral", serão classificadas como abusivas - o que permite demissões por justa causa, entre outras sanções.

A decisão não poderia ter vindo em melhor hora. É uma advertência aos líderes sindicais que, confiantes na impunidade, invocam os pretextos mais absurdos para suspender atividades essenciais, recorrer à violência nos piquetes, promover badernas e deixar a população refém de interesses ideológicos e corporativos.

 
16 de junho de 2014
Editorial O Estadão

AS JORNADAS DE JUNHO, UM ANO DEPOIS

Nesses 12 meses, a resposta do poder público ao clamor das ruas oscilou entre a omissão, alguns poucos acertos e iniciativas sem relação nenhuma com as reivindicações

O povo talvez até não soubesse exatamente o que queria, mas ainda assim marchou aos milhões pelas ruas de todo o país em junho do ano passado, fazendo tremular as mais variadas bandeiras. Os governos contra os quais as faixas e os gritos eram dirigidos sabiam com exatidão e com antecedência quais eram as causas que importavam à sociedade e que eles, os governos, já há tempos deveriam ter atendido. Aturdidas com o barulho ensurdecedor, as autoridades comprometeram-se apressadamente com tudo, ainda que soubessem de antemão que não cumpririam a palavra.

Um ano depois dos protestos juninos, aqui ou ali alguma coisa foi feita. O povo queria passagem de ônibus grátis ou mais barata? Tudo bem, vamos congelá-las para os usuários mas, ao mesmo tempo, vamos transferir o inevitável prejuízo do desequilíbrio econômico-financeiro dos sistemas de transporte coletivo para os cofres públicos. E, então, para atender ao clamor dos que bradavam contra a passagem cara, vieram os pesados subsídios para o transporte, que por sua vez tiraram recursos da saúde, da educação, da segurança...

Na verdade, este foi apenas um dos exemplos do arremedo de resposta que os gestores públicos deram às ruas de junho de 2013. Neste caso, vestiram pobremente um santo para pelar vários outros, pois a sociedade se manteve carente de serviços de saúde, educação, segurança... causas importantes que também faziam parte da coleção de reivindicações populares. Havia até, em relação a estes itens básicos da sobrevivência humana e da responsabilidade dos governos, uma exigência – que se desse a eles o mesmo “padrão Fifa” com que o país se comprometeu para ter a honra de sediar a Copa do Mundo iniciada anteontem.

Acossada pelos protestos que poderiam lhe custar (como de fato custaram) perda de popularidade e densidade eleitoral, a presidente Dilma Rousseff respondeu com a proposta de uma “agenda positiva” de cinco pontos, alguns dos quais mais ligados à agenda petista que ao clamor popular, como a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política, ideia logo abandonada (apenas temporariamente, a julgar pela “Resolução sobre tática eleitoral e política de alianças” publicada pelo PT no começo de maio), até por não interessar tanto aos que poderiam torná-la realidade: os políticos que compõem o Congresso Nacional.

Este, por sua vez, cumpriu a sua parte da encenação ao, logo em seguida, derrubar – acertadamente, é preciso dizer – a proposta de emenda constitucional que limitava os poderes do Ministério Público. Mas a ação rapidamente deu lugar aos discursos inócuos contra a corrupção, a favor da transparência dos atos públicos, assim como de defesa de melhores condições para a mobilidade urbana. Tiraram-se das gavetas onde mofavam outros projetos de “apelo” popular – tudo para fazer de conta que as ruas tinham sido ouvidas e estavam sendo atendidas.

Ledo engano. O país pouco mudou de um ano para cá, salvo pelo fato de que, a reboque das manifestações democráticas e pacíficas, surgiram grupos de vândalos especializados em atacar e depredar bens públicos e privados a serviço de facções políticas radicais de esquerda, os tais “black blocs”, agindo sob o pretexto de ser “contra tudo o que aí está”. No mais, nem caminharam milímetros as reivindicações legítimas, nem se contém a sanha destruidora dos vândalos.

Lição positiva que aprendemos durante este ano é perceber que, pelo menos, o junho de 2013 contribuiu para o crescimento da consciência política e dos direitos da cidadania. A questão que ainda permanece, no entanto, é como canalizar esta energia para o bem e, consequentemente, para nos levar a um Brasil melhor?

 
16 de junho de 2014
Editorial Gazeta do Povo, PR

IRAQUE EM DESINTEGRAÇÃO

Numa ofensiva militar de velocidade comparável à da desastrosa invasão americana de 2003, o grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) precisou de apenas alguns dias para tomar Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, e outras regiões no norte e no oeste do país.

A violenta ação do EIIL acelera a fragmentação territorial do Iraque e aproxima o país de mais um banho de sangue fratricida.

Evidenciam-se, assim, os limites da ocupação unilateral promovida pelos EUA e que, em nove anos, foi incapaz de aplacar as tensões sectárias do Iraque --pelo contrário, aprofundou-as, abrindo novo front para o terrorismo islâmico.

Maioria da população (pouco mais de 50%) e no comando do governo nacional, os xiitas controlam o sul, rico em petróleo, e Bagdá. Com pouca voz na capital, facções sunitas (25% do país) lutam, com estratégias distintas, para aumentar o controle a norte e oeste.

Há ainda os cerca de 20% de curdos, que gozam de relativa autonomia no nordeste iraquiano. Nesta semana, um grupo se aproveitou do caos para tomar a cidade multiétnica de Kirkuk, no norte.

Não se trata de fenômeno restrito ao Iraque. O EIIL é uma das principais forças da guerra civil contra o ditador da Síria, Bashar al-Assad. A organização tenta criar seu próprio Estado numa região entre esses dois países e já controla um território do tamanho da Jordânia, com população de 6 milhões.

Seria simplismo, porém, atribuir o avanço do EIIL à guerra síria. No Iraque, o radicalismo sunita cresce sobretudo por causa da asfixia política que o premiê xiita, Nuri al-Maliki, impõe às minorias.

Nesse cenário complexo, o presidente dos EUA, Barack Obama, tem escolhas difíceis pela frente. Herdeiro da invasão promovida 11 anos atrás por George W. Bush, resiste a um novo engajamento militar --as tropas americanas deixaram o país em 2011.

Ao mesmo tempo, é pressionado a agir. Relatos dão conta de que milícias se apoderam de armamento americano confiado às frágeis forças iraquianas. Há, além disso, a hipótese de surgir novo Estado fundamentalista no Oriente Médio.

