"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 25 de abril de 2015

O HUMOR DO ALPINO...

image

25 de abril de 2015

O QUE É ROUBAR UM PARTIDO PERTO DE FUNDAR UM PARTIDO



A política encontrou seu ambiente como na Ópera do Malandro.












No começo do século 18, o dramaturgo inglês John Gay lançou peça ambientada no submundo de prisão londrina. Batizou-a de “A ópera do mendigo” (1728). Era protagonizada por ladrões, prostitutas, policiais corruptos, magnatas do crime. A tragicomédia musical em três atos sobre corrupção, pobreza e injustiça social teve a mais longa temporada teatral da década de 20 daquele século.
Duzentos anos mais tarde, Bertolt Brecht e Kurt Weill inspiraram-se nela para criar “A ópera dos três vinténs” (1928). Os adaptadores alemães mantiveram a trama básica e os nomes das personagens – Macheath, apelidado “Mackie Messer” (“Mac Navalha”), Polly, sr. e sra. Peachum, Jenny. Chico Buarque fez uma adaptação da adaptação com sua excelente “Ópera do Malandro” (1978), na qual Jenny vira Geni, a travesti que todos jogam pedra e bosta.
O criminoso Mac Navalha, em uma das falas da peça de Brecht/Weill, reflete sobre mudar para um ramo de negócios mais fácil e lucrativo: “O que é uma chave-mestra comparada a uma ação da bolsa? O que é o assalto a um banco comparado à fundação de um banco? O que é o assassinato de um homem comparado à contratação de um homem?”.
ÓPERA DO MALANDRO
A política brasileira encontrou na Ópera do Malandro seu ambiente natural. A polêmica questão do aumento do fundo partidário estimula que se jogue bosta para todo o lado, com Genis travestidas de excelências parlamentares. As reportagens a respeito salientam que a presidente Dilma não vetou a proposta de aumento de gasto, que deve atingir agora quase R$ 900 milhões por ano. Poucos foram as menções ao propositor: o senador Romero Jucá (ex-vice-líder do governo tucano, ex-líder do governo petista), que continua onde sempre esteve, no velho PMDB de Roraima.
De janeiro a março de 2015, o PT recebeu R$ 7,8 milhões do fundo partidário. O PSDB levantou R$ 6,4 milhões. O PMDB ganhou R$ 6,2 milhões. O PP, R$ 3,8 milhões; o PSB, R$ 3,7 milhões, o DEM, R$ 2,4 milhões. Outros 26 partidos receberam verbas cujo valor mínimo foram os R$ 100 mil destinados ao PCO. No total, em três meses os partidos receberam R$ 58, 3 milhões para sua manutenção.
Como funciona a distribuição do Dinheiro do Fundo Partidário? 95% dos recursos são distribuídos entre os partidos políticos, proporcionalmente a quantidade de votos obtidos na última eleição a Câmara dos Deputados; 5% são divididos em partes iguais entre todos os partidos políticos que tenham seus estatutos registrados no TSE.
O velho Mac Navalha poderia completar: o que é roubar um partido comparado a fundar um partido?

25 de abril de 2015
Plínio Fraga
Yahoo

O GENOCÍDIO ARMÊNIO E O CRIME DA MENTIRA

Raphael Lemkin, o advogado judeu e polonês que inventou a palavra genocídio para se referir ao extermínio dos judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial, se inspirou no esforço de eliminação do povo armênio nos estertores do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial para realizar a sua investigação sobre o Holocausto e definir um novo crime.

Negar o Holocausto é crime em muitos países. Admitir o genocídio dos cristãos armênios é crime na Turquia, o país que forjou sua identidade nacional com o desmantelamento do Império Otomano. 

Esta sexta-feira, 24 de abril, é o centenário da deliberada campanha otomana para aniquilar um povo para que ele não empreendesse sua luta de independência.

Em 24 de abril de 1915, centenas de intelectuais armênios foram presos em Istambul e em seguida executados. Não foi o primeiro massacre de armênios, mas se definiu que o 24 de abril fora o começo do genocídio que se estendeu até 1917. 

De acordo com o Centro de Estudos para o Holocausto e o Genocídio da Universidade de Minnesota, nos EUA, havia 2.133.190 armênios no Império Otomano em 1914. Restavam 387.800 na Turquia em 1922. 
Foi a pior atrocidade da Primeira Guerra Mundial e seu ponto mais significativo foi a deportação da população armênia do que é hoje o leste da Turquia para a Síria, em marchas da morte.

A Turquia nega os números (cerca de 1.5 milhão de mortos) e letra G. Diz que morreram bem menos armênios (cerca de 300 mil) e que a tragédia foi resultado do caos da guerra e não de um plano deliberado para aniquilar os armênios. 

Apesar de suas divisões internas entre religiosos e seculares; liberais e conservadores e ricos e pobres, apenas 9% dos turcos dizem que o governo deveria cunhar as atrocidades de genocídio e pedir desculpas para os armênios. 

A postura oficial e popular contrasta com as investigações históricas, muitas empreendidas por corajosos acadêmicos turcos, como Taner Akçam, que recentemente descobriram documentos associando o governo da época ao genocídio. São documentos com ordens de extermínio.
A petulância turca é um entrave para encarar honestamente sua própria história, como fizeram tantos países com um passado atroz. Para ficar num caso recente, está aí a Àfrica do Sul que acertou as contas com o apartheid. Akçam diz que existem quatro motivos para a Turquia negar de forma tão veemente o genocídio. 
Antes de mais nada, é o medo de que admiti-lo abra as comportas para processos por indenização. No entanto, ainda mais crucial é colocar em risco a identidade nacional turca. Admitir a verdade seria assumir que os pais fundadores do país foram assassinos e ladrões.
Existe ainda o medo de que se começar com os armênios vai terminar com outras minorias étnicas e religiosas que também foram vítimas de atrocidades E Akçam finalmente diz que aceitar a verdade é assumir que um país construiu sua história e glória nacional com base em mentiras e negações.
O governo turco, em um gesto indecente para ofuscar o centenário do genocídio armênio, transferiu para este mesmo dia 24 a cerimônia para registrar o centenário da batalha de Gallipoli, um fiasco para as tropas britânicas, australianas, neozelandesas e francesas na Primeira Guerra Mundial. 
A ideia é uma cerimônia de concórdia entre ex-adversários. 
Algo válido, mas por que mais esta desfeita com os armênios? Alguns líderes ocidentais estarão presentes no evento turco, mas parabéns ao presidente francês François Hollande, que decidiu prestigiar a cerimônia do genocídio em Erevan, capital da Armênia.

