"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 20 de setembro de 2014

NA LINHA DE TIRO

 

A pancadaria da campanha da presidente Dilma para cima da adversária Marina Silva funcionou. As pesquisas internas de ambas registraram a ampliação da diferença entre elas para cerca de 10% a 12%.
O programa de TV em que Marina diz que é a favor do Bolsa Família busca deter a sangria. Por isso, o PT vai manter o ataque e explorar a dúvida quanto a capacidade de Marina dirigir o país.

20 de setembro de 2014
Ilimar Franco, O Globo

A INCOERÊNCIA DOS NOVOS ELEITORES DE MARINA

Quando ficar claro que Marina não é uma alternativa, mas um aprofundamento das políticas que vêm sendo implementadas há anos no país, será tarde demais.


Minhas críticas aqueles que têm declarado seu voto à Marina Silva não é por sua escolha eleitoral, especificamente. O que mais me incomoda é que essa escolha tem se mostrado absolutamente irracional, unicamente baseada nas impressões que a figura de Marina transmite.
 
Sem nenhum problema, eu poderia respeitar o voto baseado na ideologia da candidata do PSB. Consideraria absolutamente normal, mesmo não concordando, que alguém votasse nela, por causa de seu ódio ao agronegócio, sua visão socialista radical e até por sua ideia de democracia participativa.
 
Mas o que está ocorrendo é que as pessoas estão pretendendo votar nela por razões exatamente contrárias à própria ideologia e histórico político da candidata. Estão confiando em uma imagem de conciliadora que ela pretende transmitir; acreditando que Marina Silva é uma opção menos radical do que os caminhos traçados pelo PT até agora; crendo que ela representa uma forma alternativa de fazer política.
 
No entanto, nada disso se encaixa no perfil da política acreana. Marina Silva sempre foi radical, transitando nas alas mais extremas da esquerda brasileira. Nunca foi uma conciliadora, pelo contrário, demonstrou uma dificuldade terrível de se compor mesmo com seus aliados. E ela não representa, de maneira alguma, uma política alternativa, ou será que alguém acredita que uma pessoa que galgou os maiores postos dentro da velha política brasileira fez isso estando do lado de fora dessa mesma política?
 
O pior é ver pessoas que vinham criticando o PT de maneira ferrenha, simplesmente caírem no canto da sereia marinista, aceitando a ideia que ela é uma alternativa viável para estar à frente da direção do país.
 
Eu até posso aceitar que alguém vote em Marina Silva por razões ideológicas. Isso seria bem mais coerente. O que não dá é ter que ouvir de pretensos anti-petistas o discurso de que é preciso, de qualquer maneira, quebrar a hegemonia do atual governo, colocando alguém que, de maneira alguma, é diferente do que está aí.
 
Quando a candidata verde apresentar sua verdadeira face para o grande público, quando de sua rede brotarem os radicais ambientalistas e ongueiros, prontos para dominar a nação, quando ficar claro que Marina não é uma alternativa, mas um aprofundamento das políticas que vêm sendo implementadas há anos no país, será tarde demais e restará para aqueles que confiaram seus votos nela o arrependimento por tamanha estupidez.

20 de setembro de 2014
Fabio Blanco, advogado e teólogo, apresenta o programa 'A Hora Final', na Rádio Vox.

GOVERNO DILMA: QUATRO ANOS DE FIASCO. MAS A CULPA É SEMPRE DOS OUTROS...

Em quatro anos Dilma só fez o diabo, acumulando fiascos em todas as áreas. Deixa o Brasil no buraco, mas não reconhece os erros cometidos por sua equipe. Para a gerentona, o inferno são os outros, como dizia Sartre. Artigo de Rolf Kuntz no Estadão: O inferno é o outro, conforme escreveu há 70 anos um filósofo e dramaturgo francês. A presidente Dilma Rousseff e seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, certamente concordam.
Mas o outro, poderiam acrescentar, tem lá seu valor. Sem ele, em quem jogar a culpa de nossos males, especialmente daqueles produzidos por nós? Para isso servem as potências estrangeiras, os bancos internacionais, os pessimistas de todas as nacionalidades e até o Banco Central do Brasil (BC), por sua insistência em manter os juros em 11%.
Os maiores males deste momento ainda estarão por aí quando começar o próximo governo, em janeiro:

1) Os aumentos de preços ganharam impulso de novo. O IPCA-15, prévia da inflação oficial de setembro, subiu 0,39%, muito mais que o dobro da variação de agosto, 0,14%. A alta acumulada no ano, 4,72%, já ficou bem acima da meta, 4,5%. Em 12 meses chegou a 6,62% e dificilmente ficará abaixo de 6% no fim do ano.

2) Os economistas do mercado financeiro e das consultorias continuam reduzindo as projeções de crescimento econômico. A mediana das estimativas, na semana passada, ficou em 0,33%, de acordo com pesquisa do Banco Central. Coincidiu com a nova previsão divulgada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE): 0,3%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) publicará números atualizados em outubro. A previsão para o Brasil será, com certeza, bem menor que a de julho, 1,3%.

3) As finanças do governo continuam virando farelo. Nem receitas especiais têm resolvido o problema. Pelas primeiras informações, a arrecadação inicial do novo Refis, o refinanciamento de impostos em atraso, ficou abaixo do valor previsto - algo na faixa de R$ 13 bilhões a R$ 14 bilhões. O pessoal do Tesouro deverá continuar recorrendo à criatividade contábil. Qualquer balanço razoável no fim de 2014 será uma surpresa.

4) As contas externas continuam fracas e o déficit em conta corrente, no fim do ano, deverá ficar ainda próximo de US$ 80 bilhões, segundo estimativas do mercado. Nada, por enquanto, indica resultados muito melhores em 2015.

5) O País ainda vai depender fortemente de financiamento externo para fechar o buraco das transações correntes. O investimento direto estrangeiro tem sido e provavelmente continuará insuficiente para isso. Faltarão uns US$ 20 bilhões neste ano e, segundo as projeções do mercado, uma quantia muito parecida em 2015. Essa diferença será coberta, em grande parte, por dinheiro especulativo.

As condições internacionais de financiamento serão provavelmente menos favoráveis que as de hoje, especialmente se o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, confirmar a elevação dos juros básicos, atualmente na faixa de zero a 0,25% ao ano. Mesmo com o desemprego bem mais baixo, o Fed provavelmente só começará a aumentar os juros se os seus diretores estiverem convencidos da firme recuperação econômica dos Estados Unidos. Essa recuperação será boa para todo o mundo. Atividade mais intensa na maior economia resultará em mais oportunidades comerciais para todos os parceiros - ou, pelo menos, para aqueles preparados para aproveitar a ocasião. A indústria brasileira tem mais perdido que aproveitado oportunidades, por falta de investimento, por excesso de custos e por erros da diplomacia comercial.

