"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

UM POUQUINHO DE CADA LUGAR


Neste site você encontra relatos de "Um Pouquinho de Cada Lugar", visitados por Joaquim Nery Filho, um viajante brasileiro, geógrafo, Agente de Viagens, Diretor da Agência Via Alegria e apaixonado por fotografia.


A cidade de Granada fica no coração da Andaluzia. Foi a primeira cidade da Espanha ocupada pelos mouros, ainda no século VIII e assim permaneceu até o século XV (1492), quando foi conquistada pelos reis católicos.

CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIÁ-LAS





A ENCANTADORA CIDADE DE GRANADA


Granada foi um centro de cultura importante durante a ocupação moura. A convivência de muçulmanos, católicos e judeus, impulsionaram a cidade, onde artesãos, mercadores, cientistas e eruditos se misturavam com facilidade. Essa característica deixou para Granada um legado cultural e arquitetônico espetacular.





IGREJA DE SANTA ANA NO BAIRRO DE ALBAICÍN


No bairro de Albaicín é onde mais se sente a influência moura em Granada. A maioria das igrejas, ocupam hoje o lugar que no passado foi das mesquitas.





RUA NO CENTRO DE GRANADA COBERTA POR TOLDOS


No verão a cidade, como toda a Andaluzia é muito quente. Nas ruas estreitas do centro são colocados toldos para amenizar os efeitos do calor.





PATIO DE ARRAYANES NO CENTRO DO PALÁCIO DE ALHAMBRA


O maior tesouro de Granada é o Palácio de Alhambra, um dos mais impressionantes monumentos mouros da Europa. Em Alhambra, a magia da arquitetura mourisca mistura luz, água e decoração sofisticada.





PALÁCIO DEL PARTAL


No centro do Palácio de Alhambra fica o Palácio del Partal, o edifício mais antigo do complexo arquitetônico.


O Palácio foi construído pela dinastia násrida que governou Granada. Alhambra usou materiais baratos, mais ricamente trabalhados pelos artesãos mouros.





TRABALHO SOFISTICADO NA DECORAÇÃO DO PALÁCIO DE ALHAMBRA






SALA DE LOS ABENCERRAJES – O PADRÃO GEOMÉTRICO DO TETO FOI INSPIRADO NO TEOREMA DE PITÁGORAS





PÁTIO DOS LEÕES - ALHAMBRA


Uma das áreas de destaque de Alhambra é o “Pátio de los Leones”, um pátio cercado por 124 colunas e no centro aparece a fonte que se apóia em 12 leões de mármore.





DETALHES DOS LEÕES DE ALHAMBRA


A norte do Castelo de Alhambra aparece o Generalife, um castelo menor com belíssimos jardins e muitos canais. O Generalife foi a propriedade de campo dos reis náridas. O nomne significa “O Jardim do Paraíso Elevado” e traduz bem a beleza do local.




PÁTIO DE LA ACEQUIA NO GENERALIFE – JATOS DE ÁGUA ENFEITAM A LONGA PISCINA


30 de abril de 2015
Joaquim Nery

RECUERDOS DE LA ALHAMBRA

RENAN DIZ QUE A PIOR CARACTERÍSTICA DO PT É O APARELHAMENTO



Renan bate cada vez mais pesado no PT e no governo

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), bateu firme no PT ao comentar sua proposta de construção de um pacto em defesa do emprego.

Renan disse que pretende debater sugestões para levar à presidente, inclusive com uma sessão temática a se realizar na próxima terça-feira.
“O governo não tem agenda, não tem iniciativa, há um vazio evidente que fragiliza o governo”, disparou ele, reforçando que refere-se aos três poderes, e não apenas ao Executivo.

Renan subiu o tom crítico ao comentar a articulação política, agora a cabo do vice-presidente Michel Temer. Em tom sugestivo, o presidente do Senado mandou recado sem poupar o partido da presidente.

“O PMDB não pode transformar a coordenação política em uma coordenação de RH, para distribuir cargos e boquinhas”, disse Renan. “PMDB não pode substituir o PT naquilo que o PT tem de pior que é o aparelhamento”, acrescentou ele.

30 de abril de 2015
Deu no iG Notícias

O HUMOR DO ALPINO...