As opções da Casa Branca, contudo, são limitadas. A própria Guerra do Iraque evidencia que, afora o elevado custo econômico e humano (mais de 4.000 americanos morreram no confronto), ações militares unilaterais tendem a ser contraproducentes.

 
16 de junho de 2014
Editorial Folha de SP

GASTOS PÚBLICOS AUMENTAM SEM QUALIDADE

Os desembolsos com seguro desemprego continuam subindo fortemente, embora as taxas de ocupação no mercado de trabalho sejam as mais elevadas

Os índices de desemprego na economia brasileira estão entre os mais baixos das séries estatísticas apuradas pelo IBGE ou por outras instituições, como o Dieese. O número de pessoas ocupadas com carteira assinada ou trabalhando como autônomas confirma uma crescente formalização do mercado. Vários prestadores de serviços, ou mesmo segmentos da agricultura, do comércio e da construção civil se queixam da falta de bons profissionais.

Mas esses resultados se chocam com o espantoso desembolso do seguro desemprego, que vem aumentando ano a ano, a ponto de pôr em risco o patrimônio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que precisa viabilizar financeiramente esse tipo de benefício. Simultaneamente ao aumento dos desembolsos do seguro desemprego, cresce o número de pessoas que deixam voluntariamente ou nem chegam a se incorporar ao mercado de trabalho.

O que vem acontecendo com o seguro desemprego é um típico exemplo de como os gastos públicos se expandem de maneira equivocada. Não faz sentido que se gaste cada vez mais com um seguro para atender a uma situação temporário de trabalhadores desempregado enquanto o próprio mercado anda à cata de quem queira trabalhar.

Já até se cogitou na hipótese de um grande volume de fraudes para explicar o que está acontecendo com o seguro desemprego, mas o mais provável, como tem demonstrado a experiência brasileira, é que o programa esteja mal estruturado e fuja de suas finalidades. A administração das finanças públicas no país infelizmente sofre desse mal.

Em recente artigo no GLOBO, o economista Fabio Giambiagi chama a atenção para a evolução dos gastos públicos federais. As “Outras despesas de custeio e casteio” quase que dobraram em vinte anos, como proporção do Produto Interno Bruto, chegando a 7,3% do PIB. Nessa rubrica, estão os desembolsos com o seguro desemprego. Segundo Giambiagi, em 2003, quando o índice de desemprego medido pelo IBGE nas seis principais regiões metropolitanas atingira 12%, o gasto com o seguro correspondeu a 0,5% do PIB. Atualmente, com esse mesmo índice de desemprego na faixa de 5%, o montante passou a 0,9% do PIB, sem que o Produto Interno Bruto tenha retrocedido em termos reais ou nominais no período avaliado.

Não por acaso que o conjunto dos gastos primários federais aumentaram de 13,7% em 1991 para 22,8% do PIB no passado, sem que tenha observado uma melhora significativa na qualidade dessas despesas. Para sustentar esses gastos, as empresas brasileiras estão em sexto lugar no mundo entre as que, relativamente, mais pagam impostos.

É indiscutível que o Estado brasileiro gasta muito e mal. E cada vez mais.


16 de junho de 2014
Editorial O Globo

O COTIDIANO POLÍTICO, DO JORNALISTA CLAUDIO HUMBERTO

“Foi uma grande falta de respeito”
Ex-presidente Lula, que já foi vítima de vaias no Maracanã, sobre as vaias a Dilma


CÉSAR BORGES QUER DEMISSÃO DO DIRETOR DO DNIT

O ministro dos Transportes, César Borges (PR-BA), não esconde a irritação com o general Jorge Fraxe, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que assumiu cargo após denúncias de corrupção envolvendo o antecessor Luiz Antônio Pagot. Segundo dirigentes do PR, a insatisfação do ministro com Fraxe não é de agora e o clima de tensão intensificou nas últimas semanas.

FALTA POUCO

Entre deputados do PR e funcionários do DNIT circula a informação de que o general Fraxe pode se antecipar e pedir demissão do cargo.

PRIMEIRO DA LISTA

Chefe de gabinete do general, capitão Gilvan Fernandes Macêdo, já foi exonerado na quarta (11), conforme ato no Diário Oficial da União.

TAMBÉM TÔ FORA

Faxineiro de Dilma no DNIT, o diretor executivo Tarcísio Gomes Freitas passou em concurso de consultor da Câmara dos Deputados.

DEU OCUPADO

Tão intrigante quanto a atuação do juiz japonês, quinta (12), é saber quem telefonou ao vice Michel Temer quando Dilma era xingada.

20% DOS REELEGÍVEIS NÃO SÃO CANDIDATOS

Dez senadores já anunciaram que não disputarão novo mandato este ano. Outros quatro ainda podem desistir, mas oficialmente são eles: do PMDB, Jarbas Vasconcelos (PE), Pedro Simon (RS) e Garibaldi Alves (RN); do PTB, Vicente Claudino (PI) e Epitácio Cafeteira (MA); do PDT, João Durval (BA) e Zezé Perrela (MG), além de Aníbal Diniz (PT-AC), Cyro Miranda (PSDB-GO) e Francisco Dorneles (PP-RJ).

CAI, NÃO CAI

Senadores em cima do muro: Inácio Arruda (PCdoB-CE), Maria do Carmo (DEM-SE), Cícero Lucena (PB) e Mário Couto (PA), do PSDB.

E O POVO?

O governo do Acre oferece aos haitianos o que os acreanos não têm: hospedagem com direito a piscina, três refeições diárias e remédios.

ELE É QUEM?

A importância que o Brasil dá à ciência ficou patente no “esquecimento” das TVs de mostrar o chute inicial do primeiro exoesqueleto brasileiro.

INGRATIDÃO

Os 50 mil ingressos que o governo doou aos beneficiários do Bolsa Família para a abertura da Copa não abafaram as vaias à benfeitora, nem os 14 mil cedidos a convidados, que deveriam honrar a anfitriã.

INDIGESTÃO

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, deve estar achando que o que ouviu contra Dilma na abertura da Copa no Itaquerão ainda é efeito da torta de folha de coca que lhe deram dias antes, na visita à Bolívia.

SITUAÇÃO DELICADA

O governador Cid Gomes (CE) está em rota de colisão com o comando do seu partido, o PROS. Presidente, Eurípedes Jr. quer indicar o substituto de Francisco Teixeira na Integração Nacional. Se Cid não topar, o PROS ameaça romper com Dilma e apoiar Eduardo Campos.

PAÍS BÊBADO

Parece fora do eixo um país em que advogado de mensaleiro preso ameaça em público o presidente do Supremo e a chefe da Nação é vaiada com um refrão impublicável para o mundo inteiro ouvir.