Mas o começo do aperto monetário, possibilitado pela recuperação americana, afetará os investimentos e o custo dos empréstimos. Juros mais altos atrairão dinheiro para os Estados Unidos. Isso poderá neutralizar, em boa parte, a sobra de recursos provocada pelo esperado afrouxamento da política do Banco Central Europeu. Todo mundo espera essa mudança no quadro internacional. Governos competentes procuram tornar seus países menos vulneráveis a riscos financeiros e mais capazes de acompanhar a onda de crescimento liderada pelos Estados Unidos e acompanhada, com algum atraso, pelas economias europeias mais sólidas. Economistas do FMI, em documento preparado para a conferência ministerial do Grupo dos 20 (G-20) neste fim de semana, na Austrália, chamam a atenção para os perigos e para os ajustes necessários. A recuperação continua, mas num ambiente de riscos.

No Brasil, aponta o estudo, o baixo crescimento dificultará a execução da política fiscal e a redução da dívida pública. Além disso, a inflação elevada poderá tornar necessário um novo aumento de juros se as expectativas piorarem. Isso é exatamente o contrário do caminho apontado pelo ministro da Fazenda. Mas o governo brasileiro, especialmente em caso de reeleição, sempre poderá atribuir parte dos problemas de 2015 ao Fed. O banco central americano foi responsabilizado por males brasileiros quando inundou os mercados com dólares, tentando estimular a economia dos Estados Unidos.

A valorização do real, uma das consequências, encareceu as exportações brasileiras e barateou as importações. O ministro Mantega reclamou de uma guerra cambial. Desde o ano passado o jogo mudou.
Ao anunciar a redução dos estímulos monetários, o Fed mexeu nos fluxos de capitais, valorizou o dólar e, segundo Brasília, criou pressões inflacionárias. O impacto da mudança poderá ser mais forte no próximo ano, com o aumento dos juros. Bendito seja o Fed, um dos culpados de sempre.
A presidente Dilma Rousseff tem citado com insistência uma frase famosa de Nelson Rodrigues sobre o complexo de vira-lata. Não se sabe quantas páginas da obra rodriguiana ela realmente leu, mas a tal frase é importante no repertório presidencial. Não se sabe, também, quantas páginas de Sartre ela terá lido. Mas a ideia sartriana sobre inferno, reduzida a uma tosca simplicidade, tem servido à retórica defensiva de um governo fracassado. Benditos sejam os outros.

20 de setembro de 2014
in orlando tambosi

ESSA É A ELEIÇÃO MAIS SUJA DA HISTÓRIA, DIZ O HISTORIADOR VILLA

OLAVO DE CARVALHO, OS URSOS E OS BUROCRATAS POLITICAMENTE CORRETOS



Olavo de Carvalho preparado para a grande caçada (Clique sobre a imagem para vê-la ampliada)
Olavo de Carvalho dispensa apresentações. Mas vamos lá. É um jornalista, ensaísta, filósofo, prolífico escritor e dos pouco polemistas brasileiros, já que a maioria dos "intelectuais" pátrios das novas gerações - com as exceções de sempre - compõem um legião de idiotas cujos cérebros foram avariados definitivamente pelo pensamento dito politicamente correto.

Feita essa digressão necessária, informo que o texto que segue abaixo é de Olavo de Carvalho e foi publicado em sua coluna no jornal Diário do Comércio de São Paulo. É uma narrativa deliciosa, contando sobre uma caça aos ursos pretos. Olavo vive há mais de uma década nos Estados Unidos.

Armados até os dentes (nos Estados Unidos qualquer pessoa pode comprar uma arma livremente no comércio) Olavo, seu filho e mais um amigo embrenharam-se nas matas do Tio Sam e já conseguiram detonar um uso preto, conforme a foto abaixo.

É claro que caçar ursos nos Estados Unidos em determinadas regiões é uma necessidade dada à perigosa proliferação desses bichos. Portanto, tudo sob controle governamental.

Neste texto Olavo de Carvalho se vale da própria aventura para tecer, de forma inteligente e bem humorada, uma crítica fulminante e mordaz à estupidez politicamente correta, principalmente no que diz respeito ao discurso ambientalista, recheado de falácias e contradições absurdas.

Olavo tem o dom de nunca jogar palavras fora. Tudo o que escreve é bem escrito e solidamente fundamentado. Nos seus escritos não se encontra uma linha desprovida de conteúdo. 

Gostei muito deste artigo. E ainda mais de suas postagens no Facebook que têm suscitado nesta sexta-feira um turbilhão de comentários. Claro, lá estão postando também os ecochatos, esses "amigos ursos". Leiam que vale a pena:
Olavo de Carvalho, de chapéu, com seu filho Pedro Carvalho e Sílvio Grimaldo. (Clique sobre a imagem para vê-la ampliada)
URSOS E BUROCRATAS
 
Meu plano, esta semana, era interromper a série de considerações deprimentes sobre a hedionda política nacional e mundial e oferecer aos leitores alguma coisa mais divertida. Tinha tudo para isso. Aos 67 anos, pela primeira vez na vida fiz uma viagem de recreio e estou em plena floresta do Maine, com meu filho Pedro e meu amigo Sílvio Grimaldo, caçando ursos pretos.
 
É uma região de beleza indescritível; os guias são pessoas gentilíssimas, de maneira que a gente se sente em família. O alojamento até parece um jogo de casinhas de brinquedo e a comida é de primeira ordem. Todo dia os guias nos levam por uma estrada de terra de onde partem as trilhas individuais que seguem pelo meio do mato até a cadeirinha onde nos encarapitamos para esperar o urso, atraído – espera-se – pela isca plantada num barril aberto.
 
Meu urso não deu ainda o ar da sua graça, especialmente porque ontem choveu um bocado e urso preto não gosta de chuva, mas vou continuar tentando. Levo uma Browning calibre 300 Winchester Magnum, suficiente para derrubar três ursos em fila, e minha pontaria não é de todo má.
 
Tinha uma boa oportunidade, portanto, para entreter os leitores com umas histórias de caçadas, mas, porca miséria, até aqui a maldita política globalista já chegou, firmemente decidida a estragar tudo e provar que "outro mundo é possível". É claro que é possível. Impossível será viver nele sem começar a pensar em suicídio aos trinta anos de idade. 
 
Será um mundo totalmente administrado, sem o mínimo espaço para a espontaneidade humana, onde o último arremedo de emoção consistirá em consumir drogas fornecidas pelo governo e praticar sexo industrializado. Traços desse mundo já se vêem por toda parte, exceto na Rússia, na China e nos países islâmicos, que preferem versões mais antiquadas do inferno.      
     