30 de abril de 2015

CUNHA QUER MUDAR MODO DE INDICAÇÃO DE MINISTROS DO STF

 

Eduardo Cunha - Dida Sampaio/ Estadão
Cunha mostra que é independente e tem topete

Por determinação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Casa voltou a discutir uma proposta de emenda à Constituição que define mandato de 11 anos para ministros do Supremo Tribunal Federal, além de retirar do presidente da República a exclusividade na indicação dos ministros da Corte. Sem alarde, Cunha instalou no início de abril uma comissão especial para retomar a discussão do tema parado há 14 anos na Casa e determinou celeridade na conclusão dos trabalhos.

A Constituição de 1988 definiu que os ministros podem ingressar na Corte com 35 anos e ficar até os 70, ou seja, por mais de três décadas. Além disso, concedeu ao presidente da República a atribuição exclusiva de indicar os magistrados do tribunal, seguindo o modelo americano. A Câmara vai discutir alterar esses dois pontos. Deputados consideram que 35 anos é muito tempo para um ministro ficar no cargo e a indicação de até quatro nomes para o Supremo deve ser feita pela Câmara e pelo Senado, dois para cada. A proposta precisa passar pelo plenário da Câmara e Senado.

O presidente da comissão especial instalada por Eduardo Cunha, deputado Arthur Maia (SD-BA), afirmou ao Estado que recebeu do peemedebista a recomendação para agilizar a discussão sobre uma proposta única sobre o tema – sete estão em discussão – e sua votação.

PRAZO MENOR
“O Eduardo Cunha me pediu, como presidente, para que nós não utilizássemos as 40 sessões que temos como prazo regimental para discutir e votar a proposta. Ele gostaria muito que isso fosse feito num prazo menor. Eu vou buscar atendê-lo trabalhando o mais rapidamente possível”, afirmou Arthur Maia. E complementou: “Ele acha que é um tema que precisa ter uma definição rápida”, disse o deputado.

Nesse sentido, Arthur Maia agendou reunião hoje, antevéspera do feriado do Dia do Trabalho, quando o Congresso costuma estar esvaziado. “Antecipei a reunião para montarmos o nosso plano de trabalho que espero que não seja muito longo para a gente poder concluir isso com mais rapidez possível.”


AINDA SEM OPINIÃO
Procurado pela reportagem, Eduardo Cunha disse que pautou a discussão porque “vários deputados pediram”, mas que “não tem ainda opinião” a respeito do assunto. O deputado instalou a comissão especial no mesmo dia em que a “proposta mãe” foi desarquivada.

Segundo interlocutores, ele teria criado a comissão especial para cumprir acordo que garantiu a votação da chamada PEC da Bengala no plenário da Câmara. A proposta aumenta de 70 para 75 anos a idade para a aposentadoria compulsória dos ministros do Supremo.

30 de abril de 2015
Andreza Matais
Estadão

A CRISE MORAL


Foto: Iconografia Casa de Rui Barbosa
 

"Todas as crises, portanto, que pelo Brasil estão passando, e que dia-a-dia sentimos crescer aceleradamente, a crise política, a crise econômica, a crise financeira, não vêm a ser mais do que sintomas, exteriorizações parciais, manifestações reveladoras de um estado mais profundo, uma suprema crise: a crise moral."

Rui Barbosa é o Cara...
19 de abril de 2015

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Subidinha de meio por cento nos juros beneficia rentistas, mas arrasa com empresários e ferra com Dilma


Deve ser menor que zero a sensibilidade rentista da ortodoxa equipe econômica, diante da maior crise moral e econômica que o Brasil vive, com o Fundo Monetário Internacional constatando que o à[is enfrenta o pior ciclo em mais de 20 anos. Subir os juros básicos para 13,25%, como fez ontem o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil, é uma pancada na cabeça dos empresários que produzem e trabalham. Também é uma porrada nas contas do desgoverno, cuja trilonária dívida pública cresce ainda mais com a inoportuna subidinha da usura. Só os banqueiros, com lucros cada vez mais recordes, amaram a medida...

A Taxa Selic chega ao patamar de 2008 - quando o Brasil passou por aquela "marolinha" (surfada por Luiz Inácio Lula da Silva). A diferença é que, agora, o Brasil está em evidente recessão. Não cresce, seu custo fica mais caro e o modelo estatal capimunista mais ineficiente, perdulário e corrupto que nunca. Se a coisa está ruim, ainda pode piorar. O BC do B sinaliza mais aperto monetário em futuro próximo. A decisão do Copom de subir os juros em meio ponto percentual foi unânime - dando razão àquela máxima do imortal Nelson Rodrigues, de que a unanimidade pode mesmo ser burra...

