"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 28 de junho de 2014

CADA UM POR SI NO PSDB

     Alckmin já puxou o tapete de Aécio duas vezes   




Geraldo Alckmin puxou o tapete de Aécio em São Paulo não uma, mas duas vezes. Depois de fechar acordo com Eduardo Campos, dando a vaga de vice ao PSB, o governador ofereceu a Gilberto Kassab, presidente do PSD e aliado de Dilma, a vaga de senador que seria de José Serra.

As tratativas nos dois casos pegaram o PSDB de surpresa, feitas em segredo. Aécio esperava ter o palanque de Alckmin só para si.
Em vez disso, focado na própria reeleição, Alckmin articula para juntar à sua campanha, além dos aecistas, os campistas, os dilmistas e todos os outros “istas” que houver disponíveis.

A “tapetada” de Alckmin aumentou as apostas na escolha de um tucano paulista para vice de Aécio. Seria uma reação do presidenciável para reforçar trincheiras no Estado que ele considera crucial em sua eleição.
O nome mais óbvio para a vaga ainda é o do senador Aloysio Nunes Ferreira. Mas o PSDB paulista tem outros que podem exercer o papel, como Serra. Ou ainda, o maior de todos os tucanos e ex-presidente Fernando Henrique.

28 de junho de 2014
Raquel Faria
O Tempo
 

CANDIDATOS NANICOS À PRESIDÊNCIA CRESCEM E APARECEM PARA CONFIRMAR O SEGUNDO TURNO



A colunista Raquel Faria, do jornal mineiro O Tempo, fez esta semana uma excelente análise a respeito da importância dos candidatos dos partidos nanicos à Presidência da República. “Seja pelo grande número, seja pelo desempenho individual de alguns, os nanicos já se mostram uma força eleitoral importante na corrida presidencial.

O último Ibope listou 11 nomes. E puxados pelo Pastor Everaldo, que chegou a 3%, os nanicos tiveram juntos 9% das preferências. Mesmo com a saída de um deles, Magno Malta (PR), a lista segue extensa e competitiva, podendo passar de 15% com o voto do eleitor de protesto, que rejeita os candidatos do “sistema”, vinculados aos grandes partidos”, comentou a jornalista de Belo Horizonte, acrescentando:

“O avanço dos nanicos é uma dor de cabeça para o comitê de Dilma, pois aumenta as chances de um segundo turno. Mas também preocupam o outro lado porque roubam votos e dificultam o crescimento dos candidatos mais fortes da oposição”.

UMA NOVA ELEIÇÃO

A jornalista Raquel Faria tem toda razão. Os candidatos nanicos fizeram com que a sucessão presidencial tenha ido para segundo turno nas três últimas sucessões presidenciais. E o mais interessante é que não há transferência de votos seguindo a orientação do partido e os conchavos de cúpula. Pelo contrário, o segundo turno funciona como uma nova eleição, como se partíssemos do zero.

O maior exemplo desse fenômeno do segundo turno ocorreu em Minas Gerais, na eleição entre Helio Costa (PMDB) e Eduardo Azeredo (PSDB) em 1994. Costa ficou teve 48,8% dos votos no primeiro turno, deixando de ser eleito por apenas 1,2% dos eleitores, mas acabou sendo derrotado por Azeredo no segundo turno.
Outro exemplo: Geraldo Alckmin, enfrentando Lula em 2006, teve mais votos no primeiro turno do que no segundo. Ou seja, muitos eleitores mudam o voto.
Portanto, é no segundo turno que mora o perigo…

28 de junho de 2014
Carlos Newton

O GENERAL PODE PERDER A GUERRA


 

A lambança oferecida pelos partidos da base oficial diante das eleições de outubro revela a ausência de comando e de autoridade por parte da presidente Dilma. Não acontece por acaso a pressão de grupos políticos contrariados em suas pretensões fisiológicas ou, mesmo, aqueles já contemplados mas de goela cada vez mais aberta.
 
Falta a eles uma liderança superior capaz de enquadrá-los, ordená-los e de exigir fidelidade a princípios que deveriam estar na base de qualquer aliança. A debandada da tropa ou pelo menos a fuga da batalha fica evidente quando não há um general em condições de determinar a progressão e a vitória no campo de batalha.
 
Fica claro que a presidente da República carecia de condições de chefia quando indicada e eleita em 2010 por um passe de mágica do Lula. Era ótima para ser o segundo em comando, na Casa Civil, mas sem condições de conduzir a guerra, apesar de gritar, assustar e agredir seus soldados.
O exército logo percebeu a fraqueza do chefe, cujas ordens desordenadas se perdiam em meio à confusão. Foi no início do governo, quando a substituição de alguns comandantes de batalhão acusados de malfeitos deu em nada, pois os substitutos revelaram-se submissos aos demitidos e de qualidades até inferiores às deles.
 
O general, ou melhor, a generala, isolou-se em seu posto de comando em vez de mobilizar a ofensiva, mesmo sem um exército adversário digno de enfrentá-la. Aos poucos, a tropa foi percebendo que o saque satisfaria suas necessidades, evitando engajamentos, atritos e ferimentos. Bastava ocupar o terreno até então abandonado pelo inimigo inexistente e fincar nele as estacas de suas cidadelas isoladas e independentes.
 
Agora que por conta das eleições aparecem na curva do caminho contingentes oposicionistas dispostos a recuperar o terreno perdido, em vez de marchar unidos e preparados para a luta, os partidos da situação chantageiam seu comandante em chefe, até ameaçando bandear-se para o adversário.
O que faz a presidente Dilma? Cede às chantagens. Finge contar com batalhões que não a obedecem, dispostos apenas a preservar seus acampamentos, mesmo precisando convidar o inimigo a ocupá-los.
 
