"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 10 de maio de 2015

PROGRAMA NA TV AZEDA RELAÇÃO ENTRE LULA E DILMA


PROGRAMA DO PT, SEM DILMA, AZEDOU DE VEZ A RELAÇÃO COM LULA



PROGRAMA NA TV SEM DILMA TEVE O AVAL DE LULA. 
FOTO: ABR


O programa do PT, veiculado semana passada na televisão, azedou outra vez a relação de Dilma com Lula. Ela descobriu só na última hora que o PT, com aval de Lula, decidira barrá-la no programa para evitar “panelaço”. Ela explodiu em palavrões, até porque havia se preparado para gravar sua participação, mas após o panelaço (o maior até agora) que se seguiu ao programa, Dilma substituiu a irritação por sorrisos.

Dilma nunca acreditou que o desgaste é só dela, como Lula e o PT acreditavam, mas de todos os petistas. O último panelaço provou isso.

O PT barrou Dilma no programa da TV certo de que sua reprovação de 87% garantia o panelaço, como se o partido nada tivesse com isso.

A difícil aprovação da MP do ajuste piorou relação de Dilma com Lula. Ela o acusa de não ajudar em nada, e até de dificultar a aprovação.

O desastre não foi maior, na votação da MP do ajuste, porque Michel Temer apagou o fogo e Eduardo Cunha ajudou, até para se credenciar.



10 de maio de 2015
diário do poder

NOTÍCIA É PARA NOTICIAR

BRASIL – Investigação
Por que a imprensa só pode publicar notícia negativa da oposição?


Foto: Época
clique para ampliar

RAIVOSO E AMEAÇADOR: Lula ameaça se candidatar a presidente se continuarem com essa história de investigá-lo


Por que quando a imprensa noticia que o Ministério Público esta investigando Aécio Neves, por ter, quando governador, inapropriadamente construído um aeroporto em terras da família, é uma noticia importante para o PT?

Invariavelmente algum figurão do partido vem para a televisão, com um ar indignado, dizer que isso é muito grave, que deve ser apurado, etc. e tal.

Por que quando se noticia que o Ministério Público Federal está investigando Lula, por tráfico internacional de influência, com documentos e evidências, o próprio acusado ataca os jornalistas, chama a imprensa brasileira de lixo, como se fosse um inocente perseguido pela mídia burguesa?

Queriam o quê? Que um jornalista tivesse na mão a notícia documentada que o Ministério Público Federal abriu investigação contra o ex-presidente da república e guardasse segredo? Seria esse o comportamento correto da imprensa livre.

O ex-presidente, apesar de exaustivamente procurado pelo jornalista, antes da publicação da matéria, negou-se a apresentar sua versão dos fatos.

Se caluniado ou difamado, o foco do ex-presidente deveria ser o Ministério Público Federal, não a imprensa. Se as revistas e os jornais estão desvirtuando a verdade, Lula tem o direito e como homem público até obrigação, de exigir judicialmente retratação, desmentido, resposta e até indenização.

Por que se arvora de inocente e não aciona os acusadores injustos e cruéis? Tem medo de mexer em enxame? Ou do odor desagradável da verdade?

Lula é culpado? Não se pode afirmar tal coisa, ele está sendo “apenas” investigado. Ressalte-se que o Ministério Público Federal, não ia abrir uma investigação contra o ex-presidente da República se não tivesse, nas mãos, fortes evidências dos delitos.

Como estamos numa democracia o ex-presidente, que não foi ainda canonizado, está sujeito a ser investigado, com qualquer brasileiro, associado ao amplo direito de defesa e a manutenção da inocência presumida até que a justiça se pronuncie em decisão final.

Porém, no lugar do advogado de Lula, aconselharíamos o ex-presidente: “ – Presidente pare de se comportar como culpado!”

10 de maio de 2015
Toinho de Passira

MAIORIDADE PENAL E DESONESTIDADE INTELECTUAL


  É a quase impunidade assegurada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente que tem estimulado o uso de menores para a prática de muitos crimes.