A quinta alta seguida da Selic é um chute na cabeça dos brasileiros - que já custeiam os juros mais altos do planeta Terra. O comunicado oficial do BC do B é uma tragédia anunciada para quem comete a temeridade de produzir, trabalhar e empreender no Brasil: “avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual para 13,25% ao ano sem viés”.

Com a economia patinando, a coisa fica mais feia para a desgastadíssima Dilma Rousseff, que não tem mais condições morais e quase nenhuma sustentação política para presidir o Brasil de forma "pessoalmente soberana" (se é que isto já foi possível algum dia...). A derrocada econômica é a cavadinha na sepultura de Dilma...

EB fora da Petrobras

O Exército está mesmo "prestigiado" no desgoverno Dilma: perdeu ontem o posto que tradicionalmente ocupava no Conselho de Administração da Petrobras.

Nelson Carvalho, professor da USP especializado em contabilidade e auditoria, Segen Estefen, da Coppe/UFRJ, e Roberto da Cunha Castello Branco, ex-diretor de Relações com Investidores da Vale e hoje na Fundação Getulio Vargas (FGV) fazem parte do novo Conselhão da companhia.

Também foram aprovados os outros quatro nomes já antecipados pela União: Murilo Ferreira, presidente da Vale, e que vai presidir o Conselho de Administração, Luciano Coutinho, presidente do BNDES - conselheiro desde 2007 -, Aldemir Bendine, presidente da Petrobras, e Luis Navarro, da Veirano Advogados.

Outra pequena derrota

O Bradesco Asset Management, que recebia o apoio da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, também saiu derrotado na disputa pela indicação de conselheiros.

O representante dos minoritários (donos de ações preferenciais) será Guilherme Affonso Ferreira, que era indicado da Amec (Associação de Investidores no Mercado de Capitais).

A Amec também emplacou Walter Mendes de Oliveira Filho como representante dos minoritários donos de ações ordinárias.

O representante dos empregados da Petrobras no Conselhão será Deyvid Bacelar.

Let it go...

Do Sérgio Moro, a amigos, lamentando a decisão do STF de libertar a turma do Clube de Empreiteiras da Lava Jato:

"Sim, uma decepção, mas não inesperada. Seguiremos em frente".

O juiz da 13a Vara tem toda razão: tem muito jogo ainda para se jogar...

Pela troca de presos


Briga de vizinhos

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a decisão do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de instalar uma comissão para estudar mudanças na corte.

Cunha sugeriu instituir um mandato de 11 anos para ministros do STF - em vez da atual permanência no cargo até 70 anos de idade.

Também gostaria de mudar a forma de indicação dos integrantes do tribunal, que hoje são escolhidos pelo presidente da República.

Como Cunha e Marco Aurélio moram no mesmo condomínio de luxo na Barra da Tijuca, tomara que o conflito de ideias não acabe em uma briga de vizinhos no Golden Green...

Desabafo sincero


Tudo pela liberdade


Os paralisados


Saindo da reta

 
 