Em todas as partes do mundo, os armênios estão celebrando neste 24 de abril o centenários do genocídio. Na quinta-feira à noite, houve uma cerimônia com a presença de um grupo corajoso de turcos e armênios, congregados na praça Taksim, em Istambul. 
Ali perto da praça, começou formalmente o genocídio com a prisão de centenas de intelectuais armênios em suas casas. Apenas 24 países reconhecem que o genocídio foi genocídio. A preferência é por não atiçar a Turquia. Da imensa e vexaminosa lista dos ausentes, eu quero destacar EUA, Israel e Brasil.


25 de abril de 2015
Caio Blinder

http://lorotaspoliticaseverdades.blogspot.com/2015/04/o-genocidio-armenio-e-o-crime-da-mentira.html


AS BOMBÁSTICAS REVELAÇÕES DA REPORTAGEM-BOMBA DE VEJA

OS FAVORES DO EMPREITEIRO. O DESLUMBRANTE SÍTIO DE LULA EM ATIBAIA. O DINHEIRO VINHA NUM ENVELOPÃO.


Segundo Léo Pinheiro, Lula pediu a ele que cuidasse da reforma do “seu” sítio em Atibaia. A propriedade [foto acima] está registrada em nome de um sócio de Fábio Luís da Silva, filho do ex-presidente (Foto: Jefferson Coppola/VEJA) - Clique sobre a imagem para vê-la ampliada
O texto que segue é parte do conteúdo da reportagem-bomba de Veja que já comentei aqui no blog em post mais abaixo. Leiam este aperitivo da reportagem. É de estarrecer.
O engenheiro Léo Pinheiro cumpre uma rotina de preso da Operação Lava-Jato que, por suas condições de saúde, é mais dura do que a dos demais empreiteiros em situação semelhante. Preso há seis meses por envolvimento no esquema do petrolão, o e­­x-presidente da OAS, uma das maiores construtoras do país, obedece às severas regras impostas aos detentos do Complexo Médico-Penal na região metropolitana de Curitiba. Usa o uniforme de preso, duas peças de algodão a­­zul-claras. Tem direito a uma hora de banho de sol por dia, come "quentinhas" na própria cela e usa o banheiro coletivo. Na cela, divide com outros presos o "boi", vaso sanitário rente ao piso e sem divisórias. Dez quilos mais magro, Pinheiro tem passado os últimos dias escrevendo. Um de seus hábitos conhecidos é redigir pequenas resenhas e anexá-las a cada livro lido. As anotações feitas na cela são muito mais realistas e impactantes do que as literárias. Léo Pinheiro passa os dias montando a estrutura do que pode vir a ser seu depoimento de delação premiada à Justiça. Pinheiro foi durante toda a década que passou o responsável pelas relações institucionais da OAS com as principais autoridades de Brasília. Um dos capítulos mais interessantes de seu relato trata justamente de uma relação muito especial - a amizade que o unia ao e­­x-presidente Lula.
UM CONSELHEIRO DE LULA
De todos os empresários presos na Operação Lava-Jato, Léo Pinheiro é o único que se define como simpatizante do PT. O empreiteiro conheceu Lula ainda nos tempos de sindicalismo, contribuiu para suas primeiras campanhas e tornou-se um de seus mais íntimos amigos no poder. Culto, carismático e apreciador de boas bebidas, ele integrava um restrito grupo de pessoas que tinham acesso irrestrito ao Palácio do Planalto e ao Palácio da Alvorada. Era levado ao "chefe", como ele se referia a Lula, sempre que desejava. Não passava mais do que duas semanas sem manter contato com o presidente. Eles falavam sobre economia, futebol, pescaria e os rumos do país. Com o tempo, essa relação evoluiu para o patamar da extrema confiança - a ponto de Lula, ainda exercendo a Presidência e depois de deixá-la, recorrer ao amigo para se aconselhar sobre a melhor maneira de enfrentar determinados problemas pessoais. Como é da natureza do capitalismo de estado brasileiro, as relações amigáveis são ancoradas em interesses mútuos. Pinheiro se orgulhava de jamais dizer não aos pedidos de Lula.
Léo Pinheiro: do trânsito livre ao Palácio do Planalto ao banheiro coletivo na prisão (Foto: Beto Barata/VEJA)
O NABABESCO SÍTIO DE LULA
Desde que deixou o governo, Lula costuma passar os fins de semana em um amplo sítio em Atibaia, no interior de São Paulo. O imóvel é equipado com piscina, churrasqueira, campo de futebol e um lago artificial para pescaria, o esporte preferido do ex-presidente. Desde que deixou o cargo, é lá que ele recebe os amigos e os políticos mais próximos. Em 2010, meses antes de terminar o mandato, Lula fez um daqueles pedidos a que Pinheiro tinha prazer em atender. Encomendou ao amigo da construtora uma reforma no sítio. Segundo conta um interlocutor que visitou Pinheiro na cadeia, esse pedido está cuidadosamente anotado nas memórias do cárcere que Pinheiro escreve.
Na semana passada, a reportagem de VEJA foi a Atibaia, região de belas montanhas entrecortadas por riachos e vegetação prístina. Fica ali o Sítio Santa Bárbara, cuja reforma chamou a atenção dos moradores. Era começo de 2011 e a intensa atividade nos 150 000 metros quadrados do sítio mudou a rotina da vizinhança. Originalmente, no Sítio Santa Bárbara havia duas casas, piscina e um pequeno lago. Quando a reforma terminou, a propriedade tinha mudado de padrão. As antigas moradias foram reduzidas aos pilares estruturais e completamente refeitas, um pavilhão foi erguido, a piscina foi ampliada e servida de uma área para a churrasqueira. As estradas lamacentas do sítio receberam calçamento de pedra e grama. Um campo de futebol surgiu entre as árvores. O antigo lago deu lugar a dois tanques de peixes contidos por pedras nativas da região e interligados por uma cascata. Ali boiam pedalinhos em formato de cisne. A área passou a ser protegida por grandes cercas vigiadas por câmeras de segurança, canil e guardas armados.
"TRAZIAM DINHEIRO NUM ENVELOPÃO..."
O que mais chamou atenção, além da rapidez dos trabalhos, é que tudo foi feito fora dos padrões convencionais. A reforma durou pouco mais de três meses. Alguns funcionários da obra chegavam de ônibus, ficavam em alojamentos separados e eram proibidos de falar com os operários contratados informalmente na região e orientados a não fazer perguntas. Os operários se revezavam em turnos de dia e de noite, incluindo os fins de semana. Eram pagos em dinheiro. "Ajudei a fazer uma das varandas da casa principal. Me prometeram 800 reais, mas me pagaram 2 000 reais a mais só para garantir que a gente fosse mesmo cumprir o prazo, tudo em dinheiro vivo", diz Cláudio Santos. "Nessa época a gente ganhou dinheiro mesmo. Eu pedi 6 reais o metro cúbico de material transportado. Eles me pagaram o dobro para eu acabar dentro do prazo. Era 20 000 por vez. Traziam o envelopão, chamavam no canto para ninguém ver, pagavam e iam embora", conta o caminhoneiro Dário de Jesus. Quem fazia os pagamentos? "Só sei que era um engenheiro que esteve na obra do Itaquerão. Vi a foto dele no jornal", recorda-se Dário. Do site da revista Veja
Para ler a continuação dessa reportagem imperdível compre a edição desta semana de VEJA no tabletno iPhone ou a revista impressa nas bancas.

