"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

CRISE DAS MINERADORAS DE FERRO É CADA VEZ MAIS GRAVE

 


                                    Desemprego está aumentando no estratégico setor da mineração

A região de Serra Azul, formada por uma extensa reserva estimada em mais de 3 bilhões de toneladas de minério de ferro, que corta os municípios de Brumadinho, Igarapé, Itatiaiuçu, Itaúna, Mateus Leme e São Joaquim de Bicas, está cravada no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, maior área produtora de minério de ferro no país.
Em 2008, a Usiminas anunciou que pagaria quase 2 bilhões de dólares pela mina de José Mendes Nogueira, conhecido na região como “seu Zé Nogueira”. Seis meses depois, a maior siderúrgica do mundo, a inglesa ArcelorMittal, adquiriu por 810 milhões de dólares a mina de ferro da britânica London Mining, que no ano anterior havia comprado a empresa Minas Itatiaiuçu, da família Tavares, por 130 milhões de dólares. De repente, todo mundo achou que seu negócio valia bilhões. Hoje luta-se para pagar as contas.
Acontece que, com o minério cotado a 69 dólares, boa parte das minas de Serra Azul é inviável. Além de extrair minério sem equipamentos de ponta, os empresários sofrem com a logística da região. Para transportar pela malha ferroviária até o porto, há duas alternativas: usar os trens da Vale ou os da MRS, controlada por Vale, Usiminas, MBR, Gerdau e CSN.
SEM LOGÍSTICA
No porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, também só há duas opções: os terminais privados da Vale e da CSN. Tudo isso encarece o custo, que hoje fica próximo de 73 dólares por tonelada — acima, portanto, do preço final. Na média, a Vale gasta 46 dólares por tonelada.
“O preço do minério de ferro caiu mais rápido do que as pessoas esperavam. Nos preocupa saber onde isso vai parar”, diz Wilfred Bruijn, presidente da Mineração Usiminas. A geração de caixa da empresa caiu 94% no último trimestre.
O maior símbolo da ascensão e queda de Serra Azul é a mineradora MMX, fundada em 2005 pelo empresário Eike Batista. A companhia comprou por cerca de 350 milhões de dólares a AVG Mineração, da família Valadares Gontijo, e a Minerminas, do empresário mineiro Cândido Moreira Jardim, entre o fim de 2007 e o início de 2008.
Três anos depois, adquiriu o direito de explorar por 30 anos a mina Pau de Vinho, da Usiminas. Batizadas de Unidade de Serra Azul, essas operações produziam 5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. Eike queria alcançar 29 milhões de toneladas por ano e anunciou investimentos de 4,8 bilhões de reais.
Mas a queda do preço do minério, a crise de confiança no grupo X e a dívida de 440 milhões de reais levaram a MMX a pedir recuperação judicial em outubro. Foram demitidos cerca de 300 dos 420 operários da companhia.
SONHO E PESADELO
“Era o sonho de muita gente enriquecer com o Eike, mas virou pesadelo”, diz David Carvalho da Silva, de 25 anos, que era operário da MMX. Seu pai, José Laurin­do da Silva, de 54 anos, ainda é um dos poucos empregados da empresa, mas sabe que por pouco tempo. “Disseram que é culpa da crise do minério”, diz.
A derrocada da MMX e o péssimo momento das mineradoras trouxeram o caos à economia da região. Os efeitos estão por todos os lados nos seis municípios visitados por Exame.
No município de Igarapé, a arrecadação de impostos caiu 30% neste ano. Em Brumadinho, a receita de royalties caiu 25  milhões de reais de 2013 a 2014. Na en­trada da mina da ArcelorMittal, caminhoneiros esperam o dia todo para encher a carga — a empresa decidiu produzir menos, esperando que os preços voltem a subir. Moradores, empresários e prefeitos já têm um novo apelido para a região: “Serra Vermelha”.
Como em toda história de sucesso e derrocada, empresários e moradores de Serra Azul têm na ponta da língua os “culpados” por seu infortúnio. Os chineses e Eike Batista são alvos óbvios. Mas a outra vilã é a maior produtora de minério de ferro do mundo, a Vale.
VALE É MENOS ATINGIDA
Como gasta apenas 46 dólares para extrair e exportar seu minério, a companhia sente menos os efeitos da queda na cotação. E está aproveitando o momento para ganhar ainda mais terreno. No terceiro trimestre, a Vale produziu um volume recorde de 85,7 milhões de toneladas de minério de ferro.
A mesma estratégia está sendo adotada por suas concorrentes anglo-australianas Rio Tinto e BHP Billiton. A Rio Tinto gasta 35 dólares por tonelada de minério. A BHP Billiton, 43 dólares. “A Vale está perdendo dinheiro dos acionistas, o país está entregando seus recursos naturais, há dezenas de municípios desesperados. É uma irracionalidade total”, diz José Francisco Viveiros, ex-presidente da ArcelorMittal Serra Azul e atual presidente da Bahia Mineração.
Em entrevista a Exame, Murilo Ferreira, presidente da Vale, diz que a estratégia de aumentar a produção foi definida há muitos anos e que o setor está passando por um rearranjo natural. “As mineradoras menos eficientes estão sob forte ameaça de desaparecer”, diz.
E O PREÇO NÃO SOBE…
Em 2015, o jogo deverá ficar ainda mais difícil para as mineradoras em Serra Azul. Segundo a projeção de analistas dos bancos Citi, Bank of America e Merrill Lynch, o preço do minério de ferro deverá ficar abaixo de 60 dólares. “Somente a Vale e a CSN vão conseguir operar no azul”, diz o analista de mineração Ivano Westin, do banco Credit Suisse.
Um pequeno alívio pode vir com o Porto Sudeste, idealizado por Eike Batista e controlado pela holandesa Trafigura e pelo fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala. A conclusão estava prevista para o primeiro semestre de 2013, mas atrasou. A nova previsão é 2015. Com ele, a expectativa é economizar de 5 a 10 dólares por tonelada. Para quem contava bilhões, agora qualquer centavo faz diferença.