30 de abril de 2015
 Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

SE DEPENDESSE DE ITAMAR FRANCO, FHC NÃO TERIA SIDO PRESIDENTE




A última grande entrevista do ex-presidente Itamar Franco foi concedida ao jornalista Mauro Santayana e foi publicada no Jornal do Brasil em 6 de junho de 2010, sob o título é “Itamar Franco — O poder de um homem ético”.  Itamar foi um grande presidente da República e o criador do Plano Real, que salvou nossa economia da crise que estava instalada quando ele recebeu o governo após o impeachment do presidente Fernando Collor. Simples, honesto, eficiente, sua memória deve ser incensada pelos bons brasileiros. Itamar precisa ser sempre lembrado, porque ele é um capítulo bonito da História do Brasil. 
Mas quem tem mais autoridade para falar do presidente Itamar é o jornalista Mauro Santayana, que para gáudio nosso, é um dos escritores titulares desta Tribuna da Internet. Vale a pena reler a entrevista.
###
ITAMAR FRANCO – O PODER DE UM HOMEM ÉTICO
Mauro Santayana
Quando assumiu a Presidência da República, durante o afastamento compulsório do titular, Fernando Collor – que seria definitivo meses depois, com o impeachment – Itamar Franco surpreendeu as elites, representadas pelos principais veículos de comunicação do país. Seu ministério foi tachado de “governo de compadres”, e “República do Pão de Queijo”. A resposta de Itamar foi uma pergunta, quase inocente: “As pessoas simples não podem governar?”. Meses depois, o senador Antonio Carlos Magalhães pediu-lhe uma audiência. Queria fazer “graves revelações” contra Jutahy Magalhães Júnior, seu ex-aliado e então desafeto na Bahia, que ocupava o cargo de ministro de Bem-estar Social. Ao ser introduzido no gabinete, na hora marcada, Antonio Carlos encontrou todos os jornalistas credenciados no Planalto, com seus fotógrafos e as câmeras de televisão. Diante do espanto e constrangimento do senador, Itamar explicou: “Como o senhor me disse que faria uma denúncia, achei conveniente que a fizesse à nação inteira. O senhor pode apresentá-la diretamente aos jornalistas”.
Antonio Carlos engoliu em seco. Seu “dossiê” era constituído de recortes de jornais, que nada provavam contra Jutahy. Ao minimizar a importância do episódio, que alguns atribuíram à sua astúcia de mineiro, Itamar confessou, modesto: “Eu, astuto? Eu sou até meio bobo”.
A República do Pão de Queijo pode ter sido, para o desdém de seus críticos, a república do pão, pão; queijo, queijo; orientada pelo pensamento óbvio, pelo senso comum. Mas é provável que Itamar tenha sido realmente ingênuo, ao deslumbrar-se pela retórica professoral do sociólogo Fernando Henrique Cardoso e fazer dele seu sucessor. Itamar relembra o episódio:
“O nome de Fernando Henrique surgiu por exclusão. Diante da pressão dos fatos, que me levaram a aceitar a demissão do ministro Eliseu Resende, desloquei Fernando Henrique do ministério de Relações Exteriores e o nomeei para a Fazenda. A partir de então, seu protagonismo foi natural. Mas, naquele momento, eu pensava, e pensava firmemente, em dar a José Aparecido de Oliveira visibilidade que o credenciasse à sucessão. Aparecido – tal como hoje ocorre ao presidente Lula – se revelara excepcional diplomata, à frente de nossa embaixada em Lisboa. Coube-lhe articular, com grande sacrifício pessoal, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Teve que vencer a resistência de certos setores lusitanos, que não queriam dividir, com o Brasil, a influência sobre as suas antigas colônias. Com o apoio de Mário Soares, Aparecido partiu para a segunda etapa: a de convencer os novos países que podiam confiar na CPLP, porque a presença brasileira neutralizava a suspeita, natural, de que a instituição viesse a ser instrumento de novo colonialismo. Foi assim que, sem linhas aéreas regulares, que lhe possibilitassem as viagens sucessivas e rápidas pelo continente africano, Aparecido teve que se deslocar de um país para outro em aviões monomotores. O Brasil deve também ao Aparecido a oportunidade de hoje estar presente na Ásia: ele nos revelou a existência de Timor-Leste e incluiu essa realidade em nossa política externa. Eu não tive dúvida em convidá-lo para ocupar a Secretaria de Estado. Os elitistas do Itamaraty se levantaram contra a indicação, mas eu não recuaria. Quem recuou foi o próprio Aparecido, e com razões ponderáveis: estava enfermo, sujeito a uma cirurgia arriscada e, com sua sensibilidade, entendeu que não teria condições para ocupar o cargo. Foi então que – e mais uma vez eu lhe louvo a perspicácia diplomática – ele me sugeriu o nome do embaixador Celso Amorim. Acatei, com prazer, a sugestão. Em primeiro lugar porque, não podendo contar com Aparecido, era mais razoável que me valesse de um quadro do Itamaraty, para servir-me no curto mandato que me restava. Além da recomendação de Aparecido, tive outras referências que confortaram a minha escolha. Quanto à sucessão, o nome de Aparecido se tornou inviável pela enfermidade. Optei então pelo jornalista Antonio Brito, que se destacara como ministro da Previdência e estava à frente das pesquisas. Brito declinou: era muito jovem, e preferia governar o Rio Grande do Sul. Fernando Henrique era a terceira opção”.
LULA E A POLÍTICA EXTERNA

