"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

DILMA MENTE MAIS DO QUE LULA


http://www.blogdedaltroemerenciano.com.br/wp-content/uploads/2014/07/unm-dilma-cut-2.jpg
Só com militância paga a peso de imposto sindical...

Ontem, Dilma Rousseff, em meio aos seus apaniguados da Central Única dos Trabalhadores (CUT) disse que o Brasil vive a maior crise desde 1929. Uma enorme mentira, digna de Lula. Faltou dizer, como pode ser visto no post logo abaixo, que o Brasil sobrevive ao pior governo dos últimos 20 anos, que nos legou a maior inflação e o pior crescimento. Sorte da presidente que a plateia era formada pela "cumpanherada" da CUT, porque se fosse formada por brasileiros de verdade levaria ovos e tomates pela cara. Aliás, é por isso que ela não sai às ruas.
 

 
Foto do comentarista econômico Sardemberg, da Globo News, que faz sucesso na web. Coronel postou e disse no twitter: " isso não é foto, é autópsia!"
A foto comprova que Dilma é a maior mentirosa em crise desde 1947...
in coroneLeaks

GOVERNO DILMA: A PIOR INFLAÇÃO E O PIOR CRESCIMENTO EM 20 ANOS


 
 Ao finalizar seu mandato neste ano, a presidente Dilma Rousseff vai interromper a trajetória de desaceleração da inflação que marcou a virada dos quatro governos anteriores, ao mesmo tempo em que entregará a pior taxa média de crescimento da economia nos últimos 20 anos. 

De acordo com especialistas consultados pela Reuters, essas duas marcas são fruto de erros de avaliação da situação econômica, mantendo o estímulo à atividade via consumo --uma das principais marcas de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu segundo mandato-- aliado à demora em incentivar os investimentos. 

A saída para esta espiral já foi detectada, via importantes concessões públicas de infraestrura, mas é preciso que o caminho seja mantido daqui para frente por quem estiver à frente da Presidência da República em janeiro. "Houve um erro de estratégia. Demorou muito para perceber que o consumo estava perdendo força para impulsionar a economia... Não se conseguiu articular a queda do consumo com recuperação do investimento", avaliou o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos conselheiros econômicos da presidente Dilma. 

O primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998) acumulou inflação medida pelo IPCA de 43,46 por cento. Esse número foi caindo até que Lula encerrou seu segundo mandato, em 2010, com alta de preços acumulada de 22,21 por cento. 

Se a projeção do Banco Central de IPCA de 6,4 por cento neste ano se concretizar, Dilma vai interromper essa sequência de queda e terminar seu mandato com o indicador somando alta de 27 por cento em quatro anos. 

Quando o assunto é atividade econômica, os dados também não são animadores. Dilma deve entregar crescimento médio anual de 1,8 por cento em seu governo, se confirmada a expectativa do mercado de expansão de 0,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, segundo pesquisa Focus do BC. Quando recebeu a faixa de Lula, a taxa média havia sido de 4,6 por cento entre 2007 e 2010. O resultado da presidente será o pior contando os governos de FHC e de Lula. 
 
CONSUMO 

Mais medidas de incentivo ao consumo --como reduções tributárias para veículos e móveis-- em uma economia que já tinha uma taxa de desemprego baixa resultou em inflação alta, com a qual Dilma ainda tem que lidar às vésperas da eleição. Em junho, a alta acumulada em 12 meses do IPCA estourou o teto da meta do governo. "Quando a desaceleração econômica veio, e aí é o erro de política dela (Dilma), entendeu-se que havia falta de demanda, mas era falta de oferta. A reação foi com políticas monetária e fiscal extraordinariamente frouxas", destacou o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman. 

Foi em 2012, segundo ano do governo Dilma, que a taxa básica de juros atingiu o menor nível histórico de 7,25 por cento, importante fator de estímulo do consumo via barateamento dos empréstimos. Esse patamar, no entanto, não se sustentou por muito tempo e, no início do ano seguinte, começou a ser elevado para o atual nível de 11 por cento ao ano --acima dos 10,75 por cento que Dilma recebeu. 

Para os analistas, a correção do atual cenário passa invariavelmente pelo investimento em infraestrutura, destacadamente via concessões. Com isso, também conseguiria melhorar a confiança no país. As concessões foram uma aposta do atual mandato da presidente, mas o governo acabou enfrentando mais dificuldades do que imaginava, sem conseguir por exemplo fazer até agora leilão das ferrovias. Ainda existem muitas dúvidas por parte dos investidores sobre esses processos. 

Apesar disso, desde o ano passado o governo conseguiu leiloar seis lotes de rodovias e também foram concedidos à iniciativa privada seis aeroportos. "O Brasil entrou em uma fase em que para voltar a crescer precisa ter aumento de produtividade. Isso demanda tempo e investimentos. Então Dilma acertou no final do governo abrindo concessões", afirmou o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, hoje chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

(Estadão)

NÃO VOTE EM BRANCO. NÃO VOTE EM VERMELHO.


O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), vai anunciar na semana que vem sua adesão ao movimento #VempraUrna, uma campanha oficial do Tribunal Superior Eleitoral. O comando da candidatura do tucano avalia que as altas taxas de intenções de votos nulos e brancos nas pesquisas e as abstenções podem favorecer a reeleição da presidente Dilma Rousseff no primeiro turno.

Em um vídeo que será veiculado nas redes sociais de Aécio, o candidato vai comunicar seu apoio à campanha do TSE. Ao mesmo tempo, o PSDB passará a divulgar gravações produzidas pela equipe de marketing da candidatura tucana que fazem alusão à campanha oficial do tribunal. A peça partidária, porém, inclui sutilmente a ideia de "mudança", jamais contemplada na publicidade oficial da Justiça Eleitoral. 

Em um dos vídeos, o jingle diz: "Vem pra urna pra fazer a diferença, que mudança não acontece com indiferença" e "vem, Brasil, que esse país é cheio de beleza, que a gente não merece ter tristeza". 

O objetivo é tentar convencer o eleitor que está descrente da política. Conforme a mais recente pesquisa Ibope sobre a corrida presidencial, 25% dos eleitores não têm candidato ou pretendem votar nulo ou em branco. Em julho de 2010, também a pouco mais de três meses das eleições, essa taxa era bem menor, de 19%, de acordo com levantamento do mesmo instituto.

Desconhecimento. Tucanos atribuem o fato ao desinteresse por eleição especialmente dos jovens entre 16 e 24 anos e à chamada taxa de desconhecimento dos presidenciáveis de oposição. Se houver uma redução das taxas de abstenção e de votos nulos e brancos, a campanha do PSDB acredita que Aécio e outros oposicionistas serão os beneficiados, reforçando a possibilidade de segundo turno na disputa presidencial. 

No cenário de um 2.º turno entre Dilma e o tucano da mais recente pesquisa do Ibope, Aécio aparece com 33% das intenções de voto. A presidente tem 41%. No cenário do 1.º turno, Dilma tem 38% contra 22% do tucano. No material produzido pela equipe do presidenciável do PSDB não haverá nenhuma referência a candidatos ou a partidos políticos, dando um caráter suprapartidário. Aécio não vai aparecer nos materiais de divulgação e sua participação ficará restrita ao vídeo em que vai dizer publicamente que apoia a ação. 

Estão sendo produzidos videoclipes em ritmo de rock, samba, forró e xote. Além de jingle, cartoon, descanso de tela, template, panfletos e outros materiais gráficos, que serão distribuídos por militantes tucanos, entre blogueiros, nas redes do partido e para quem mais quiser ajudar a divulgar a ideia. 

A abstenção é outro fator determinante para que o candidato concentre o esforço de seus marqueteiros nesta ação eleitoral. Em 1998, o índice foi de 21,5%. No pleito de 2002, foi de 17,7%. Em 2006 o número atingiu 16,7%. E em 2010 a taxa de faltosos voltou a crescer, atingindo 18,1%. 