(Procure no Google por "maioridade penal" e, em seguida, busque "imagens". Ali você verá centenas de exemplos da desonestidade intelectual que denuncio neste artigo.)  

"Reduzir a maioridade penal não vai acabar com a violência!", proclama o debatedor em tom veemente. Ninguém afirmou uma tolice dessas, mas o sujeito passa a detonar a frase que ele mesmo fez como se, assim, estivesse destruindo a tese da redução da maioridade penal. 

Um criminoso de 16 anos tem que ir para a cadeia por uma série de razões e "acabar com a violência" não é uma delas. Seja como for, essa é uma das bem conhecidas e nada honestas artimanhas empregadas em debates: atribuir à tese adversária argumentos que não foram empregados em seu favor, para dar a impressão de que ela é destruída quando tais argumentos são desmontados.

Outra artimanha é a de levar a tese adversária a um extremo jamais cogitado, tornando-a ridícula. Por exemplo: "Os que defendem a redução da maioridade penal logo estarão querendo reduzi-la novamente para 12 anos. Daqui a pouco estarão encarcerando bebês". E, assim, um rapagão de 17 anos do tamanho de um guarda-roupa, estuprador e assassino, fica parecendo tão inocente quanto uma criança de colo.

Outra, ainda, envolve a apresentação, em favor da própria tese, de um argumento competente que com ela não se relaciona. A coisa fica assim: "Nossos cárceres são verdadeiras escolas do crime, que não reeducam". 
Esse argumento escamoteia dois fatos importantíssimos: o de que a ressocialização é apenas uma (e sempre a mais improvável) dentre as várias causas do encarceramento de criminosos e o de que o preso não entrou para a cadeia inocente e saiu corrompido. Foi fora da cadeia que ele se desencaminhou.

Por outro lado, a pena privativa de liberdade tem várias razões. A principal, obviamente, é a de separar do convívio social o indivíduo que demonstrou ser perigoso. A segunda, por ordem de importância, é a expiação da culpa (fator que está sendo totalmente negligenciado no debate sobre o tema). Quem comete certos crimes paga por eles com a privação da liberdade. 
Ao sair da cadeia, dirá que já pagou sua pena, ou seja, que já acertou contas com a sociedade. A expiação da culpa é o único motivo, de resto, para que nos códigos penais do mundo inteiro as penas de prisão sejam proporcionais à gravidade dos delitos cometidos. 

A terceira razão da pena privativa de liberdade é o desestímulo aos crimes de maior lesividade (função de eficácia incerta, sim, mas se as penas fossem iguais a zero a criminalidade, certamente, seria muito maior). 
Pois é a quase impunidade assegurada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente que tem estimulado o uso de menores para a prática de muitos crimes.

O assunto é importante, bem se vê, mas pressupõe honestidade intelectual, porque a deliberação democrática fica comprometida quando o que se pretende é vencer o debate de qualquer maneira.