25 de abril de 2015
Veja

1º. DE MAIO: DILMA COM MEDO DO PANELAÇO




 (Folha) Temendo uma reedição do panelaço durante fala de Dilma Rousseff na TV, integrantes do governo avaliam cancelar o tradicional pronunciamento da presidente no 1º de maio, Dia do Trabalho.A Folha apurou que auxiliares da presidente sugerem que ela só se exponha quando a crise política e econômica arrefecer, o que, na avaliação deles, não acontecerá no curto prazo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o marqueteiro João Santana e o ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação) são alguns dos que defendem que a presidente não discurse. Dilma ainda avalia a questão. Em entrevista em abril, Edinho disse que a petista não se assustaria com protestos contra sua administração. 

Para que a data não passe em branco, uma ideia é que a presidente faça algum anúncio em evento oficial e deixe a fala na TV para um ministro. Se o pronunciamento não ocorrer, será a primeira vez que Dilma não irá à televisão no 1º de maio desde que assumiu o governo, em 2011. Em sua estreia, ela anunciou o programa "Brasil Sem Miséria". No ano seguinte, atacou bancos e cobrou a redução de juros. Em 2013, ela falou na televisão que estava comprometida com o combate à inflação. 

No ano passado, meses antes da eleição, a petista anunciou ajuste de 10% no Bolsa Família. O pronunciamento foi alvo da oposição, que classificou a fala da petista de propaganda antecipada. O Planalto foi surpreendido com panelaços no pronunciamento de Dilma na TV no Dia Internacional da Mulher. Para petistas, o discurso turbinou manifestações uma semana depois.

25 de abril de 2015
in coroneLeaks

A OPINIÃO DE AUGUSTO NUNES


No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, revelações do empreiteiro amigo empurram Lula para o pântano do Petrolão.


Neste sábado, os leitores de VEJA saberão que o empreiteiro Leo Pinheiro, transferido da presidência da OAS para uma cadeia em Curitiba, fez revelações suficientes para tirar de vez o sono de Lula e estender por prazo indeterminado o sumiço do palanque ambulante.

Como ainda não assinou um acordo de delação premiada, o empresário encarcerado talvez até se desminta em outro depoimento, para socorrer o chefe e amigo. É uma opção de alto risco: essa demonstração de fidelidade lhe custará alguns anos de prisão em regime fechado.

Seja qual for o caminho escolhido, o que Pinheiro já disse (e detalhou em copiosas anotações manuscritas) basta para incorporar ao elenco do Petrolão o protagonista que faltava. No mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório, as relações promíscuas entre o manda-chuva da OAS e o reizinho do Brasil serão escancaradas nas oito páginas da reportagem de capa. Entre tantas histórias muito mal contadas, a dupla esbanja afinação especialmente em três, valorizadas pela participação de coadjuvantes que valorizam qualquer peça político-policial.

Num episódio, o ex-presidente induz Pinheiro a presenteá-lo com a reforma do sítio que, embora Lula o chame de seu, pertence oficialmente a um sócio do filho Lulinha. Noutro, um emissário do pedinte vocacional incumbe o empreiteiro de arranjar serviço e dinheiro para o marido de Rosemary Noronha, a ex-segunda-dama que ameaçava vingar-se do abandono com a abertura de uma assustadora caixa-preta. Mais além, o comandante da OAS cuida de desmatar o atalho que levou Lula a virar dono de um triplex no Guarujá.

A participação do ex-presidente no naufrágio da Petrobras ainda não entrou na mira da Polícia Federal. O inventor do Brasil Maravilha está a um passo do pântano sem que tenha começado a devassa das catacumbas malcheirosas que ocultam a farra das refinarias inúteis e a montagem da diretoria infestada de ineptos e corruptos, fora o resto. 

Pode estar aí a explicação para o estranho vídeo em que celebra as vantagens de um bom preparo físico. Vai precisar disso quando tiver de sair em desabalada carreira.

25 de abril de 2015

POLÍTICA DO COTIDIANO, DO JORNALISTA CLAUDIO HUMBERTO

INVESTIGADO PELA PF POR TERRORISMO É FÃ DE DILMA

O homem investigado pela Polícia Federal por suspeita de terrorismo, Marcelo Bulhões dos Santos, que ontem foi alvo de mandado de busca e apreensão em Brasília, trabalhou no governo Lula, entre 2007 e 2010, nomeado por Dilma, que chefiava a Casa Civil e tinha essa prerrogativa. Na internet, há declarações de admiração de Marcelo por Dilma, de quem é fã. Até fez campanha para ela nas redes sociais.


MERVOSISMO

Houve nervosismo no Planalto com a notícia do ex-funcionário suspeito de terrorismo. Chegou a negar que ele tivesse trabalhado com Dilma.


BOQUINHA DE DILMA

Dilma nomeou Marcelo Bulhões na coordenação-geral de Gestão de Informação Funcional da Casa Civil, e depois o promoveu a supervisor.


GALHO EM GALHO

Marcelo Bulhões dos Santos, que depois se converteu ao islamismo, ganhou um cargo na secretaria de Portos e dois na Igualdade Racial.


ANTIBOMBA


A Polícia Federal vasculhou o apartamento na Asa Norte, que também é escritório de Bulhões, em Brasília, com auxílio do Grupo Antibomba.


PERTENCE NEGA CONTRATO PARA DEFENDER O REDE

Começou mal – com uma lorota – o Rede Sustentabilidade. O site oficial do futuro partido anunciou que o advogado Sepúlveda Pertence, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, ofereceu seus serviços para defender o registro partidário no Tribunal Superior Eleitoral. Não é verdade. Marina Silva é que o procurou em seu escritório no Lago Sul, em Brasília. No mais, afirma Pertence, “a notícia é inteiramente falsa”.


CONDIÇÃO

Pertence condicionou a continuação de tratativas para defender o Rede a uma conversa com o atual advogado do partido, Torquato Jardim.


NEM INJEÇÃO NA TESTA

O Rede informou que Pertence trabalharia de graça, mas, segundo a assessoria dele, ele e Marina “nem falaram sobre esse assunto”.


ASSINATURAS FALSAS

Na primeira tentativa, o Rede foi acusado de incluir assinaturas falsas para instruir seu pedido de registro, que acabou rejeitado no TSE.


LIÇÃO ITALIANA


A Itália deu uma lição ao Brasil, extraditando o corrupto transitado em julgado Henrique Pizzolato. Bem diferente do ex-presidente Lula, que acolheu e protegeu Cesare Battisti, terrorista italiano condenado duas vezes à prisão perpétua pelo assassinato covarde de quatro inocentes.