Já que falamos em diplomacia – e Itamar foi embaixador em Portugal, na OEA e na Itália – conversamos algum tempo sobre a política externa de Lula. Itamar sorri: ele se sente parceiro de seus êxitos, uma vez que lhe coube levar Amorim para a chancelaria. O ex-presidente disse que Lula o afagou politicamente ao indicar Amorim para chefiar o Itamaraty:
“Senti-me homenageado quando, na presença do embaixador Amorim, em uma recepção na Embaixada do Brasil no Vaticano, o presidente Lula me disse que o havia convocado para a chefia do Itamaraty por ele ter sido meu chanceler. É claro que Lula me fazia um afago político, e que a razão da escolha não fora só a nomeação de Amorim pelo meu governo, mas, de qualquer forma, eu dera ao diplomata de Santos a chance de revelar-se como um dos mais importantes negociadores internacionais de nosso tempo. Só tenho a lamentar que Amorim tenha ido a Juiz de Fora participar de um comício em favor da candidatura de Nilmário Miranda, do PT, com Lula, e ao lado de Newton Cardoso, contra a reeleição de Aécio. Um ministro de Relações Exteriores não deveria intervir em disputa regional, e muito menos na cidade natal de quem nele confiara a execução da política externa brasileira. Magalhães Pinto, que era político, nunca fez isso. Esse episódio, que me entristeceu profundamente, não diminui a admiração pelo grande diplomata que ele é”.
Comento com Itamar curiosa circunstância histórica. Celso Amorim é de Santos, e em Santos nasceram dois dos mais importantes diplomatas brasileiros, decisivos em momentos cruciais da nacionalidade. O primeiro foi Alexandre de Gusmão, que deu ao Brasil os seus limites continentais, com o Tratado de Madri, de 1750, em que se reconheceu o princípio do utis possidetis que legitima a posse de fato. O segundo foi José Bonifácio de Andrada, o primeiro ministro de Relações Exteriores do Brasil.
REPARO A AMORIM
Continuando na política externa, Itamar faz pequeno reparo a Celso Amorim:
“O ministro disse que, para não ter direito a um voto independente, é melhor não fazer parte do Conselho de Segurança da ONU. No meu entendimento, trata-se de falsa questão. A nação que faz parte do Conselho tem a liberdade de votar como quiser, de acordo com seus princípios e interesses e em favor da paz mundial. O que deve ser contestado é o ainda poder de veto exclusivo aos cinco países que são membros permanentes do órgão. O Brasil sempre teve direito, pelas suas dimensões geográficas e pela sua formação histórica, a participar do Conselho de Segurança. Em 1926, com forte presença na Liga das Nações, teve a sua candidatura, como membro efetivo do Conselho das Nações, preterida em favor da Alemanha – da mesma Alemanha que fora derrotada em 1918. Como era nosso presidente o grande estadista mineiro Artur Bernardes, e seu representante na Liga outro invulgar homem de Estado, também mineiro, o embaixador Afrânio de Mello Franco, o Brasil preferiu a honra e abandonou a Liga, que se revelara instrumento dócil do eurocentrismo. Um país que defendera, com Rui, em Haia, a plena igualdade entre as nações, não poderia compactuar com a ditadura dos grandes”.
NACIONALISMO
A referência ao episódio de há 84 anos e a Artur Bernardes nos leva ao sentimento nacionalista dos mineiros. Itamar não é apologista radical da mineiridade, ainda que sempre se valha de uma frase forte, a de que ninguém nivelará as montanhas de Minas. Ele pondera que o nacionalismo está presente em todos os estados brasileiros, em maior ou menor expressão, mas reconhece que as circunstâncias históricas acentuaram essa consciência de defesa da soberania em Minas.
Falamos durante algum tempo sobre essas circunstâncias. A primeira delas foi a descoberta do ouro, e a promessa de riqueza e potência que o metal sugere. Em um primeiro momento, o ouro atrai a ambição de enriquecimento pessoal. Depois, esse sentimento passa a ser coletivo: para proteger o direito de cada um, é preciso proteger o de todos. Foi assim que os mineiros criaram o Estado dos Emboabas, contra a pretensão dos paulistas de expulsarem os recém-chegados da Bahia, das capitanias do Nordeste e da Europa. Ao expelir os paulistas das minas centrais, os emboabas fundaram o pensamento nacionalista dos mineiros, que se afirmaria contra o Conde de Assumar, em 1720, no martírio de Filipe dos Santos, e na Conjuração de 1789, chefiada por Tiradentes.
SENTIMENTO
“A minha tese é de que coube aos mineiros despertar esse sentimento nos demais brasileiros, o de que o nacionalismo é a união entre a ideia da dignidade e da defesa da riqueza que coube, pela natureza, à geografia de cada nação. É certo que a dignidade dos povos é mais importante do que seus bens: uma nação pode ser honrada, ainda que pobre. Mas a cobiça internacional se dirige aos recursos naturais. O nacionalismo deve ser instrumento de defesa e resistência, jamais estímulo à conquista, como ocorreu com a Alemanha de Hitler”.
A conversa nos leva à experiência diplomática de Itamar, e ele acredita que ela foi mais importante na representação do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos. O fato de se tratar de órgão multilateral possibilitou-lhe contato com personalidades de todo o continente e lhe confirmou a divergência de fundo entre a América Latina e os Estados Unidos. Na OEA, Itamar atuou com a independência de sua autoridade política. Foi assim que fez veemente discurso contra a existência do centro de treinamento de militares latino-americanos. que existira antes no Panamá, e fora transferida para os Estados Unidos, a conhecida Escola das Americas. Itamar citou o secretário de Defesa dos Estados Unidos de então, William Perry, que considerou “totalmente inaceitáveis” os manuais de instrução da Escola. O órgão continua funcionando em Fort Benning, nos Estados Unidos, mas sob pressão crescente para seu fechamento. Hoje, a escola quase se limita a treinar militares colombianos.
O pronunciamento foi criticado por alguns embaixadores, pelo fato de que o Itamaraty não fora consultado previamente, e porque envolvia as relações bilaterais entre Brasília e Washington. Itamar não se defende, ataca: um ex-presidente da República – e isso já ocorrera a Campos Salles, quando enviado à Argentina – dispõe de mandato ético e político para defender os interesses brasileiros, conforme sua consciência e convicção.