A situação por aqui é a seguinte. O Maine tem uns trinta mil ursos pretos. Para impedir que comam todos os bebês de alces, é preciso matar uns cinco mil por ano. As leis e regulamentos já complicaram a coisa de tal modo  que não se consegue matar nem a metade disso. Em resultado, a caçada de alces, antes um esporte popular, tornou-se privilégio de um punhado de ricaços, e mesmo estes têm de entrar numa loteria e esperar sua chance. 
 
A carne de alce é uma delícia, e no meu modesto entender é muito mais decente comer um bicho  perigoso que você mesmo matou com risco próprio do que devorar cinicamente uma vaca indefesa assassinada a marretadas na ponta de uma baia sem saída.
 
Mas agora a tal da Humane Society, uma organização gigantesca subsidiada por George Soros e outras criaturas adoráveis, inventou um referendo para proibir a caça com isca, com cachorros e com armadilha, restando só a chamada “still hunting”, que consiste em andar pelo mato até encontrar um urso, o que é quase impossível. 
 
Tom Hamilton, nosso guia, disse que em dez anos só viu assim um único urso, de longe. O urso preto não é metido a valentão como o grizly. É bicho arisco, que se esconde como um ladrão furtivo. Se o voto "Sim" vencer, a superpopulação de ursos vai acabar de vez com os alces, invadir o espaço humano e ameaçar os animais domésticos. Será o perfeito paraíso ecológico.
 
Durante milênios as comunidades humanas mantiveram-se a salvo de animais ferozes graças a um vasto círculo de proteção constituído de caçadores, guardas florestais, fazendeiros etc. É assim até hoje. O típico cidadão urbano dos nossos dias ignora a existência desse círculo e imagina que é simplesmente natural os bichos ficarem em paz no seu "habitat", como que obedientes a um imenso Registro Cósmico de Imóveis, só se tornando perigosos quando seu território é "invadido" por malvados seres humanos.
 
Isso é de uma estupidez monstruosa. O "habitat natural" de um urso ou de um lobo não é um lugar fixo: é onde ele encontra uma comida do seu agrado. Pode ser um galinheiro, uma fazenda de gado ou uma pequena cidade. Se ele não passa daí é porque alguém lhe deu um tiro. 
 
O idiota urbano, a milhares de milhas, intoxicado de maconha, tagarelice ideológica e programas de TV, acredita-se protegido pela gentileza das feras e pelo milagre do "equilíbrio ecológico". É preciso ser muito, muito burro para acreditar que, deixada a si mesma, ou mantida como um santuário inviolável pelos cultores do animalismo, a Mãe Natureza resolverá tudo na mais perfeita harmonia. 
 
Essa gentil progenitora já liquidou mais espécies animais do que toda a humanidade caçadora reunida. De todos os fatores naturais, o homem é o menos mortífero. É aliás o único que se preocupa em preservar as outras espécies. Nenhum tigre faz passeata de protesto quando um de seus parentes come quatrocentos indianos pobres e desarmados. Nenhum grizly publica editoriais indignados quando um da sua espécie mata dezenas de filhotes, fêmeas e ursos mais fracos.
 
Não por coincidência, todo o movimento pela proteção às espécies animais foi uma invenção de caçadores, como Theodore Roosevelt nos EUA e Jim Corbett na Índia. Caçadores sabem o que é bom para os animais, para os seres humanos e para a convivência razoável entre as espécies. Políticos e intelectuais iluminados só pensam em si mesmos e inventam os mais belos pretextos para mandar em tudo.
 
Façam as contas. No Maine, onde a caça aos ursos ainda é um hábito comum, acontecem quarenta – sim, quarenta – vezes menos situações de risco entre ursos e pessoas do que em Connecticut, onde a caça é totalmente proibida e existem apenas 450 ursos em vez dos trinta mil do Maine. Quem protege melhor a população humana e animal? Os caçadores ou o governo?
P.S. – Meu amigo Sílvio matou seu urso na quarta-feira. O meu e o do Pedro não deram as caras ainda. Na foto da página não apareço com a minha Browning, mas com a CZ 550 que emprestei ao Sílvio.
 
20 de setembro de 2014
Olavo de Carvalho

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Dilma jura que é “tolerância zero com a corrupção” e defende imprensa só divulgando e não investigando

 
Ainda preocupada com o risco de perder a reeleição, Dilma Rousseff começou a demonstrar ontem qual será sua faceta bolivariana se um próximo mandato lhe for concedido pelo eleitorado idiota ou pela fraude eletrônica. Acuada pela delação premiada de seu companheiro de Petrobras Paulo Roberto Costa, Dilma resolveu alvejar a mídia com sua tese autoritária. Segundo a Presidenta-candidata, o papel da imprensa não é investigar, mas apenas divulgar informações (de preferência que não sejam contrárias ao governo – burrice que ela certamente pensou, mas não ousou falar).
 
As emissoras de televisão, como de costume, não deram destaque à barbaridade dita por Dilma, em entrevista coletiva que a candidata ou presidenta convocou no Palácio da Alvorada. Dilma ficou PT da vida com o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, por ter lhe negado acesso ao depoimento de Paulo Roberto Costa. Indignada, advertiu que pedirá, novamente, acesso aos documentos, agora apelando ao ministro Teori Zavascki, relator no Supremo Tribunal Federal do processo da Operação Lava Jato, que tira o sono de 13 em cada 10 petistas:
 
“Pedirei ao ministro Teori a mesma coisa: quero ser informada se no governo tem alguém envolvido. Não tenho porque dizer que tem alguém envolvido, porque não reconheço na revista Veja e nem em nenhum órgão de imprensa o status que tem a PF, o MP e o Supremo. Não é função da imprensa fazer investigação e sim divulgar informações. Agora, ninguém diz que a informação é correta. Não prejulgo, mas também não faço outra coisa: não comprometo prova. Porque o câncer que tem nos processos de corrupção é que a gente investiga, investiga, investiga e ainda continua impune”.
 

 Dilma perdeu a paciência: “Não é possível que a revista Veja saiba de uma coisa, e o governo não saiba quem é que está envolvido. Pedi primeiro para a PF, que me disse: não posso entregar, a investigação está em curso e peça ao MP. E o MP me disse a mesma coisa: se ele me disser, ele contamina a prova. Quando sai uma denúncia na Veja ou em qualquer outro jornal, eu não tomo medida, porque sou presidente da República, baseada no disse me disse. Tomo medida baseada inclusive naquilo que sou a favor, que é da investigação absoluta.
 
Dilma demonstrou profunda irritação, em seu costumeiro tom autoritário: “Vamos deixar uma coisa clara aqui: Quem é que descobre as práticas de corrupção no Brasil? A PF. Porque a PF tem hoje uma autonomia integral para investigar quem quer que seja. Sempre que vazam informações que estão em investigação, sabe o que acontece? Compromete-se a prova. O MP denuncia e não pode ser condenado, porque a prova foi comprometida. Não é possível que alguém queira que a fonte de investigação no Brasil não sejam os órgãos oficiais. E são PF, MP e Judiciário”.