MICO DANÇANTE

Com o dedo de Joana Havelange, “neta” da Fifa, a abertura da Copa do Mundo foi motivo de chacota internacional: uma “festa infantil” ao custo de US$ 9 milhões. Por muito menos, qualquer carnavalesco de escola de samba carioca teria produzido um espetáculo inesquecível.

IMAGINA NA ELEIÇÃO

O pré-candidato ao governo do DF José Roberto Arruda (PR) não quis se expor, indo ao estádio no jogo Brasil x Croácia. Agnelo Queiroz (PT) não só foi como divulgou selfie no Itaquerão. Luiz Pitiman (PSDB) preferiu celebrar em meio a 50 mil torcedores (e eleitores) na Fan Fest.

CANDIDATO A MINISTRO

Após o juiz japonês marcar o pênalti para o Brasil, contra a Croácia, Yuichi Nishimura virou alvo de especulação de gozadores, no Twitter, sobre sua iminente indicação, por Dilma, para ministro do Supremo.

TEM TROCO

Ao priorizar a candidatura do petista Welington Dias ao governo do Piauí, o ex-presidente Lula comprou uma briga com o governador José Moraes (PMDB), que agora negocia apoiar a candidatura de Eduardo Campos (PSB) e abrir seu palanque para Aécio Neves (PSDB).

PENSANDO BEM...

...a próxima pesquisa eleitoral deveria perguntar se o eleitor já xingou Dilma.


PODER SEM PUDOR

PÂNICO DE CANHÃO

O ex-governador pernambucano Gustavo Krause nunca foi muito chegado a cerimônias oficiais, especialmente com "fundo musical" de tiros. Certa vez, ele se assustou ao ser saudado com uma salva de tiros de canhão, à sua chegada em uma cerimônia. Ao final, ele tentou sair de fininho, para evitar nova homenagem, mas um oficial percebeu:

- O senhor governador está se retirando!

O único canhão preparado, dos tempos da Primeira Guerra, cheio de pólvora seca, por infeliz coincidência, estava bem próximo do atônito Krause, que se viu obrigado a parar. O fortíssimo tiro do canhão despoletou o velho pânico de Krause, que foi embora aos berros:

- Homenagem de grego! Homenagem de grego!

 
16 de junho de 2014

DESEMPREGO REPRESADO

Qual seria a curva do emprego sem a interferência do governo na decisão das empresas de demitir? 

A Copa começou sem aumento de preços de bebidas. O governo adiou o aumento dos impostos sobre bebidas frias, decisão que havia sido tomada para melhorar a tão deprimida arrecadação deste ano e viabilizar parte dos subsídios dados ao setor elétrico. Em contrapartida, o setor terá que preservar empregos e investimentos. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes chegou a falar em demitir 200 mil pessoas logo após a Copa caso a alta de impostos não fosse adiada. Garantimos, assim, mais alguns meses sem aumento de preços e sem aumento do desemprego.

A manutenção do emprego é justamente uma das bandeiras do setor automobilístico nas reivindicações junto ao governo para a flexibilização das leis trabalhistas. O governo já admite subsidiar a redução da jornada de trabalho e dos salários para evitar demissões. Na construção civil, os atrasos nos repasses de recursos para as habitações destinadas às famílias de baixa renda inscritas no Minha Casa, Minha Vida trouxeram inúmeras ameaças de demissões por parte das construtoras.

A lista de setores subsidiados, dependentes do crédito governamental e que estão com o nível de emprego acima do desejável é grande e sua tendência é de aumentar bem ao longo desse ano. É emblemático o fato de o governo anunciar neste momento a prorrogação permanente da folha de pagamentos dos 56 setores já beneficiados. Para obter esses e outros benefícios, as empresas se comprometeram informalmente a não demitir.

Muito se discute hoje sobre a inflação represada, mas pouco se fala no desemprego represado. Nos últimos anos temos crescido ao redor de 2%, enquanto o desemprego ficou estacionado em 5%. Há várias explicações para a baixa contaminação do mercado de trabalho que passam por razões demográficas, políticas sociais e pelos programas governamentais voltados à educação como o caso do Fies. Há, no entanto, outro aspecto que tem segurado o desemprego, de difícil mensuração, que é descrito pelo anedótico acima. A adoção da "nova matriz econômica" resultou em um "equilíbrio" instável. Temos hoje inflação estacionada em 6% e PIB em 2% porque tanto a alta da inflação quanto do desemprego é contida temporariamente pela intervenção governamental.

A discussão econômica está polarizada entre os que defendem medidas de ajuste que nos permitam crescer mais com a inflação controlada e os que acreditam que a nova matriz econômica não é problemática, uma vez que estimulando a demanda aumentaremos os investimentos sem grandes riscos inflacionários. Discute-se no meio político se com uma taxa de inflação de 3%, teríamos um desemprego acima de 8,5%.

Sem entrar no aspecto da teoria econômica e no "trade-off" inflação e desemprego, a primeira pergunta a responder é: como fazer tal discussão se nem sabemos de fato a verdadeira inflação e o desemprego atual? É preciso entender que vivemos em um equilíbrio artificial. Não há mecanismo de mercado para estabelecer preços e quantidades nem no mercado de bens e tampouco no mercado de trabalho. Qual seria a curva de demanda e oferta de alguns itens essenciais como a gasolina se os preços não estivessem represados? Qual seria a curva de oferta e demanda por emprego se não houvesse a interferência do governo na decisão das empresas de demitir?

O problema dos represamentos é ainda mais grave quando consideramos seu aspecto fiscal. É difícil fazermos as contas de quantos bilhões estão sendo gastos com tais políticas. São gastos não transparentes, não sujeitos a nenhum processo de avaliação. São políticas públicas, de montante significativo, que não passam pelo Congresso. Subsídios para represar preços e desemprego não têm o chamado multiplicador fiscal e diminuem a produtividade da economia. Certamente a sociedade estaria melhor se os substituíssemos por investimentos em infraestrutura e na qualificação da mão de obra.

Até quando podemos viver em um mundo onde prosperam tantas distorções que distorcem a própria realidade? Essa depende não somente das condições domésticas da nossa economia, mas também da economia internacional. O crescimento da economia americana está se consolidando, após vários períodos de instabilidade, mas a um ritmo ainda bastante lento, o que traz muitas incertezas em relação ao crescimento potencial do país, além de teorias como a do ex-secretário do Tesouro norte-americano Larry Summers, que identificam uma estagnação secular na mais importante economia do mundo.