Rede social. Os vídeos não deverão ser veiculados no programa eleitoral gratuito de Aécio no rádio e na TV. A aposta é na divulgação por meio da página do Facebook da campanha. A página do candidato na rede social acaba de atingir 1 milhão de seguidores. O número foi comemorado pelo marketing do PSDB, mas internamente admite-se que a plataforma ainda está longe de obter protagonismo na campanha, pois o Brasil possui 142,8 milhões de eleitores, segundo o TSE.

TCU ENCONTRA PROBLEMAS GRAVES DE QUALIDADE NAS PRINCIPAIS OBRAS DE DILMA


     Minha Casa, Minha Vida, na Bahia.
 
O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou falhas generalizadas na gestão de algumas das principais vitrines eleitorais do governo Dilma Rousseff. Em relatório concluído nesta semana, em que consolida o resultado de 23 auditorias pelo País, o tribunal concluiu que "há falhas que devem ser consideradas sob um prisma sistêmico, afetando diversos segmentos e com reflexos negativos sobre o desempenho e a qualidade da infraestrutura".
 
No documento, obtido pelo Estado, o TCU checou o desempenho da administração pública na condução de iniciativas como o programa Minha Casa Minha Vida, além da atuação de órgãos como a Infraero e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) à frente de projetos de grande porte. Paralelamente, o tribunal investigou como se desenrolaram as concessões realizadas nas áreas de energia, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, entre outros projetos.

Foram analisados 44 processos de concessão. Nestes casos, afirma o TCU, predomina a falta de parâmetros para ajudar na elaboração de estudos técnicos mais confiáveis. Essa lacuna, aponta, fica mais evidente quando se trata de fazer previsões sobre custos das obras. Outra falha comum aos projetos de infraestrutura é a ausência de controle interno nos órgãos públicos responsáveis por acompanhar os empreendimentos, além da falta de padrão para medir a qualidade das execuções e o desempenho das empresas contratadas.

Projetos mal feitos. O TCU destaca, ainda, problemas como serviços de baixa qualidade, projetos mal feitos e deficiências de planejamento ao se referir ao programa Minha Casa Minha Vida e a obras portuárias. Outro exemplo de ineficiência são as unidades de pronto atendimento (UPAs 24h), ligadas ao Ministério da Saúde.

Entre janeiro e agosto de 2013, segundo o TCU, o governo havia repassado cerca de R$ 2 bilhões para construção, reforma e ampliação de 1.027 UPAs, além de um bancar um valor mensal para custeio do funcionamento das unidades. Ao fiscalizar a situação das UPAs em 11 localidades, os auditores encontraram problemas básicos como rachaduras e fissuras nas unidades, além de infiltrações e afundamentos de piso.

Energia. No setor elétrico, as avaliações se concentraram no desempenho do Ministério de Minas e Energia (MME), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), durante as etapas de planejamento e execução de obras para garantir o suprimento de energia nas sedes da Copa.

"Alguns dos problemas como deficiências nos controles, inadequações na gestão de riscos e necessidade de aprimoramento da estrutura organizacional foram identificados em diversos trabalhos", afirma o TCU.

Em cada uma das auditorias, o tribunal faz recomendações e determinações para corrigir os problemas. O relatório consolidado foi enviado ao Ministério do Planejamento e à Casa Civil.

Procurados pelo Estado, os ministérios informaram que não comentariam o assunto, porque não tinham recebido o acórdão do TCU. Por meio de nota, o Ministério do Planejamento disse que, "em relação às auditorias do TCU de que o ministério tem conhecimento, é significativa a evolução dos resultados" e que "há dois anos não são constatadas irregularidades que recomendem paralisações em obras do PAC".

01 de agosto de 2014
in coroneLeaks

FALTA SÃO PAULO QUERER TIRAR O PT

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http://blogs.estadao.com.br/jt-politica/files/2011/08/alckmin_PPA.jpg
Alckmin lidera com folga, com 50% dos votos. Aécio alcança apenas 25%.

Pesquisas do Ibope divulgadas nesta quinta-feira (31) mostram a presidente Dilma Rousseff (PT) com dificuldades frente à candidatura do tucano Aécio Neves nos dois Estados com o maior número de eleitores no país, São Paulo e Minas Gerais. Em Pernambuco, onde Dilma venceu no segundo turno de 2010 com 75,6% dos votos, o eleitorado aparece dividido entre a presidente e o ex-governador do Estado, Eduardo Campos, que concorre à Presidência pelo PSB. Dilma, no entanto, lidera com folga no Rio, o terceiro maior colégio eleitoral.

As pesquisas do Ibope foram realizadas entre 26 e 28 de julho e têm margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Em São Paulo, Dilma aparece com 30% das intenções de voto. Aécio tem 25% e Campos, 6%. A petista e o tucano podem, portanto, estar empatados dentro da margem de erro no maior colégio eleitoral do Brasil, com 22,4% dos habilitados a votar.

Pesquisa Datafolha realizada nos dias 15 e 16 de julho mostrava Dilma e Aécio com 25% cada no Estado. Campos aparecia com 8%. Em São Paulo, Aécio tem como aliado o candidato a reeleição no Estado, o também tucano Geraldo Alckmin, que tinha 50% das intenções de voto na última pesquisa do Ibope. O candidato petista Alexandre Padilha aparecia com 5%.

Em Minas, que concentra o segundo maior número de eleitores no país (10,7%), Aécio lidera com 41%. O tucano governou o Estado duas vezes. Dilma aparece com 31% e Campos, com 5%. Os candidatos do PT e do PSDB ao governo de Minas, Fernando Pimentel e Pimenta da Veiga, respectivamente, aparecem empatados no Estado (considerando a margem de erro do Ibope), com 25% e 21%.

No Rio, Dilma abre grande vantagem sobre os opositores. No terceiro maior colégio eleitoral brasileiro (8,5% dos votantes), a presidente tem 35% das intenções de voto, ante 15% de Aécio e 5% de Eduardo Campos. Na disputa para governador no Rio, os dois melhores colocados na pesquisa do Ibope, Anthony Garotinho (PR), com 21%, e Marcello Crivella (PRB), com 16%, apoiam a presidente Dilma.

O Ibope também pesquisou as intenções de voto em Pernambuco, reduto de Campos, que governou o Estado duas vezes e de onde saiu candidato ao Planalto com altos índices de aprovação. Em 2010, as votações proporcionais de Dilma para presidente e de Campos para governador no Estado estiveram entre as maiores do país.

No confronto deste ano, os dois aparecem empatados em Pernambuco, considerando a margem de erro da pesquisa. Dilma tem 41% das intenções de voto e Campos aparece com 37%. Aécio Neves tem 6%. Pernambuco concentra 4,4% dos eleitores. Em termos nacionais, a mais recente pesquisa Ibope, divulgada no último dia 22, mostrava Dilma com 38% das intenções de voto. Em seguida, apareciam Aécio, com 22%, e Campos, com 8%.

(Folha de São Paulo)
 
01 de agosto de 2014
in coroneLeaks
 

AÉCIO NEVES ELOGIA JOAQUIM BARBOSA, MAS NEGA RUMORES SOBRE MINISTÉRIOS


 
O senador Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, afirmou nesta quinta-feira (31) que o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa vai para a aposentadoria como um ministro "exemplar".

A declaração do tucano se deu após ele ser questionado sobre comentários que circulam em redes sociais dando conta de que ele teria convidado Barbosa, cuja aposentadoria foi publicada hoje, para ser seu ministro da Justiça, caso vença a eleição.  Aécio negou o rumor, disse ter "respeito enorme" por Barbosa e afirmou que eles não têm se falado ultimamente. Seguiram-se, então, os elogios.

"Ele é um homem que honrou imensamente o Judiciário e a democracia brasileira. Hoje sai a sua aposentadoria. Então quero aqui de público reconhecer o papel extremamente importante, exemplar, que teve o ministro Joaquim Barbosa. A Justiça brasileira e a democracia devem muito aos seus exemplos", completou o tucano, que inaugurou comitê de campanha em Belo Horizonte.

Barbosa foi o relator da ação penal 470, que denunciou e puniu os envolvidos no esquema do mensalão do PT. Sua conduta no caso sempre foi elogiada pela oposição e criticada pelo PT. O senador Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, afirmou nesta quinta-feira (31) que o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa vai para a aposentadoria como um ministro "exemplar".