10 de maio de 2015
Percival Puggina

O PAÍS CRESCE FEITO RABO DE BURRO



Da reforma política não se fala mais. Desmanchou-se no ar. Não há consenso para nada de importante, no Congresso. Sequer o distritão, que levaria para a Câmara os mais votados em cada estado, quanto mais a proibição de doações das empresas nas campanhas eleitorais. Muito menos a redução do número de partidos de aluguel. Até a extinção dos suplentes de senador não vai passar. Fim da reeleição e mandato de cinco anos para presidentes, governadores e prefeitos? Nem pensar, porque a ambição da maioria, mesmo ilusória, funciona a todo vapor.
Marcada para o final do mês uma semana de discussões e votações intensivas na Câmara, sequer há certeza de que venha a realizar-se. A conclusão surge clara: o país é esse mesmo, milagres inexistem. Deputados e senadores elegem-se há tempos dentro das regras atuais, mesmo canhestras e distorcidas. Por que contribuiriam para mudá-las e arriscar-se a não voltar, na próxima Legislatura?
Esvaiu-se o discurso fácil de que nossos problemas desapareceriam com a reforma política, ainda mais com a fantasia de uma Constituinte Exclusiva, bobagem endossada por quem jamais recebeu uma aula de Direito Constitucional. O poder constituinte que dá origem a uma Constituição só pode ser exercido quando há a ruptura das instituições, a falência da ordem anterior. E o poder constituinte derivado, inerente ao Congresso, não pode ser delegado a nenhum corpo estranho. Qualquer mudança na lei fundamental, e algumas tem sido praticadas desde 1988, só por iniciativa de deputados e senadores. Os mesmos que não votarão a reforma política, ao menos no que ela teria de essencial para aprimorar as instituições.
E AS OUTRAS REFORMAS?
Outro empecilho ao sonho da reforma política situa-se na resistência das elites à aplicação prática dos dispositivos constitucionais atuais. Onde anda a reforma agrária? A participação dos empregados no lucro das empresas? A cogestão?   A determinação de que o salário mínimo deve bastar para o trabalhador e sua família enfrentarem despesas com educação, saúde, alimentação, moradia, vestuário, transportes e até lazer? O estado de bem-estar social limita-se à esmola do Bolsa Família?
Há mais de doze anos com o Partido dos Trabalhadores no poder, quantos princípios da Constituição atual deixam de ser cumpridos? Até os direitos trabalhistas, em vez de aumentados, tem sido reduzidos. Ainda agora acabam de ser atingidos o seguro-desemprego e o abono salarial, enquanto multiplica-se o lucro dos bancos.
Em suma, o país cresce feito rabo de burro, sem a menor perspectiva de promover a reforma política. Melhor seria, ao menos, aplicar os dispositivos que já existem.
BOBAGEM OU VINGANÇA?
Nada mais canhestro do que a exigência, na Lei da Bengala, de passarem por nova sabatina no Senado os ministros do Supremo Tribunal Federal beneficiados com o aumento de 70 para 75 anos de idade o prazo para suas aposentadorias. Já não foram sabatinados quando de suas indicações? E se por hipótese rejeitados pelos senadores, estariam demitidos?