MENTIRAS PARA O PAPA

O Partido Comunista Italiano pagou o mico de apelar ao papa Francisco para interceder pela não extradição do “sindicalista” Henrique Pizzolato. A “carta aberta” é um amontoado de mentiras sobre o caso.


VAI COM CALMA

Aliado de Aécio Neves, o deputado Domingos Sávio (MG) destoa da bancada tucana da Câmara. Ele defende desdobramentos da Lava Jato e da CPI do BNDES para só então pedir o impeachment de Dilma.


SAINDO DO SUFOCO

Após longa pindaíba, quando faltou dinheiro para pagar alugueis e contas de água, luz e telefone, representações diplomáticas brasileiras no exterior começaram a receber o dinheiro que Dilma mantinha preso.


A CRISE É GERAL

O ministro Pepe Vargas (Direitos Humanos) fez um pit-stop em um supermercado na Asa Norte, na noite de quinta (23). Nada de carrinho cheio: o ministro – que ninguém reconhece – usava só uma cestinha.


FORMAÇÃO O QUÊ?

O seminário de formação política realizado pelos tucanos foi um verdadeiro fiasco. Em plena sexta-feira, não compareceu nem metade da bancada de deputados federais. Tampouco os senadores.


25 DE ABRIL

Portugal comemora neste sábado os 41 anos da Revolução dos Cravos, que libertou o país da ditadura salazarista. Desde então, os portugueses deixaram de ser motivo de piadas.


FUSÃO PTB-DEM


O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) nega que o governo venha tentando melar a fusão do PTB-DEM. Ele, no entanto, é contra a união porque acredita que seu partido pode crescer com a crise do PT.


PENSANDO BEM...

...ao devolver Henrique Pizzolato, a Itália deveria colar na testa do mensaleiro um bilhete para o PT: “toma, que o filho é teu!”


25 de abril de 2015

CONTO DO VIGÁRIO: A CULPA É DO EBOLA, DA DENGUE: E EU NÃO SABIA DE NADA DO PETROLÃO

Voltou a moda a satanização de doenças e bichinhos. Conheço pelo menos dez pessoas que contraíram dengue, nos últimos dois meses, em São Paulo. A culpa é do mosquito da dengue, o novo satã.
A culpa não é obviamente do mosquito: é dos governos cuja infraestrutura e saneamento deram condições a que o mosquito se proliferasse.

Esse mesmo filme era “passado” nos cinemas midiáticos da Inglaterra do começo do século 19. Vou colocar alguns números: na Inglaterra daquela época, no início da Revolução Industrial, trabalhava-se16 horas por dia. A média de habitação era de 26 pessoas por casa. Em 1821 um trabalhador lograva 16 shillings por semana, dez anos depois eram apenas 6 shillings. A esperança de vida era inferior a 40 anos.

As condições de saúde e infraestrutura eram abjetas. Veio a tuberculose em massa. O Times londrino satanizava em suas manchetes o Bacilo de Koch: ele era o monstro a gerar tudo aquilo. O Timeslondrino tirava a culpa da falta de condições sociais dadas aos migrantes do campo e metia a culpa no pobre bacilo.
O que estão fazendo com o mosquito da Dengue é o mesmo. Ele é o culpado e ponto final: nada de discutir a torpe estrutura sanitária das grandes cidades…


Na África as coisas não tem sido diferentes. A culpa pelo miserê generalizado foi deslocada para o Ebola.
Governantes, ali, mantem-se no poder alimentando o velho babalaô místico-mágico africano. Tio Freud já havia alertado para isso em seu Totem e Tabu: o barato que o feiticeiro dá a sua clientela não é diferente do folguedo infantil.
Crianças inventam jogos que simulam o mundão, e seus personagens, para terem, no folguedo, o protagonismo, o controle da situação. Bruxos simulam o mesmo em seus encantos: dão de barato a ideia de que uma macumbinha nos dará o poder de protagonismo sobre aquilo que nos parece incontrolável: e isso Freud chama de “totalitarismo do pensamento mágico”.

O ebola sobrevive na África porque interessa manter o povão engessado nesse psiquismo macumbeiro. No século 16 Descartes já havia destruído a ideia de que objetos têm alma ( anima mundi). De nada adiantou. O babalaô da varinha de condão ainda grassa solto.
Um aluno me informa que uma vidente sua vizinha já está benzendo contra a dengue. Cuma?


Vamos colocar em perspectiva: o cérebro humano contém aproximadamente dez bilhões de neurônios, cada um fazendo milhares de conexões. Cada neurônio age como o sistema binário de um computador, ligando e desligando. 
E dessa forma nossos pensamentos, emoções e decisões são transmitidos à vasta rede que somos nós. Neurônios são ligados por aqueles rabinhos, os axônios, que não se tocam. Os sinais passam de axônio para neurônio numa vala de sinapses, no espaço de um milésimo de segundo. 
Esse impulso tem carga elétrica de 120 milivolts. Se há telepatia, como passar uma informação à outra sem que haja esse complexo de toques, voltagens, axônios?
Como benzer contra o Ebola, Dengue ou o diabo?


O cérebro produz ondas, medidas em ciclos por segundo, ou hertz (Hz). Cérebro relaxado ou em descanso produz um ritmo alfa, entre 8 e 14 hertz. Ritmos beta, que predominam durante o trabalho ou o caminhar, por exemplo, se dão entre 13 e 30 hertz. Durante o sono, produzimos ondas delta, que oscilam entre 1 e 4 hertz. 

Os ritmos chamados theta, produzidos no transe ou sono profundo, estão entre 4 e 7 hertz. Mestres zen e iogues dizem que podem mudar voluntariamente as ondas de seus cérebros e se curarem.
Século 21 e ainda caímos no conto da benzedeira e da satanização dos bichinhos.
Da mesma forma que caímos no conto do vigário de que 6 bilhões foram desviados da Petrobas sem que Dilma e Lula soubessem de nada…

Da mesma forma que a Igreja jamais soube da pedofilia que corria solta…
E quem chegar por ultimo nessas respostas, é mulher do padre…

25 de abril de 2015
Claudio Tognolli

A PURGAÇÃO DA PETROBRAS

Um golpe de lanceta pode trazer alívio - e foi esse o primeiro efeito da publicação dos balanços da Petrobrás. 
O reconhecimento de um prejuízo de R$ 21,58 bilhões em 2014 veio associado à corrupção e a gravíssimos erros administrativos. 
Todas as grandes petrolíferas do mundo, menos uma, fecharam as contas do ano passado com lucro. O caso da estatal brasileira, um escândalo internacional, tem relação apenas indireta com as condições do mercado e dos negócios no setor de hidrocarbonetos. 
O cálculo das perdas sintetiza, pelo menos parcialmente, os efeitos de uma ocupação desastrosa da máquina pública, orientada por uma confusão indisfarçável entre partido, governo e Estado.