Ainda à beira de um faniquito, Dilma indagou a respondeu para si mesma, dirigindo-se, agressivamente, aos repórteres que a entrevistavam: “O que queria saber? Queria saber sim, para eu tomar providências. O que eles me dizem? Se entregar a prova para você, estarei comprometendo a investigação. Acho que nessa investigação, ela está sendo diferente. A própria revista Veja diz que o inquérito, os depoimentos, a delação estão criptografados e guardados num cofre. Isso significa que nenhuma das falas é garantida. Ninguém sabe o que é”.
 
Além de atacar o direito de a livre imprensa investigar (ou divulgar o que foi investigado oficialmente), Dilma lançou uma nova tese sobre a razão da impunidade no Brasil: “O pai no sentido de protetor, o compadre do crime de corrupção, do crime de lavagem de dinheiro, do crime financeiro é um só: a impunidade. Pode saber que criar condições para (combater?) impunidade, é uma coisa que o país tem de avançar. Antes, tinha o engavetador-geral da república. Hoje, tem um procurador-geral da República que investiga e tem autonomia”.
 
 
Dilma perdeu a linha, novamente, na rampa interna do Palácio da Alvorada, quando um repórter lhe indagou sobre os R$ 1,5 milhão que Paulo Roberto Costa teria recebido de propina para facilitar o processo de compra da refinaria Pasadena, no Texas, negócio do qual Dilma tenta tirar o dela da reta, embora fosse presidente do conselho de administração da Petrobras que aprovou o negócio que gerou um prejuízo de US$ 792 milhões (conforme dados do Tribunal de Contas da União). Dilma vociferou:
 
“Se você me disser para quem ele disse, quem disse e como é que disse, eu respondo. Recebo informações de juiz, de procurador e de delegado da PF. Sou a favor de investigar, nada colocar para debaixo do tapete. Acho que o maior mal atual é a impunidade. Se investiga, descobre o mal feito e não condena, cria a sensação de que não teve pena nenhuma. Sabe por que protege com a impunidade? Porque você não prende, não pune e só tem um jeito: tem que punir. Por isso é que se diz: tolerância zero”.
Governo do PT com tolerância zero com a corrupção tem tudo para se transformar na piada do século...
 
Lições de Mestres
 
Dilma deveria aprender um pouco mais sobre o verdadeiro papel do Jornalismo.
 
Então, sugerimos à Presidenta que tome como referência os ensinamentos do veterano professor-doutor e jornalista Nilson Lage, em postagem no Facebook de 23 de setembro de 2014:  
 
“Vocês querem saber o que é jornalismo? É isso aí. Coisa decente, séria, que não se conforma em ecoar o senso comum, mas parte daquilo que as pessoas acreditam por ouvir dizer para buscar a verdade nos fatos. Bom jornalista não é o que crê, é o que desconfia. Esses sujeitos que dão palpites de rebanho na mídia impressa, no rádio e na TV pertencem a três categorias: os fanáticos (que são poucos), os idiotas e os picaretas”.
 
Vale também a lição de Carlos Alberto Di Franco, em O Globo de 1º de setembro:
 
“A fortaleza do jornal não é só dar notícia, é se adiantar e investir em análise, interpretação e se valer de sua credibilidade”.
 
Abandono de incapaz
 

Vai processar a Dilma?
 
Será que Geraldo Brindeiro, Procurador-geral da República no governo FHC, gostou de ser chamado de “engavetador-geral da república” por Dilma Rousseff?
 
De 626 inquéritos criminais que recebeu, Brindeiro engavetou 242, arquivou outros 217 e só aceitou 60 denúncias.
 
As acusações recaíam sobre 194 deputados, 33 senadores, 11 ministros e quatro contra o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso...
 
Duro é que o pobre do Brindeiro, agora aposentado, nem poderá brindar a Dilma com algum processo por chamá-lo de “engavetador-geral”...

Sem comentários

Dilma também não quis falar da nova pesquisa que a colocou em vantagem na sucessão de si mesma.

Mas aproveitou para dar uma estocadinha no mercado financeiro, criticando, com grossa ironia, o sobe e desce na Bolsa de Valores:

”Acho ótima a reação da Bolsa. Quando a Bolsa cai, eu falo: será que eu subi? Tá ficando ridículo isso. Especulação tem limite! E acho que tem gente ganhando com isso. Eu não sou, eu perco, tá? Acho desagradável o fato de acharem que uma coisa está vinculada à outra. Quando sobe, ou quando desce. Não comentei e não comento pesquisa nem quando sobe e nem quando desce. Nunca comentei na vida”.
 
Rolo na Invepar
 
Os petistas que dominam os fundos Previ, Petros e Funcef fazem pressão para derrubar Gustavo Rocha da presidência da Invepar – empresa de concessões que mantêm em sociedade com a empreiteira baiana OAS, de Cesar Mata Pires, famoso genro do falecido ACM, acusado de ditar as regras na empresa.
Os detratores reclamam que a dívida líquida da Invepar saltou 121% em 12 meses, subindo de R$ 2,4 bilhões para R$ 5,5 bilhões.
 
Concessionária do Aeroporto de Guarulhos (SP), a Invepar tomou fumo nas licitações para a BR-163 e o Aeroporto do Galeão – o que capitalizaria a empresa.
 
Líderes gráficos
 
Foi instituído ontem o Grupo de Líderes da Indústria Gráfica no Brasil.
 
Noventa pessoas, representantes de companhias nacionais e multinacionais das áreas de máquinas e equipamentos, tinta, papel, livros e todos os insumos, participaram do lançamento na sede da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), em São Paulo.
 
A intenção do grupo é ampliar a competitividade do parque impressor nacional no âmbito de um mercado mundial estimado, no ano de 2017, em US$ 668 bilhões - sendo US$ 20 bilhões no Brasil.
 
Poder militar


Militares recomendam a assistida na entrevista de Ives Gandra com o General de Exército João Camilo Pires de Campos, comandante militar do Sudeste, transmitida em 22 junho de 2014, na Rede Vida, da Igreja Católica.
 
Marchando
 
 
Convite para manifestação dia 27, em frente ao Palácio Duque de Caxias.
 
Selfie do Produtor Rural
 
video
 
Desabafo de um agricultor que não encontra empregados para trabalho na lavoura, graças às bolsas vagabundagem que elegem o PT
 
Poder Judiciário na atualidade

O programa Direito e Justiça em Foco, na Rede Gospel, recebe no domingo, às 22 horas, o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Renato Nalini.
 
O relógio marca...
 