Essas alegorias aplicam-se ao processo sucessório em curso, abrindo-se o risco de os partidos governistas cuidarem de sua sobrevivência, às custas da ocupação do posto de comando pelos inimigos. Dilma, coitada, poderá ser abandonada ostensiva ou veladamente. Também, por falta de condições estratégicas e de firmeza para conduzir a guerra…

28 de junho de 2014
Carlos Chagas

EUNÍCIO OLIVEIRA (PMDB) DEVERÁ ABRIR PALANQUE PARA AÉCIO NO CEARÁ

          

 
Líder nas pesquisas pelo governo do Ceará, o senador Eunício Oliveira (PMDB) está prestes a abrir seu palanque para o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. Os dois se reuniram quinta-feira em Brasília para acertar o arranjo regional e, reservadamente, caciques peemedebistas já dão o acordo como certo.

O Ceará, com 6,2 milhões de eleitores e oitavo colégio eleitoral do país, será importante na disputa de outubro. 

No segundo turno em 2010, a presidente Dilma alcançou no Estado a segunda maior vantagem entre todos os Estados sobre o então candidato do PSDB, José Serra.
Foram 2,3 milhões de votos a mais do que o tucano.

À época, a diferença só não foi maior do que na Bahia, Estado em que neste ano Aécio também conseguiu atrair o apoio do PMDB local.

Com a montagem de palanques competitivos no Nordeste, o senador mineiro tenta reduzir a vantagem histórica que o PT leva na região.

28 de junho de 2014
Deu em O Tempo

CONFIRMADO: DILMA VAI ENTREGAR O TROFÉU DA COPA À SELEÇÃO VENCEDORA

        
Taça da Copa do Mundo


O secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, informou hoje em coletiva de imprensa no Maracanã, zona norte do Rio, que a presidenta Dilma Rousseff e o presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, entregarão o troféu à seleção vencedora na final da Copa.

“Puyol [ex-jogador espanhol] e Gisele Bündchen vão trazer o troféu para o gramado”, explicou Valcke.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo  explicou que a participação da presidenta na final já estava confirmada, mas a entrega foi decidida recentemente pela Fifa. “Agora ela seguirá o protocolo” declarou o ministro, acrescentando que não haverá discursos na final.
Para Fifa e o ministro, a Copa do Brasil tem sido uma das melhores em termos de qualidade técnica. Os números desta Copa incluem 14 mil voluntários, 20 mil seguranças privados, 156 mil pessoas credenciadas.

Para Aldo, o sucesso da Copa também tem se traduzido fora de campo.
“Os aeroportos têm correspondido às demandas do evento, a área de segurança pública também tem garantido a integridade dos torcedores, sem incidentes graves” disse ele que citou também o setor de hospedagem, hotelaria e de trânsito como exemplos de sucesso. “Foi tudo dentro do esperado de acordo com nossas possibilidades e limitações” disse ele.

###

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGE se a campeã for a seleção brasileira? Como dizia Nelson Rodrigues, na Maracanã vaia-se até minuto de silêncio, é sempre bom lembrar. Pelo menos, Dilma já avisou que não vai discursar. Mostra que tem juízo. (C.N.)

28 de junho de 2014
Flavia Villela
Agência Brasil

PETROBRAS PERDE R$ 13 BILHÕES NA BOLSA APÓS ACORDO SOBRE ÁREAS DO PRÉ-SAL


[nani_pre_sal.jpg]

 
Os R$ 15 bilhões em bônus e antecipações, a serem pagos pela Petrobrás à União por quatro áreas do pré-sal da Bacia de Santos, são pouco perto dos investimentos para explorar o petróleo. A petroleira deverá gastar de US$ 245 bilhões a US$ 380 bilhões na instalação de plataformas e infraestrutura de escoamento da produção, segundo cálculo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
 
O CBIE utilizou como base a estimativa de gasto de US$ 200 bilhões para o campo de Libra, também no pré-sal, licitado em 2013. A avaliação do mercado um dia após o anúncio da contratação direta é de que o projeto exigirá muito mais do caixa da empresa, o que contribuiu para desvalorizá-la.
A perspectiva de que os gastos da estatal vão crescer nos próximos anos e de que faltam fontes de recursos continuou incomodando o mercado na quarta-feira, 25, com quedas nas cotações. As ações ordinárias (com direito a voto) caíram 3,34% e as preferenciais, 1,98%. Em dois dias, o valor de mercado (multiplicação do total das ações pela cotação final do pregão) da Petrobrás recuou R$ 13,25 bilhões, para R$ 217,65 bilhões.
 
Confirmado, o investimento em plataformas e infraestrutura corresponderá a US$ 35 bilhões em cinco anos, no mínimo, ou a um adicional na área de Exploração e Produção da Petrobrás de 22%, considerando os US$ 153,9 bilhões previstos para a área no Plano de Negócios da companhia, relativo ao período de 2014 a 2018.
 
COMPARAÇÃO
 
As condições geológicas e técnicas das áreas são parecidas, o que permite comparar as áreas envolvidas na contratação direta – Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi – e Libra, disse Adriano Pires, diretor do CBIE.
A diferença está na dimensão das reservas. Em Libra, são 8 bilhões de barris de óleo equivalente (boe, que inclui gás natural) e nas quatro áreas variam de 9,8 bilhões a 15,2 bilhões.
 