13 de fevereiro de 2015
Deu na revista Exame

NO DESESPERO, DILMA TEVE DE PEDIR PESSOALMENTE AJUDA A LULA



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira (12) à presidente Dilma Rousseff que o Palácio do Planalto levante uma “bandeira branca” e acerte suas diferenças “o mais rápido possível” com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A recomendação ocorreu em encontro entre os dois, em São Paulo, na quinta. Após a viagem, Dilma conversou à noite com auxiliares no Palácio do Alvorada.
Na avaliação de Lula, segundo relatos de assessores presidenciais obtidos pela Folha, o governo tem a difícil tarefa de estabilizar a inflação e fazer o ajuste fiscal e, por isso, não pode viver em “guerra” com o Congresso.
Lula criticou a condução da articulação política do governo, especialmente na derrota de Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Dilma e Lula avaliaram a queda na aprovação do governo, que seria ligada ao pessimismo na economia e à corrupção na Petrobras.
A presidente afirmou que pretende iniciar uma série de viagens semanais pelo país depois do Carnaval, especialmente para os Estados onde venceu a eleição de outubro.
COM CABRAL E PAES
Para tentar melhorar a relação do Planalto com o PMDB, o ex-presidente Lula esteve nesta quarta-feira (11) com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e com o ex-governador Sérgio Cabral.
Paes e Cabral são peemedebistas e conterrâneos de Eduardo Cunha, que se elegeu presidente da Câmara dos Deputados à revelia da presidente Dilma Rousseff. Segundo seus aliados, Cunha busca uma reaproximação com os partidos contra quais o PT concorreu no ano passado (PSDB, DEM e PSB).
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Conforme adiantamos aqui na Tribuna da Internet, Dilma teve de se rebaixar e engolir a arrogância. Lula se recusou a viajar para Brasília e a presidenta (ou seria “governanta”, no dizer da comentarista Teresa Fabricio) teve de ir a São Paulo para se humilhar diante de Lula e pedir o apoio dele. Ninguém sabe como foi a conversa entre os dois, o Planalto só liberou à mídia as informações que interessam ao governo. Mas o que Lula disse a Dilma, todos podem imaginar. O encontro, com toda certeza, foi patético. E hoje à tarde, Dilma se reuniu com o marqueteiro João Santana, seu conselheiro nº 1, sua última esperança. Mas acontece que Santana não é milagreira. (C.N.)


13 de fevereiro de 2015
Andréia Sadi
Folha

DILMA SUMIU E PERDEU A VOZ...


Toda imprensa repercute pesquisa veiculada pela “Folha de S. Paulo” dizendo que a popularidade da presidente Dilma caiu de 42% em dezembro para 23% nessa semana. Atribuem tal retrocesso de sua popularidade às investigações do rombo na Petrobras e outros escândalos menores, onde foi mais tímido o produto do furto. Associam também essa baixa à mudez temporária da presidente. Desde que assumiu seu segundo mandato, Dilma Rousseff encastelou-se e tem evitado a imprensa ou qualquer outra forma de exposição, em razão da consciência que tem de sua inabilidade na expressão e no trato das relações políticas.
Somam-se os problemas que se acumularam num mesmo momento, muito acima da conta e para os quais sua equipe parece não ter ainda remédios disponíveis. A Dilma que venceu as eleições contra tudo e contra todos desabou-se em pouco mais de três meses. Quase foi à lona.
O Brasil está absolutamente perdido e sem direção de qual modelo econômico poderá se valer para alavancar sua manutenção. Fala-se em manutenção da máquina, do que já está aí a postos. Propor-se desenvolvimento seria um luxo, diante de tantos desacertos que comprometeram nossas perspectivas para os próximos anos. As opções disponíveis nos garantirão ficar de pé. Já não bastam os expedientes ou medidas menores, que funcionaram em períodos passados e que agora seriam paliativos sem qualquer efeito.
QUADRO DE ESCÂNDALOS
O sentimento demonstrado nas pesquisas divulgadas pela imprensa, ampliado pelos grupos derrotados nas últimas eleições e pelo interesse de alguns setores da produção, tudo isso conjugado, vem ajudando a consolidar nossas dificuldades. Ninguém quer passar uma borracha nesse quadro de escândalos, de corrupção, de roubalheira que vitimou a maior empresa brasileira e uma das maiores petroleiras do mundo, a Petrobras.
Ninguém em sã consciência espera que as grandes empreiteiras e fornecedores que alimentaram esse processo não sejam punidos, tenham seus diretores processados, julgados e presos se assim for a decisão da Justiça. Todos queremos o desfecho que se dará a esses processos, mais ou menos previsível se não acontecerem desvios de conduta ou manobras muito bem engendradas pela defesa desses que se apoderaram de tanto dinheiro. Espera-se ainda que a delação premiada não absolva de culpa os corrompidos, aqueles que decidiram em função da paga dos que os corromperam. São ladrões e como tal têm que ser tratados.
Dizer que a presidente conhecia completamente o que passava na Petrobras parece um exagero. O Brasil e seus problemas são muito grandes, diante inclusive da gigante Petrobrás. Nossas dimensões são continentais e o que precisamos de empreender, com a notória e absoluta falta de controles da máquina e dos recursos públicos, é transferir à iniciativa privada o máximo de responsabilidades que o Estado brasileiro hoje acumula. A corrupção, somada à ineficiência e precariedade gerencial do setor público, é tamanha que temos que reconhecer isso como saída. Não temos capacidade de gestão. O Estado, o público no Brasil são a “casa da mãe Joana”.
A CORRUPÇÃO RESISTE
A corrupção vai seguir existindo, vigorosa, haja vista a participação que tiveram grandes grupos econômicos no custeio das últimas campanhas políticas, de todos os candidatos importantes, independentemente das posições que ocupavam esses mesmos candidatos. A prestação de contas oficial feita à Justiça Eleitoral é pública; é só ver. E, dizem, ainda tem o “por fora” de cujos montantes ninguém fala. Nenhum candidato recebeu tais somas para não devolver em favores, obras, interesses.
Temos que mudar o jogo enquanto é tempo. Já se furtou muito. Estamos atrasados.
 (transcrito de O Tempo)

