"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 14 de dezembro de 2014

CORRUPÇÃO: UM DADO DO PROBLEMA

Editoriais OG LEME - Capa
O noticiário sobre corrupção passou a fazer parte do nosso dia a dia. Já nem deveria causar surpresa ou disputar os custosos espaços dos jornais ou das televisões. Mas ainda desperta interesse, talvez mais pelos nomes das pessoas envolvidas do que necessariamente pela própria corrupção.

 
O surpreendente não deveria ser a corrupção, e sim a surpresa popular diante dela. Corrupção e hipertrofia do setor público são a cara e a coroa de uma mesma moeda; a concentração de poder tende a gerar coerção e concessão de privilégios. A correlação é universal; não há qualquer coisa de errado com o caráter do brasileiro (se é que tal coisa existe) que possa responsabilizá-lo pela onda de bandalheiras que estamos presenciando, e talvez nem essa onda esteja aumentando, mas simplesmente sendo mais divulgada. Não que nós brasileiros sejamos santos, mas tampouco somos demônios. Na realidade, somos uma interessante combinação das duas coisas, como o são também todos os povos do mundo. Que se saiba, nenhum povo já fez o suficiente para merecer o céu, e todos têm créditos no purgatório.
 
Aparentemente, um dos atributos da condição humana é essa sua simultânea vocação para o bem e para o mal. Se isso é verdade, deve ser tomado como “dado do problema”, isto é, algo que inelutavelmente existe, algo com que temos que viver aqui, no Japão, na Inglaterra, na Holanda, em qualquer país.
Não se pode – e nem se deve, pois seria imoral – mudar o caráter das pessoas. Mas pode-se levá-las a mudar de comportamento: as pessoas se comportam de forma diferente de acordo com o sistema ou a ordem social em que estejam inseridas. Um brasileiro em Zurich se comporta – ou procura comportar-se – de acordo com aquilo que ele julga ser a “expectativa de comportamento” local, e que é bem diferente da existente no Brasil.

O surpreendente não deveria ser a corrupção, e sim a surpresa popular diante dela. Corrupção e hipertrofia do setor público são a cara e a coroa de uma mesma moeda

Não podemos e nem devemos mudar o caráter dos brasileiros, mas podemos alterar o seu comportamento. Como? Com a redução do tamanho do setor público; com a atribuição a cada cidadão brasileiro da responsabilidade pelos seus atos, simultaneamente com a liberdade para realizá-los; com a eficácia da justiça. Redução do tamanho do setor público significa, na prática, atribuir ao governo apenas a solução de problemas que os indivíduos, no exercício de seus direitos fundamentais, não possam adequadamente solucionar. E eficácia da justiça significa que as pessoas suspeitas de alguma ilicitude devem ser processadas e, se julgadas culpadas, devem ser punidas.
 
Isso significa, na prática, a institucionalização do Estado de Direito e da economia de mercado. Significa, na prática, colocar o governo no seu devido lugar, deixando com ele apenas os problemas que os agentes particulares, em suas interações livres e responsáveis, não sejam capazes de solucionar satisfatoriamente. É o que a extinta União Soviética e o Leste Europeu estão tentando agora fazer.
É o que fizeram com êxito vários países da franja asiática, o que o Chile fez a partir de 1973 e o que o México está fazendo sob a liderança do Presidente Salinas. Reduzir poderes e tarefas do governo, privatizar, desregulamentar, abrir o setor externo, liberar preços, acabar com privilégios, cartórios e subsídios, reequilibrar as contas públicas, via redução de gastos e não aumento de impostos, disciplinar a oferta monetária, devolver aos cidadãos a sua autonomia individual.
 
*Embora pareça atual, trata-se o texto do editorial do IL Notícias Nº 11, de outubro de 1992
Artigo retirado do livro Editoriais Og Leme, editado pelo Instituto Liberal em 2012 e à venda em nossa livraria por R$ 10,00 (frete não incluso).