O BRASILEIRO É ANTES DE TUDO UM BOSTA!


 
01 de agosto de 2014

ARGENTINA NÃO É MAIS AQUELA

Um calote dos vizinhos deve afetar menos as finanças do Brasil desta vez, mas não sairá de graça

A ARGENTINA pode estar em calote hoje. O Brasil é um dos países mais frágeis entre "emergentes" maiores, escreveu o pessoal do FMI num relatório divulgado ontem.

A produção de más notícias domésticas continua em ritmo notável, ainda que não desastroso. Risco de tumulto na vizinhança e degradação da imagem econômica brasileira certamente colaboram para deteriorar a nossa situação. Mas pouco, provavelmente. Pior mesmo é que a confiança de empresários (indústria e comércio de São Paulo) ainda cai, assim como o total de crédito concedido a taxas de mercado, sem direção do governo, como se soube ontem.

A Argentina tinha até hoje para chegar a um acordo com credores que ganharam na Justiça dos EUA o direito de receber na íntegra dívidas repudiadas no calote de 2001, para resumir de modo breve uma história enrolada. Sem acordo ou pagamento (impossível), a Argentina dará oficialmente outro calote.

O "evento de crédito" não deve mexer com a finança mundial, provavelmente nem com a brasileira, embora as sequelas do calote devam deteriorar a situação argentina, segundo até os raros observadores ponderados da economia dos vizinhos.

Desde 2001, a Argentina está fora do mercado de crédito mundial, praticamente não se financia lá fora. Logo, esse calote não vai afetar dívidas novas, que praticamente inexistem. Além do mais, apesar da desconfiança em relação a países emergentes "frágeis" ou "vulneráveis", a finança mundial não deve associar os problemas desses "emergentes" aos da teratológica situação argentina. Isto é, não deve haver "contágio".

No entanto, os argentinos esperam desvalorização adicional do peso, o que deve dar em mais inflação e recessão algo maior. A Argentina, como se sabe, compra muito produto industrial do Brasil. Comprava, aliás. Deve comprar ainda menos, com calote e mais crise.

Neste semestre, as vendas brasileiras para a Argentina caíram 25,5% em relação ao primeiro semestre de 2013. As exportações de carros caíram 47%. As de caminhões, 44%. De autopeças, 39%. Quem vende tratores, pneus, sapatos, máquinas e matéria-prima de plásticos também pena.

Não é um desastre extenso, mas atrapalha bem, como parece óbvio, dado o peso da indústria automobilística.

O FMI fez ontem algumas manchetes de noticiários "em tempo real", mas chove no molhado. Repete diagnóstico vulgarizado desde meados de 2013: países com inflação e deficit externos altos estão mais sujeitos a tensões quando vier o aperto monetário nos EUA, em 2015. O Brasil está nessa lista, com África do Sul, Argentina, Índia, Indonésia, Rússia e Turquia.

No caso de reação tumultuada da finança à mudança dos juros americanos, pode haver menos crédito externo, venda de ativos brasileiros (juros sobem, ações caem, real se desvaloriza), como se viu na reação demente do "mercado" a um indício de aperto americano, de maio de 2013 ao início deste ano.

Tudo isso, Argentina, FMI, tensão financeira, aperta o nosso calo. Mas nosso problema principal é ter dado tiros no próprio pé (consumo, inflação, juros e deficit externo e fiscal altos).

 
01 de agosto de 2014
Vinicius Torres Freire, Folha de SP

MISSÃO E DESAFIOS NO DO AGRONEGÓCIO

Ao analisar o acelerado processo de crescimento populacional, da renda per capita e da urbanização na Ásia, em especial na China, maior comprador mundial de commodities agrícolas, tem-se a confirmação do desafio que é hoje denominado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como de segurança alimentar. Afinal de contas, recentes estimativas da consultoria McKinsey dão conta de que a China terá, em 2025, nada menos do que 221 cidades com 1 milhão de habitantes. Somado às 23 cidades chinesas que deverão ter mais de 5 milhões de pessoas, chega-se a um aumento na população urbana da China na ordem de 330 milhões.

É mais gente vivendo nas cidades, com novos hábitos de consumo e maior renda. Resultado: maior demanda por carnes, leite e ovos, fibras, etc. A dimensão do potencial explosivo de consumo futuro pode ser medida por uma colher de açúcar. Há dois anos, o consumo anual per capita de açúcar no interior da China era de 2kg por pessoa, enquanto nas cidades era de 20kg. Em nível global, para os próximos dez anos, teríamos de aumentar em 44 milhões de toneladas a produção anual de açúcar, mais do que o Brasil produz atualmente. E esse quadro vai além: hoje, no mundo, 14% das commodities como cana, milho, trigo e os óleos vegetais - soja, canola e palma - são para a produção de biocombustíveis. E vai crescer!

Por esses dados, tem-se a noção da missão que o futuro reserva para o agronegócio brasileiro. E tal missão foi ainda mais magnificada pela recomendação da FAO e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de que o Brasil deverá responder por, pelo menos, 40% do fornecimento de alimentos projetados até 2050. É, indubitavelmente, a janela de oportunidade mais clara que temos hoje em âmbito mundial no horizonte de curto e de médio prazos.

Em razão dessa proposta desafiadora, espera-se, tanto do setor privado envolvido no processo produtivo quanto do governo, uma atitude moderna, arrojada e colaborativa, no sentido de considerar este segmento estratégico para o Brasil. Afinal, ele responde por 25% do produto interno bruto (PIB) e por cerca de 40% das exportações brasileiras. Na condição de grande celeiro tropical, o Brasil é, hoje, o terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás somente dos Estados Unidos e da União Europeia. Além disso, o produtor rural desempenha um papel vanguardista no que diz respeito à questão da sustentabilidade e no uso de tecnologia, pois tem conseguido ampliar a produção somente com ganhos de produtividade, sem aumento da área plantada.

Essas conquistas se devem a uma visão sistêmica e ampla dos negócios ligados ao campo, que foi incorporada aos processos produtivos pelos empresários por meio de atividades sofisticadas nas áreas de biotecnologia, mecanização e tecnologia da informação. Trata-se de uma realidade bem distante daquela vivida no passado.

O conceito das cadeias produtivas, lançado por Harvard e incorporado à realidade brasileira há cerca de 20 anos, envolvendo os elos que vão de bens de capital e insumos, passando pela produção agrícola e industrial, indo à distribuição, atacado e varejo, incluindo ainda as exportações, explica o peso e a importância da cadeia agroindustrial na economia do País.

Essa dinâmica impressionante do agronegócio brasileiro decorre da necessidade vital de ganhar competitividade. É um desafio que não se pode perder de vista no presente e no futuro, com a manutenção dos investimentos em pesquisas e em inovação. Existem no País vários casos de sucesso para exaltar a capacidade empreendedora de pequenos, médios e grandes agricultores. Fizemos uma mudança monumental na forma de produzir em solos quimicamente mais pobres do Cerrado, com o sistema de plantio direto na palha, a produção conjunta de etanol e de bioeletricidade e a integração lavoura, pecuária e floresta. Não é pouca coisa e isso se deve à enorme criatividade brasileira.

Para que todos esses avanços se traduzam na continuidade da posição vanguardista que o País ocupa no cenário agrícola mundial, é necessário haver bastante harmonia entre os atores privados e o governo, que deve funcionar como um facilitador. Atuando assim, não teríamos, por exemplo, uma situação em que nossa produção de grãos praticamente duplicou em dez anos sem contar com a equivalente expansão da infraestrutura de transporte, armazenamento e logística.

Essas deficiências anulam os ganhos de competitividade alcançados no campo. Não podemos, por exemplo, ter descontinuidade de políticas públicas, assim como não é compreensível a existência de tantas instâncias que são, em tese, responsáveis pela formulação e pela aplicação da política agrícola. Precisamos dessa sinergia para estarmos em condições de relevância geopolítica no século 21 e em condições de atender às expectativas do mercado global.