“É claro que se trata de um número aproximado, porque pode ser que a Petrobrás realmente consiga reduzir de alguma forma o custo por aproveitar infraestruturas já existentes, como mencionou a presidente da estatal, Graça Foster.
Mas o investimento por barril não fugirá muito daquele de Libra”, disse Pires. Na área licitada ano passado, cada 1 bilhão de boe deve custar US$ 25 bilhões à Petrobrás e aos seus sócios.
 
Além de avaliações negativas pela maioria dos analistas de bancos e corretoras que acompanham a empresa, o anúncio gerou dois rebaixamentos de recomendação a investidores. O UBS mudou a recomendação de compra para neutra, diante do aumento da percepção de risco relacionado à governança corporativa.
Já o Bradesco, segundo operadores de mercado, alterou a avaliação de “desempenho acima da média do mercado” (outperform, no jargão da Bolsa) para “em linha com o mercado” (market perform), diante da percepção de que o contrato é ruim para a companhia.
 
AUMENTO DO RISCO
 
O BTG Pactual alertou para o aumento do risco de que a empresa recorra a novo aumento de capital em 2015. Os analistas Gustavo Gattass e Andres Cardona avaliaram, em relatório, que o mercado não deve gostar do novo acordo, mesmo que possa ser economicamente bom, porque vai pressionar ainda mais o balanço da estatal.
 
Entre tantos questionamentos sobre as condições da contratação direta da Petrobrás pela União está também o quanto esse investimento irá prejudicar os demais projetos do pré-sal, segundo um analista de banco que preferiu não se identificar.

28 de junho de 2014
Fernanda Nunes e Karin Sato
O Estado de S. Paulo

LULA USA CONVENÇÃO REGIONAL DO PT PARA ATACAR NOVAMENTE A IMPRENSA

        
http://visaopanoramica.net/wp-content/uploads/2009/08/charge_lula_jornal.jpg


O ex-presidente Lula fez duros ataques a atuação da Imprensa brasileira durante a Convenção Regional do Partido dos Trabalhadores em Salvador. Ele também defendeu a contratação da Petrobras sem licitação para explorar o volume excedente de óleo em campos de petróleo do pré-sal. Aproveitou a ocasião,para elogiar a presidente Dilma Rousseff, afirmando:

“Essa mulher, antes de ontem, anunciou uma coisa extraordinária para a Petrobras. A presidente Dilma pegou uma área de petróleo, essa área que demos como cessão onerosa, que tinha muito mais que 5 bilhões de barris de petróleo, e ela fez outra concessão para a Petrobras. E a Petrobras vai pagar por isso R$ 15 bilhões ao governo até 2018. Ou seja, a Dilma fez o que 98% dos brasileiros quer que ela faça, que é fortalecer a empresa mais importante que nós temos neste país”, declarou, ao lado de Dilma. E prosseguiu:

Os jornais entenderam que a operação da estatal foi uma manobra para auxiliar o Executivo a alcançar sua meta de superávit primário, o que provocou  protestos de Lula.“Como a imprensa reagiu? Algumas manchetes dos jornais diziam: ‘Dilma faz concessão à Petrobras para resolver seu problema de superávit primário’. Achando que isso foi uma jogada para resolver problema de governo e cumprir superávit. Outro dizia que a Dilma, mais uma vez, burla o mercado porque não faz licitação. Outro dizia ‘cai a desconfiança do governo no mercado internacional”.
E foi por aí a fora.

28 de junho de 2014
José Carlos Werneck

REPÚDIO À ESTUPIDEZ

           


A coluna da semana passada, neste espaço, descreveu a continuada e perigosa violência que tem sido presente nos chamados protestos populares, que nos últimos tempos vêm sendo usados para que grupos traduzam seu inconformismo com o que lhes incomoda ou se lhes impõe.
 
Protesta-se contra a realização da Copa do Mundo, que já está no meio do caminho e vai indo de razoável pra bem; contra a falta de oferta, pelo poder público, de políticas de saúde e de educação gratuitas e de qualidade, que todos reconhecemos como demandas justas e historicamente mal abordadas pela União, pelos Estados e pelos municípios. Protesta-se ainda contra o caos dos transportes de massa, ou a falta deles, e a ação das polícias quando prendem ou endurecem o jogo contra delinquentes, mas também se protesta contra a impunidade dos criminosos, nunca alcançados pelas mãos da lei.
 
Para cada tipo de protesto há um formato em serviço. Contra a Copa, vaia-se a presidente da República, desrespeita-se a autoridade pública, e quebram-se monumentos e símbolos do evento. Contra a falta de saúde, invadem-se postos de atendimento e hospitais, agridem médicos, enfermeiros, auxiliares e danificam instalações. Escolas idem, e os agredidos, além dos prédios já em péssimas condições, muitas vezes são os professores. Esses já são agredidos e desrespeitados pelos próprios alunos, que há muito não estão interessados em educação. Se a bola da vez for o transporte, queimam-se ônibus, quebram-se abrigos e a sinalização de trânsito.
 
REAGINDO A TIROS…
 
Na semana passada, grupos de uma comunidade carioca atiraram em PMs porque esses insistiam em repreender o tráfico de drogas e prender marginais e armas. A comunidade reagiu a tiros.
 
Várias manifestações se dirigiram à coluna e a esse colunista, na sua maioria de apoio, mas várias outras de repúdio ao texto e revolta para justificar atitudes classificáveis como apropriadas, e não atos de selvageria, de delinquência, de estupidez. As que recomendavam a barbárie apoiavam tal preferência como a única forma disponível de que o povo pode lançar mão e, assim, exigir o atendimento a suas necessidades.
 