A Europa também emite sinais preocupantes. Apesar dos fortes ajustes estruturais e da melhora de perspectiva de crescimento para a região, a inflação não tem reagido da forma esperada, trazendo à tona teses como a da "japonização da Europa". Não é à toa que o Banco Central Europeu adotou uma série de medidas não convencionais. No Japão, o crescimento e a alta da inflação estão ameaçados pelos fatores estruturais do país que a politica econômica recente não conseguiu endereçar. Já na China, o novo governo tem emitido sinais de que está disposto a levar as reformas econômicas adiante mesmo que à custa de um crescimento menor nos próximos anos.

Todos esses desenvolvimentos internacionais permitem que a velha estratégia do nosso país de "prosseguir empurrando com a barriga" as difíceis mudanças na politica econômica ganhe algum fôlego extra. Mas se de fato, o lento processo de normalização econômica nas principais economias for apenas um aspecto natural da recuperação de recessões com crises financeiras, em algum momento o mundo voltará a crescer.

Nesse momento, países com baixo crescimento e alta inflação estarão mais vulneráveis. Talvez precisemos esperar um sinal vermelho dos investidores, não mais dispostos a financiar nosso crescente déficit em conta corrente ou mesmo nossa divida doméstica para nos darmos conta de que o mundo de represamento da inflação e do desemprego não é mais factível. Talvez precisemos apenas nos conscientizar que a atual realidade não é tão favorável quanto parece nem tão sustentável como se imagina.
 
16 de junho de 2014
Solange Srour, Valor Econômico

IMAGINA DEPOIS DA COPA

Lula chegou a atribuir o baixo crescimento do PIB ao mau humor dos empresários, trocando a consequência pela causa

Alguma coisa está dando errado e o estrategista João Santana deve estar muito preocupado: quanto mais se intensifica a propaganda oficial em todas as mídias, alardeando as realizações do governo e todos os ganhos com a Copa do Mundo, mais caem a aprovação e as intenções de voto da presidente Dilma e mais aumentam os seus índices de rejeição. E a Bolsa sobe.

Imagina depois da Copa, com metade do tempo do horário eleitoral na televisão ocupado por avassaladora publicidade triunfalista tentando convencer os eleitores que a sua vida e seu país estão muito melhores do que eles pensam. E que quem ganha salário de mil reais agora é classe média.

Não dá para rejeitar as pesquisas agora e aceitá-las há três anos, quando eram positivas. Nem responsabilizar a “mídia golpista”, se há dois ou três anos, apesar dela, a aprovação do governo era muito maior. Resta sempre a conspiração. Blogueiros oficialistas denunciam que todas essas manifestações que estão parando cidades por aumentos salariais têm o único objetivo de impedir a reeleição da presidente Dilma… rsrs.

Lula chegou a atribuir o baixo crescimento do PIB ao mau humor dos empresários, trocando a consequência pela causa. Mas quem azedou o humor de 70% da população? Se fosse Chávez dizia logo que era uma conspiração do Império e explicava tudo, mas aqui nem o Zé Dirceu ousaria tanto.

Como explicar que só pouco mais da metade dos delegados na convenção do PMDB, mesmo com o vice da chapa e todos os seus cargos no governo, tenha votado pelo apoio à candidatura de Dilma? Numa votação secreta, no escurinho da cabine… com delegados peemedebistas… vocês sabem como é… ainda bem que os peemedebistas não traem seus aliados… só quando é pelo bem do Brasil… rsrs.

A saia está tão justa que a estratégia de Dilma tem sido responder com veemência e cheia de razão… a acusações que não lhe foram feitas, mas não consegue se defender das evidências que provocam danos à sua candidatura: crescimento baixo + inflação alta + obras atrasadas = má gestão.

Se João Santana conseguir reverter isso, mereceria ser ele o presidente, e não Dilma.

 
16 de junho de 2014
Nelson Motta, O Globo

ESTÁ DANDO PIKETTY NA VIDA REAL

A riqueza financeira privada continua avançando muito mais rápido do que a economia mundial, reforçando as teses do economista francês

Enquanto ainda pipocam — com menos ímpeto, é verdade — contestações às ideias expostas em “O capital no século XXI”, o fenômeno editorial global acerca da desigualdade social e econômica promovida pelo capitalismo contemporâneo, o mundo real vai dando razão a seu autor, o economista francês Thomas Piketty. Embora a crise de 2008 ainda não tenha sido superada, a riqueza financeira no mundo está crescendo como nunca, mas sua distribuição avança muito mais lentamente.

De acordo com a edição 2014 do tradicional levantamento anual do gigante global Boston Consulting Group (BCG) sobre a evolução da riqueza no mundo, o total de ativos financeiros em poder de famílias alcançou o volume recorde de US$ 152 bilhões, no ano passado (ver “Global Wealth 2014: Riding a Wave of Growth”, em http://migre.me/jLJRr). A soma representa uma expansão de 15%, em comparação com os números de 2012.

É um ritmo de crescimento muito mais rápido do que o observado na economia mundial. Desde a crise de 2008, a riqueza financeira privada acumulada saltou 60% — média anual superior a 8% —, ao passo que o PIB global, em igual período, evoluiu a um ritmo médio inferior a 3% anuais.

Fica assim reforçada a já famosa tese de Piketty, segundo a qual a desigualdade aumenta sempre que a taxa de retorno dos ativos (r) for maior do que a do crescimento econômico (g). No pós-Segunda Guerra, esse descolamento, de fato, está presente desde pelo menos o início dos anos 80. O estoque de riqueza privada em 1980 era praticamente igual ao da produção econômica mundial naquele ano. Daí em diante, o fosso em favor dos ativos foi alargando até chegar, nos dias de hoje, ao equivalente a cerca de dez vezes o PIB americano e quatro vezes o PIB anual global.

Não existe perspectiva de reversão da tendência, nos próximos anos. Projeções contidas no estudo do BCG apontam uma evolução da riqueza financeira privada para US$ 200 trilhões até 2018, com base numa taxa de retorno média anual de 5,4%. Dificilmente a economia global avançará neste ritmo e é quase certo que os países industrializados nem sonharão com expansão nessa velocidade.