Todos esses pontos estarão em debate no 13.º Congresso Brasileiro do Agronegócio, que será promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) no dia 4 de agosto, em São Paulo, com o tema Agronegócio Brasileiro: Valorização e Protagonismo. No evento será analisada também uma proposta de ação elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e entregue aos representantes dos três candidatos à Presidência da República mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais.

Nossa expectativa é de que o Brasil aproveite este momento extraordinário de mudanças globais, num cenário de franca revolução do uso sustentável de recursos naturais, para reafirmar sua posição de protagonista e líder desse processo transformador da geopolítica mundial.

 
01 de agosto de 2014
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, O Estadão

BANCO CENTRAL, DR. JEKILL E MR. HYDE

A existência de coordenação na política econômica é um dos elementos mais importantes para uma boa gestão na área. Por exemplo, se o problema a ser enfrentado num determinado momento é o nível elevado de inflação, o Banco Central e o Ministério da Fazenda devem agir de modo coordenado para atingir esse objetivo. Numa situação como esta, cabe ao Banco Central reduzir a liquidez e ampliar a taxa de juros; e, ao Ministério da Fazenda, aplicar uma política fiscal contracionista, reduzindo, por exemplo, os gastos do governo.

Problemas de coordenação na gestão da política econômica não são raros no Brasil. Na gestão de Lula os conflitos entre as políticas mais conservadoras do Banco Central e a heterodoxia do Ministério da Fazenda foram amplamente relatados. No entanto, as medidas anunciadas pelo Banco Central, alterando as regras do depósito compulsório e para as reservas dos bancos, colocam o tema da coordenação da política econômica em outro patamar. Para entender o problema, é necessário regressar um pouco no tempo.

Entre julho de 2011 e abril de 2013, o Banco Central, mesmo num contexto de inflação acima do centro da meta, implementou uma política de redução da taxa de juros a qualquer preço. O resultado desse equívoco é bem conhecido. Hoje operamos com a inflação colada no teto da meta. A situação só não é pior em função da ingerência sobre os preços administrados. Em 2013, a variação de 5,91% no IPCA resultou de uma elevação de 7,3% nos chamados preços livres e de 1,52% nos preços monitorados.

Ao perceber o equívoco, o Banco Central mudou de rumo e passou novamente a executar uma política de aperto monetário através da ampliação da taxa Selic. A última ata do Comitê de Política Monetária evidencia a preocupação da instituição com a inflação e sua resistência à queda. Neste contexto, a ampliação da liquidez é uma medida equivocada sob vários ângulos de análise. O mais evidente é que, ao fazê-la, o BC age no sentido contrário da política de manutenção de um patamar elevado para a taxa Selic.

O Banco Central justifica que precisa estimular a atividade econômica por meio da ampliação do crédito. De fato, a medida pode ter um impacto positivo sobre as decisões de consumo, ampliando ainda mais o já temerário nível de endividamento das famílias. Acreditar que o problema do baixo investimento será solucionado com ampliações no crédito é outro equívoco. Não há falta de crédito para a realização de investimentos. O problema é de outra natureza. A expectativa de lucros dos empresários encontra-se deprimida, fruto da deterioração do estado de confiança geral da economia. Em grande medida, este cenário é o reflexo da confusa política econômica administrada pelo Banco Central, mas especialmente pelo Ministério da Fazenda na gestão Dilma.

Em última análise, a medida é mais um capítulo da infeliz gestão da política econômica de Dilma e o “samba de uma nota só” do estímulo à demanda. As medidas anunciadas colocam a discussão sobre coordenação da política econômica em outro patamar: o da incongruência das medidas tomadas pelo mesma instituição. Tal como no romance O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson, o Banco Central assume uma espécie de dupla personalidade, ora buscando agradar àqueles que se preocupam com a inflação, ora preocupado em agradar àqueles que acreditam que falta demanda e que é necessário estimular os gastos no sistema. O resultado desta bipolaridade é o aumento da incerteza e a perda de credibilidade na gestão da política econômica.

 
01 de agosto de 2014
Marcelo Curado, Gazeta do Povo, PR

OS FATOS DA CRISE

A presidente Dilma disse à "Folha de S. Paulo" que "todos nós erramos" e "o mundo errou" ao minimizar a crise de 2008. Ela socializou um equívoco que a maioria não cometeu. O ex-presidente Lula chamou de "marolinha", mas economistas, jornalistas, empresários e até os dirigentes do Banco Central da época entenderam que era uma crise profunda. Basta ler o noticiário do período.

Quem errou na análise deveria assumir que errou. Seria mais tranquilizador, porque haveria menos risco de repeti-lo. Por exemplo, agora ela afirma que: "nenhum país se recuperou". E, de novo, os fatos e os números conspiram contra a convicção da presidente. Os países que enfrentaram o olho do furacão estão em recuperação, e as projeções de crescimento do PIB da Alemanha (1,9%), Estados Unidos (1,7%) e Reino Unido (3,2%) e até do Japão (1,6%) são maiores do que as do Brasil em 2014. O FMI projeta para o Brasil 1,3%. Os economistas pesquisados pelo Banco Central, 0,9%.

O mundo hoje não é culpado pelo nosso fraco desempenho porque Estados Unidos, Europa e Japão estão em recuperação e com juros próximos de zero. A economia externa tem ajudado, mesmo assim o crescimento do país tem encolhido e a inflação não sai do teto da meta. Era o momento de aproveitar e crescer. Depois, quando os juros americanos subirem, haverá menos capital para nos financiar.

Dilma tem razão sobre a taxa de desemprego. Ela veio caindo ano a ano durante todo os governos Lula e Dilma. É a menor taxa desta série: 5% na Pesquisa Mensal de Emprego. O enigma sobre o qual sua administração deveria estar debruçada é: por que, com taxa de desemprego tão baixa, há uma explosão do custo com o seguro-desemprego de 345% desde 2003, quando a inflação do período foi 71%? O aumento da formalização não explica alta tão forte.

Voltando ao crescimento e olhando em volta, o que se vê? Das dez maiores economias da América Latina, o Brasil só cresceu mais do que o México e a Venezuela no acumulado desde o ano da crise. A Venezuela está no descaminho há muito tempo, e o México sofreu o baque de frente da economia americana, da qual é excessivamente dependente. O Brasil cresceu 19,3% no acumulado entre 2008 e 2013. O Chile cresceu 25%; Colômbia, 26%; Equador, 30%; Bolívia, 34%; Argentina, 35%; Uruguai, 37%; e Peru, 43%.

Nesse grupo de dez, nós temos a quinta maior inflação acumulada. Só ficamos melhores do que a Venezuela e a Argentina, que estão com taxas descontroladas, Uruguai e Bolívia.

O Brasil está crescendo menos do que a maioria dos países da região, e com mais inflação que a maioria dos vizinhos. Não é a crise externa que está nos afetando agora. Já nos afetou no passado. Os maiores problemas são feitos por nós mesmos.

A propósito, o Brasil lidou bem com a crise no primeiro momento. Apesar de o ex-presidente Lula ter minimizado o tamanho da onda, o Banco Central não cometeu esse erro. As medidas anunciadas pelo BC foram ágeis, eficientes e amorteceram o impacto. O país crescia a 6%, em 12 meses, quando houve a quebra do Lehman Brothers e toda a desorganização financeira externa, e foi para um quadro recessivo em 2009. Recuperou-se em 2010. Mas ao usar abusivamente de subsídios a setores, alquimias fiscais e estímulo ao endividamento, o país colheu baixo crescimento e alta inflação.

Não há um "pessimismo inadmissível" no país. Há uma constatação de que o quadro é desfavorável. Os sinais são frequentes: ontem foi a Sondagem da Indústria da FGV; na sexta-feira, será a produção industrial do IBGE. Negar o problema não o faz desaparecer.

 
01 de agosto de 2014
Miriam Leitão, O Globo

TERCEIRIZAR ATIVIDADE-FIM: É EFICIENTE LIMITAR?