14 de dezembro de 2014
in org.leme
 

PUTIN ELOGIA ALIANÇA ENTRE HITLER E STALIN

 
Não há segredo, mas houve muita ocultação nos manuais ocidentais de história: Hitler e Stalin foram grandes aliados e desencadearam conjuntamente a II Guerra Mundial.
E, em certo sentido, essa aliança, aparentemente rompida no transcurso da guerra, nunca deixou de funcionar. E perdura como se nunca tivesse sido quebrada.
Mas muitas pessoas no Ocidente foram enganadas por uma propaganda e uma visualização confusa dos fatos.
 
Agora o presidente russo Vladimir Putin acaba de reafirmar – mais uma vez, aliás – a simpatia de Moscou pelo tratado de não-agressão de 1939 entre os dois ditadores europeus. 
Putin convocou diversos pesquisadores e acadêmicos para produzir trabalhos defendendo que ao assinar o Pacto Ribbentrop-Molotov, também conhecido como Pacto Hitler-Stalin, a URSS não fez nada de mau.
A reunião com os acadêmicos foi referida pelo site alemão Spiegel Online, pelo The New York Times e pelo diário britânico The Telegraph, citados pela radio oficial alemã “Deutsche Welle”. 
 
Putin declarou que toda pesquisa digna de crédito deveria chegar à conclusão de que o acordo entre os dois ditadores era parte dos métodos de política externa da época. Obviamente, o historiador que não demonstrar isso perderá crédito e sua carreira estará liquidada na “nova URSS”.
 
“A União Soviética assinou um tratado de não-agressão com a Alemanha. As pessoas dizem: 'Ah, isso é ruim.' Mas o que há de ruim no fato de a URSS não querer lutar?”, sofismou o líder russo.
 
Putin queixou-se de que a potência russa é acusada de ter dividido a Polônia. Mas, segundo ele, quando a Alemanha atacou o país, os poloneses faziam parte da Checoslováquia. Se alguém entendeu a lógica do argumento, por favor, avise.
Para ele, segundo “The Telegraph”, o acordo nazi-comunista foi no fundo bem feito pela Rússia e acabou sendo bom.
 
Moscou negava cinicamente a existência do pacto Ribbentrop-Molotov até 1989. Mas não adiantou silenciar a verdade ovante.
Assinado pelo ministro do Exterior do Terceiro Reich, Joachim von Ribbentrop, e pelo seu homólogo soviético Viatcheslav Molotov, o tratado garantia à Alemanha que a URSS permaneceria neutra no caso de uma ofensiva contra a Polônia.
Em 2009, na cerimônia pelos 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial, em Gdansk, Putin já havia tentado defender o Pacto entre Hitler e Stalin.
 
O acordo com a Alemanha hitlerista permitiu a invasão conjunta nazi-soviética da Polônia que foi o estopim da II Guerra. Mas Putin fugiu pela tangente alegando que não foi a única causa e, tal vez não teve culpa nenhuma.
 
Putin repete o velho realejo comunista anti-capitalista: a culpa pelas atrocidades de Adolf Hitler é dos capitalistas e dos anglo-saxões.
De fato, em 1938, os governos amolecidos da Inglaterra, a Itália e a França assinaram o vergonhoso Acordo de Munique, em que entregaram os pontos diante da Alemanha nazista.
 
Mas houve pessoas ilustres até no Brasil como Plinio Corrêa de Oliveira que execraram esse acordo.
O próprio Putin lembrou no encontro com os historiadores, que o futuro primeiro-ministro britânico Winston Churchill censurou o Acordo de Munique dizendo: “Agora a guerra é inevitável”.
 
Na verdade, a famosa apóstrofe de Churchill, em 3 de outubro de 1938, foi mais incisiva: “Tínheis que optar entre a guerra e a vergonha. Escolhestes a vergonha e tereis a guerra”.
É o que muitos pretensos defensores de Ocidente parecem fazer hoje, ao contemporizar com Vladimir Putin e com suas invasões de países vizinhos!

14 de dezembro de 2014
Luis Dufaur
Nota do editor de Libertatum, Ivan Lima: em uma matéria do Ordem Liberal de uns meses atrás, publicada no Libertatum, intitulada O Fantasma do Imperialismo Soviético, falamos que a antiga mentalidade do imperialismo russo continuava no presente apesar do "abandono" de nomenclatura e práticas tirânicas do regime "sem classes"...