O Comitê de Ética da Fifa ordenou que 28 membros de seu comitê executivo devolvam o luxuoso relógio da marca Parmigiani que ganharam da CBF na véspera da Copa do Mundo no Brasil.
Cada reloginho - avaliado na bagatela de US$ 26,6 mil – foi dado a 65 cartolas do futebol.
 
A decisão não afeta os 750 participantes do Congresso da Fifa, também no Brasil, em junho, que ganharam de presente da Fifa um relógio mais baratinho: um Longines de US$ 191...
 
Pergunte ao IBGE...
 
 
Será que os técnicos do IBGE conseguem saber quantos fios de cabelos foram implantados na cabeleira de Renan Calheiros, cuja cabeça Paulo Roberto Costa teria colocado a prêmio na delação premiada?
 
20 de setembro de 2014
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

PROLEGÔMENOS PARA UM PEQUENO DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LÍNGUA (PRESA) PORTUGUESA


 
 
Apedeutas = Presidentes da República que sabem de tudo, mas que fingem nunca saber de nada.
 
Banqueiro = parasita útil apenas para financiar campanhas políticas.
Ciclista = mentecapto a quem incentivam a arrogância de agir  como se fosse dono da rua, desrespeitando as leis de trânsito e desafiando motoristas e pedestres. Quando em grupos, arriscam ainda mais a própria vida porque se acham invulneráveis. Sinônimo de Bicicretino.

Cumpanhero = cúmplice de má-fé ou inocente útil (ou inútil, se for politicamente mais incorreto).
 
Exercer a cidadania = ser levado no bico para renunciar os seus direitos de verdadeiro cidadão: segurança pessoal, segurança jurídica e segurança financeira.

Horário de propaganda política = vômito que somos obrigado a engolir.
 
Meritíssimo = meretríssimo; árbitro das disputas em ambientes lupanares.

Movimentos sociais = delinquentes quase sempre pagos por ONGs nacionais ou estrangeiras, para subverter a ordem, assustar a burguesia, saquear estabelecimentos comerciais, pichar paredes ,urinar em calçadas, invadir propriedades privadas, enfrentar a polícia e se fazerem de vítimas.
Rose = cor símbolo da “onestidade” de um governo que parece ser um Porto Seguro para a corrupção.

Sociedade civil= eufemismo para discriminar parte dos cidadãos brasileiros considerados de segunda classe: professores primários, funcionários públicos, militares, etc. Só a ela pertencem os que já foram idiotizados pela cartilha do politicamente correto.

Zelite = pessoas que ainda tem escrúpulos, comportamento ético, senso estético e padrões morais.
20 de setembro de 2014
Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador.

O JORNAL E A AGENDA


 
Relatora de liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização do Estados Americanos (OEA), a colombiana Catalina Botero agradeceu a coragem dos jornalistas que revelam tramas de corrupção e graves violações dos direitos humanos. Em discurso no último dia do 10º Congresso Brasileiro de Jornais, realizado em São Paulo, ela frisou a importância do jornalismo profissional e independente para o desenvolvimento e a manutenção dos regimes democráticos e disse ter a certeza que “a imprensa escrita não poderá ser substituída por mensagens de 140 caracteres”.
As redes sociais e o jornalismo cidadão têm contribuído de forma singular para o processo comunicativo e propiciado novas formas de participação, de construção da esfera pública. Mas as notícias que realmente importam, isto é, que são capazes de alterar os rumos de um país, são fruto não de boatos ou meias-verdades disseminadas de forma irresponsável ou ingênua, e sim de um trabalho investigativo feito dentro de rígidos padrões de qualidade, algo que está na essência dos bons jornais impressos.
A confiança da população na qualidade ética dos seus jornais tem sido um inestimável apoio para o desenvolvimento de um verdadeiro jornalismo de buldogues. O combate à corrupção só é possível graças à força do binômio que sustenta a democracia: imprensa livre e opinião pública informada.
“Poucas coisas podem ter o mesmo impacto que o jornal tem sobre os funcionários públicos corruptos, sobre os políticos que se ligam ao crime, que abusam do seu poder, que traem os valores e os princípios democráticos”, sublinhou Catalina. Os jornais, de fato, determinam a agenda pública e fortalecem a democracia. Políticos e governantes com desvios de conduta odeiam os jornais. Mas eles são, de longe, os grandes parceiros da sociedade. A plataforma digital reverbera, amplifica. Mas a pauta nasce nos jornais. A frivolidade digital não faz contraponto e não edifica a democracia.
Navega-se freneticamente no espaço virtual. Uma enxurrada de estímulos dispersa a inteligência. Fica-se refém da superficialidade e do vazio. Perde-se contexto e sensibilidade crítica. A fragmentação dos conteúdos pode transmitir certa sensação de liberdade. Não dependemos, aparentemente, de ninguém. Somos os editores do nosso diário personalizado. Será? Não creio, sinceramente. Penso que há uma crescente demanda de jornalismo puro, de conteúdos editado com rigor, critério e qualidade técnica e ética.
Jornalismo sem brilho e sem alma. É uma doença que pode contaminar redações. O leitor não sente o pulsar da vida. As reportagens não têm cheiro do asfalto. As empresas precisam repensar os seus modelos e investir poderosamente no coração. É preciso dar novo vigor à reportagem e ao conteúdo bem editado, sério, preciso, ético. É preciso contar boas histórias. Com transparência e sem filtros ideológicos.
A fortaleza do jornal não é só dar notícia, é se adiantar e investir em análise,
interpretação e se valer de sua credibilidade.
20 de setembro de 2014
Carlos Alberto Di Franco é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais.

A FORÇA FRÁGIL DA PALAVRA - OU A "MÁQUINA" DO MUNDO SOBRE UMA DÉBIL MOLA MESTRA


 
Os profissionais de educação e de comunicação de um modo geral fazem do mais frágil dos instrumentos, a sua força de trabalho: a palavra. Drummond já dizia que “lutar com palavras é a luta mais vã”. A sua “luta vã” pode aqui ser entendida como a dificuldade em obter resultados maciços com a utilização de tão “etéreo” instrumento.
 
Embora disfarçada por uma aura de fragilidade, as sagradas escrituras em muitas passagens legitimam o poder contido na palavra. Desde que o mundo é mundo, existe toda uma superstição em torno dela; o poder das pragas proferidas num momento de fúria; o cuidado em não contar planos pessoais para que nada dê errado... Nos registros sagrados vemos que tudo o que existe, existiu primeiro no pensamento, expressou-se pela palavra e concretizou-se em obras.
 