O Supremo Tribunal Federal deve analisar, em breve, julgamentos trabalhistas condenando a prática de terceirização de atividades consideradas, em tese, como "fim" - por exemplo, empresas agroindustriais que contratam prestadores de serviço de plantio ou empresas de telecomunicações que contratam operadores especializados de call center. Como destacado em ótimo artigo por José e Eduardo Pastore em 29/7 no Estado, a decisão pode ter impacto fundamental na legislação trabalhista.

Os críticos da terceirização se baseiam no argumento de que a empresa estaria repassando processos essenciais para prestadores de serviço externos somente para demitir e pagar menores salários. Ainda segundo o argumento, atividades terceirizadas poderiam causar uma "precarização" das relações de trabalho. Esse argumento, no entanto, tem um problema fundamental: como definir com exatidão o que é uma atividade-fim?

Voltando a um dos exemplos acima, uma empresa que processa um produto de origem agrícola precisaria realmente se envolver em atividade de produção rural? Qual seria, afinal, a sua atividade-fim? O processamento e a venda do produto industrializado ou a produção agrícola? Justamente para evitar esse questionamento inconclusivo, há muito o ferramental técnico especializado no tema mudou o foco do debate. A unidade de análise deve ser a transação. E as empresas deveriam organizar a transação da forma mais eficiente possível, independentemente se é considerada "fim" ou não.

Retornando novamente ao exemplo da empresa agroindustrial, imagine que a atividade de plantio ocorra só uma vez ao ano e exija um maquinário muito especializado. Pode ser muito ineficiente para a empresa fazer, ela própria, essa atividade. Uma empresa terceirizada poderia não só usar o maquinário em mais clientes, tornando-o menos ocioso, como também aprender ao longo do tempo como melhor executar a operação por meio de múltiplos contratos de serviço. Se os custos de desenhar, monitorar e fazer cumprir contratos entre o cliente e o fornecedor não forem muito elevados - os chamados "custos de transação", no jargão econômico -, então será mais eficiente para a empresa terceirizar.

Por outro lado, em alguns casos pode ser recomendável integrar uma atividade aparentemente não-fim. Por exemplo, muitos varejistas têm áreas internas de tecnologia de informação que poderiam, a princípio, ser terceirizadas. Mas, dependendo do grau de customização do serviço e do conhecimento exigido às necessidades da empresa, além dos riscos de vazamento de informação proprietária, os custos de transação podem ficar proibitivos. Essa lógica baseada em custos de transação já rendeu ao menos três Prêmios Nobel em Economia (Ronald Coase, Douglass North e Oliver Williamson).

É verdade que esse argumento não diz nada sobre o risco de precarização apontado pelos críticos. Esse risco existe e deve ser cuidadosamente observado. Mas a pergunta relevante é: a precarização é causada pela terceirização ou pela falta de fiscalização de uma determinada atividade? Se uma empresa não adere a práticas trabalhistas adequadas, o melhor remédio é obrigar a empresa-cliente a integrar essa atividade ou punir a má conduta da empresa prestadora de serviço? Na mesma linha, a preocupação com os menores salários exige um entendimento mais detalhado sobre as suas reais causas. Sabemos que salários respondem muito positivamente a investimentos em educação. Nesse sentido, os grupos organizados que se opõem à terceirização poderiam gerar um impacto muito mais duradouro nos salários se pressionarem por mais apoio ao treinamento e qualificação profissional dos funcionários de serviços terceirizados.

Em debates importantes como este, é preciso cuidar para não gerar "soluções" que podem até ter boa intenção, mas que deixam de atacar a raiz do problema e podem trazer efeitos deletérios para a produtividade do País.


01 de agosto de 2014
Sérgio Lazzarini, O Estadão

NACIONALISMO CANHESTRO


De duas, uma: ou há uma conspiração internacional contra o Brasil, ou o governo brasileiro está flertando perigosamente com o perigo, alheio às advertências que partem de todos os lados sobre as fragilidades de nossa economia. Ontem, foi o Fundo Monetário Internacional (FMI) que colocou o país entre as cinco economias mais vulneráveis do mundo, ao lado de Índia, Turquia, Indonésia e África do Sul.

Também a agência de classificação Moody´s divulgou um relatório no qual afirma que a Petrobras é, entre as empresas petrolíferas da América Latina, a que corre o maior risco financeiro porque está sendo usada politicamente para segurar a inflação com o represamento dos preços de combustíveis no país.

E o que respondem nossos dirigentes? Ao mesmo tempo em que vibram com a derrota política que impuseram ao banco espanhol Santander, tratam de declarar platitudes, à espera de que as coisas melhorem por si, sem demonstrar a menor intenção de fazer mudanças no rumo tomado. Ao contrário, consideram que não há o que mudar.

A única concessão feita pela presidente Dilma foi admitir que o ex-presidente Lula errou ao julgar que a crise financeira que estourou em 2008 chegaria ao Brasil como uma marolinha . A presidente Dilma mais uma vez considera inadmissível o pessimismo em relação à economia brasileira, e compara-o ao pessimismo sobre a Copa no Brasil. Para Dilma, não há necessidade de mudanças. Ela nega que a inflação no país esteja descontrolada .

Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o FMI comete o mesmo equívoco de outros organismos no passado, quando afirmaram que o Brasil estaria entre as cinco economias mais frágeis. Segundo o ministro, ninguém mais falou nesse assunto e nada aconteceu . Para ele, uma instituição financeira respeitável não faria uma análise dessas. Pois foi a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que comentou ontem o relatório sobre o Brasil, reiterando que há 15 meses o FMI vem repisando as mesmas fortes recomendações para que reformas estruturais sejam feitas, gargalos sejam reduzidos na economia e que o potencial, a capacidade de o Brasil entregar crescimento seja liberada. E isso não vem sendo feito .

Lagarde repetiu que o receituário para superar os obstáculos, é único: reformas estruturais, conserto dos problemas macroeconômicos como inflação alta, déficits em contas externas, desequilíbrios fiscais. A previsão do FMI é a de que o país será afetado duramente pela retirada de estímulos e pelo aumento de juros, especialmente nos Estados Unidos, se os emergentes continuarem crescendo abaixo do esperado, como ocorre há três anos.

A queda dos preços das commodities é outro fator que pode complicar a vida dos emergentes, alerta o FMI. Já a agência Moodys destaca que a estatal irá enfrentar também riscos políticos substanciais , pois está cerceada pelas políticas de preços para gasolina e óleo diesel . A Moody´s ressalta ainda que o cenário macroeconômico do país tem desacelerado desde a crise de 2009. A expectativa da agência é de crescimento de apenas 1,5% no PIB brasileiro, o que é uma previsão otimista, tendo em vista que a pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central, já está em 0,9%.

O tal mercado financeiro está cheio de dúvidas e de advertências à política econômica do governo brasileiro, e nossas autoridades brincam de um nacionalismo canhestro, como se mobilizar sindicatos e militantes políticos para demitir analistas de mercado e desmoralizar banqueiros internacionais fosse melhorar a situação de nossa economia.

01 de agosto de 2014
Merval Pereira, O Globo

SEM FANTASIA

A ex-senadora Marina Silva foi precisa ao definir o que acabara de lhe contar o assessor sobre a expectativa de Edivaldo Manoel Sevino de receber "unzinho" em troca da cessão de sua casa em Osasco (SP) para funcionar como comitê eleitoral da campanha de Eduardo Campos.

"Esse é o padrão a que as pessoas estão acostumadas", disse a candidata a vice-presidente na chapa do PSB, já disposta a recusar a oferta da casa que pouco antes - quando ainda acreditava ser um gesto voluntário - a deixara "emocionada".

De fato, Edivaldo, conhecido como "Piauí", carregador em entreposto de mercadorias na capital de São Paulo, reagiu absolutamente dentro do modelo cultural vigente. Na política, embora não só nela.

Indagado por qual razão resolvera abrir a residência para funcionar como comitê ao molde das "Casas de Marina" de 2010 (agora "Casas de Eduardo e Marina") perguntou se poderia responder a verdade. Encorajado, foi em frente: esperava engordar o orçamento da família.