Não é só nesse ponto que, na vida real, está dando Piketty. O aumento da riqueza privada em 2013, no robusto montante de US$ 20 trilhões, foi impulsionado, em grande medida, pela rentabilidade dos recursos já existentes. Três em cada quatro dólares adicionados ao estoque de riqueza, no ano passado, vieram da rentabilidade obtida com ativos anteriormente acumulados, com grande destaque para os ganhos nos mercados de ações — que experimentaram, de 2012 a 2013, taxas de crescimento superiores a 20%. Diante dessa constatação, também é legítimo imaginar, como Piketty, que as heranças têm exercido papel ponderável no atual processo de acumulação financeira.

Mesmo com a economia global ainda em processo de recuperação, registrou-se, em 2013, um forte aumento no número de famílias milionárias. Elas eram 13,7 milhões, em 2012, e chegaram a 16,3 milhões, no ano passado — aumento de quase 20%. Passaram então a representar 1,1% do número global de famílias, vindo de 0,7%, em 2007.

Impulsionado mais pela inundação de liquidez promovida pelos bancos centrais nos mercados financeiros do que por uma expansão consistente da atividade econômica, o aumento pós-crise do número de sócios no clube dos ricos é amplamente insuficiente para contrabalançar o exército de 40 milhões de desempregados produzidos no mesmo período. É mais uma eloquente indicação, reforçada e atualizada, das sombrias profecias de Piketty.


16 de junho de 2014
José Paulo Kupfer, O Globo

INSISTIR NO BRASIL OU DESISTIR DELE?

Um dos aspectos interessantes de dar palestras é ser confrontado com perguntas surpreendentes. Encontrei, no aeroporto, um homem que estivera em palestra minha, e ele estava embarcando o filho de 17 anos para o Canadá, onde o rapaz faria intercâmbio estudantil. O pai perguntou-me se o filho deveria insistir ou desistir do Brasil, referindo-se à possibilidade de o menino transferir-se definitivamente para o exterior.

Respondi que procuro não dar esse tipo de conselho, pois tento seguir o ensinamento do filósofo Arthur Schopenhauer, que dizia: “A realidade exterior não existe como um fato concreto; o mundo externo a nós é apenas uma apreensão de nosso interior”. Anthony Robbins, escritor americano vivo, imitando a sabedoria de Schopenhauer (1788-1860), disse algo parecido: “Nós não vemos os problemas como eles são; nós vemos os problemas como nós somos”. Portanto, minhas crenças e convicções valem para mim, e podem valer ou não para os outros.

Contei-lhes uma fábula. Havia duas cidades, uma de cada lado de um grande rio. Um homem era condutor de uma barca e seu trabalho era transportar passageiros de uma margem à outra. Certo dia, um passageiro diz que pretendia morar no outro lado e pergunta-lhe como era a cidade de lá. O condutor indaga o que o passageiro pensa da cidade em que mora, ao que o homem responde: “Aqui, a cidade é ruim e o povo é um atraso”. E o condutor assevera: “Pois é, do lado de lá é a mesma coisa”.

Chegando ao outro lado do rio, o condutor atende a outro passageiro que também desejava se mudar para a cidade do outro lado, agora no sentido contrário do primeiro, e recebe a mesma pergunta. E a resposta do condutor é igual: “Pois é, do lado de lá é a mesma coisa”. Questionado por que dera resposta igual para os dois passageiros, ele redarguiu: “Os lugares são o que deles pensamos, independentemente de como eles sejam de fato”.

Diante da insistência do pai que me fizera a pergunta, socorri-me de Roberto Campos, que costumava repetir: “O Brasil é a amante que mais eu amei, mas foi a que mais me enganou”. Acrescentei-lhe que essa amante, nossa pátria, tem tantos recursos que sempre acredito em seu arrependimento e regeneração, e que ela ainda vai se comportar direito e ser uma boa companheira de vida. Mas fiz uma ressalva: acredito, mas com certa desconfiança.

Antigamente, dizia-se que Brasil e Argentina eram como dois bêbados cambaleantes, com uma diferença: o Brasil estava no rumo de casa, enquanto a Argentina caminhava na direção oposta. Hoje, o risco é o bêbado Brasil fazer uma curva de 180 graus, tomar o rumo contrário e deixar o progresso para trás. Eu temo que isso aconteça, pois nos especializamos em desperdiçar oportunidades históricas.

O Brasil erra demais, a corrupção corrói a esperança, a violência urbana assusta, às vezes a desesperança bate, mas o país é tão rico em recursos naturais que o subdesenvolvimento chega a ser uma distorção. Insistir no Brasil ou desistir dele depende de como cada um vê o mundo e é decisão de foro íntimo. Em junho do ano passado, atingimos 201 milhões de habitantes. Alguns até podem desistir do país e fixar residência no exterior. Mas a nação inteira não tem como fazer isso.

Apesar dos problemas, o país tem amplas condições para superar o atraso e ser um bom lugar para morar. Um jovem de 17 anos tem muita vida pela frente e, por isso, tem a chance de ver este país oferecer bom padrão de bem-estar a todos os seus habitantes. Porém, chance não é certeza.

 
16 de junho de 2014
José Pio Martins, Gazeta do Povo, PR

OS FERIADOS E O PIB

Se junho e julho já são naturalmente meses de festejo, férias e de menos trabalho, neste ano serão especialmente carregados de feriados gerais.

Se a seleção brasileira chegar às finais da Copa do Mundo, além da parada de ontem em São Paulo, haverá ao menos mais seis nas cidades que sediarão as partidas. No restante do País, servidores públicos e funcionários do setor privado devem ser liberados ao meio-dia ou ao menos três horas antes dos jogos, a depender do que for deliberado pelas autoridades locais ou, mesmo, pela direção das empresas. Cidades-sede de outros jogos da Copa, como Porto Alegre, Salvador e Recife, decretaram ponto facultativo nesses dias. No Rio, os dias com jogos no Maracanã serão feriado.

E qual será o impacto desse calendário atípico deste meião de ano sobre a atividade econômica do Brasil, que já não vinha bem das pernas?

"Os trabalhadores serão menos produtivos", adverte Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Para ele, o setor de turismo de negócios em São Paulo será fortemente prejudicado: "Ninguém marcou convenções, congressos, nem reuniões ou viagens profissionais nesse período de Copa".

Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, pensa diferentemente. Para ela, a quebra de atividade econômica não deverá ser relevante. "Já enfrentamos uma conjuntura enfraquecida e de competitividade em baixa. Isso é mais relevante do que qualquer efeito marginal que a Copa possa produzir."