A tardia divulgação dos balanços auditados - o do terceiro trimestre saiu com cinco meses de atraso - valeu como purgação, como início de uma penitência e como promessa de autocorreção. 
Com isso a empresa afastou o risco de uma antecipação de cobranças. Se isso ocorresse, o Tesouro teria provavelmente de socorrê-la e a nota de crédito soberano poderia ser novamente rebaixada.

Os problemas da Petrobrás, a maior estatal brasileira, ultrapassam amplamente os limites da companhia. Suas consequências envolvem - e poderiam envolver de modo mais danoso - o governo e a economia nacional. Neste caso, envolvem também, de forma retrospectiva, o governo petista e os interesses políticos e partidários do grupo instalado no poder a partir de 2003.

Ao apresentar as contas do ano passado, os dirigentes da empresa dividiram as perdas em duas grandes categorias. Os danos atribuídos à corrupção foram avaliados em R$ 6,19 bilhões. A depreciação de ativos - uma redução de R$ 44,64 bilhões - foi vinculada a outras causas, na maior parte de natureza administrativa. 
Nesse grupo se inclui, por exemplo, a reavaliação dos projetos da Refinaria Abreu e Lima, de Pernambuco, e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). 
A baixa anunciada superou estimativas do mercado, em torno de R$ 30 bilhões.

Há mais de um argumento para justificar a separação das perdas em duas categorias. 
Por exemplo: os valores incluídos na primeira estão claramente vinculados a regras penais. Além disso, esses valores foram estimados quase integralmente com base em números apurados na Operação Lava Jato. Para determiná-los, aplicou-se uma taxa de 3% a contratos assinados entre 2004 e abril de 2012. Ao resultado (R$ 5,99 bilhões), foram acrescentados R$ 150 milhões de pagamentos indevidos feitos a empresas fora da investigação da Lava Jato.

Pode-se alegar uma certa objetividade para justificar a segregação desses valores sob a rubrica da corrupção. Mas essa divisão é quase burocrática. 
Afinal, a multiplicação por oito dos custos estimados para a Refinaria Abreu e Lima terá resultado, mesmo, somente de erros administrativos? E como qualificar as decisões sobre localização de instalações caríssimas ou o controle, por interesses políticos, dos preços de combustíveis? 
Afinal, todas essas iniciativas comprometeram recursos equivalentes a muitos bilhões, para fins partidários e eleitorais - para objetivos privados, portanto.

Pode haver, legalmente, alguma diferença entre meter a mão no dinheiro, para embolsá-lo ou distribuí-lo, e usar recursos do Tesouro ou de uma empresa estatal para fins particulares. Os partidos, convém sempre lembrar, são entidades privadas. Mas essa possível diferença legal de nenhum modo implica a negação do fato político, o uso de bens públicos para objetivos partidários ou pessoais.

Às decisões desastrosas sobre investimentos, sobre a parceria com a PDVSA, sobre a compra da Refinaria de Pasadena e sobre a contenção de preços dos combustíveis é preciso acrescentar, naturalmente, o aparelhamento e o loteamento de postos administrativos. Ações como essas, nos últimos 12 anos, envolveram muito mais do que a Petrobrás e afetaram tanto a administração pública direta como a indireta. Pode ter começado a reconstrução da Petrobrás, com a publicação dos balanços, e essa é uma boa notícia. Mas a reconstrução necessária é muito mais ampla e dessa nem se começou a falar.


25 de abril de 2015
Estadão

TRIÂNGULO DA MORTE

O encantado balanço da Petrobrás desencantou, confirmando, agora em números, qual o primeiro e maior problema da principal companhia brasileira: a ingerência política. Foi ela, a ingerência política, que fechou o triângulo mortal da corrupção, do péssimo gerenciamento e do represamento artificial das tarifas. Deu no que deu.

Essa conjunção maldita acabou com a saúde e com a imagem da Petrobrás no País e no mundo, mas o pior é que não foi uma exclusividade da Petrobrás, mas sim a marca dos anos do PT, particularmente dos anos Lula, nos órgãos públicos e nas estatais. Aparentemente, nada escapa.

Foi por interesses políticos que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de sua posse, em janeiro de 2003, nomeou sindicalistas alinhados ao PT para a presidência da Petrobrás e para as diretoriais do Banco do Brasil, por exemplo, e fatiou os principais cargos da petroleira entre "companheiros" petistas e "operadores" dos partidos aliados. Só podia descambar para esse descalabro.

O resultado mais gritante no balanço anunciado na noite de quarta-feira é o das perdas de R$ 6,2 bilhões por causa da corrupção e, apesar de nada módico, esse total é visto com muita desconfiança por especialistas. 

Há quem imagine que a sangria foi ainda maior. Se você nomeia um diretor para abastecer as contas do PT e bolsos de petistas, outro para rechear as contas do PMDB e carteiras de pemedebistas, um terceiro para engordar as contas do PP e o patrimônio de pepistas, deveria saber o que estava fazendo. Tudo isso se embolou com o velho cartel de empreiteiras e com os doleiros de sempre e a consequência é: corrupção.

Mas há dois outros resultados irritantes no balanço apresentado pelo novo presidente da companhia, Aldemir Bendine. O segundo é o mau gerenciamento da empresa, o que não chega a ser surpreendente quando sindicalistas e apadrinhados se dão ao luxo de definir os investimentos da nossa Petrobrás para atender os interesses do Palácio do Planalto. É assim que surgem obras muito caras - e de potencial duvidoso - em Estados governados por amigos do rei. Sobressaem-se aí pomposas refinarias, agora abandonadas.

O terceiro resultado é o efeito corrosivo do represamento político dos preços da gasolina para postos e consumidor. 
Lula segurou para não arranhar a sua já imensa popularidade. Deu tão certo que ele continuou segurando para se reeleger, para eleger Dilma da primeira vez, para reeleger Dilma em 2014. O efeito foi ótimo para eles e péssimo para a Petrobrás.

Mais cedo ou mais tarde, essa conta chega para o consumidor/eleitor. E está chegando da forma mais perversa. Antes, o petróleo estava caro lá fora e a gasolina era barata aqui dentro. 
Agora, o petróleo está barato lá fora e a gasolina vai ficar mais cara aqui dentro. Senão, a conta não fecha, a credibilidade não volta, a "nova Petrobrás" anunciada em Nova York pelo ministro Joaquim Levy nunca vai aparecer.

Até lá, a "velha Petrobrás" é o grande "case" dos dois governos Lula. Quem descrever todas as nomeações políticas, o gerenciamento político e a administração política de preços da Petrobrás vai conseguir contar como foram os anos do PT nas estatais brasileiras. 
Sem esquecer de contar o final da história: nas campanhas, o PT atribuiu aos adversários a intenção de privatizar a Petrobrás, mas é o próprio governo do PT que vai sair vendendo tudo o que puder da petroleira para diminuir o prejuízo. Vão ter de vender muito, porque a Petrobrás é a empresa mais endividada do mundo.