O mundo, segundo o cristianismo, existiu antes no plano espiritual para depois assumir sua forma material.  “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Tudo foi feito por Ele; e nada que tem sido feito, foi feito sem Ele. NEle estava a vida, e a vida era a luz dos homens.”(João1:1-4). Deus quando fez um acordo com Abrão e Sarai (acordo esse que significaria uma mudança de vida), mudou o nome dos dois para Abraão e Sarah; Saulo (hostil perseguidor dos cristãos), convertendo-se ao cristianismo, passa a chamar-se Paulo.  
 
Falando em linguagem de “dia de semana” como dizia Damázio, o “famigerado” personagem do conto de mesmo nome do grande Guimarães Rosa, a palavra tem força, poder e condição de mudar o mundo. Que mundo? O mundo daquele que busca conhecimento, que deseja sair de onde está, que não se contenta com o status quo. Resumindo num grande clichê: o conhecimento é luz e poder.
 
O grande desafio, constatado com a propriedade de uma profissional de educação, é “tão somente” conquistar essa geração que desabrocha-se à nossa frente; mas que mata-se, desperdiça-se, gasta seu tempo em futilidades, quando na verdade, tem toda a condição de exercer sua cidadania de maneira inteligente, baseada em conhecimento. Daí a dificuldade mencionada por Drummond: conquistar o outro e persuadi-lo através da palavra. 
 
Trabalhei este ano como monitora de Língua Portuguesa em um projeto do governo do Estado da Bahia, intitulado “Universidade para todos”. O projeto consiste na admissão de alunos oriundos de escola pública baiana para matrícula em um cursinho pré vestibular.
 
O projeto é um embuste, uma mentira para como tantas outras, mascarar a realidade do estudante de baixa renda. As aulas começam em Maio/Junho, já às portas do recesso junino; o material didático, um módulo (desatualizado), chega já próximo ao fim das aulas; os professores recebem o pagamento trimestralmente.
 
Não adianta reclamar, nem fazer barulho: quando procuramos saber sobre o atraso nos pagamentos, jogam-nos de lá pra cá, para um e para outro, e no fim, só recebemos quando o dinheiro “chega” depois de uma longa viagem. Vistas tais condições, não é preciso dizer que o aluno desse projeto não apresenta condições de competir em pé de igualdade com um aluno de cursinho particular, que começa suas atividades logo após o carnaval, ainda no início do ano. Só os que correm por fora, conseguem conquistar.
Como professora, sinto-me inerte. O que fazer para contribuir de fato com esse alunado? O que fazer para acrescentar a esses indivíduos, não só o conhecimento técnico que a matéria exige, mas principalmente a vontade, o desejo, a necessidade de aprender? Sou totalmente contra a massificação de conteúdos, a transmissão pura e simples de regras; quero, busco que o meu aluno deseje aprender, e veja nisso a oportunidade de mudar o mundo. O seu mundo.
 
Embora tudo isso me abata de vez em quando, sou presenteada com gratas surpresas. Este ano, tive duas turmas maravilhosas que sempre buscavam de mim; não só as mal afamadas regras de gramática e interpretação de texto, mas também as minhas posições sobre questões atuais que tanto impactam sobre as nossas vidas. Todo fim de aula, os alunos comentavam sobre alguma notícia sobre política, ou outro assunto e iniciavam um debate. Que maravilha!
 
Pude ver que realmente buscavam e queriam saber sobre tudo, sobre o que de fato importa. Quero que eles sejam bons e firmes em suas opiniões; que saibam diferenciar os discursos. Discursos esses que, em nosso país, servem em sua maioria para engabelar o povo tendo um interesse escuso como fim. Sou feliz quando vejo que contribuo um pouquinho para que eles possam sentir o poder do conhecimento em suas vidas, que o amem e o busquem.
 
A máquina do mundo de Drummond surgiu e abriu-se num momento em que, para ele, não interessava mais: o jovem que a buscara anteriormente tornara-se um homem alquebrado e desiludido, portanto, recusou o que antes tanto almejara. O conhecimento buscado, alcançado, consolidado e aplicado para o bem, é como uma máquina cujas engrenagens não são somente eficientes, são principalmente eficazes.
 
20 de setembro de 2014
Jussara Carvalho Rocha é Professora de Língua Portuguesa.

O BRASIL EM UM LABIRINTO



Em política há uma lei inexorável: o impossível sempre acontece. No Brasil, várias vezes a tragédia teve consequências drásticas, provocando grandes mudanças.
 
Basta lembrar as mais notórias: o suicídio de Getúlio Vargas, que, já praticamente deposto, com a bala no peito atinge os adversários; o derrame cerebral e a morte de Costa e Silva, que levam a um golpe dentro do golpe, desaguando numa Junta Militar e numa nova Constituição outorgada; a morte do Presidente Rodrigues Alves, eleito pela segunda vez, atingido pela gripe espanhola; Tancredo Neves, eleito para fazer a redemocratização, adoece no dia da posse e em seguida morre.
 
Agora estamos vivendo um momento destes. Sessenta dias antes da eleição, num desastre aéreo, desaparece o candidato a presidente Eduardo Campos. A comoção toma conta do país, mas não é ela a consequência maior. É a ressurreição de Marina Silva, que na eleição anterior obteve 20 milhões de votos. Impedida de concorrer por seu partido, não tendo conseguido registrá-lo na Justiça Eleitoral, fizera uma aliança com Campos — figurando em sua chapa como candidata a vice-presidente —, que, morto, lhe devolveu a oportunidade de participar, como protagonista, da corrida presidencial.
 
“Cambiaran las suertes”, como dizia um personagem de Rómulo Gallegos em Cantaclaro. O Brasil entrou num grande redemoinho político.
 
Marina Silva é uma figura carismática, mística, dogmática, preconceituosa e intransigente. Fundadora do PT, foi ministra de Lula e o rompimento com suas origens tem aspecto difuso, sem linhas precisas na separação.
 
Mas em torno dela se criou uma frente robusta de combate ao PT e ao governo Dilma, abrindo uma possibilidade antes considerada impossível: derrotá-los. As pesquisas estimulam essa hipótese. Seus apoiadores são os mais ecléticos: os indignados que há pouco mais de um ano provocaram um barulho imenso no país; seus até recentemente frustrados seguidores; as fortes correntes e igrejas evangélicas que a têm como representante; as classes conservadoras, descontentes com as políticas econômica, externa, energética, agrícola, portuária e fundiária; na área política, alas descontentes do PT e o incalculável número de grupos dos partidos aliados queixosos do tratamento recebido da Presidente Dilma e da direção do PT.
 
A sensação dos aliados é que eles fizeram de tudo para massacrá-los nos estados, criando confrontações e arestas, e que agora há oportunidade para reagir. O PMDB, maior partido dessa aliança, que indicou o candidato a vice-presidente, está muito dividido e só não vota contra Dilma por causa do vínculo de sua participação na chapa; de uma figura de simples adereço, Michel Temer passou a ser decisivo para a vitória.
 