É óbvio e cristalino que, num país como o Brasil, a acomodação não vai nos levar a lugar nenhum. A lugar nenhum mesmo. Mas acharmos que depredando bens, públicos e privados, incendiando ônibus, invadindo prédios e instalações, saqueando lojas, destruindo concessionárias de veículos e agências bancárias vamos construir direitos, garantir o atendimento democrático e efetivo do Estado aos que dele dependem, ampliando a oferta de soluções públicas é, no mínimo, a generalização da estupidez, que precisa ser evitada com todo rigor.

(transcrito de O Tempo)

28 de junho de 2014
Luis Tito

CAPITANEADA PELA ORGANIZAÇÃO GLOBO, QUE É UMA ESPÉCIE DE SÓCIA DA FIFA, A MÍDIA AJUDA A ALIENAR O PAÍS NA COPA

       
https://fbexternal-a.akamaihd.net/safe_image.php?d=AQC6JwOrJ9grpFp5&w=484&h=253&url=http%3A%2F%2Fipitanga.com%2Fblog%2Fwp-content%2Fuploads%2F2014%2F06%2Fpoeta.jpg&cfs=1&sx=0&sy=0&sw=592&sh=309 


Caramba! O que está acontecendo com a mídia? De repente, a Copa do Mundo passou a ocupar a maioria das páginas dos jornais, substituindo grande parte do noticiário das editorias de política, administração, geral, polícia, local e economia, justamente quando o país entra numa importantíssima fase de suas eleições gerais. É como se tivessem se apropriado da criação do genial Miguel Gustavo – “de repente é aquela corrente pra frente” – e transformado essa paixão nacional num monstro midiático, que suga tudo o que estiver por perto.

Nas TVs é a mesma coisa. Só se fala na Copa. Os telejornais se tornaram programas futebolísticos. E como nem há assunto para tanto espaço, fica uma repetição ridícula. Quem quer saber se o Vietnã se classificou ou se o craque de Sumatra está com uma torção?

Tudo isso só acontece que a mídia brasileira é comandada pela Organização Globo, a única com cacife para se associar à Fifa no Mundial, e a cobertura global puxa o resto da mídia, que não lucra nada com a Copa, mas não quer ficar atrás…

UM EXAGERO FLAGRANTE

É claro que a cobertura da Copa está flagrantemente exagerada. O país, na verdade, atravessa um momento difícil na economia, na administração, no emprego, na ética, na saúde, na educação, na segurança e até na ordem pública, mas de repente parece ter entrado para o melhor dos mundos do Professor Pangloss, genial criação de Voltaire. E a quem interessa essa alienação total, esse carnaval fora de época?

Este sábado, tem jogo do Brasil. Devemos torcer para que nossos atletas façam uma boa apresentação e cheguem a mais uma vitória, subindo o quarto dos sete degraus da glória do esporte mais disputado do mundo. A Copa é um sucesso, não há dúvida, mas não resolverá nossos problemas. No dia 13 de julho o país terá de acordar para sua realidade, não importa quem tenha sido o campeão.

28 de junho de 2014
Carlos Newton

PASTOR EVERALDO, QUARTO COLOCADO NAS PESQUISAS DEFENDE O ESTADO MÍNIMO E INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO, SAÚDE E SEGURANÇA



 


O candidato do PSC à Presidência, Pastor Everaldo Pereira, afirmou em Salvador que defende “a família como está na Constituição brasileira, sem discriminar ninguém” e que não cabe ao Estado “dizer como o cidadão vai se comportar”.
Pastor da Assembleia de Deus, o candidato esteve em Salvador para participar da convenção do PSC que formalizou apoio à candidatura do ex-governador Paulo Souto (DEM) ao governo do Estado, que lhe prometeu apoio durante a eleição — apoio que também será dado ao candidato tucano à Presidência, Aécio Neves.
O PSC ganhou projeção após as polêmicas envolvendo o deputado federal Marco Feliciano, que presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara e colocar em pauta, na comissão, projetos contra direitos dos homossexuais.

A convenção do partido, pautado nos “princípios do cristianismo”, segundo seus integrantes, teve uma oração inicial e discursos contra o aborto e a favor da família.

Pastor Everaldo, porém, preferiu fugir de polêmicas e adotou um tom conciliatório na sua fala. “Defendemos a vida do ser humano desde a sua concepção, defendemos a família como está na Constituição brasileira, sem discriminar ninguém. A pessoa mais democrática e liberal é Deus, que deu livre arbítrio para o homem fazer o que bem entende de sua vida. Não é o Estado que vai dizer como vai o cidadão se comportar”, afirmou.

O candidato também disse defender a “liberdade”. “Graças a Deus, estamos numa democracia, e vou repetir sempre isso, aqui não é Cuba nem Venezuela”, discursou, para um pequeno auditório completamente lotado, com cerca de cem pessoas no local.

O Pastor Everaldo voltou a defender um “Estado mínimo” e o enxugamento da máquina pública, com redirecionamento dos gastos para a educação, saúde e segurança.
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o candidato ao governo, Paulo Souto (DEM), foram ao evento manifestar apoio. “Nós temos, portanto, muitas identidades no que nós pensamos para o Brasil e a Bahia”, afirmou Souto.

28 de junho de 2014
Deu em O Tempo

O HUMOR DO DUKE

Charge O Tempo 27/06
 
28 de junho de 2014


LULA MUDA DISCURSO SOBRE VAIAS CONTRA DILMA, ADMITE INSATISFAÇÃO POPULAR ESQUECE A "ELITE BRANCA"

   


 
A nova versão, admitindo que a insatisfação da população com o governo da presidente Dilma ultrapassa a elite, foi forçada pela declaração do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, de que o PT errou sobre o descontentamento dos brasileiros.
 