13 de fevereiro de 2015
Luiz Tito

ODE AO PT, ODEBRECHT E DISTANCIAMENTO ODEBRECHTIANO DE LULA

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Lula é um personagem à procura de um autor
O dramaturgo Bertolt Brecht (1898-1956) achava uma pouca vergonha que o ator fosse fundo em seu papel. Propôs uma distância olímpica entre ator e personagem – de resto, conhecida como “distanciamento brechtiano”. Pois bem: teria feito muito bem ao PT que Lula tivesse praticado um “distanciamento odebrechtiano”.
Por uma simples questão: agora, na era da delação premiada, o corpo de delito (provas materiais e circunstanciais) para acusar o governo na roubalheira vai também atrás de indícios de prova.
Primeiro vou tratar do que já está no papel, e que virou prova material. Depois, dos indícios de prova
Na primeira semana de fevereiro de 2015, em depoimento à Justiça, o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco afirmou que recebeu 916.697 dólares da Odebrecht referentes a pagamento de propina. Disse Barusco que tal soma foi transferida de maio a setembro de 2009.
Lembram de Barusco, né?  Era braço-direito de Renato Duque, que comandava a Diretoria de Serviços por indicação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Disse Barusco ao MPF que o dinheiro era transferido para uma conta localizada do Panamá, de propriedade da offshore Constructora Internacional Del Sur SA. E, depois, os dólares tilintantes eram repassados outra conta dele, também no Panamá.
A Odebrecht já foi citada por outros dedo-duros como uma das empreiteiras do chamado Clube do Bilhão. Nenhum diretor da Odebrecht foi preso.
Barusco deu para a Justiça documentos indicando que a empreiteira firmou nove contratos com a Petrobras: cinco na área de Gás e Energia, um na Área de Exploração e Produção e três na área de Abastecimento. O valor total dos contratos: 8,6 bilhões de reais em um “período de 2004 a 2010 ou 2011”.
Agora vamos tratar de vínculos públicos conhecidos entre Lula e a Odebrecht, que constituem os indícios de prova:
Em 2011 o executivo Alexandrino Alencar, diretor da Odebrecht, acompanhou o ex-presidente Lula numa viagem à África, quando Lula foi designado representante oficial do Brasil numa missão à Guiné Equatorial e incluiu Alencar em sua comitiva.
Na era Lula, a Odebrecht foi a empresa que mais cresceu e assumiu operações importantes, como a base para o submarino nuclear, no Rio, uma usina do Rio Madeira, e também passou a construir plataformas de petróleo para a Petrobras.
Em fevereiro de 2013, 3 construtoras com histórico de doações para campanhas petistas e de execução de obras do governo federal custearam a viagem de seis dias do ex-presidente Lula para a África, encerradas a 9 de março daquele ano Durante a visita ao continente, o político fez duas palestras. A primeira foi paga em conjunto pela Odebrecht e pela Queiroz Galvão, além de uma empresa de seguros local. A segunda foi bancada pela construtora Andrade Gutierrez, que doou mais de R$ 2 milhões à campanha de reeleição do ex-presidente, em 2006, quando a Odebrecht injetou cerca de R$ 200 mil.
Desde 2011 o ex-presidente Lula visitou 30 países, sendo 20 na região. Empreiteiras custearam 13 desse total de viagens.
Em abril de 2014 Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e responsável pelas obras do Itaquerão, feito pela Odebrecht, falou algo seminal ao canal ESPN. Sanchez disse que Lula agilizou pessoalmente junto a Odebrecht as burocracias envolvendo as obras. Lula também ajudou em algumas negociações, como no caso dos dutos da Petrobras, encontrados no solo de Itaquera, e que atrapalhariam as obras do Itaquerão, relatou Sanchez.
“O Lula foi importante, é óbvio que um presidente da República, conselheiro do Corinthians, amigo meu, em muitas coisas que eu demoraria um mês para ser atendido, eu fui atendido no dia seguinte. Os próprios dutos da Petrobras, eu fui duas vezes lá e não me atendiam. Eu disse ‘chefe’, e virou o que virou, é o que a gente estava falando. Então, um dia, essa história toda vai ser contada e eu espero que não esteja nem eu nem ele aqui para que se fale a dificuldade que há nesse país para se fazer as coisas bem feita”, afirmou Andrés.
Segundo o ex-presidente do Corinthians, o estádio “se livrou de preços absurdos por causa de boas negociações”.
Entenderam porque a ode ao PT e a Lula, no aniversário de 35 anos do PT, foi a Odebrecht?