O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Azevedo, também acredita que os impactos serão meramente episódicos. "As perdas em horas trabalhadas têm influência pequena no atual cenário de perda de confiança", diz. Do lado positivo, haverá ligeiro aumento na demanda por bebidas, vestuário e itens de ornamentação: "Esse movimento já foi captado". Azevedo acrescenta que, apesar dos estragos no turismo de negócios, os setores a hotelaria e as atividades de entretenimento, como bares e restaurantes, também deverão ser beneficiados.

Fernando Fix, economista-chefe da Votorantim Wealth Management, calcula que os turistas estrangeiros devem deixar R$ 8,6 bilhões, o equivalente a 0,17% do PIB. "É um resultado macroeconômico de baixo alcance comparado com as dimensões da economia brasileira", afirma.

Os efeitos positivos a serem gerados pelo turismo, no entanto, ficaram aquém do esperado, argumenta Fernando de Holanda Barbosa Filho: "O impulso de demanda não se concretizou como se imaginava, da mesma forma como ocorreu na Olimpíada de Londres". As expectativas do setor hoteleiro, por exemplo, ficaram frustradas.

Mais relevante, para Fix, são os efeitos psicológicos provocados pela perda de confiança que aparentemente foi potencializada pela disseminação da percepção de que houve inversão de prioridades na utilização de verbas públicas: "Os atrasos e os estouros nos orçamentos das obras dos estádios e da infraestrutura podem ter contribuído em parte para essa perda de confiança", afirma.

 
16 de junho de 2014
Celso Ming, O Estadão

NAS DUAS PONTAS

Olhar da porta da fábrica à boca do caixa das redes de varejo revela que a situação está difícil em toda a cadeia produtiva. O setor de papelão ondulado, a embalagem das embalagens, cresceu só 0,35% até maio, menor ritmo desde 2009. Uma grande rede varejista do Espírito Santo registra queda de 10% no volume de vendas, o pior resultado em cinco anos. Em abril, o comércio encolheu 0,4%.

Ontem o IBGE divulgou os dados de vendas do varejo para abril, mostrando que o fraco desempenho não é de uma empresa só, mas está espalhada. A queda de 0,4%, em relação ao mês anterior, vem após uma retração de 0,5%, em março, na comparação com fevereiro. É a primeira vez desde novembro de 2008 que o comércio tem duas reduções mensais consecutivas, segundo a consultoria MCM. Sete de 10 setores do comércio ampliado — que inclui o segmento automóveis — caíram em abril. Um tombo generalizado. Nos supermercados, houve queda pelo terceiro mês seguido, como reflexo principalmente da inflação de alimentos.

A expedição de papelão ondulado é um indicador antecedente do nível de atividade porque contabiliza as caixas que saem das fábricas até o comércio com produtos de vários setores da economia: alimentício, farmacêutico, higiene e limpeza, vestuário, eletroeletrônicos. Por isso, quando sobe, é sinal de aumento das vendas. Quando fica fraco, mostra que os estoques estão elevados. O presidente da ABPO, associação que representa o setor, Sérgio Amoroso, contou à coluna que de janeiro a março a produção de papelão crescia 3% sobre 2013. Depois, houve retração de 5,2%, em abril, e de 1,5%, em maio. Ficou pior da passagem do primeiro trimestre para o segundo tri e agora a alta acumulada é de apenas 0,35%. Esse é o ritmo mais fraco desde 2009.

— Prevíamos crescer 3,5% em 2014, agora, esperamos 2%, mas com viés de baixa. Apesar de não estarmos tão mal quanto outros países, está difícil manter o otimismo sem um dado que indique mudança de rota na política econômica — explicou Amoroso.

No grupo empresarial Dadalto, uma grande rede de varejo capixaba, com lojas de departamento em quatro estados, material de construção, e também uma financeira, os estoques de produtos correspondem a 60 dias de vendas, quando a média para o período é 45 dias. Segundo o presidente da grupo, Leonardo Coelho, o volume de vendas está 10% menor este ano, o número mais fraco também desde 2009.

— De todos os indicadores, o que mais nos afeta é o endividamento das famílias e o comprometimento da renda. Não temos expectativa de reverter a queda do ano, as margens de lucro estão muito pressionadas e há queda de braço com a indústria, que também está estocada — disse Coelho.

Para tentar reativar a economia, o ex-presidente Lula sugeriu recentemente aumento da oferta de crédito. Quem conversa com as empresas vê que isso é difícil. Leonardo Coelho conta que a financeira do grupo, a Dacasa, tem recursos para emprestar, mas explica que a redução da renda disponível das famílias aumenta muito o risco.

— A financeira está empoçada em liquidez. Ou seja, tem recursos para emprestar, mas enfrenta dificuldades. Forçar o empréstimo é incentivar a inadimplência porque o endividamento está alto e a renda disponível está menor. Qualquer crédito dado agora é de alto risco — afirmou.

Os dois executivos, de áreas diferentes, listam os problemas enfrentados pelas empresas na economia real: inflação alta, encarecimento do crédito, perda de confiança, alto endividamento, gastos em excesso do governo. Os dois também avaliam que a baixa taxa de poupança é um entrave para os investimentos, que deveriam ser o novo carro-chefe da economia, no lugar do consumo.

O consumo via endividamento durante muito tempo impulsionou o PIB. Agora, perde força, como mostram os números acumulados em 12 meses. O varejo ampliado já cresceu a uma taxa de 8%, em novembro de 2012. Em abril deste ano, cresceu 2,5%. Na mesma conta em 12 meses, o setor de supermercados crescia a 8,2% e agora está 3,3%. Móveis e eletrodomésticos, saiu de 15,8%, em abril de 2012, para 5,6% agora. O que não está em queda está em desaceleração. Os dados agregados, como a pesquisa divulgada ontem pelo IBGE, confirmam que a economia está fria de forma geral.

 
16 de junho de 2014
Miriam Leitão, O Globo

MISTURA DE ESTAÇÕES

Quando o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo, a ideia era que a euforia tivesse vida longa e que o governo estivesse agora sendo tão festejado quanto a seleção que ontem entrou em campo para derrotar a Croácia por 3 a 1.

A intenção era recolher dividendos políticos. A realidade, contudo, não permitiu o cumprimento dos desígnios e o que se vê é o governo perdendo a confiança da população devido à deterioração da economia, que assume uma dimensão superlativa justamente pela realização da Copa com seus gastos e atrasos.

Não é o resultado em campo que vai determinar o resultado das eleições, embora a ineficácia fora dele tenha contribuído bastante para que se consolidasse a percepção de que a capacidade do governo de "realizar" não correspondia aos fatos.