A fala do ministro levou Lula, que vinha atacando a “elite branca”, a reconhecer nessa quarta em entrevista ao SBT, que “possivelmente a gente tenha culpa de não ter cuidado disso (insatisfação) com carinho”.
 
A avaliação de Gilberto Carvalho, responsável pela interlocução com os movimentos sociais, gerou mal-estar no Planalto e provocou críticas internas do PT por ter potencial para gerar desgaste a Dilma em ano eleitoral.
 
MAIS RESPOSTAS
 
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que tem uma visão um pouco diferente de Carvalho, mas defendeu que o PT precisa dar mais respostas à sociedade. “Tem uma insatisfação clara (com o governo)”, disse o petista após reunião da Executiva nacional, em São Paulo. “Que há um mau humor, há um mau humor, mas dizer que isso é uma insatisfação pela mesmas razões, não. Você tem uma insatisfação da elite e isso contamina de alguma forma a sociedade. Imagina o que são vários anos de ataque da imprensa, da oposição…”, disse.
 
O senador citou a falta de enfrentamento envolvendo a Copa. “Ficamos apanhando dois anos pela Copa para chegar à conclusão agora de que é um grande negócio mesmo”.
 
Secretário de comunicação do PT, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Américo Dias, também reconheceu que os problemas do governo vão além da elite. “É óbvio que tem descontentamento e isso é normal. Uma sociedade complexa e pulsante como a brasileira é normal que tenha descontentamento além da elite branca, mas quem puxou a vaia é óbvio é que foi no camarote VIP”, disse.
 
O presidente do PT, Rui Falcão, não quis comentar as declarações de Lula e Carvalho nem se o partido errou na avaliação sobre as vaias. Ele negou que a posição do ministro tenha provocado desgaste interno. “Não senti nenhum mal-estar. É opinião de companheiro valoroso, que sempre dá suas opiniões”, afirmou.
 
28 de junho de 2014
Deu em O Tempo

QUEM COMEÇOU A BAIXARIA

 

 
 

 
  


 
Sempre achei que nós, brasileiros, somos em maior número do que indicam as estatísticas. Como o país pode ter 200 milhões de habitantes se possui 140 milhões de eleitores? Onde ficam nessa contabilidade os jovens menores de 16 anos, os idosos e os analfabetos que não votam, usando do direito que lhes faculta a Constituição? Penso que os números verdadeiros não são revelados para não mostrar o retrato instantâneo do nosso Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Certa vez, em um congresso de Tribunais de Contas em São Paulo, levantei essa tese e quase fui escorraçado pelo pessoal do IBGE.

Um dos meus argumentos: quando alguém entra num banco para tomar um empréstimo, a primeira providência do gerente é verificar se o tomador possui um cadastro e, caso contrário, providenciá-lo. Quem pega dinheiro emprestado em banco não declara dívidas, só declara o que lhe convém: escritura de imóvel quitado, automóvel, créditos com os cunhados etc. Assim, penso eu, são os nossos recenseamentos.

Sou servidor público aposentado e só fui entrevistado no último censo. Assim mesmo porque, na qualidade de presidente do Tribunal de Contas, reclamei que até então não havia sido procurado pelos pesquisadores do recenseamento. Vivo em Belo Horizonte, na mesma residência, há 38 anos e conheço muita gente que nunca foi. Daí, pensar assim. Então esse problema é como uma regra de três: quanto menos gente e mais receita, melhor o nosso IDH.

INQUIETAÇÃO SOCIAL

Digo tudo isso para confessar que nunca vi uma inquietação social como a que estamos vivendo nos dias atuais. É tanta mentira, tanta ladroagem e safadeza que parece que somos todos náufragos à procura de uma rama para segurar.

Essa rama, hoje, é a Copa do Mundo, que, se for perdida, será certamente a Copa do Fim do Mundo. E aí, vamos começar a gastar à tripa forra para preparar as Olimpíadas.
Enquanto isso, ninguém está prestando atenção na vigência inconstitucional do Decreto Federal 8.243, que comuniza o Brasil, ao acabar com o sistema e a forma republicana de governo, além do regime democrático. Imaginem só: estamos dependendo das providências de Renan e de Henrique não sei das quantas. É ou não é dose? E reclamam que o povo no Maracanã mandou a presidente tomar café.

MANDOU BEM…

O povo mandou bem, igual ao vigarista ex-Luiz, que no dia 10 de maio de 1993 mandou o presidente Itamar Franco ir à PQP e recebeu como resposta, por escrito, o seguinte recado do então presidente: “Gostaria de saber o que aconteceria se a situação fosse inversa, ou seja, se esse indivíduo arrogante e elitista fosse presidente da República e alguém o chamasse disso.
O senhor Luiz Inácio Lula da Silva me chamou de filho da p. Minha mãe se chamava Itália Franco. Mas, fosse eu efetivamente um filho da p., certamente teria pela minha mãe o mesmo amor filial”.
Assim, quem começou essa baixaria foram os comunas, o ex-Luiz e intelectuais terroristas, sempre disfarçados. Quem planta, colhe.