13 de fevereiro de 2015
Claudio Tognolli
Yahoo

O HUMOR DO DUKE

Charge O Tempo 13/02

13 de fevereiro de 2015

É DIFÍCIL ACHAR ALGO BOM SOBRE O BRASIL, DIZ FINANCIAL TIMES




Com os juros a 12%, o Brasil parece um bom lugar para qualquer investidor que esteja olhando as taxas negativas da zona do euro, afirma o jornal britânico “Financial Times”. 
Os problemas econômicos e políticos do país, no entanto, trazem uma perspectiva diferente, diz a publicação. “O pior: uma das causas tem sido a incompetência do governo em lidar com a corrupção na Petrobras”, diz o editor e colunista de investimento da publicação, James Mackintosh, em vídeo publicado no site do jornal sob o título “Brasil fica muito mal”.
O “FT” afirma que a queda do real frente ao dólar nos últimos dias mostrara que a moeda “não estava madura para ser colhida”, e que os investidores já estão contabilizando os riscos com o recente movimento que pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“Enquanto isso, a estagflação e os problemas políticos podem fazer com que o país tenha sua nota de crédito rebaixada”, diz Mackintosh. Também há preocupação, diz ele, sobre por quanto tempo o Banco Central continuará tentando controlar o câmbio por meio de programas de swap.
MERCADOS EMERGENTES
“Os problemas do Brasil são extremos”, afirma, “mas suas dificuldades são parte de uma reversão ampla” dos motivos que estavam incentivando os investidores a irem para os mercados emergentes até alguns anos atrás.
Ele lembra que, há alguns anos, o preço das commodities estava subindo, o dólar estava particularmente barato, e o programa de estímulo monetário dos Estados Unidos incentivava investidores a buscar retornos mais altos fora dos EUA. Agora, o crescimento fora dos EUA está desacelerando, os preços das commodities estão em queda, e o dólar vem ser recuperando rapidamente, transformando os mercados emergentes em um grupo “não atraente”, diz.
“Mesmo assim, a escala da queda do real parece extrema”, afirma o colunista, que questiona se agora seria a hora de “comprar Brasil”.
RISCOS ALTOS
“Com a economia em dificuldades (…), a política brasileira em tumulto, os riscos raras vezes pareceram tão altos”, diz. “Por outro lado, é difícil encontrar alguém com algo bom a dizer sobre o país. Não seriam necessárias muitas boas notícias para ver o real se recuperar rapidamente”.
“Infelizmente, pode facilmente haver notícias piores a caminho, tanto para a economia quanto para a política, já que o trabalho de limpar a Petrobras mal começou”.
13 de fevereiro de 2015
Deu no G1

A LAVA JATO E OS "SEGREDOS SOMBRIOS"

JUDICIÁRIO NÃO É GUARDIÃO DE ‘SEGREDOS SOMBRIOS’, DIZ MORO


A expectativa é que hoje sejam ouvidas as testemunhas de acusação no processo que envolve os executivos da UTC e da Camargo Corrêa. Foto: JF Diorio/AE
“Processo de supostos crimes contra a administração pública deve ser feito com transparência e publicidade”, disse Sérgio Moro. Foto: JF Diorio/AE
O juiz federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações da Operação Lava Jato, afirmou que o Judiciário “não se presta para ser o guardião de segredos sombrios”. Ao determinar a inclusão nos autos da Lava Jato de todos os depoimentos em delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef – exceto os relatos em que eles citam políticos com foro privilegiado -, o juiz assinalou que os mandamentos constitucionais impõem que “processo de supostos crimes contra a administração pública deve ser feito com transparência e publicidade”.
Sérgio Moro tomou a medida, inclusive, para atender sucessivos pedidos de defensores dos empreiteiros que estão presos sob acusação de corrupção ativa, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro. “Não havendo prejuízo à investigação, o que demanda avaliação circunstancial e caso a caso, devem ser seguidos à risca os mandamentos constitucionais, o que é também reclamado, no presente caso, pela defesa das pessoas já acusadas por crimes relacionados aos desvios da Petrobrás.”
O juiz assinala que a publicidade dada às delações do ex-diretor da estatal petrolífera e do doleiro atende a Súmula Vinculante 14 do Supremo Tribunal Federal. “As defesas dos dirigentes e empregados das empreiteiras reclamam, cotidianamente, a este Juízo acesso aos depoimentos prestados na colaboração premiada. Impetraram, inclusive, habeas corpus e até reclamações pleiteando o acesso.”
Sérgio Moro anota, ainda, que as ações penais “não foram propostas com base nos depoimentos prestados na colaboração premiada, mas, sim, com base em um acervo de provas documentais e periciais e, quanto às revelações de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef”. Ele observou que o acesso só não foi viabilizado antes porque os depoimentos não estavam sob sua tutela. Moro só recebeu os depoimentos no dia 21 de janeiro de 2015.
“Foi necessário examiná-los um a um , e são dezenas, para verificar se a divulgação não prejudicaria investigações em andamento”, argumenta o magistrado da Lava Jato. “Assim, a bem da ampla defesa e do princípio da publicidade dos processos, é o caso de levantar o sigilo sobre os depoimentos recebidos do Supremo Tribunal Federal no âmbito do acordo de colaboração premiada.”
Ele esclareceu que não estão sendo liberados os depoimentos que envolvem autoridades com foro privilegiado, “que não são de competência deste Juízo e ainda estão sendo examinados pela Procuradoria Geral da República e pelo Supremo Tribunal Federal”. Sérgio Moro ponderou, também, que “em virtude de certas incompreensões esclareça-se que não se trata aqui de ‘vazamento’, mas de levantar o sigilo sobre prova em processo sobre o qual não foi decretado segredo de justiça”.
“É a Constituição Federal que determina a publicidade dos processos judiciais e que o segredo de justiça constitui exceção, artigo 5º, LX”, escreveu o magistrado. “Como se não bastasse, também estabelece categoricamente a publicidade do julgamento e das decisões judiciais, artigo 93, IX. A mesma Constituição também estabelece que a administração pública rege-se pelo princípio da publicidade, artigo 37, caput.” (AE)
13 de fevereiro de 2015
Diário do Poder