Sem muito a fazer para inverter a tendência de queda na intenção de votos e no aumento da rejeição nas pesquisas, a presidente Dilma Rousseff tenta nitidamente tirar algum partido da Copa. Faz uma manobra para virar o jogo e dizer que as coisas são o contrário do que na verdade são.

Diz a presidente que nem na ditadura se misturava o futebol com a política. Não é verdade. O ditador da vez a que se referia Dilma, em 1970, Garrastazu Médici, misturava sim. O que não havia era espaço para contestações, em manifestações. Não havia sequer eleições.

Agora ninguém está misturando nada com nada. O que há é uma insatisfação concreta com os serviços públicos, a ação de vândalos e a incapacidade do poder público, em todas as esferas, de responder de maneira adequada. Isso em relação a junho de 2013.

As promessas da ocasião ficaram pelo meio do caminho ou eram inexequíveis (Constituinte exclusiva para reforma política, por exemplo) e a baderna correu solta até espantar os manifestantes de boa-fé das ruas.

Em 2014, os protestos voltaram com outro perfil: categorias profissionais e movimentos, alguns politicamente instrumentalizados, que procuraram tirar proveito da visibilidade do Mundial para obter vantagens dos governos. Alguns com sucesso.

Mas não há nisso uma linha de ligação direta com os jogos propriamente ditos. A não ser aquela que a própria presidente estabelece quando atribui as críticas aos gastos e aos atrasos - o chamado mau humor geral - aos opositores do governo.

Dilma os qualifica de "pessimistas" e determina que foram "derrotados". Eram também assim chamados os que alertavam para a condução errática da economia enquanto o governo previa crescimento irreal do PIB e dizia que o aumento dos preços não era motivo de preocupação. Se alguma tese saiu derrotada aí não foi a dos que estavam sendo apenas realistas.

Agora a presidente faz uma manobra em que tenta confundir os críticos à incompetência governamental com maus brasileiros que torcem pela derrota da seleção. Foi esse o recado de seu último pronunciamento em cadeia de rádio e televisão.

Impossibilitada de colher os louros de uma organização à altura das promessas feitas sete anos atrás pelo antecessor, Lula da Silva, Dilma opta por criminalizar o senso crítico da população em relação aos deveres do poder público e a consciência de que a realização da Copa do Mundo no Brasil não é uma dádiva merecedora de gratidão eterna.

Se alguém está misturando as estações - de propósito e convenientemente com sinal trocado - é a própria presidente, que vai à televisão dizer que há uma campanha contra a Copa que, na verdade, é uma campanha contra o governo. Só faltou dizer explicitamente, porque implicitamente deu a entender, que quem não vota nela não gosta do Brasil. Por esse raciocínio, sua queda nas pesquisas é grave crime de lesa-pátria.

Tudo fantasia, fruto de manipulação marqueteira. Na batata, como se dizia antigamente, agora todo mundo vai torcer. E, em outubro, votar como bem entender.

 
16 de junho de 2014
Dora Kramer, O Estadão

DILMA DE CARACAS

A presidente resolveu dar uma banana ao Congresso e, em vez de projeto de lei, mandou logo um decreto

Com alguma impaciência, noto que há certos analistas com muita opinião e nenhuma memória. É claro que se pode ter uma sem outra. E outra sem uma. Memória sem opinião é banco de dados. Opinião sem memória é tolice. Trato do decreto comuno-fascistoide de Dilma Rousseff, o 8.243, que institui a tal "Política Nacional de Participação Social" e entrega parte da administração federal aos "movimentos sociais", num processo de estatização da sociedade civil.

Sempre que alguém especula sobre a crise da democracia representativa, procuro ver onde o valente esconde o revólver. O assunto voltou a ser debatido nos últimos dias em razão do decreto, que chega a definir, Santo Deus!, o que é sociedade civil. E o faz com a ousadia do autoritarismo temperado pela estupidez. Lê-se lá: "Sociedade civil - o cidadão, os coletivos, os movimentos sociais institucionalizados ou não institucionalizados, suas redes e suas organizações". Quando um governo decide especificar em lei que o "cidadão" é parte da sociedade civil, cabe-nos indagar se é por burrice ou má-fé. Faço a minha escolha.

O "indivíduo" só aparece no decreto para que possa ser rebaixado diante dos "coletivos" e dos "movimentos sociais institucionalizados" e "não institucionalizados", seja lá o que signifiquem uma coisa, a outra e o seu contrário. Poucos perceberam, como fez Oliveiros S. Ferreira, em artigo publicado em "O Estado de S. Paulo", que o Decreto 8.243 institui uma "justiça paralela" por intermédio da "mesa diálogo", assim definida: "mecanismo de debate e de negociação com a participação dos setores da sociedade civil e do governo diretamente envolvidos no intuito de prevenir, mediar e solucionar conflitos sociais".

Ai, ai, ai... Como a Soberana já definiu o que é sociedade civil, podemos esperar na composição dessa mesa o "indivíduo" e os movimentos "institucionalizados" e "não institucionalizados". Se a sua propriedade for invadida por um "coletivo", por exemplo, você poderá participar, apenas como uma das partes, de uma "mesa de negociação" com os invasores e com aqueles outros "entes". Antes que o juiz restabeleça o seu direito, garantido em lei, será preciso formar a tal "mesa"...

Isso tem história. No dia 19 de fevereiro (http://abr.ai/1lkunwF), o ministro Gilberto Carvalho participou de um seminário sobre mediação de conflitos. Com todas as letras, atacou a Justiça por conceder liminares de reintegração de posse e censurou o Estado brasileiro por cultivar o que chamou de "uma mentalidade que se posiciona claramente contra tudo aquilo que é insurgência". Ou por outra: a insurgência lhe é bem-vinda. Parece que ele tem a ambição de manipulá-la como insuflador e como autoridade.

Vocês se lembram do "Programa Nacional-Socialista" dos Direitos Humanos, de dezembro de 2009? É aquele que, entre outros mimos, propunha mecanismos de censura à imprensa. Qual era o "Objetivo Estratégico VI" (http://abr.ai/1lkLvSS)? Reproduzo trecho:

"a- Assegurar a criação de marco legal para a prevenção e mediação de conflitos fundiários urbanos, garantindo o devido processo legal e a função social da propriedade.

(...)

d- Propor projeto de lei para institucionalizar a utilização da mediação como ato inicial das demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiência coletiva com os envolvidos (...) como medida preliminar à avaliação da concessão de medidas liminares (...)"