Detalhe constrangedor: foi justamente a ministra de Minas e Energia, depois chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás do pior e mais obscuro período da Petrobrás que acabou sendo eleita para suceder Lula - e ainda foi reeleita. 
Só para completar, a sua grande marca era a de... gerentona.

25 de abril de 2015
Eliane Cantanhede

PMDB x PMDB



(Globo) Aprovado a toque de caixa na Câmara, o projeto que amplia a terceirização para todas as atividades nas empresas se tornou motivo de disputa entre o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Depois de Renan criticar o texto e dizer que o Senado não tem pressa em votá-lo, Cunha, que apoia o projeto, reagiu afirmando que a Câmara dará tratamento igual a matérias de interesse do Senado.

– O que vamos fazer é sentar em cima das coisas deles também. Também teremos discussão de muitos projetos que não teve discussão no Senado – disse Eduardo Cunha ao GLOBO. Nessa quarta-feira, com uma manobra regimental comandada por Cunha, a Câmara garantiu a aprovação de emenda que amplia a terceirização para atividades-fim nas empresas e derrubou destaque do PT, que limitava a terceirização às atividades-meio (limpeza, segurança e outras que não representam a função principal da empresa).

Como exemplo de projeto do Senado que pode ter sua apreciação prolongada na Câmara, Eduardo Cunha citou o da convalidação, que permite validar os incentivos fiscais concedidos no passado pelos estados no âmbito da guerra fiscal. A medida foi aprovada no início deste mês pelos senadores e, na prática, acaba com a unanimidade das decisões do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), para permitir aprovar a validação dos incentivos no Confaz mesmo com a oposição de alguns estados, como São Paulo e Rio.

Renan Calheiros afirmou, nesta quinta-feira, que a terceirização de atividades-fim é uma “pedalada” no direito do trabalhador. Como a palavra final sobre o assunto será dos deputados, já que a proposta volta para aquela Casa se forem feitas alterações no texto, Renan afirmou que o Senado não tem pressa para votar esse projeto e lembrou que a tramitação na Câmara durou 12 anos.

— Essa matéria começou a tramitar na Câmara, ela vai ser concluída na Câmara. É por isso que vamos fazer uma avaliação criteriosa, não vamos ter muita pressa porque já existem no Brasil 12 milhões de trabalhadores terceirizados. Ter pressa significa regulamentar a atividade-fim e isso é um retrocesso, é uma pedalada no direito do trabalhador — afirmou Renan.

O termo “pedalada” é uma referência à contabilidade criativa adotada no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, as chamadas pedaladas fiscais. O presidente do Senado defendeu a regulamentação dos terceirizados já existentes, e não a ampliação dessa relação trabalhista, com a permissão da terceirização das atividades-fim.

25 de abril de 2015
in coroneLeaks

ITÁLIA EXTRADITA O MENSALEIRO PIZZOLATO DIRETO PARA A PAPUDA



(Estadão) A Itália autorizou a extradição ao Brasil do ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado por envolvimento no mensalão. A decisão, antecipada pelo portal estadão.com.br, foi tomada pelo governo de Mateu Renzi e marca o fim de quase dois anos de disputa legal e tratativas políticas em relação ao brasileiro. A transferência de Pizzolato, que está em uma cadeia de Modena, poderá ocorrer já nos próximos dias e o Brasil tem 20 dias para organizar a viagem de volta ao País. 

A informação é dos representantes da Interpol na Itália. O governo em Roma, porém, ainda mantém oficialmente um silêncio sobre o assunto, já que a decisão primeiro precisa ser dada a Pizzolato e ao governo brasileiro. Em fevereiro, a instância máxima do Judiciário italiano havia revertido uma decisão do tribunal de Bolonha e havia dado o sinal verde para que Pizzolato fosse devolvido ao Brasil. A decisão na Justiça não cabe recurso, mas faltava ainda o posicionamento do Ministério da Justiça, que ainda poderia negar a extradição.  

Pela decisão da Corte, "existem condições para a extradição", numa referência à situação das prisões no Brasil, e das garantias dadas pelo governo. "Sempre confiei na Justiça italiana", afirmou Miqueli Gentiloni, advogado contratado pelo Brasil para defender o caso. Ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão. Mas, há um ano e oito meses, fugiu do País com um passaporte falso e declarou que confiava que a Justiça italiana não faria um processo político contra ele, como acusa a Justiça brasileira de ter realizado.  

Ele acabou sendo preso na cidade de Maranello e, em setembro do ano passado, a Corte de Bolonha negou sua extradição argumentando que as prisões brasileiras não têm condições de recebê-lo. Ao sair da prisão, declarou que havia fugido para "salvar sua vida". Para conseguir reverter a decisão, os advogados contratados pelo Brasil insistiram na tese de que a Itália não poderia generalizar a condição das prisões no País. 

Battisti. Os advogados de Pizzolato chegaram a usar o tema da extradição Cesare Battisti - italiano que recebeu asilo no Brasil - na argumentação e tentaram convencer a Corte que o ex-diretor do Banco do Brasil não poderia ser extraditado por conta da recusa do governo brasileiro em cooperar no caso de Battisti. O argumento não foi acatado. 
"O Brasil mostrou que não há uma reciprocidade", indicou o advogado de Pizzolato, Emmanuelle Fragasso, em fevereiro. 

O advogado Miqueli Gentiloni rejeitou o argumento da defesa. "Isso não tem nenhuma influência nesse processo", insistiu. Battisti foi condenado na Itália por terrorismo. Mas, no Brasil, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, o concedeu asilo, o que gerou fortes protestos por toda a Itália e ameaças de suspender certos acordos de cooperação. 

O Brasil conseguiu a vitória judicial graças às garantias diplomáticas dadas de que Pizzolato teria sua proteção assegurada na prisão. 
As garantias foram apresentadas pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. 
Para a defesa contratada pelo Brasil, isso "demonstra inequivocadamente não apenas que (Pizzolato) não corre perigo de tortura, mas é garantia de que receberá um tratamento melhor em respeito a dos demais presos". 

Os advogados contratados pelo Brasil indicaram ainda que Pizzolato faria parte, assim como os demais condenados no mesmo caso, de "uma categoria de presos aos quais está assegurado o total respeito da lei e de seu conforto".
Para dar provas disso, o Brasil explicou a estrutura do Complexo da Papuda, penitenciária para onde Pizzolato seria enviado, e deu garantias de que ele ficaria "isolado do resto da população carcerária".