10 de maio de 2015
Carlos Chagas

O GOVERNO CUBANO DETÉM 51 "DAMAS DE BRANCO" EM UM SÓ DIA



A Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN) informou nesta segunda-feira (4) que durante o passado mês de abril houve ao menos 338 detenções por motivos políticos. Embora a cifra seja inferior à registrada em março, apresenta graus superiores de violência policial, especialmente contra as “Damas de Branco”. “Ao longo do mês de abril identificamos 101 vítimas inocentes de outras formas de repressão política em Cuba, tais como agressões físicas, fustigamentos, ações vandálicas e ‘atos de repúdio’ como forma de intimidar os dissidentes pacíficos e aterrorizar ainda mais os cidadãos”, expressa o documento “Atos de Repressão Política” no mês de abril de 2015.
51 Damas de Branco e 38 ativistas [1] de diferentes movimentos opositores defensores de direitos humanos do país, estiveram detidos por mais de seis horas nas mãos da Segurança do Estado neste domingo 3 de maio em Havana, Cuba. Berta Soler, representante do movimento Damas de Branco, contou a PanAm Postque o grupo leva cinco domingos, desde o passado 5 de abril, manifestando na Missa dominical, na qual difundem imagens dos presos políticos, repartem mensagens em defesa dos direitos humanos e demandas contra o Governo cubano. Em razão destas manifestações pacíficas, Soler denunciou que a Polícia Nacional Revolucionária, em conjunto com o Ministério do Interior e os grupos de apoio vestidos de civil, detiveram, reprimiram, perseguiram e violentaram os que saíram para protestar.
Soler explicou que previamente aos atos de repressão, o grupo havia se dado conta de que o Governo, através das “tropas militares” e para-militares, procurava provocar atos violentos nos quais envolviam crianças e mulheres, com a finalidade de imputar os manifestantes por suposta desestabilização, assinalou a ativista que, ao se dar conta disso, se mobilizaram para outra zona. A Dama de Branco contou a PanAm Post que mesmo quando não se apresentou nenhum ato de desestabilização encabeçado pelo grupo de defesa de direitos humanos, foram igualmente interceptados e detidos de maneira “brutalmente violenta”. 
Soler ressaltou que todos os dissidentes presentes foram algemados com “algemas metálicas muito apertadas” diferente de ocasiões passadas, nas quais eram detidos com “algemas plásticas”. Soler denunciou que foram “brutalmente golpeados” causando hematomas e lesões em algumas das vítimas detidas, e afirmou que durante o tempo da detenção os funcionários castrenses lhes negaram o consumo de água e alimentos.“Isto é mais uma mostra da intolerância do Governo cubano com as pessoas que pensam diferente dele”, sentenciou Soler.
Cúpula das Américas, um detonante de tirania
O documento publicado pela Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional resenha: “Nos Foros Paralelos da VII Cúpula das Américas, o regime totalitário imperante em Cuba mostrou seu verdadeiro rosto e sua decisão de continuar impondo o ruinoso modelo de partido e pensamento únicos, que afundou e continua afundando a imensa maioria dos cubanos na pobreza e na desesperança, e não aceitar os padrões internacionais em matéria de direitos civis, políticos, trabalhistas, sindicais e outros direitos fundamentais”.
O que Raúl Castro está procurando é crédito com países poderosos para se manter no poder
Soler secundou esta informação e acrescentou que desde que se efetuou a Cúpula das Américas no Panamá, o Governo cubano “recrudesceu” suas ações violentas sobre os manifestantes, especificamente contra as Damas de Branco. A representante do movimento afirmou que o regime dos Castro é qualificado como ditador e não está preparado para dialogar. Acrescentou que este assinalamento pôde-se observar quando durante a Cúpula das Américas se efetuaram atos de violência “financiados pelo Governo de Cuba”, para que boicotassem os foros de direitos humanos desenvolvidos no evento internacional.
Soler assegurou que o regime não conseguiu a façanha de interromper o desenvolvimento das mesas de diálogo e que expulsaram os membros defensores de direitos humanos porque “se encontravam em um país onde há sim democracia e onde se defendeu a livre opinião”. Além disso, acrescentou que com os atos de violência que se apresentaram no Panamá “demonstrou-se mais uma vez o desrespeito do Governo cubano à livre expressão”. A ativista informou que atualmente na ilha restam aproximadamente 60 presos políticos nas mãos do Governo. Informou que não pode dar um número exato, devido a que a quantidade varia de acordo com as detenções que se vão dando sobre a marcha, “enquanto prendem uns e soltam outros”. Expressou que se não contam com a informação das famílias, não podem oferecer um número determinado.
Diálogo com os Estados Unidos é uma procura de “crédito”De acordo com Soler, o diálogo implantado entre o Governo dos Estados Unidos e o Governo Cubano “não chegará a lugar nenhum”, com relação ao respeito aos direitos humanos e a liberdade de expressão. Assegurou que o que Raúl Castro está procurando é “crédito com países poderosos para se manter no poder devido a que Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, já não pode cumprir com a cota que o ex-presidente Hugo Chávez lhes oferecia”.
10 de maio de 2015
SABRINA MARTÍN
Nota da tradutora:

[1] Dentre essas 51 pessoas presas, maltratadas e violentadas em seus direitos mais elementares, não se viu ou soube-se estar no rol a “bloguera cariñosa” Yoani Sánchez. Por que será?
Tradução: Graça Salgueiro

O CÃO, O LOBO E O RATO


Que o sr. Villa está doente, não se discute. A estreiteza do seu campo de visão é decididamente anormal. É um tipo de glaucoma intelectual.