A questão do voluntariado como ação política não lhe passa pela cabeça. Políticos querem o voto e para isso precisam dar algo em troca. Promessas? As pessoas estão cansadas de ouvir. Portanto, convém não perder a chance que faturar "unzinho" quando ela aparece.

Inadmissível, como qualificou a ex-senadora? Sem dúvida. Fora do modelo das casas-comitê, como uma maneira de doação popular, e distante do conceito da renovação das práticas da política que prega sua campanha? Totalmente.

Mas quem foi mesmo que avisou aos Edivaldos que a coisa ali seria diferente? Aliás, quem os ensinou ou deu exemplos de como seriam as novas regras? Com certeza absoluta não foi nenhum dos candidatos à Presidência nem os partidos envolvidos na disputa.

Ao contrário. Tudo o que fizeram foi se jogarem num festim licencioso chamado por algumas autoridades de apelidos vulgares que andam sendo repetidos por aí para denominar a salada indigesta de legendas País afora, a fim de formar as tais "alianças estratégicas".

Deram-se os braços jacarés e cobras d'água sem o menor constrangimento em troca de minutos, às vezes segundos, no horário eleitoral. O governo federal trocou ministro e não hesitou em "destrocar" diretor indicado por partido (PTB) que desistiu na última hora do apoio à presidente.

Diante disso e dos "milhõezinhos" gastos nas campanhas eleitorais, o "unzinho" de Edivaldo "Piauí", francamente, mostra que na escola onde só tem catedrático ele é calouro no pré-primário.

Não obstante a inexperiência e a falta de traquejo, nosso personagem resumiu num só vocábulo a razão pela qual há tanta dificuldade, se não mesmo uma impossibilidade, de se fazer uma reforma política de verdade.

Sem querer, matou a charada: O Brasil é a República do "unzinho". Todo mundo quer levar o seu e isso não leva o País a nada.

Intimidação. "Eu vou ter uma atitude bastante clara em relação ao banco", disse a presidente Dilma Rousseff durante a sabatina conjunta da Folha de S.Paulo, rádio Jovem Pan, portal UOL e SBT, na própria declaração se contradizendo ao não ser clara sobre qual atitude pretende tomar.

O jogo é de nítida intimidação. Primeiro sobre as consultorias de análise de risco da economia. Se cederem ao desejo do Planalto que evidentemente é que não tracem seus cenários, mais exigências virão na tentativa de alcançar outros setores com base na ameaça do uso da mão pesada do Estado.

Indispensável, pois, que não se perca de vista o seguinte: não é o governo quem determina o que é proibido ou permitido. É a Constituição do Brasil.

No artigo 5.º assegura a liberdade de expressão e no 37.º exige da administração pública o cumprimento da legalidade, da impessoalidade, da transparência e da impessoalidade.

 
01 de agosto de 2014
Dora Kramer, O Estadão

ANOMALIAS NO CASO SANTANDER

BRASÍLIA - Está quase tudo errado nesse episódio do Santander. Dilma Rousseff disse ser "lamentável" e "inadmissível" a análise que o banco espanhol enviou a seus clientes prevendo uma deterioração da economia se a petista se estabilizasse ou melhorasse sua posição nas pesquisas de intenção de voto.

É claro que há o direito sagrado à liberdade de expressão. Só que o próprio Santander parece ter uma visão oposta. Arrependeu-se, desculpou-se e demitiu o autor da análise anti-Dilma. Como bem escreveu ontem Clóvis Rossi, "é o clássico modelo de atirar pedras e esconder a mão".

Numa democracia, um banco tem o direito de reclamar em público da política econômica do governo. Nos EUA é assim. Instituições financeiras volta e meia dão opiniões fortes contra a administração federal. Mas talvez nenhum banco ousaria apenas imprimir uma análise no extrato bancário de seus clientes na esperança de que tudo ficasse encoberto.

Aí chega-se à reação despropositada do governo. A presidente da República fez uma ameaça velada ao Santander. Dilma deu a entender que está para aplicar algum castigo. É uma atitude quase medieval. Em vez de reclamar, o governo do PT poderia se preocupar em regulamentar mais o setor. Diferentemente do que propagam os agentes do mercado, falta muito para a fauna financista se comportar de maneira civilizada.

Por exemplo, publicar, como nos EUA, os salários dos principais operadores de empresas com ações em Bolsas de Valores. A regra foi tentada, parou na Justiça e o governo nunca moveu uma palha para destravar o problema. Seria pedagógico saber quais são os vencimentos e os bônus anuais dessa turma do retismo.

Por fim, tem a oposição. Reclamam (com razão) de Dilma querer surfar no episódio. Só que os candidatos anti-PT nada falam sobre como aperfeiçoar as regras de comportamento e de transparência do mercado. Seria esperar demais.

 
01 de agosto de 2014
Fernando Rodrigues, Folha de SP

NEGÓCIOS E IDEOLOGIA JUNTOS CONTRA ORTOGRAFIA

Está nas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Fux uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) em que sociedades civis de arrecadação de direitos autorais contestam a Lei 11.832, que, na opinião delas, autoriza o Estado a intervir numa atividade que é de exclusivo interesse privado. Antes de a Adin chegar a Fux, o presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, Cyro Miranda (PSDB-GO), foi autorizado a criar um grupo de trabalho para apresentar uma proposta de aperfeiçoamento dos Acordos Ortográficos vigentes. De fato, são dois, pois a presidente Dilma Rousseff adiou a adoção do Acordo Ortográfico de Lisboa, assinado em 1990, do ano anteriormente previsto, 2013, para 2018, e permitindo que também se escreva da forma como se escrevia antes.

Paulista de São José do Rio Preto, o senador, empresário e ex-dirigente de Associações Comerciais, entrou na política seguindo no PL o ministro Guilherme Afif Domingos, secretário da Micro e Pequena Empresa. Eleito em 2010 pelo PSDB, tornou-se conhecido como líder de um grupo que se opôs à extinção dos 13.º e 14.º salários para senadores. Ficou famosa sua frase segundo a qual sentia pena de quem dependia de vencimentos de R$ 19 mil mensais com a estrutura de que dispõe o Senado. E foi uma das cabeças do movimento para convencer a presidente a adiar para as calendas a substituição das antigas regras da ortografia pelas previstas na reforma.

Gaúcha de Lagoa Vermelha, repórter de economia de origem e ex-chefe da sucursal de Brasília da Rede Brasil Sul (RBS), da família Sirotsky, filiada à Rede Globo, a senadora Ana Amélia Lemos, eleita pelo PP de Paulo Maluf numa coligação com os tucanos, tornou-se uma fiel escudeira do senador. Nem Miranda nem Lemos tiveram veleidades em autoria literária, linguística ou no ensino do português. Mas adotaram as ideias do professor Ernani Pimentel, que promove na internet pelo site Simplificando a Ortografia um abaixo-assinado a favor de suas propostas.

Ernani Pimentel, fundador do movimento Acordar Melhor, atua de forma prolífica e polêmica na internet, dizendo-se professor de português há mais de 50 anos, linguista, autor e conferencista. Mas ainda não se deu ao trabalho de informar aos militantes pela ortografia simples, tema do livro que também promove, onde se formou, onde se doutorou e onde dá aulas. Nas entrevistas que deu ao astro da TV Globo Jô Soares e a telejornais como Bom dia DF e em seus manifestos contra a reforma proposta pelos parceiros lusófonos, o guru de Miranda e Lemos não perde tempo dando sugestões para simplificar a ortografia. Ele prefere palavras de ordem do tipo "simplificar a ortografia é promover a inclusão social".

Conforme nosso editorial A ortografia no Senado no sábado (página A3), "ele promove um abaixo-assinado pela 'racionalização e simplificação da ortografia', sem especificar, no entanto, o que deseja mudar. Especifica, no entanto, postular uma redução de carga horária de aulas de ortografia. Segundo o professor, hoje são ministradas 400 horas/aula desde o início do fundamental até o fim do ensino médio, e ele deseja que sejam utilizadas em torno de 150 horas". O Google, principal instrumento de difusão de suas ideias, não é pródigo em dados a respeito de sua vida. Nem sequer lhe foi dedicado um perfil de Wikipedia.