28 de junho de 2014
Sylo Costa

ENQUANTO A COPA DAS COPAS BOMBA EM CAMPO... PROMESSAS DESCUMPRIDAS: GASTOS COM COPA NÃO ESTÃO TRANSPARENTES




As promessas feitas pelo ex-presidente Lula ao trazer a Copa para o Brasil foram descumpridas: 
os investimentos não foram realizados só com recursos privados, assim como os gastos para o mega evento não estão transparentes. 
O Portal de Transparência da Copa (www.portaltransparencia.gov.br/copa2014) está desatualizado e com informações divergentes entre si.

Isso pode ser verificado em qualquer consulta sobre a execução de empreendimentos de infraestrutura ou até mesmo dos estádios. 
Para esse último, por exemplo, apenas três das 12 cidades-sede, Porto Alegre, Manaus e Cuiabá, apresentam dados de 2014. 
As outras cidades estão com as contas desatualizadas: 
os dados mais recentes são de janeiro a outubro de 2013.

Quanto aos portos, o cenário encontrado é similar. 
Para as obras de Salvador, foram executados 48,5% do total previsto, isto é, R$ 19,7 milhões dos R$ 40,7 milhões orçados para construção do terminal marítimo de passageiros, estacionamento e urbanização da área portuária. Entretanto, esse dado não é confiável, pois é originário do 3º Balanço das ações do Governo Brasileiro para a Copa, publicado em abril de 2012. 
Então, a última informação prestada ao usuário comum está dois anos atrasada.

Além disso, os dados disponibilizados no portal não são claros. 
O caso é facilmente percebido se analisadas as obras do Porto de Fortaleza. 
Para elas, o Portal indica R$ 202,6 milhões de previsão de investimento. 
Na última prestação de contas, em janeiro de 2013, informou-se que 20% havia sido concluído.

Contudo, também é informado, para o mesmo empreendimento, que R$ 175,5 milhões foram contratados (destinados à obra já em contrato) e R$ 227,2 milhões já executados. Sendo assim, o valor executado é superior ao contratado, como também ao previsto, o que faz o percentual demasiadamente superior aos 20% indicados.

A prestação de contas dos aeroportos no Portal sofre do mesmo mal. 
A de Brasília e Natal possuem obras com a última atualização apenas de abril de 2012, quando foi publicado o 3º Balanço da Copa. Mesmo se fossem utilizados dados do último balanço publicado, o 5º Balanço, a informação ainda estaria desatualizada, pois esse contém dados de setembro de 2013. As outras cidades-sede possuem dados mais atuais, que variam de fevereiro a abril de 2014.

Dessa forma, o decreto assinado em 2009 pelo à época presidente, no qual previa que o Portal, sob a responsabilidade da Controladoria Geral da União (CGU), reuniria todas as informações de orgãos e entidades que administraram recursos destinados a Copa, não foi plenamente cumprido.

Apesar das desatualizações, a CGU acredita que o Portal de Transparência vem cumprindo a função de dar publicidade aos recursos federais aplicados na Copa, haja vista a quantidade de visitantes diários que o site recebe: 
955,9 mil em 2013 e 756,5 mil no primeiro semestre de 2014. 
Além disso, informou que o Portal representa proatividade e ineditismo por parte do governo brasileiro, já que essa iniciativa não ocorreu nos demais países que sediaram o Mundial.

Já o Ministério do Esporte, que agrega os dados prestados pelas entidades executoras das obras, diz que a transparência dos investimentos feitos para o mega evento permite amplo acompanhamento do cidadão brasileiro. 
Para a Pasta, qualquer cidadão que tenha acesso à internet, em qualquer lugar do mundo, pode fazer o acompanhamento por meio do portal em questão.

Portal do Congresso

No mesmo período em que Lula assinou o decreto, em dezembro de 2009, o Congresso Nacional também lançou um portal de transparência da Copa sob o seu regimento. Esse sequer existe.

Idealizado pela Rede de Fiscalização e Controle da Copa de 2014, das Comissões de Fiscalização e Controle do Senado e da Câmara, o portal deveria estar hospedado na página do Senado (www.senado.gov.br/fiscaliza2014) e permitir ao usuário acompanhar a execução das obras, dos procedimentos licitatórios e dos serviços contratados. 

Mas, ao tentar abrí-lo, o internauta se depara com uma mensagem de serviço temporariamente indisponível.

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal não responderam os questionamentos do Contas Abertas sobre o portal em referência até o fechamento da reportagem.

Gabriela Salcedo e Thais Betat
Contas Abertas
28 de junho de 2014

O FUTURO A DEUS PERTENCE! NAS MÃOS DE DEUS.



Embora reconheça que a inflação piorou, o
 Banco Central (BC) parece ter entregue tudo às mãos de Deus. 
O que tinha de ser feito foi feito. 
 
É o que pode ser deduzido do segundo Relatório de Inflação deste ano, divulgado nesta quinta-feira.

O BC já não conta com um recuo. 
Em março, projetara para todo o ano de 2014 uma inflação de 6,1%; agora admite que não ficará abaixo de 6,4%, a uma polegada do admissível. O risco de que a inflação transborde o teto da meta ao final deste ano saltou de 38% para 46%.




As projeções oficiais para 2015 também pioraram.
Foram de 5,5% em março e passaram a 5,7%.
Há razões para entender que o desrepresamento dos preços administrados pode provocar ainda mais estrago.

Se cumprisse à risca o regime de metas de inflação, o colegiado do BC teria de continuar a puxar os juros para cima. Desistiu de fazê-lo porque, no fundo, também faz a pergunta que o presidente Lula fez no dia 6, em Porto Alegre, quando apontou o indicador para o secretário do Tesouro, Arno Augustin: 
“Se a gente não tem inflação de demanda, por que está barrando o crédito?”.