PLANO REAL
Há uma coisa que aborrece particularmente o ex-presidente: a memória seletiva de alguns homens públicos sobre a sua administração. Ele se refere a pontos importantes, começando pelo Plano Real. O plano nada tinha de original, baseado que foi no Plano Schacht, da Alemanha dos anos 20, e já um pouco adaptado – sem êxito – pelos argentinos, com o Plano Austral. Itamar lembra que só o aprovou depois de conferir os seus números, trabalhando várias horas nisso. Como engenheiro, e bom conhecedor de matemática, corrigiu alguns de seus itens, antes de aprová-lo e correr todos os riscos políticos da decisão. Da mesma forma, Itamar lembra que os medicamentos genéricos foram adotados pelo seu ministro da Saúde, o médico Jamil Haddad, com sua aprovação, apesar da resistência dos laboratórios. Embora fosse reivindicação de médicos brasileiros, o SUS começou a ser implantado pelo médico Carlos Mosconi, presidente do Inamps em seu governo. Hoje – e Itamar usa o advérbio “despudoradamente” – tais êxitos são atribuídos ao governo de seu sucessor.
De fora, sempre entendi que o Estado existe para impor aos poderosos o respeito aos cidadãos, qualquer que seja a sua posição na sociedade. Mais do que isso, sempre acreditei que o poder político deve buscar a igualdade de todos, diante da lei e das oportunidades da vida. Assim agi quando, por duas vezes, fui prefeito de minha cidade. E só fui atraído para a política porque, como engenheiro do DNOS, tomei conhecimento da vida difícil das populações periféricas. Até hoje creio que o saneamento básico é uma das principais tarefas do poder público. Na mesma época, juntamente com meu colega Nicolau Kleijorge, dei aulas de matemática e conhecimentos gerais aos trabalhadores de Juiz de Fora. No Senado, para onde fui eleito pela primeira vez em 1974, naquela memorável manifestação de inconformismo de nosso povo, quando o MDB não era o PMDB de hoje, mantive a mesma postura, a de que o mercado deve estar sob o controle do Estado, servidor da sociedade, e não o contrário. Resisti ao projeto neoliberal que se iniciara no governo Collor, e não concordei com a privatização de setores estratégicos, como os da energia e das telecomunicações. Da mesma forma cortei, pela raiz, o projeto da equipe econômica, de privatizar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica”.
Outros fatos foram lembrados na conversa, como a redução da dívida pública e a aprovação excepcional de seu governo, de acordo com pesquisas de opinião, alem de seu plano de combate à fome, dirigido por dom Mauro Morelli.
DEFENDENDO FURNAS
O ex-presidente lembra a luta que teve, ao assumir o governo de Minas, em 1999, a fim de organizar as finanças do estado. Ao decretar a moratória – uma vez que os presos e os enfermos de alguns hospitais públicos estavam ameaçados de morrer de inanição, por falta de comida – o mundo desabou sobre ele. Logo depois, coube-lhe resistir, manu militari, à anunciada privatização de Furnas, situada em território mineiro. Isso sem falar na Cemig.
“Não quero lembrar os nomes dos responsáveis, mas estávamos reféns, na administração da Cemig, de investidores estrangeiros, que haviam obtido, por alguns 30 dinheiros, o controle operacional da empresa. A minha resistência e a atuação do governador Aécio Neves nos libertaram desse conluio dissimulado em acordo de acionistas. Nestes últimos 10 anos – dois dos quais sob meu governo – a Cemig valorizou-se em 400%. Ela se tornou, nesse período, a empresa energética de maior sustentabilidade no mundo, de acordo com a Bolsa de Nova York.