Por outro lado, um ciclo de pessimismo fez o país perder o sonho de potência emergente, com números que o mostram beirando a recessão, inflação e juros altos, e indicações negativas de agências de risco, além do desprestígio da diplomacia, ferida com o tratamento de “anão” por Israel, marcada pelo alinhamento com o chavismo bolivariano e por relações não muito amistosas com os Estados Unidos. A euforia foi embora.
 
Nunca esteve nos planos do PT perder as eleições. Ao contrário, cumpria com êxito seu objetivo de tornar-se um partido hegemônico, dominando a prefeitura de São Paulo, o que já ocorre, e almejando conquistar os governos dos maiores estados, São Paulo e Minas, e implantando políticas de controle social, conselhos populares e intervenção na mídia, como na Venezuela, no Equador e na Argentina.
 
O que acontece agora é um tsunami político. No momento, a energia inicial da onda já chegou ao fim. Os seus resultados já foram alcançados: levar a eleição para o 2º turno e, assim, provocar uma disputa acirrada, em que tudo pode acontecer. Maior partido de oposição, o PSDB, embora tenha excelente e talentoso candidato, ficou imprensado pela guerra entre as duas candidatas originárias da esquerda.
 
Para fugir da ameaça de derrota, pensaram alguns líderes do PT até mesmo em fazer Lula candidato. Mas o ex-presidente parece também ter sido atingido pelo maremoto e ter perdido a aura da invencibilidade, embora mantenha seu carisma e ainda seja a maior liderança política do país.
 
A Presidente Dilma, com seu forte caráter de chefia, já conquistou seu espaço como administradora e não é mulher de jogar a toalha ou aceitar humilhação.
 
Marina Silva é uma incógnita. A figura de hoje nada tem a ver com sua radical história de guerreira dos seringais. Senadora por dezesseis anos — em parte dos quais ocupou o Ministério do Meio Ambiente de Lula —, deixou uma marca de radicalismo, como fundamentalista, de capacidade limitada, preferindo sempre a confrontação ao diálogo, e buscando não o entendimento, mas a conversão. Sua formação é das Comunidades Eclesiais de Base, mas agora é evangélica ortodoxa, considerando que o mundo se reparte entre os destinados à salvação e os condenados à perdição.
As eleições serão a 5 de outubro. A campanha atingiu um alto grau de violência, com ataques rasteiros. O quadro é de pesquisas nervosas, esquizofrênicas, que indicam que tudo pode acontecer. As sondagens — e são muitas — sempre mostram uma vantagem de Dilma no 1º turno e a vitória de Marina no 2º turno, que exige maioria absoluta.
 
A palavra certa para a atual situação brasileira é perplexidade.
 
O Brasil perdeu o otimismo, há um alto aquecimento do censo crítico, desapareceu a sacralidade das políticas sociais. O Presidente Lula dá sinais de não desejar engajar-se num pacto de morte e se afasta de um duelo fatal.
 
O quadro é de um labirinto. Mistério e imprevisão.
 
José Sarney é Senador, ex-presidente (por acidente) da República, e Imortal da Academia Brasileira de Letras.
Originalmente publicado no El País, da Espanha, em 12 de setembro.

O DILEMA AMERICANO - O LEGADO NEOCONSERVADOR

 

Nos períodos imediatamente anteriores e posteriores à guerra no Iraque, muita tinta foi gasta sobre o tema dos neoconservadores e da sua alegada conquista do governo Bush. A história é fascinante porque parece revelar um lado conspiratório do comportamento do governo.
Muitos comentaristas salientaram o fato de que vários proeminentes partidários da guerra com o Iraque, como Paul Wolfowitz, Douglas Feith e Richard Perle, são judeus e argumentaram que a política com relação ao Iraque foi basicamente concebida para tornar o Oriente Médio seguro para Israel.
 
Talvez não seja uma surpresa o fato de alguns neoconservadores terem reagido dizendo que, na boca de seus críticos, neoconservador é um codinome para judeu, uma vez que a alegada conquista dos políticos americanos é muito semelhante ao tipo de conspiração da qual os judeus foram acusados na história do anti-semitismo.
 
O neoconservadorismo é um conjunto coerente de idéias, argumentos e conclusões oriundos da experiência, que devem ser julgados com base na identidade étnica ou religiosa daqueles que adotam essas idéias. Não faz sentido negar a existência desse movimento, uma vez que dois dos padrinhos do neoconservadorismo, Irving Kristol e Norman Podhoretz, escreveram, muito antes da guerra do Iraque, ensaios sobre o que era o neoconservadorismo e exploraram áreas de acordo e desacordo entre as várias pessoas que se identificaram como neoconservadoras[¹].
Aqueles que afirmam que o neoconservadorismo não existe salientam o fato de não haver uma “doutrina” neoconservadora estabelecida, como foi o caso, por exemplo, do marxismo-leninismo, e observam as discordâncias e contradições que existem entre neoconservadores independentes.
 
As origens do neoconservadorismo estão em um grupo notável de intelectuais, em sua maioria judeus, que estudaram no City College of New York (CCNY) na segunda metade da década de 1930 e no início da década de 1940, que incluía Irving Kristol, Daniel Bell, Irving Howe, Seymour Martin Lipser, Philip Selznick, Nathan Glkazer e, pouco depois, Daniel Patrick Moynihan. Todos vieram da classe trabalhadora, eram descendentes de imigrantes e estudaram no CCNY porque instituições de elite, como Columbia e Harvard eram praticamente vedadas a eles. Aquele período, como hoje, era de imensa crise na política mundial e o grupo do CCNY era totalmente politizado e comprometido com a esquerda. Hoje conhecemos bem a história do Reservado 1 do refeitório do CCNY, que era trotskista, e do Reservado 2, que era stalinista, bem como o namoro inicial de Irving Kristol com o primeiro.
Contudo, a herança mais importante do grupo do CCNY foi um intenso anticomunismo e uma aversão quase semelhante pelos liberais que simpatizavam com o comunismo e não conseguiam ver o mal que ele representava.
 
O anticomunismo da esquerda desiludida é diferente daquele da direita americana tradicional. Esta se opunha ao comunismo porque ele era ateu, ligado a uma potência estrangeira hostil e contrário ao livre mercado. Já a esquerda anticomunista simpatizava com os objetivos sociais e econômicos do comunismo, mas no decorrer dos anos 1930 e 1940 compreendeu que o “socialismo real” havia se tornado uma monstruosidade de conseqüências imprevisíveis que solaparam completamente as metas que defendia.
 