Nos textos publicados por Ernani Pimentel em jornais como o Correio Braziliense, pode-se concluir que o mestre do guru dos senadores é o linguista Marcos Bagno. Este, sim, é conhecido e seu livro, Preconceito linguístico, é debatido seriamente no meio acadêmico. Trata-se de uma espécie de bíblia de extremistas de esquerda que consideram os cânones gramaticais expressões da cultura do opressor, pois a língua deve ser um organismo vivo, alterado a bel prazer de quem a fala, o povo em casa e na rua, e não engessada por escritores, críticos e professores.

A ortografia pode ser, de fato, de interesse negocial. A decisão de Dilma de gerar o caos permitindo conviverem a ortografia que se usava e a que resultou da reforma aceita pelos países lusófonos com aval de suas academias de letras criou um paralelismo indesejável em que se vendem dicionários, vocabulários, livros didáticos e de ficção com as duas formas de escrever. É possível que o adiamento do que tinha sido combinado da adoção da nova ortografia tenha, então, interferido na economia popular, por forçar a família pobre a adquirir material escolar novo e desnecessário. Há quem discorde, por isso, da reforma. É o caso do autor destas linhas.

Isso não quer dizer, contudo, que o Senado - cujo presidente, o peemedebista alagoano Renan Calheiros, também não é um reconhecido cultor da "última flor do Lácio, inculta e bela" - possa arvorar-se a mandar reduzir as horas de aula da ortografia e submeter a língua escrita a caprichos ideológicos ou de "mestres" de currículo ignoto. A conexão entre negócios pouco claros e interesses ideológicos é óbvia no caso. O que se consegue reduzindo horário de aulas de ortografia e abolindo o conceito de erro no uso da língua escrita é o contrário do que se prega. Os populistas que querem acabar com o analfabetismo simplificando a forma de escrever (como se isso tivesse que ver com aprender a ler e compreender o que foi lido) são, de fato, elitistas fascistoides que promovem a interdição da norma culta, ou seja, dos tesouros literários, a quem tem dificuldade para aprender a ler e entender.

Isso é similar ao neocoronelismo de quem, a pretexto de baratear as obras negando o porcentual a pagar a quem as cria, quer eliminar os direitos autorais, praticados desde o século 18, quando as Revoluções Americana e Francesa consagraram os direitos humanos. Nos dois casos, nega-se ao pobre o direito de saber para ascender social, econômica e politicamente. Para evitar tal ignomínia a lei dá à Academia Brasileira de Letras o encargo de guardiã do vernáculo.

 
01 de agosto de 2014
José Nêumanne, O Estadão

CACOETE AUTORITÁRIO LIMITA ANÁLISES ECONÔMICAS

Reação violenta de Dilma, PT e Lula à análise do Santander sobre pesquisas eleitorais lembra críticas à imprensa no mensalão e levará bancos a praticar a autocensura

Podia-se creditar apenas ao estado de nervos no núcleo da campanha da presidente Dilma a reação violenta dela, do seu partido e do ex-presidente Lula à análise feita para clientes preferenciais do banco Santander em que altas da Bovespa são relacionadas a pesquisas eleitorais negativas para o projeto da reeleição.

Para o PT, segundo seu presidente, Rui Falcão, tratou-se de “terrorismo eleitoral”. A própria Dilma considerou “inadmissível para qualquer país”, disse em sabatina na “Folha de S.Paulo”, a interferência do mercado financeiro no processo eleitoral. Já Lula, em um evento na CUT, pediu a demissão da analista responsável pelo texto. Talvez seja o primeiro político de origem no sindicalismo a defender publicamente a demissão de um assalariado.

Mas a explicação para reação tão violenta não é conjuntural. O vozerio petista tem a ver com o cacoete autoritário de frações hegemônicas no partido contra a liberdade de expressão. Mesmo de departamentos de análise de instituições financeiras, as quais, daqui para frente, praticarão a autocensura, como foi obrigada a fazer a imprensa durante a ditadura militar. Talvez este seja o objetivo da resposta petista em uníssono.

A imprensa profissional conhece esta reação típica petista diante de informações que não agradem o partido. Foi assim no escândalo do mensalão, em cujo início o próprio presidente Lula pediu desculpas ao país. Logo depois, ele e partido passaram a negar o malfeito e a acusar a divulgação dos fatos como parte de um projeto “golpista”. O Santander, grupo financeiro espanhol, sabe agora o que significa contrariar o PT. O presidente mundial do banco, Emilio Botín, por coincidência em viagem ao Brasil, acompanha de perto a pedagógica experiência.

Para azar do banco espanhol, no Brasil, em que o Estado tem grande ingerência na economia, o setor financeiro é particularmente vulnerável à ação regulatória dos governos. A mudança de uma resolução do Banco Central, numa penada, pode produzir milhões: em lucros ou prejuízos.

Entende-se, portanto, que mesmo campanhas publicitárias de grandes conglomerados financeiros privados reproduzam um certo ufanismo nacionalista típico da visão que o Planalto tem do país nesses tempos eleitorais. O que aconteceu na Copa do Mundo foi típico.

Em alguma medida, o Brasil de Dilma lembrou a Argentina de Cristina Kirchner. Lá, quando a economia estava subordinada ao truculento secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, escritórios de consultoria que divulgassem estimativas independentes da inflação eram punidos com pesadas multas. Moreno e Casa Rosada queriam impedir comparações com a inflação oficial, manipulada.

O Brasil, felizmente, devido a suas instituições, está muito distante da Argentina
kirchnerista. Mas os governos têm cacoetes muito parecidos.

01 de agosto de 2014
Editorial O Globo

MAU HUMOR NA ECONOMIA

Se o mau humor do empresário prejudica o desempenho da economia, todos os brasileiros têm mais um forte motivo para se preocupar - no caso do governo, um motivo eleitoral. O Índice de Confiança da Indústria (ICI) caiu em julho pela sétima vez consecutiva e chegou ao menor nível desde abril de 2009, segundo informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi mais uma confirmação de um estado de espírito dos mais sombrios. No dia 18, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) havia divulgado seu Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), também apurado em julho. Foi o menor valor da série iniciada em janeiro de 1999.

O leitor pode escolher a série de sua preferência. Estenderá a comparação até janeiro de 1999, momento de uma grave crise cambial, ou abril de 2009, quando o Brasil começava a sair de uma recessão iniciada no mundo rico, no ano anterior, com o estouro de uma bolha financeira. A escolha é livre, mas a conclusão é inescapável: depois de mais um semestre muito ruim, os dirigentes da indústria ainda esperam dificuldades até o fim do ano.

Com mais um semestre de estagnação, a presidente Dilma Rousseff completará quatro anos de um mandato desastroso para a atividade industrial. Segundo a última sondagem da FGV, o Índice de Confiança da Indústria caiu 3,2% de junho para julho e chegou a 84,4 pontos. Esse indicador varia de zero a 200 e valores acima de 100 apontam expectativa de melhoras. A média histórica dos últimos cinco anos é 105,2, na série com ajuste sazonal. Mas até o ligeiro otimismo apontado por esse número já sumiu há muito tempo. Em todos os meses desde agosto do ano passado o ICI ficou abaixo de 100.

Dois componentes entram na formação desse indicador: um Índice de Situação Atual (ISA) e um Índice de Expectativas (IE). O primeiro caiu de 90,1 pontos em junho para 85,8 em julho. O outro, já abaixo de 100 em julho do ano passado, recuou de 84,4 para 82,9 na apuração recém-divulgada.

"O resultado de julho acende uma luz amarela em relação ao terceiro trimestre", comentou o pesquisador Aloísio Campelo Jr., superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da FGV. A demanda, segundo ele, continua sendo um entrave importante ao crescimento e foi o fator de maior peso para a piora da avaliação do quadro atual.

Ainda sobrou um leve sinal positivo, de 105,4 pontos, no quesito "tendência dos negócios nos próximos seis meses", mas esse componente também piorou, com queda de 7,6% em relação ao nível de junho. No conjunto, o Índice de Expectativas ficou na área negativa (82,9%), com redução de 16,35% desde julho do ano anterior, na série com ajuste sazonal.