CONDENAÇÃO DE HENRIQUE PIZZOLATO
CRIMES Corrupção passiva, peculato (desvio de dinheiro público) e lavagem de dinheiro
PENA 12 anos e 7 meses de prisão em regime fechado, mais uma multa de R$ 1,3 milhão

25 de abril de 2015
in coroneLeaks

EFEITO CASCATA DO CALOTE DE DILMA NA CONTA DE LUZ

Além de penalizar os brasileiros, são bilhões de prejuízo para Eletrobras e Petrobras.


(Folha) A redução da conta de luz promovida pelo governo Dilma prejudicou as contas da Petrobras quase tanto quanto a corrupção. A estatal foi obrigada a reconhecer no seu balanço que pode não receber R$ 4,5 bilhões devidos pelo setor elétrico. A perda --equivalente a 70% dos R$ 6,2 bilhões desviados segundo a Operação Lava Jato-- é uma das responsáveis pelo prejuízo da empresa no ano passado, o primeiro desde 1991.

Por causa da redução de receita que tiveram quando o governo cortou a tarifa de energia, as usinas termelétricas da Eletrobras que abastecem o Norte do país pararam de pagar pelo óleo e pelo gás que recebem da Petrobras. Segundo apurou a Folha, a Petrobras ainda pleiteia receber os R$ 4,5 bilhões de volta, mas teve que fazer uma provisão de perda, porque esse débito já está vencido ou não tem garantia. Petrobras e Eletrobras não deram entrevista. 

Nas notas explicativas do balanço, a Petrobras diz que está provisionando uma parte dos R$ 12,8 bilhões que tem a receber em créditos do setor elétrico --R$ 7,9 bilhões da Eletrobras, R$ 3,8 bilhões da Cigás (distribuidora de gás do Amazonas) e R$ 1,1 bilhão de produtores independentes. A Cigás, porém, informou que atua só como distribuidora do gás, que é consumido pela Eletrobras Amazonas. Para a Cigás, essa dívida também é do sistema Eletrobras. 

A dívida da Eletrobras com a Petrobras, portanto, sobe para R$ 11,7 bilhões. No fim do ano passado, a Eletrobras se comprometeu a pagar para a petroleira um valor menor, R$ 8,6 bilhões. Desse total, só R$ 6 bilhões são garantidos pelos créditos que as termelétricas recebem de uma conta custeada pelos consumidores para subsidiar fontes alternativas de energia. Os R$ 2,6 bilhões restantes foram provisionados.  A origem de todo esse problema está exatamente nesses subsídios, pagos para que os consumidores do Norte do país, que são abastecidos com energia mais cara, não sejam onerados. 

Em 2013, Dilma decidiu que esse subsídio não seria mais cobrado dos brasileiros na conta de luz, mas pago pelo Tesouro. Mas o Tesouro ficou sem recursos e interrompeu os repasses para a Eletrobras, que, por sua vez, parou de pagar à Petrobras. No fim de 2014, o governo voltou atrás, elevou as tarifas e transferiu a fatura de volta para os consumidores. Com a medida, a Petrobras espera que o pagamento se normalize neste trimestre.

25 de abril de 2015
in coroneLeaks

PMDB TORNOU-SE A MOSCA DE SUA PRÓPRIA SOPA


UM,  DOIS... UM, DOIS... UM, DOIS...


A crise do segundo mandato de Dilma deu ao PMDB uma rara sensação de utilidade pública. O PMDB agora está em todos os lugares. Toda tentativa de destruir o PMDB o coloca mais próximo do controle. 
Até quem o despreza convoca o PMDB. Um estômago, eis a imagem que melhor retrata o PMDB. Um estômago de terno e gravata, devorando cada pedaço do poder à sua volta com a flatulência de um organismo hipertrofiado.

Enquanto o PSDB decide se propõe o impeachment ou compra uma bicicleta, o PMDB faz oposição ao governo. Enquanto o PT puxa o tapete de Joaquim Levy, o PMDB estende a mão ao ministro da Fazenda. 
O PMDB assina o projeto que reduz a 20 o número de ministérios e indica ministros para as pastas cuja extinção defende. O PMDB frequenta a lista suja da Lava Jato e, estalando de pureza moral, controla a CPI da Petrobras. 
O PMDB faz e o PMDB desfaz.

Sem rivais capazes de detê-lo, o PMDB foi tomado de profundo tédio patriótico. O PMDB virou um esquizopartido. Ou, por outra, o PMDB tornou-se uma espécie de clínica terapêutica para tratar as loucuras dos peemedebistas. De repente, o PMDB passou a conspirar contra o PMDB.

Renan e Cunha açulam o condomínio governista contra Dilma. Temer rearticula a unidade da base congressual. Na Câmara, Cunha desengaveta o projeto da terceirização. No Senado, Renan promete reengavetar. Jucá triplica a verba destinada aos partidos. Dilma sanciona. E Renan, unha e cutícula com Jucá, desanca Dilma por não ter vetado o descalabro.

O PMDB autoflagela-se como um Napoleão guerreando contra si mesmo numa Waterloo imaginária. 
O PMDB tornou-se a mosca de sua própria sopa. Não demora e o PMDB sairá em passeata pelas ruas. No pelotão de frente, Renan, Cunha, Jucá e Temer marcharão atrás de uma grande faixa. Nela, estará escrito: 

“Será que nós temos que fazer tudo nessa joça?” 

O Brasil jamais será o mesmo depois desta época.

25 de abril de 2015
Josias de Souza

UM GOVERNO PARA ESQUECER

Recebi dois livros interessantes: Submissão, de Michael Houellebecq, e Ordem Mundial, de Henry Kissinger. 
Aproveito uns dias de resfriado para lê-los, mas só vou comentá-los adiante. Não sei se o resfriado turvou minhas expectativas, mas vejo o mundo caindo ao redor: empresas fechando, gente perdendo emprego e, como se não bastasse, estúpidos feriados.

Mas será que estar envolvido numa situação tão pantanosa me obriga a fazer as mesmas perguntas, tratar dos mesmos personagens, dona Dilma e seus dois amigos, Joaquim e Temer?

Nas últimas semanas deixei de perguntar apenas sobre o ajuste econômico, que nos promete uma retomada do crescimento. Começou enriquecendo os partidos e apertando as pessoas. Disso já suspeitava. Cheguei a indagar se não era possível superar o voo da galinha, achar um caminho seguro e sustentável. Constatei que lá fora também se faz a mesma pergunta, não a respeito do Brasil, mas do próprio capitalismo. O sistema tem um futuro, deságua em outra via de expansão?

Quanto à minha expectativa de um crescimento equilibrado, encontrei respostas desconcertantes. Como a do economista australiano Steve Keen, para quem o equilíbrio é uma ilusão e a economia tende a viver num desequilíbrio constante, sem jamais afundar.