Embora praticamente todo o grupo do CCNY tenha deixado de ser marxista na época da II Guerra Mundial, variaram a ocasião e as mudanças para a direita. A mudança para a direita tornou-se inevitável, não apenas devido às revelações a respeito da natureza do terror stalinista que vazavam lentamente da URSS, mas também porque os Estados Unidos, uma nação capitalista, intervieram contra a Alemanha nazista e desempenharam um papel importante na sua derrota e também na do Japão.
 
No entanto, ao final dos anos 1960, a oposição à Guerra do Vietnã deu origem a uma geração de esquerdistas americanos que simpatizavam com os regimes comunistas ou marxistas de Havana, Hanói, Pequim e Manágua.
Voltando aos neoconservadores: para eles, o verdadeiro caminho para a servidão está nos esforços de elites libertárias e de esquerda para decretar uma política social antidemocrática, em nome da liberdade, que não passa de uma liberdade estreita e privatizada.
Os regimes que tratam de forma injusta seus próprios cidadãos provavelmente farão o mesmo com os cidadãos estrangeiros. Assim, os esforços para mudar o comportamento de regimes tirânicos ou totalitários por meio de recompensas ou punições externas sempre será menos eficaz do que mudar a natureza subjacente do regime.
 
Antes de 1989, a Polônia, a Hungria e a Checoslováquia eram regimes comunistas e membros do Pacto de Varsóvia. A ameaça que esses países representavam para a Europa Ocidental foi reduzida, não por acordos para o controle de armas como as negociações para a redução de forças convencionais na Europa, mas mediante sua transformação em democracias liberais.
 
As mudanças no Afeganistão e no Iraque constituem as melhores garantias de que esses países não irão ameaçar os EUA ou os vizinhos, como faziam o Talibã e Saddam Hussein. A tirania de Saddam Hussein gerou passividade, fatalismo, crueldade e violência, ao passo que um Iraque democrático presumivelmente promoverá maior autoconfiança individual.
 
Todavia, a fundação de uma nova ordem política é uma atividade difícil, ainda mais para aqueles que não estão imersos nos hábitos, costumes e tradições daquelas pessoas para as quais está legislando. Historicamente, poucos administradores americanos em além-mar – com a possível exceção de Douglas MacArthur – demonstraram aptidão para esse tipo de trabalho. Eles tendem a levar a experiência americana para terras estrangeiras, em vez de verem as instituições surgirem dos hábitos e da experiência dos habitantes locais.
 
Da Guerra do Golfo em diante, o povo americano passou a assistir a vídeos de bombas zunindo na direção de seus alvos e explodindo determinados edifícios ou veículos. A Munição de Ataque Direto Conjunto (JDAMs), que transformou bombas “burras” em armas de precisão, tornou-se a base da guerra afegã. Esses acontecimentos, além da revolução paralela na tecnologia de informação e de comunicações, possibilitaram uma ampla transformação na maneira de fazer a guerra.
 
A mudança no sentido de uma forma de combate mais leve, rápida e móvel, fortemente promovida pelo Secretário de Defesa Donald Rumsfeld como uma “transformação” militar, criou um senso de que a guerra custaria pouco do ponto de vista das baixas americanas. A Guerra do Golfo de 1991 produziu menos de 200 mortes em combate, e as numerosas pequenas intervenções do governo Clinton em lugares como Haiti e Bósnia culminaram na guerra do Kosovo, na qual nenhum militar americano morreu.
 
O sucesso da tecnologia militar americana durante a década de 1990 criou a ilusão de que as intervenções militares seriam sempre limpas ou baratas, como as guerras do Golfo ou do Kosovo. A guerra do Iraque está demonstrando claramente os limites dessa forma leve e móvel de combate: ela pode derrotar praticamente qualquer força militar convencional existente, mas não oferece nenhuma vantagem especial no caso de uma insurreição prolongada. JDAMs e mísseis antitanque teleguiados não podem distinguir entre insurgentes e não-combatentes, nem ajudar um soldado a falar em árabe.
 
George W. Bush, na época em que tomou posse pela segunda vez, havia passado a aceitar grande parte do programa neoconservador como, no mínimo, uma moldura retórica para seu novo mandato. Ele nada disse a respeito do terrorismo e pouco a respeito de segurança, falando em vez disso da universalidade dos valores democráticos (“Finalmente o chamado da liberdade chega a todas as mentes e almas”). Ele ligou o regime interno ao comportamento externo (declarando que a democracia “é a exigência urgente da segurança da nossa nação”) e observando que “a sobrevivência da liberdade em nossa terra depende cada vez mais do sucesso da liberdade em outras terras”.
 
O problema para o segundo mandato de Bush é que as políticas adotadas no primeiro mandato geraram tanta hostilidade contra seu governo, que ele conseguiu desacreditar o excelente programa de promoção da democracia antes mesmo de chegar a ele. Seu esforço, a posteriori, para justificar uma guerra preventiva em termos idealistas, fez com que muitos críticos simplesmente desejassem o contrário de qualquer coisa que ele quisesse.
 
Finalmente, é possível extrair quatro princípios ou temas básicos que caracterizam o pensamento neoconservador:
 
- a crença de que o caráter interno do regime tem importância e que a política externa deve refletir os valores mais profundos das sociedades liberais democráticas;
 
- a crença de que o poder americano tem sido e pode ser usado para fins morais e que os EUA precisam permanecer envolvidos nos assuntos internacionais (...), pois, como potência dominante no mundo, têm responsabilidades especiais na área da segurança. Isso foi verdade nos Bálcãs nos anos 1990, como foi na II Guerra Mundial;
 
- a desconfiança em relação a projetos ambiciosos de engenharia social, o que é um tema consistente no pensamento neoconservador, que liga a crítica ao stalinismo nos anos 1940 ao ceticismo da revista The Public Interest com relação ao programa Grande Sociedade de Lyndon Johnson nos anos 1960;
 
- e por fim, o ceticismo a respeito da legitimidade e da eficácia das leis e instituições internacionais para conseguir segurança ou justiça (...) As leis, para os neoconservadores, são fracas demais para fazer cumprir as regras e coibir agressões. Eles têm criticado muito a atuação da ONU, seja como árbitro ou agente da justiça internacional, bem como iniciativas internacionais como o Protocolo de Kioto e o Tribunal Criminal Internacional, mas não ofereceram alternativas que legitimem e ampliem a eficácia da ação americana no mundo.
 
O texto acima é a reprodução resumida das páginas 24 a 71 do livro O Dilema Americano, de Francis Fukuyama, editora Rocco, 2006.
NOTA:
1. Irving Kristol, Reflections of a Neoconservative: Looking Back, Looking Ahed, New York, Basic, 1983; Kristol, Neoconservatism: The Autobiography of an Idea, New York, Free Press, ‘995; Norman Podhoretz, Neoconservatism: A Eulogy, em The Norma PodhoretzReader, New York, Free Press, 2004.
 
20 de setembro de 2014
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.