SOCIALISMO E NAZISMO


“É um erro encarar o nazista como um selvagem não-instruído; sua bestialidade foi adornada cuidadosamente com especulações que refletiam de forma muito estreita a influência marxista.” (Michael Polanyi)

Muitos socialistas usam a tática, ensinada por Lênin, de acusar os opositores daquilo que eles mesmos são ou fazem. Tudo que for contrário ao socialismo vira, assim, “nazismo”, ainda que o nacional-socialismo tenha inúmeras semelhanças com o próprio socialismo marxista. Tanto o nazismo como o marxismo compartilharam o desejo de remodelar a humanidade. Marx defendia a “alteração dos homens em grande escala” como necessária. Hitler pregou “a vontade de recriar a humanidade”. Qualquer pesquisa séria irá concluir que nazistas e socialistas não eram, na prática e no seu ideal coletivista, figuras tão diferentes assim.
Na verdade, eram “gêmeos heterozigotos”, colocando como objetivo chegar a uma sociedade perfeita, destruindo os elementos negativos que se opõem a ela. Conforme escreveu Alain Besançon em A Infelicidade do Século, “eles pretendem ser filantrópicos, pois querem, um deles, o bem de toda a humanidade, o outro, o do povo alemão, e esse ideal suscitou adesões entusiásticas e atos heróicos”. Mas o que os aproxima mais é que “ambos se dão o direito – e mesmo o dever – de matar, e o fazem com métodos que se assemelham, numa escala desconhecida na história”. Para seu fim ulterior, quaisquer meios são aceitáveis ou mesmo desejáveis. Cada um se vê como a encarnação do Bem, e os empecilhos precisam ser eliminados para o alcance de um fim tão “nobre”. Os governos nazista e comunista fecham suas fronteiras, controlam a informação, substituem a realidade por uma pseudo-realidade e eliminam os opositores. Acabam gerando uma completa destruição da moral, difundindo o sentimento de repugnância de si mesmo nas pessoas. Alain Besançon conclui: “Não vale mais a pena praticar o duplo pensamento, procura-se na verdade não pensar em nada”. Ambos desembocam no niilismo.
Não obstante, para os socialistas, aquele que não for socialista é automaticamente um “nazista”, como se ambos fossem grandes opostos. Assim, os liberais, que sempre condenaram tanto uma forma de coletivismo como a outra, e foram alvos de perseguição violenta dos dois regimes, acabam sendo rotulados de “nazistas” pelos socialistas, incapazes de argumentar além dos tolos rótulos de “extrema-esquerda” e “extrema-direita”. Tal postura insensata coloca, na cabeça dos socialistas, uma “direitista” como Margaret Thatcher mais próxima ideologicamente de um Hitler que este de Stalin, ainda que Thatcher tenha lutado para defender as liberdades individuais e reduzir o poder do Estado, enquanto Hitler e Stalin foram à direção contrária. O fim da propriedade privada de facto foi um objetivo perseguido tanto pelo nazismo como pelo socialismo, que depositaram no Estado o poder total. O liberalismo, em sua defesa pela liberdade individual cujo pilar básico é o direito de propriedade privada, é radicalmente oposto tanto ao nazismo como ao socialismo, que em muitos aspectos parecem irmãos de sangue.
A conexão ideológica entre socialismo marxista e nacional-socialismo não é fruto de fantasia, e Hitler mesmo leu Marx atentamente quando vivia em Munique, tendo enaltecido depois sua influência no nazismo. O próprio Hitler teria confessado: “Não sou apenas o vencedor do marxismo, sou seu realizador”. Hitler diz ainda: “Aprendi muito com o marxismo e não pretendo escondê-lo”. O terceiro Reich condenou abertamente o capitalismo e se declarou um socialista! Analisando algumas semelhanças, temos que para os nazistas, os grupos eram as raças; para os marxistas, eram as classes. Para os nazistas, o conflito era o darwinismo social; para os marxistas, a luta de classes. Para os nazistas, os vitoriosos predestinados eram os arianos; para os marxistas, o proletariado. Além da justificativa direta para o conflito, a ideologia de luta entre grupos desencadeia uma tendência perversa a dividir as pessoas em membros do grupo e excluídos, tratando estes como menos que humanos.
Os judeus para os nazistas e os kulaks para os comunistas eram como piolhos que deveriam ser eliminados. O próprio Lênin chegou a conclamar seus camaradas a esmagar os kulaks, pequenos proprietários, sem piedade alguma, enforcando-os de modo que todos pudessem ver. O extermínio dessa “escória” passa a ser desejável seja para o paraíso dos proletários ou da “raça” superior. Os individualistas, entrave para ambas as ideologias coletivistas, acabam num campo de concentração de Auchwitz ou num gulag da Sibéria, fazendo pouca diferença na prática. Na verdade, como lembra Besançon, “a deportação para os campos de trabalho foi inventada e sistematizada pelo regime soviético”. O nazismo apenas a copiou. Os primeiros campos foram abertos na Rússia em 1918, cerca de seis meses depois da tomada de poder por Lênin. É espantoso observar o ódio que o nazismo desperta enquanto o comunismo desfruta de extrema complacência, sendo ainda admirado abertamente por muitos. Ambos os regimes merecem igualmente o total desprezo e nojo por qualquer um que defenda a liberdade e a humanidade.
A acusação de que a Alemanha nazista era uma forma de capitalismo não se sustenta com um mínimo de reflexão. O “argumento” usado para tal acusação é de que os meios de produção estavam em mãos privadas na Alemanha. Isso era verdade somente nas aparências. A propriedade era privada de jure, mas era totalmente estatal de facto, da mesma forma que na União Soviética. O governo não só nomeava dirigentes de empresas como decidia o que seria produzido, em qual quantidade, por qual método, e para quem seria vendido, assim como os preços exercidos. Para quem tem um mínimo de conhecimento sobre os pilares de uma sociedade capitalista-liberal, não é difícil entender que o nazismo é o oposto deste modelo. Hitler teria dito: “Que significa ainda a propriedade e que significam as rendas? Para que precisamos nós socializar os bancos e as fábricas? Nós socializamos os homens”. Para os nazistas, assim como para os socialistas, é o “bem-comum” que importa, transformando indivíduos de carne e osso em simples meios sacrificáveis para tal objetivo. Para os liberais, ao contrário, cada indivíduo é um fim em si, e tem direito a buscar sua própria felicidade contanto que não invada a liberdade dos outros.
O programa do Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista que levou Hitler ao poder deixa claro as similaridades com o socialismo. O programa defendia a “obrigação do governo de prover aos cidadãos oportunidades adequadas de emprego e vida”. Alertava que “as atividades dos indivíduos não podem se chocar com os interesses da comunidade, devendo ficar limitadas e confinadas ao objetivo do bem geral”. Demandava o “fim do poder dos interesses financeiros”, assim como a “divisão dos lucros pelas grandes empresas”. Também demandava “uma grande expansão dos cuidados aos idosos”, e alegava que “o governo deve oferecer uma educação pública muito mais abrangente e subsidiar a educação das crianças com pais pobres”. Pregava uma “reforma agrária para que os pobres tivessem terra para plantar”. Combatia o “espírito materialista” e afirmava ser possível uma recuperação do povo “somente através da colocação do bem comum à frente do bem individual”. O meio defendido para tanto era o centralismo do poder. Tal como o socialismo, o nazismo era extremamente coletivista, anti-liberal e anti-capitalista.
Existem, na verdade, vários outros pontos que podemos listar para mostrar que o nazismo e o socialismo são muito parecidos, e não opostos como tantos acreditam. O fato de comunistas terem entrado em guerra com nazistas nada diz que invalide tal tese, já que comunistas brigaram sempre entre si também, e irmãos brigam uns com outros, ainda mais por poder. Disputavam o mesmo tipo de vítima, e não havia espaço para ambos. Antes de entrarem em guerra, tinham um pacto de cooperação, mas a disputa pelo poder dessas duas ideologias totalitárias falou mais alto. Apesar do liberalismo se opor com veemência a ambos os regimes, os socialistas adoram repetir, como autômatos, que liberais são parecidos com nazistas, apenas porque associam erradamente nazismo a capitalismo. Se ao menos soubessem como é o próprio socialismo que tanto se assemelha ao nazismo!
Para concluir, deixo o próprio Alain Besançon falar: “O comunismo é mais perverso que o nazismo porque ele não pede ao homem que atue conscientemente como um criminoso, mas, ao contrário, se serve do espírito de justiça e de bondade que se estendeu por toda a terra para difundir em toda a terra o mal. Cada experiência comunista é recomeçada na inocência.”