Existem muitas previsões sobre o que vai acontecer mais adiante. A de Jeremy Rifkin pelo menos me agrada mais porque é a que mais se aproxima das minhas toscas expectativas. E de uma ponta de otimismo que nunca me deixa, mesmo no resfriado. Rifkin fala da internet dos objetos, da produção descentralizada de energia alternativa, das impressoras 3D e dos cursos online. Tudo pode fazer de cada um de nós um proconsumidor. Da produção em massa haveria um trânsito para a produção das massas, descentralizada e cooperativa.

Aqui acompanhei, por exemplo, a prisão de Vaccari, o tesoureiro do PT. Cheguei à conclusão de que foi motivada pela decisão do partido de mantê-lo no cargo. Quando foi depor na CPI, todas as acusações já estavam postas, incluídas as que revelam nexo entre propinas e doações. O despacho do juiz Sergio Moro fala em quebrar a continuidade dos crimes, evitando que o acusado mantenha uma posição em que, desde o caso da cooperativa dos bancários (Bancoop), desvia dinheiro para os cofres do partido.

Bastava ao PT afastá-lo enquanto durassem as investigações. Falou mais alto a fraternidade partidária. Tanto que os intérpretes oficiais diziam com orgulho que o partido não abandonaria Vaccari na estrada.

Citado por Kissinger, o cardeal Richelieu, comparando a sorte da pessoa com a de uma entidade política secular, afirma que o homem é imortal, sua salvação está no outro mundo. Já o Estado não dispõe de imortalidade, sua salvação se dá aqui ou nunca.

A maior interrogação ao ver o mundo desabando é esta: como chegaremos a 2018, com um governo exaurido, crise aguda e um abismo entre as aspirações populares e o sistema político?

A primeira pergunta é esta: com ou sem Dilma? O ministro José Eduardo Cardozo diz que a oposição é obcecada pelo impeachment. Disse isso ao defendê-la das pedaladas fiscais. 
Com a maioria dos eleitores desejando que Dilma se afaste, sempre haverá um motivo. Hoje é pedalada, amanhã é pênalti e depois de amanhã, escanteio, lateral, impedimento - enfim, é uma constante no jogo.

Os 12 anos de governo do PT foram marcados por uma extensa ocupação partidária da máquina pública. O Estado foi visto não só como o grande empregador, mas também como o espaço onde os talentos individuais iriam florescer.

Ao lado disso se construiu também a expectativa de que grande parte dos problemas dependia da interferência estatal. Da Bolsa Família aos empréstimos do BNDES, do patrocínio às artes à salvação do Haiti, da construção de uma imprensa "alternativa" ao soerguimento econômico de Cuba - tudo conduzido pelo Estado.

Com a ruína desse modelo, a oposição popular ao governo tem a corrupção como alvo, mas revela também uma profunda desconfiança do papel econômico do Estado, a ponto de alguns analistas a verem como réplica do movimento Tea Party, uma ala radical do Partido Republicano nos EUA. 
Se olhamos um pouco mais longe, para o colapso do socialismo, vamos encontrar algo mais parecido com a realidade nacional. Foi muito bem expresso por um ministro húngaro na aurora da reconstrução pela via capitalista: no passado havia uns fanáticos que diziam que o Estado resolve tudo, agora aparecem outros dizendo que o mercado resolve tudo.

Além da corrupção, sobrevive ainda uma expectativa num Estado bálsamo, que cura todas as dores, resolve todos os problemas, traz de volta as pessoas amadas. É compreensível que surja uma resistência apontando para um Estado mínimo e que as esperanças se reagrupem em torno do mercado.

O que resultará disso tudo ainda é muito nebuloso. Tenho consciência de escrever sentado numa cadeira ejetável. Mas, e daí? Quando você mostra que a experiência do governo petista se esgotou, muitos protestam. Com que ideias vão dinamizar a nova fase? Com que grana vão inventar um novo ciclo de bondades balsâmicas?

Se Dilma sobrevive como um fósforo frio, isso é só um problema imediato. É hora de começar a desvendar o futuro. Não tenho dúvida de que todos os exageros, os erros patéticos, a arrogância, a desmesura, tudo será cobrado até que se restabeleça um certo equilíbrio.

Viveremos o teatro fúnebre de um governo que não é mais governo, de uma esquerda oficial petrificada, de jornalistas de estimação analisando minúsculos movimentos mentais de um poder lobotomizado. 
Como diz um personagem de Beckett, acabou, acabamos. Resta ao governo sonhar com um domingo ideal em que, finalmente, voltadas para suas atividades normais, as pessoas o esqueçam. Imagino a discreta festa palaciana: mais um domingo, ninguém se lembrou de nós, viva!


25 de abril de 2015
Fernando Gabeira

SAUDADES DE WALDOMIRO

Por onde anda Waldomiro Diniz, braço-direito do Zé Dirceu na Casa Civil e o anjo anunciador do mensalão, flagrado em vídeo pedindo a Carlinhos Cachoeira propina para o PT — e 1% para ele mesmo? 

O flagrante está comemorando dez anos, os mensaleiros já foram julgados e condenados, mas nunca mais se ouviu falar do histórico Waldomiro. 
Não escreve, não telefona, não manda WhatsApp, estamos com saudades. Até seu chefe já puxou cadeia, mas ele continua livre, leve e solto. 
Que borogodó tem Waldomiro? O que ele sabe que não sabemos?

Saudades de Fernando Cavendish e sua pequena Delta, dos Vedoin, da máfia das ambulâncias, dos sanguessugas, desses ladrõezinhos dos tempos pré-petrolão, que disputavam trocados enquanto os profissionais armavam e operavam na Petrobras uma máquina monstruosa de corrupção e um projeto de manutenção do poder que nem canalhas megalomaníacos ousariam imaginar.

A crise das empreiteiras brasileiras fez surgir um peculiar nacionalismo petista: é melhor sermos roubados por compatriotas do que pagar a estrangeiros por serviços (bem) prestados.

Toda vez que Dilma diz que os malfeitos de alguns indivíduos são fatos isolados na devastação da Petrobras, debocha da inteligência alheia, fingindo que não sabe que o petrolão não tinha só ladrões vocacionais, que roubariam em qualquer governo, para qualquer partido e, principalmente, para eles mesmos, mas eram parte de uma organização criminosa formada por empreiteiras, partidos, funcionários e políticos, para saquear a empresa e os seus acionistas — o povo brasileiro — e sustentar um projeto de poder que desmoraliza a democracia e as instituições.

Se fossem só “alguns individuos”, seriam uns Waldomiros, estariam soltos por aí, ninguém repararia. 
Mas em dez anos a arguta Dilma nunca desconfiou de nada, de como eram feitas as nomeações para diretorias, como funcionavam as concorrências e os aditivos contratuais. Como quem nunca tivesse comido melado, se lambuzava no óleo do pré-sal.

Dos 1% de Waldomiro aos 260 milhões de dólares de Pedro Barusco e Renato Duque, se passaram dez anos
Crescemos muito, mas para baixo.


25 de abril de 2015
Nelson Motta