30 de abril de 2015

ALGUM PROBLEMA EM SER CONSERVADOR?




Os conservadores estão finalmente saindo do armário


A política partidária não pode ser dividida entre conservadores e progressistas, como se os conservadores fossem automaticamente contrários ao progresso

Meu destaque final vai para o excelente artigo do colunista de VEJA, José Roberto Guzzo, intitulado MAIORIA SEM MEDO.

Em sua coluna, o jornalista chama atenção para a preocupação do PT com relação ao crescimento da direita no Brasil.

Tradicionalmente, o máximo da direta que o PT admite é o PSDB, partido da social democracia, que está a anos luz do pensamento conservador. O ex-presidente Lula nunca escondeu seu contentamento em disputar as últimas eleições somente com candidatos da esquerda.

Para o partido de Lula e Dilma, o avanço do pensamento conservador é um risco, uma ameaça, um perigo à democracia.

E Guzzo questiona:

"É estranho. Em qualquer sociedade democrática o pensamento conservador é tão legítimo quanto qualquer outro. O que poderia haver de errado em acreditar que existem valores, convicções e costumes que devem ser conservados por parecerem corretos a que os admira e defende?"

O jornalista segue defendendo que que todo cidadão que se comporte dentro das leis, tem direito a suas opiniões, crenças e julgamentos sobre o que é bom ou ruim.

Segundo Guzzo, a própria Constituição não proíbe que alguém seja de direita ou o obrigue a ser de esquerda.

Ao contrário do que pregam os partidos vermelhos, a política partidária não pode ser dividida entre conservadores e progressistas, como se os conservadores fossem automaticamente contrários ao progresso.

O desespero real do PT e de seus partidos satélites como PcdoB, PSOL, PCB, PCO, PSTU, é constatar que o pensamento conservador não tem crescido no Brasil, mas ele sempre foi maioria entre a população, muito embora não haja, no país, uma legenda ideologica e genuinamente de direita que possa representar, no parlamento, essa filosofia.
Quem dera!
O que o PT não aceita é que, apesar e ter a hegemonia política, o pensamento de esquerda não é hegemônico, não encontra eco nos valores da maioria dos brasileiros.

Mais de 90 por cento se declaram cristãos, que, por essência são conservadores, pois têm o compromisso de manter vivos os valores e os ensinamentos milenares de Jesus.

Não à toa, as bancadas cristãs estão cada vez mais fortes, pois os cidadãos procuram eleger quem defenda seus interesses e seus princípios.

Outra prova do conservadorismo do brasileiro está demonstrada em números: pesquisas dizem que a maioria da sociedade, 87 por cento dos cidadãos, é favorável à redução da da maioridade penal para 16 anos.

O brasileiro também defende penas mais duras para condenados por crimes graves, outra bandeira do pensamento conservador.

Sim, os conservadores estão, finalmente, saindo do armário, e fazendo coro contra o pensamento de esquerda, que julgava-se dominante.

O PT está com medo, pois agora é a direita que não tem mais medo de mostrar a sua cara e defender abertamente suas bandeiras, seus pensamentos, valores e princípios. Sem medo de ser direito.