13 de fevereiro de 2015
Rodrigo Constantino

ATÉ QUE PONTO PODE CHEGAR O BRASIL?

Exigimos a demissão de José Eduardo Cardozo

É intolerável que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tenha se reunido secretamente com o advogado da empreiteira UTC, para dizer que, depois do carnaval, a Operação Lava Jato mudaria de rumo, a barra dos acusados seria aliviada -- e, por isso, ele "desaconselhava" a delação premiada dos empreiteiros.
Trata-se de um escândalo maior até do que o próprio Petrolão. O ministro da Justiça do Brasil age em favor do crime e está obstruindo o trabalho da própria Justiça do Brasil. Isso não é interpretação, mas fato.
É imperioso que José Eduardo Cardozo seja demitido imediatamente. Conservá-lo no cargo é deixar as instituições do país à mercê de fanqueiros.
13 de fevereiro de 2015
o antagonista

O INÍCIO DO FIM DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO



História do Congresso que marcou o início do fim do Partido Comunista Brasileiro, e que contou até mesmo com a presença de um membro da Inteligência do Partido Comunista Cubano.

O novo militante pós-Guerra Fria, pós perestroika, pós-glasnost e pós socialismo real jamais será o mesmo, pois não seguirá cegamente seus líderes. Esse novo militante espera que o partido da classe operária imagine outros caminhos de atuação, pois não mais poderá insistir, simplesmente, em “colocar as massas na rua”

O 9º Congresso do Partido Comunista Brasileiro, realizado no período de 30 de maio a 02 de junho de 1991, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, pode ser considerado o início do fim do partido, assim como a construção do Muro de Berlim e o fim da União Soviética marcaram o início do fim do socialismo real.