O avanço do PIB está abaixo do previsto e “o deslocamento do hiato do produto” faz o jogo anti-inflacionário. É um jargão dos economistas para expressar tanto o aumento da capacidade ociosa como o crescimento econômico abaixo do potencial da economia. Na prática, o BC olha para os altos estoques das montadoras e para a velocidade das máquinas do resto da indústria e conclui que, nessas condições, os empresários contam até dez antes de fazer remarcações.

No diagnóstico do BC há mais fatores a considerar. 

Fazem o jogo contra o controle da inflação. A situação de pleno-emprego aumenta os riscos de inflação, diz o Relatório. O BC pede mais “moderação salarial”, ou seja, pede reajustes salariais mais baixos, que olhem mais para a inflação futura do que para a inflação passada. Embora não o diga explicitamente, pressupõe que um pouco mais de desemprego ajudaria a combater a inflação.

Outra afirmação grávida de consequências é a de que “há dois importantes processos de ajustes de preços relativos em curso na economia – realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres”. Se traduzisse esse código para algo mais compreensível, o BC estaria dizendo, em primeiro lugar, que o câmbio (cotação do dólar) cumpre uma função relevante na contenção da inflação, na medida em que preços mais baixos dos importados reduzem os reajustes dos preços internos. Há aí uma faca de dois gumes. Quando deixar que o dólar se ajuste para cima, em vez de derrubar, o BC estará concorrendo para aumentar a inflação.

Em segundo lugar, há o problema já conhecido dos preços administrados. Quando a panela de pressão das tarifas represadas de energia elétrica, dos combustíveis e dos transportes urbanos for destampada, os demais preços entrarão em ebulição.

São fatores que concorrerão para puxar para cima a inflação futura e, se isso for para o salário, como quer o BC, teremos mais inflação, e não menos.



 
Aí está a evolução do desemprego no Brasil. 
As estatísticas de maio ficaram prejudicadas pela greve dos funcionários do IBGE, que não permitiu o levantamento das informações em duas praças importantes do Brasil: 
Salvador e Porto Alegre. 
O número de maio reflete a situação em São Paulo.

Goal-Line Technology

Depois que admitiu que a inflação deste ano não ficará abaixo de 6,4%, o Banco Central terá de adotar a tecnologia da Fifa para saber se a bola ultrapassou ou não a linha fatal (meta de 4,5% mais 2 pontos porcentuais de tolerância).

Celso Ming
Estadão
28 de junho de 2014

GERENTONA "FAXINEIRA"

                        Palavra dada é palavra empenhada



Dilma Rousseff é bastante coerente no que diz. Já se apresentou aos brasileiros como gerentona, como faxineira e, mais recentemente, se disse firme na decisão de não ceder a chantagens partidárias e recusar-se a mexer em sua equipe em troca de apoio eleitoral. 
Em todos os casos, manteve a linha: 
não cumpriu nada a que se propos. 
Percebe-se agora que o que vale não é a palavra empenhada, mas a disposição de vender a alma ao diabo pela vitória.

Dilma Rousseff é uma pessoa de palavra.
Quatro anos atrás, apresentou-se ao eleitorado como gerente gabaritada. 
Eleita, correu para vestir uniforme de faxineira. 
Há algumas semanas, assegurou que não mudaria sua equipe ministerial apenas em troca de alguns minutinhos a mais no rádio e na TV. 
As circunstâncias e o figurino podem mudar, mas Dilma Rousseff mantém a coerência: 
não cumpre nada do que fala.
 
Dilma havia dito há algum tempo que “faria o diabo nas eleições”. 

Mas, vê-se agora, é muito mais que isso: 
a candidata-presidente está disposta mesmo é a vender a alma ao diabo. 
Os lances mais recentes da montagem do palanque reeleitoral são pródigos neste sentido. No balcão de negócios, o céu é o limite.

 


A presidente da República trocou ontem mais um de seus ministros para assegurar o apoio de mais um partido à sua elástica coligação eleitoral. 
Dilma dissera que estava muito satisfeita com César Borges no Ministério dos Transportes – e, convenhamos, pelo histórico de inoperância da pasta na era petista ele até vinha bem – e jamais o tiraria do cargo.

A palavra dada pela presidente, contudo, não foi honrada. 
O partido do ministro, o PR, cobrou a substituição de Borges e Dilma prontamente atendeu. Entregou sua cabeça e trouxe de volta para o cargo o mesmo ministro afastado há menos de 15 meses. Se isso não é ser coerente, o que mais pode ser? A Borges, restou a Secretaria dos Portos como prêmio de consolação.

Em 2011, o mesmo partido e o mesmo Ministério dos Transportes estiveram no centro da “faxina” – aquela em que a sujeira é varrida para baixo do tapete – promovida pela presidente. Se havia alguma dúvida do artificialismo do figurino ético de Dilma, não remanesce nenhuma mais. Na alça da mira agora estão a diretoria-geral do Dnit e o comando da Valec, também num movimento de desfazer a limpeza que, embora timidamente, fora feita.
 

A coerência administrativa da presidente ao nomear sua equipe é de dar gosto. Basta lembrar, também, o que aconteceu no Ministério da Pesca três meses atrás. Lá o ministro que não sabia o que era uma minhoca deu lugar a seu suplente no Senado, um teólogo e jornalista que, possivelmente, não faz ideia do que seja pescar com caniço e samburá.

Em todos estes episódios, salta aos olhos a falta de autoridade da presidente e sua total ausência de controle e critérios para compor uma equipe. Já não bastassem os maus resultados que ela tem a exibir em termos de obras e realizações, cabe a pergunta: 
Que espécie de gerentona eficiente é esta?