30 de abril de 2015
Rachel Sheherazade/ JP
fonte: Valter Campanato/ Agência Brasil

TANGO QUERIDO

  • Los Guardiola: "TANGO QUERIDO!" Trailer 

    12.523 visualizações 1 ano atrás
    Trailer del espectáculo "Tango Querido!"
    (SINOPSIS español/ english)

    "El primer y único espectáculo de tango y mimo.
    La poesía de las letras del tango contada por la magia del mimo y la danza del tango.
    Un espectáculo que es un homenaje al tango, a su gente y a su alma".



    30 de abril de 2015


    This performance is made up of several mime and tango numbers inspired by the lyrics of some of the most famous tangos. Each number is titled after the tango from which it takes its characters whose stories are told through mime and dance. The performance opens with one of the most typical and ancient characters of tango, the travelling player of the organito (barrel organ) who, together with a mechanical doll, brings the tango to the streets of Buenos Aires. Then comes a more "arrabalero"
    scene of "treinta y cuatro puñaladas" (thirty-four knife stabs) set in a neighbourhood in the outskirts populated by guapos and traitors, to be followed by the French acclamation of tango which triumphs in the cabarets of Paris and also conquers high society. The next scene depicts the journey and the dreams of Argentinian immigrants against the backdrop of what always was, and still is, the essential dimension of tango: the night world of the milongas. A whole world comes into relief with its population of guapos, prostitutes, travelling musicians, migrants, milongueros, very rich people and very poor people, people of the night, in a phrase, "tango people". All the different scenes are but facets of the unique and kaledoiscopic world of tango, a world that is as varied as the humanity which makes it up is. This performance intends to be a homage to Tango and its people, the common people who gave it life and inspired its poetry.

    By and with Marcelo Guardiola and Giorgia Marchiori
    "Los Guardiola"
    Production: Compañía TangoTeatro, Buenos Aires, Argentina
    Photo: S. Gismondi, G. Renis (Della Boina) 

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA PASSA, MAS O MINISTRO DO SUPREMO FICA

Poucas indicações a ministro do supremo provocaram reações tão radicais e emocionais, de um lado e de outro, quanto a de Luiz Edson Fachin. Isso é bom ou mau? Quais as consequências de tanta polêmica. São várias. Mas em resumo, vejamos cinco.

Primeiro, quanto mais a presidência adia indicações, mais ela se torna vítima das conjunturas do momento. Uma indicação de Ministro do Supremo tem efeitos de curto prazo, mas o que conta são os efeitos a longo prazo. A presidência passa, o Ministro da Fazenda passa, mas o Ministro do Supremo fica. Atrasar indicações é abrir espaço para a pequena política. É mau.

Segundo, o radicalismo de setores conservadores da imprensa e da mídia sociais, indo além dos limites com ataques pessoais, nos revela que estamos vivendo a adolescência do ativismo das redes sociais. É na adolescência que, em geral, radicalizamos nossas opções. É o que ocorre agora. Isto nem é bom, nem é mau. É inevitável.

Terceiro, a constituição exige que o ministro tenha notório saber jurídico e reputação ilibada. Nenhum dos ataques pessoais ao candidato lhe retirou qualquer das condições. É advogado e jurista respeitado. Reputação ilibada. Isto é bom.

Quarto, basta rever as indicações do passado, não apenas recente, mas de 40 anos atrás, ou até mais, para se constatar que rarissimamente a indicação é apolítica, técnica ou neutra. Isto é um mito, que o tempo acaba por desfazer. O ponto é saber se o ministro consegue ser independente diante de futuras pressões. Ninguém é independente diante de seu passado. Isto é central.

Quinto, o que conta para um país pluralista social, racial, e ideologicamente é um Supremo que exprima esta pluralidade. E não um ou outro ministro isoladamente. Não se previa, mas esta pluralidade ficou ameaçada pela reeleição presidencial. E pelo resultado das urnas. Dezesseis anos de uma só coligação partidária. Era improvável, mas possível o que esta ocorrendo agora. O eventual controle do Supremo por um só grupo político. Se assim for, há que se mudar o mandato ou dos ministros, diminui-lo, ou acabar com a reeleição. Ou mudar ambos. Isto é necessário.



30 de abril de 2015
Joaquim Falcão