Então, o Muro de Berlim já havia caído (novembro de 1989), o comunismo já havia sido desmantelado na Europa Oriental (89/91) e a União Soviética estava prestes a desaparecer (Dez 91).

O embate teórico central pré-Congresso foi marcado pela possibilidade de extinção do PCB e abandono dos símbolos históricos dos comunistas: a foice e o martelo, bem como a mudança de nome do partido, com a supressão do termo comunista e a substituição da Internacional como grito de guerra.

O 9º Congresso, todavia, ao contrário do previsto, reafirmou a continuidade do partido, a manutenção de seus símbolos históricos e ratificou a luta pela construção do socialismo. AsTeses congressuais, aprovadas pela maioria do Comitê Central, embora com profundas divergências, sinalizaram, entretanto, uma resposta aos que, dentro do partido, desejavam e apregoavam o fim do PCB, abrigavam múltiplas ambigüidades e contradições, dando margem a diferentes interpretações sobre o que se pretendia para o futuro partidário.

A supressão da referência ao marxismo-leninismo e de aspectos básicos das estruturas orgânicas apontavam, todavia, para uma descaracterização e perda de identidade do partido.

Para os comunistas, contudo, diferentemente dos anarquistas e “esquerdistas” - que negam qualquer significado revolucionário à luta por reformas, e dos social-democratas, que buscam restringir a luta de classes do proletariado ao nível do “reformismo”, da “revolução processual” -, segundo o discurso corrente, as reformas são parte integrante do processo revolucionário, embora sem serem colocadas como alternativa à revolução, pois não substituem, absorvem ou abarcam o movimento revolucionário. Ao contrário, dele fazem parte como estágios subalternos, no sentido de acumulação, via de regra, necessária à revolução.

Por vezes, em circunstâncias históricas determinadas, a política de luta por reformas é implementada para fins de atenuação e mesmo de controle a ondas revolucionárias. Outras vezes, contudo, serve também como instrumento da contra-revolução. Dessa forma, combinarreforma e revolução, resguardando e dando prioridade ao primado do revolucionário, permanece sendo o grande desafio dos comunistas. Uma tarefa fundamental do partido da classe operária.

O marxismo-leninismo, abarcando as concepções originais de Marx, Engels e Lenin e a assimilação crítica de novas contribuições teóricas - especialmente as de Antonio Gramsci - e de todas as experiências do movimento comunista internacional, é considerado não uma entre outras inspirações ideológicas mas, efetivamente, a que serve de guia para a ação do partido, tendo em conta a realidade concreta.

As deformações e dogmatizações a que o PCB foi submetido ao longo dos anos, bem como a constatação de suas insuficiências, não invalidaram seus princípios fundamentais sobre a exploração capitalista, a natureza do Estado, a luta de classes, o internacionalismo proletário, o papel da classe operária e do Partido Comunistabem como a necessidade da ruptura revolucionária e da implantação do socialismo.

centralismo democrático, por sua vez, não pode ser apresentado como uma ultrapassada categoria “histórica”, no sentido de que foi válido somente no passado. Vincular a formulação original do centralismo democrático exclusivamente à questão de segurança e à situação revolucionária significa negar a idéia leninista da construção do partido de novo tipo, radicalmente diferente das antigas formações políticas, sem uma militância autêntica.

Partido Comunista Brasileiro, defendido pela ala que, no Congresso, não aceitou o seu fim, é considerado o que sempre foi: o partido da classe operária, revolucionário e humanista, nacional e internacionalistaguiado pelo marxismo-leninismo, organização democrática fundada na unidade da militância livre e voluntária, na disciplina consciente de seus membros, vanguarda das lutas dos povos pela independência nacional, o progresso social, a democracia, a paz e o socialismo.

Durante o Congresso, os desacordos frente às Teses e caminhos propostos pela maioria do Comitê Central favorável ao desmanche do partido, culminaram com a formação de três chapas para a disputa de cargos no Comitê Central a ser eleito. Pela primeira vez, desde 1980, as bases partidárias diziam NÃO ao monolitismo do Comitê Central e à prática tarefista. Pela primeira vez as chamadas “personalidades” do partido foram desafiadas e contestadas num enfrentamento que há muito, segundo alguns, deveria ser a prática do PCB: confronto através de um debate de idéias. Assim sendo, a idéia proposta, de fim do partido, foi rejeitada.

Desde o início, o confronto ficou nitidamente estabelecido entre três tendências: a primeira, encabeçada por Roberto Freire, Sergio Arouca e Salomão Malina (“Socialismo e Democracia”), expressava as vontades do Comitê Central, que além de apontarem para a social-democracia indicavam o desmonte do PCB via retirada da expressão marxismo-leninismo e dos símbolos da foice e martelo, propondo a formação de um partido laico e a conseqüente exclusão do seu caráter revolucionário.

A segunda, encabeçada por Oscar Niemeyer, Francisco Milani e Juliano Homem de Siqueira (“Fomos, Somos e Seremos Comunistas”), apontava para a manutenção dos princípios fundamentais do marxismo-leninismo, do nome e símbolos do partido.

E a terceira, liderada por Domingos Todero, Jairo Ferreira e Lauro Hageman, todos do ComitêEstadual do Rio Grande do Sul (“Política de Esquerda pelo Novo Socialismo”) embora também defendendo a manutenção do nome e símbolos partidários, colocava-se como umaTerceira Via, entre a “social-democracia”, da primeira tendência, e a “ortodoxia stalinista”, da segunda, assim chamada por manter os princípios marxistas-leninistas do partido, e não por desejar hegemonia stalinista.