As sondagens da FGV e da CNI sobre a confiança dos dirigentes de indústrias combinam com o cenário geral das projeções econômicas.

Na pesquisa Focus, realizada semanalmente no mercado pelo Banco Central (BC), a mediana das projeções de crescimento econômico chegou a 0,9% na sexta-feira passada. O mesmo levantamento apontou a expectativa de contração de 1,15% do produto industrial. Na última semana, a CNI publicou suas novas estimativas dos principais indicadores econômicos. O novo quadro inclui crescimento de apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB), expectativa pouco melhor que a apurada na pesquisa Focus, e contração de 0,5% do produto industrial. O Ministério do Planejamento cortou de 2,5% para 1,8% sua projeção de aumento do PIB.

O mau humor também chegou ao comércio. Em julho o indicador de confiança dos comerciantes da cidade de São Paulo passou para o terreno negativo. Caiu 2,5%, chegou a 98,6 pontos e ficou 5,4% abaixo do nível de julho de 2013. A informação foi divulgada ainda na terça-feira pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo. Inflação alta, vendas em queda e juros elevados são as causas principais do pessimismo, segundo a assessoria econômica da entidade. Como explicar a coincidência de tantas projeções ruins? Por suas declarações, a presidente Dilma Rousseff ainda se recusa a reconhecer uma economia emperrada e com problemas graves.

 
01 de agosto de 2014
Editorial O Estadão

GOLEADA NO IBOPE: ALCKMIN 50% SKAFF 11% PADILHA 5%



 
Pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (30) aponta o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), com 50% das intenções de voto na corrida eleitoral deste ano. Com o percentual, ele venceria a disputa pela reeleição no primeiro turno.

O segundo colocado na pesquisa, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf (PMDB), aparece com 11% das intenções de voto. O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT) aparece com 5%. Esta é a primeira pesquisa Ibope após o registro das candidaturas.Veja os números do Ibope para a pesquisa estimulada:
  • Geraldo Alckmin (PSDB) – 50%
  • Paulo Skaf (PMDB)  – 11%
  • Alexandre Padilha (PT) – 5%
  • Gilberto Natalini (PV) – 1%
  • Laércio Benko (PHS) – 1%
  • Raimundo Sena (PCO) – 1%
  • Wagner Farias (PCB) – 1%
  • Gilberto Maringoni (PSol) – 1%
  • Walter Ciglioni (PRTB) – não pontuou
  • Brancos e nulos: 15%
  • Não sabe: 14%

Rejeição
 
O Ibope também apontou a rejeição dos candidatos. A maior rejeição é do petista Alexandre Padilha, que tem 19%. Na sequência aparecem Alckmin (18%), Skaf (13%), Natalini (7%), Sena (7%), Benko (6%), Maringoni (6%), Ciglioni (6%) e Farias (5%).

Avaliação do governador
 
Na mesma pesquisa, os eleitores também responderam sobre a avaliação ao governo Alckmin. Segundo o Ibope, 40% disseram que ele é "ótimo ou bom". Outros 38% afirmaram que ele é regular. Os que dizem que ele é “ruim ou péssimo” somam 19%. A pesquisa foi realizada entre os dias 26 e 28 de julho. Foram entrevistados 1.512 eleitores em 78 municípios do estado. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo.

01 de agosto de 2014
in coroneLeaks

NO SEMESTRE, BRASIL O PIOR SUPERAVIT DESDE 2000. NA CNI, DILMA DIZ QUE ESTÁ TUDO MUITO BEM, TUDO MUITO BOM


 
 
Na sabatina da CNI, Dilma Rousseff "deu aula" de economia para os empresários, segundo o PT tuitou. Leu tudo e não respondeu nada, além de ser mal educada com a apresentadora.

No primeiro semestre do ano, as receitas federais superaram em R$ 17,2 bilhões as despesas com pessoal, custeio, programas sociais e investimentos, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Tesouro Nacional.


O saldo do governo central (governo federal, Banco Central e Previdência Social), conhecido como superavit primário, foi a metade do alcançado no primeiro semestre do ano passado e o pior para um primeiro semestre desde 2000, quando o resultado foi de R$ 15,4 bilhões.

O governo federal comprometeu-se a poupar R$ 80,8 bilhões até o fim do ano. Até a metade dele, cumpriu pouco mais de 21% dessa meta. Em junho, o governo federal teve deficit de R$ 1,9 bilhão, o pior resultado para junho que se tem registro.
 
META

O descompasso entre arrecadação de receitas, que cresce no ritmo lento da economia do país, e dos gastos do governo, em expansão mais acelerada em ano eleitoral, fica evidente nos resultados do semestre. As receitas cresceram 7,2% de janeiro a junho, enquanto as despesas tiveram expansão de 10,6% no período, em comparação com o ano passado.


A administração petista tem afirmado que vai cumprir a meta fiscal do ano. Para tanto, vai lançar mão de expedientes contábeis, como uso de dividendos extraídos das empresas estatais e das receitas do Refis –programa de parcelamento de dívidas tributárias.

No semestre, o caixa do Tesouro contou com a entrada de R$ 10,5 bilhões de dividendos de estatais, valor 36,3% superior ao mesmo período do ano passado. Até o fim do ano, conta com a entrada de R$ 18 bilhões do Refis.

(FSP)

01 de agosto de 2014
in coroneLeaks

DEUTSCHE BANK TAMBÉM REBAIXA O BRASIL. VAI PEDIR A CABEÇA DO ANALISTA, DILMA?



 
O banco Deutsche Bank está recomendando os seus clientes a reduzirem sua exposição aos títulos da dívida soberana brasileira denominados em dólar citando como uma das principais razões a perspectiva de reeleição de Dilma Rousseff e o “otimismo” demasiado dos mercados em relação a uma melhora nos fundamentos macroeconômicos do Brasil num eventual segundo mandato da presidente. O banco alemão espera uma eleição apertada e apenas decidida no segundo turno.


Em nota enviada a clientes ontem, o estrategista para mercados emergentes do Deutsche Bank, Hongtao Jiang, rebaixou o peso dos títulos soberanos do Brasil em dólar de “neutro” para “underweight” (abaixo da média dos títulos que compõem a carteira sugerida para mercados emergentes), o que levaria os investidores a reduzir as suas aplicações nos papéis brasileiros em favor de outros países emergentes.

O Deutsche Bank havia elevado o Brasil para o peso “neutro” em janeiro deste ano, depois de ter deixado os títulos brasileiros por mais de um ano na posição “underweight”. Contudo, diante da recente valorização dos ativos brasileiros e da perspectiva dos fundamentos macroeconômicos, o banco voltou atrás e rebaixou novamente o País. Jiang também recomenda os investidores favorecerem os títulos com vencimentos mais longos na curva de juros em dólar do País.

Segundo Jiang, o sub-índice Brasil (na carteira de índices de mercados emergentes globais) registrou uma queda de 25 pontos-base desde o final de março. Uma queda refletiria teoricamente uma melhora na percepção do risco-País. Agora, segundo Jiang, o sub-índice Brasil está sendo negociado a 15 pontos-base abaixo da média dos títulos de países emergentes com rating soberano de grau de investimento, enquanto que no final de janeiro os papéis brasileiros eram negociados a 30 pontos-base acima da média dos países emergentes com nota de risco semelhante.

Com base nas estimativas de José Carlos Faria, economista-chefe para Brasil do Deutsche Bank, Jiang disse que a perspectiva para os fundamentos econômicos do Brasil é bastante desafiadora. No lado fiscal, ele cita a projeção de um superávit primário consolidado do setor público de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, em comparação com a meta de 1,9% anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.


“A inflação permanece sob pressão, agravada por condições climáticas”, afirmou Jiang. “O provável racionamento de energia elétrica neste ano e em 2015 causará uma redução adicional da atividade econômica; a balança comercial tem se deteriorado continuamente e a estagflação parece ser o curso do futuro próximo (ao menos nos próximos dois anos)”, escreveu o estrategista do Deutsche Bank. 

(Estadão)
 
01 de agosto de 2014
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