No seu vale-tudo pelo poder, o PT faz uso de suas armas mais típicas, como a também odienta caça aos que ousam não compactuar com os planos eleitorais do partido. O Globo noticia hoje que o Planalto foi em busca dos nomes de cada um dos prefeitos do PMDB fluminense que hipotecaram apoio a Aécio Neves. Para que será?

Pego no flagra, o ministro de Relações Institucionais disse que pretendia apenas convidá-los para um convescote no Planalto. “Prefeito, quando você chama para almoçar, para conversar sobre algum assunto, ele vem. Isso é do jogo”, disse Ricardo Berzoini, de notáveis atuações no submundo da guerrilha petista em eleições passadas. 
Não parece um fidalgo?

A uma presidente sem autoridade e com um currículo de parcas realizações para mostrar ao eleitorado como justificativa para merecer um novo mandato, junta-se um partido disposto a tocar o terror para vencer as eleições e perpetuar-se no poder. Nem com todos os arranjos e malandragens do mundo isso vai dar certo. 
 

O vale-tudo tem limite.
Instituto Teotônio Vilela
28 de junho de 2014

ENQUANTO ISSO... PETROBRAS/EXPECTATIVA E PETEBRAS REALIDADE


Mais reservas, menos caixa ou Reserva é o que não falta, extrair o petróleo é que são elas

Do ponto de vista econômico é importante reforço para a Petrobrás, como disse a presidente Graça Foster. Já dispunha de 16 bilhões de reservas medidas, outros 16 bilhões de reservas prováveis e terá à disposição mais 15 bilhões. Reserva é o que não falta. 

Tirar o petróleo de lá é que são elas.

O custo imediato é a cobrança de um bônus de R$ 15 bilhões, em parcelas anuais até 2018. Neste ano, a Petrobrás deverá recolher ao Tesouro R$ 2 bilhões, quantia que deverá reforçar o superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) do governo federal.

Alguma engenharia financeira já estava sendo esperada porque era preciso fechar um acordo sobre a tal cessão onerosa. 
(Só para quem não acompanhou esse assunto, cessão onerosa é o petróleo da União que já foi transferido à Petrobrás como parcela da União no aumento de capital realizado em 2010. Corresponde a 5 bilhões de barris de petróleo futuro.)
 
Para a exploração do petróleo da cessão onerosa, a União cedeu o Campo de Búzios (antiga área de Franco), no pré-sal da Bacia de Santos. 
No entanto, Búzios, mais o entorno, revelou muito mais, um total recuperável próximo dos 20 bilhões de barris (5 bilhões da cessão onerosa mais 15 bilhões da nova concessão). Embora a produção regular dessa área só deva começar em 2021, a Petrobrás não poderia equacionar seus investimentos sem conhecer as condições de exploração do campo ou do que excedesse os tais 5 bilhões de barris. 
 
O especialista em Petróleo Adriano Pires estima que os investimentos necessários para desenvolver apenas essa nova área sejam de US$ 245 bilhões a US$ 380 bilhões.

O maior complicador é que a Petrobrás, que mal vai dando conta do que já tem de fazer, não dispõe dos recursos para investir em mais esses campos. 
Sua capacidade de endividamento (alavancagem) chegou ao limite. A saída seria aumentar o capital. Como tem créditos a receber da Petrobrás e como tem direitos sobre o petróleo futuro (os mesmos que serão produzidos no regime de partilha), a União poderia subscrever sua parte sem tirar recursos do cofre. Bastaria transferir esses recursos futuros ao capital da Petrobrás, como aconteceu por ocasião da cessão onerosa.

O problema está na parcela a ser subscrita pelos demais acionistas, ou dos detentores dos outros 53,9% do capital. Em princípio, ninguém vai colocar nem mais um centavo em capital novo da Petrobrás se continuarem a prevalecer as atuais regras que mantêm achatadas as tarifas dos combustíveis, que estrangulam o caixa da Petrobrás e que a impedem de encontrar sócios para as refinarias que terão de ser construídas.

Já se espera certa descompressão das tarifas, mas é altamente improvável que seja anunciada antes das eleições. E mesmo se for anunciada depois, é preciso ver antes quem vai conduzir o próximo governo e que política reservará à Petrobrás e à política do petróleo.

A entrega de mais essa área exploratória para a Petrobrás exigirá outras medidas complementares. Enquanto não forem conhecidas não dá para avaliar adequadamente sua qualidade. 

CONFIRA:

Estatização?


Nesta quarta-feira o mercado financeiro temeu manobra do governo para estatizar de vez a Petrobrás. Seria decidido forte aumento de capital para garantir os investimentos na área de Búzios. O Tesouro subscreveria sua parte com os tais créditos ou com direitos a petróleo futuro (como está explicado acima). O acionista minoritário não aceitaria subscrever o que lhe coubesse, porque não concordaria com as atuais condições. Assim, o Tesouro teria de assumir a subscrição das sobras. O resultado seria a diluição da participação do setor privado no capital da Petrobrás.

E o caixa?

Essa manobra aumentaria o capital da Petrobrás, mas não resolveria seu grave problema de caixa, mesmo com a melhora da sua capacidade de endividamento proporcionada pelo aumento patrimonial. Ou seja, mesmo se o governo decidisse aprofundar a participação do Tesouro no seu capital, seria necessário municiar a Petrobrás com dinheiro vivo e evitar novos laudos negativos das agências de classificação de risco.

Celso Ming 
Estadão
 
28 de junho de 2014