O resultado final da eleição para composição do novo Comitê Central foi: chapa 1, de Roberto Freire, 53% chapa 2, de Oscar Niemeyer, 36% e chapa 3, de Domingos Todero, 11%. No total, a oposição à chapa 1 alcançou 47% dos votos. Roberto Freire, Sergio Arouca e Salomão Malina não haviam conseguido desmontar o partido. O desmonte ficaria para o Congresso seguinte, convocado, de forma inusitada, para daí a 6 meses, janeiro de 1992, quando. aí sim, o chamadoPartidão seria transformado no Partido Popular Socialista.

Resolução Política, peça fundamental no Congresso de qualquer partido comunista, foi aprovada por 336 votos (Freire) contra 254 votos (Niemeyer) e 45 votos da declaração de votoda chapa 3. Essa Resolução Política passou a considerar o socialismo não como umainevitabilidade, mas sim como “uma possibilidade histórica”, e propôs a formação de “um novo bloco político, a ser composto por socialistas, social-democratas, comunistas e demais democratas, ecologistas, cristãos e também por liberais”. Isso exigiria um “novo operador político”, isto é, um novo partido, com uma nova teoria e uma nova cultura política, “extraídas das novas realidades do Brasil e do mundo”. Ou seja, como sempre, uma adaptação ao que havia ocorrido na pátria do socialismo.

O resultado da eleição do novo Comitê Central: 38 membros da chapa 1, 26 membros da chapa 2 e 7 da chapa 3, parecia indicar que os defensores do desmonte do PCB não mais eram os donos da máquina partidária e não mais possuíam o amplo domínio dela, pois o Partido Comunista Brasileiro, nesse Congresso, manteve seu nome, os símbolos, o marxismo, o internacionalismo proletário, a luta de classes e a luta pela busca de hegemonia do proletariado.

Salomão Malina, até então presidente do partido, ao final do Congresso propôs que os delegados aclamassem Roberto Freire como novo presidente do PCB. Isso foi feito ante o estupor e a contestação da maioria dos delegados, uma vez que, estatutariamente, quem elege o presidente do partido não é o Congresso, por aclamação, mas sim o Comitê Central que, então, acabara de ser eleito e ainda não havia se reunido.

Face à confusão que se generalizou, Salomão Malina propôs que os membros eleitos para oComitê Central fizessem ali mesmo a eleição, o que foi rejeitado. Roberto Freire somente viria a ser eleito na primeira reunião formal realizada pelo Comitê Central, o que ocorreu cerca de um mês depois, em 6 de julho de 1991.

Embora, também estatutariamente, os Congressos do PCB sejam realizados de dois em dois anos, a precária maioria da nova direção partidária logo convocou um Congresso Extraordinário para janeiro de 1992, cerca de 6 meses depois. Esse Congresso foi realizado no teatro Záccaro, em São Paulo e pôs fim àquele partido da classe operária, fundado em março de 1922. Mas essa é uma outra história, mais complexa, pois esse Congresso foi aberto ao voto de todos os comunistas (independente de filiações partidárias) e não-comunistas, como o autor destas linhas. Resumindo: um teatro foi um local adequado para a realização desse Congresso...

A minoria do Comitê Central - 47% - logo a seguir se pronunciou em um documento com 20 ítens, divulgado ao partido. Nesse documento, segundo os ítens abaixo selecionados, a minoria manifestou:

- seu mais veemente repúdio à postura liquidacionista da maioria do Comitê Central, que convocou um Congresso Extraordinário, com a finalidade exclusiva de tentar extinguir o partido, criando outro em seu lugar;

- denunciou que essa convocação representava uma capitulação ante a histeria anticomunista surgida após os acontecimentos da União Soviética e um golpe contra as deliberações do 9º Congresso, recém realizado, que repudiou a liquidação do PCB;

- reiterou a inabalável determinação de manter o PCB, de fato e de direito, com seu nome e símbolos, como herdeiro político do Movimento Comunista Internacional, da rica tradição de luta dos comunistas brasileiros e do legado do ideário de Marx, Engels, Lenin e outros pensadores revolucionários;

- criou o Movimento Nacional em Defesa do PCB, como instrumento para preservar e fortalecer o partido, marxista, internacionalista, revolucionário, democrático e de massas;

- convocou para os dias 12 e 13 de outubro de 1991, na cidade do Rio de Janeiro, a realização de um Encontro Nacional em Defesa do PCB, para que fossem discutidas, aprovadas e implementadas as medidas necessárias à preservação, à renovação e ao fortalecimento do PCB.

No entanto, em 23/24 de janeiro de 1992, o 10º Congresso do PCB (Extraordinário), realizado em São Paulo, no teatro Záccaro, sepultou o Partido Comunista Brasileiro e constituiu, como seu sucessor, o Partido Popular Socialista (PPS), um partido social-democrata. O PCB, no entanto, sobreviveu, foi reconstituído e logo tornado legal perante a Justiça Eleitoral por aquela minoria de 47 membros do Comitê Central.

Um fato inusitado que não deve deixar de ser assinalado, foi a presença nesse 9º Congresso de um membro da Inteligência cubana, Sérgio Julio Cervantes Padilla, Oficial do Departamento América do Comitê Central do Partido Comunista Cubano, acreditado como Conselheiro Político junto à embaixada cubana no Brasil, movimentando-se com familiaridade entre os presentes e, inclusive, fazendo uso da palavra!

13 de fevereiro de 2015
Carlos I. S. Azambuja é Historiador.