Dilma resolveu dar uma banana para o Congresso e, em vez de projeto de lei, que pode ser emendado pelos parlamentares, mandou logo um decreto. As Polianas que fazem o jogo dos contentes acusam os críticos do decreto de exacerbação retórica e dizem que a trajetória do PT não revela tentações bolivarianas. Não? Fica para outra coluna. Nego-me a ignorar o que está escrito para ser árbitro de intenções. Pouco me interessa o que se passa na alma do PT. Eu me ocupo é dos fatos. Dilma tem de recuar. Brasília não é Caracas.


16 de junho de 2014
Reinaldo Azevedo, Folha de SP

PARTICIPAÇÃO POPULAR E FACÇÕES

Com os conselhos populares pretendidos pelo governo, pela enésima vez a Presidência da República legisla e usa a mão felina do Congresso para pegar as castanhas que a fortalecem. O Executivo abusa das normas e das medidas provisórias. Todas essas medidas propiciam "negociações" que rendem cargos aos partidos, mas privilegiam o Executivo. Propostas corretas podem ser viciadas. Sim, a participação popular é alvo democrático. O problema reside no modo e na dose.

Alguns doutrinadores exageram as prerrogativas oficiais, outros acentuam a soberania popular. Fernando Bianchini (Democracia Representativa sob a Crítica de Schmitt e Democracia Participativa na Apologia de Tocqueville, 2014) mostra que Tocqueville não ataca, nos moldes de Carl Schmitt, o Estado parlamentar. Ele quer diminuir a distância entre cidadãos e legisladores. O movimento, no entanto, deve brotar "de baixo para cima", e não ser imposto pelo Executivo. Tal é o defeito do decreto assinado por Dilma Rousseff.

O diploma finge que a sociedade não é dividida. Nela não existiriam interesses contraditórios de grupos políticos organizados. Partidos e interesses vários não manobrariam esses grupos, só aparentemente autônomos. Só anjos ignoram que os "movimentos não institucionalizados" têm líderes, ideólogos, agenciadores. Dilma busca um Estado nas dobras do Estado. Ninguém, em movimentos desprovidos de instituição, assume responsabilidade oficial, ou seja, diante do povo soberano, pelos erros nas decisões. O caso de um deputado paulista, popular graças aos recursos de campanha, é importante. O político recebeu um mandato das urnas e guarda relações enigmáticas com "movimentos não institucionalizados", os perueiros que têm elos "não institucionais" com... setores que operam na margem da lei.

Bem diverso era o orçamento participativo, fechado ao ser eleito Luiz Inácio da Silva. Ali os movimentos discutiam com os administradores públicos. Eles decidiam prioridades na aplicação do orçamento. Toda a assembleia se responsabilizava pelas decisões. Mesmo assim, existiam "donos" de movimentos. Certa feita, na assembleia (de Porto Alegre), um grupo abriu uma faixa: "A comunidade de (invento o nome) Pedro Leopoldo saúda os participantes". Perguntei ao meu cicerone: "Onde é Pedro Leopoldo?". Pergunta errada, corrige ele: "Quem é Pedro Leopoldo?". Era o dono do grupo. Líderes referiam-se aos movimentos com o possessivo: "o meu". Comento: "Estranha forma de indicar a comunidade". Replica o acompanhante: eles se pensam proprietários da coisa. A Secretaria da Educação de Porto Alegre, para diminuir filas na matrícula escolar, distribuiu fichas de agendamento. Líderes comunitários exigiam que fossem eles a levar as fichas aos genitores. É a lógica do "favor não institucionalizado".

Sim, o Congresso brasileiro afasta-se da cidadania. Antes de junho (de 2013), nele se discutiram a aprovação da PEC 37, que feria o Ministério Público, mudanças que atenuariam a Lei de Improbidade Administrativa, aleijões na Lei da Ficha Limpa, etc. O problema não está só no Congresso, mas no Estado brasileiro. Fosse o Supremo Tribunal Federal "apenas" uma Corte constitucional, as questões contidas no decreto em pauta já estariam encaminhadas. Ente que tudo julga, e a todos, ele se afoga em processos decididos sem a tranquilidade necessária. Ademais, ele decide com base numa Constituição que é triste colcha de retalhos, dadas as inúmeras emendas, várias oriundas de imposições do Executivo (como a da reeleição).

É grave a distância entre o Estado e os eleitores. Seria importante diminuir o gap que desmoraliza os Poderes. Mas o proposto agora é a imposição de movimentos sociais como operadores do Executivo, negando-se o fato de que na democracia o poder exige responsabilidade pública. Segundo H. Guaino, "as ONGs começam a constituir um contrapoder, mas não têm legitimidade política. Elas não expressam o direito dos povos: um debate na internet não equivale a eleição legislativa ou referendo". As ONGs não têm legitimidade política. E os movimentos que seguem líderes anônimos, com interesses idem?

Hobbes alerta contra as assembleias "populares": antes das reuniões os líderes tudo decidem mantendo "em separado reuniões secretas com alguns poucos, em que combinam o que irão propor na assembleia-geral, a ordem dos assuntos, as pessoas que agirão em primeiro lugar e sobre a habilidade com que irão cooptar os mais poderosos da facção para o seu lado, e aqueles cujo partido tem maior popularidade (...). E, assim, às vezes eles oprimem a república (commonwealth) quando não há outra facção para se opor à sua. Mas na maior parte das vezes eles causam uma guerra civil" (De Cive, 12).

Hobbes conhecia a falência da democracia em Atenas e observou a Revolução Inglesa, enterrada na ditadura pessoal de Cromwell, mas dirigida por líderes anônimos. A democracia exige responsabilidade de pessoas concretas, nega força hegemônica ao Executivo com seus braços, os pretensos "movimentos não institucionalizados". O decreto presidencial lembra um texto a ser lido pelos imprudentes: Estado, Movimento, Povo, de Carl Schmitt. O poder, segundo o jurista, se dividiria em três setores: o povo inerte que diz "sim" ou "não" plebiscitariamente e segue o partido, que, por sua vez, segue o líder (princípio da Führung), mantendo o Estado. Schmitt deseja conselhos de líderes, eleitos ou escolhidos pelo Führer...

No despotismo dos que imperam sem responsabilidade pública, decidem as facções. Com seu decreto, o próprio governo se transforma em facção, esquece um compromisso com o povo na sua totalidade soberana. De um lado, a Secretaria da Presidência e, de outro, os almejados tentáculos do Executivo. Se houvesse algo democrático no decreto, ele seria discutido amplamente com a sociedade, depois enviado ao Legislativo. O resto é propaganda.


16 de junho de 2014
Roberto Romano, O Estado de S.Paulo