Giambattista Vico ensinava que nada conhecemos tão bem quanto aquilo que nós mesmos inventamos. O sr. Marco Antonio Villa ilustra essa regra com perfeição. Após declarar, em artigo do Globo, que, “na política é indispensável, ao enfrentar um adversário, conhecê-lo” -- abertura triunfal que realiza às mil maravilhas o ideal literário do  Conselheiro Acácio –, ele inventa um PT à imagem e semelhança da sua própria estreiteza mental e o enfrenta até mesmo com certa bravura.
No seu entender, o PT nada tem de comunista. É apenas “um mix original que associa pitadas de caudilhismo, com resquícios da ideologia socialista no discurso — não na prática —, um partido centralizado e a velha desfaçatez tupiniquim no trato da coisa pública, tão brasileira como a caipirinha que seu líder tanto aprecia.”
Desprovido de todo aparato marxista e de toda conexão com o movimento comunista internacional, reduzido a um fenômeno folclórico local sem nenhuma retaguarda estratégica, o partido governante está pronto para ser demolido na base de puras notícias de TV, sem o menor combate ideológico ou sondagem das suas conexões internacionais. Foi nisso que se especializou o sr. Villa, e ele desempenha essa tarefa pelo menos tão bem quanto o faria qualquer aprendiz de jornalismo.
Dos que temem que na sua atitude haja um excesso de presunção otimista ele se livra com meia dúzia de petelecos, rotulando-os de “exaltados e néscios”, proferidores de “puras e cristalinas bobagens”, culpados de “absoluto desconhecimento político e histórico”, de restaurar “o rançoso discurso da Guerra Fria”, de usar “conceituações primárias que não dão conta do objeto” e de “retirar do baú da História o anticomunismo primário”, isto quando algum deles não chega mesmo a ser, como ele disse na TV, um “astrólogo embusteiro metido a líder político”.
Tendo assim alcançado um invejável recorde jornalístico de insultos por centímetro de coluna, ele se sente preparado para provar cientificamente a ausência de comunismo no PT. E eis como ele se desincumbe da tarefa:
O petismo impôs seu ‘projeto criminoso de poder’... sem que tivesse necessidade de tomar pela força o Estado. O processo clássico das revoluções socialistas do século XX não ocorreu. O ‘assalto ao céu’  preconizado por Marx.. foi transmutado numa operação paulatina de controle da máquina estatal no sentido mais amplo, o atrelamento da máquina sindical, dos movimentos sociais, dos artistas, intelectuais, jornalistas, funcionando como uma correia de transmissão do petismo.”
Quem quer que tenha estudado o assunto ao menos um pouquinho entende, logo ao primeiro exame, que isso que o sr. Villa acaba de descrever é a aplicação fiel, milimetricamente exata, da estratégia de Antonio Gramsci para a conquista do poder pelos comunistas. Nada de tomar o Estado pela força, nada de “assalto aos céus”. Em vez disso, a lenta e quase imperceptível “ocupação de espaços”, ou, nos termos do sr. Villa, “o atrelamento da máquina sindical, dos movimentos sociais, dos artistas, intelectuais, jornalistas”.
Faz quase seis décadas que o movimento comunista internacional adotou essa estratégia, por ser ela a única compatível com a política de “coexistência pacífica” entre a URSS e as potências ocidentais, preconizada por Nikita Kruschev no discurso que proferiu em 1956 no XX Congreso do Partido Comunita soviético.
Ou seja: a prova cabal de que o PT não é um partido comunista é que ele faz exatamente o que todos os partidos comunistas do Ocidente fazem há sessenta anos.
Não é de tapar a boca de qualquer astrólogo embusteiro?
O sr. Villa mostra-nos um bicho de pele grossa, orelhas grandes, seis toneladas de peso e duas presas de marfim, mas se lhe dizemos que é um elefante ele sobe nas tamanquinhas e diz que são “conceituações primárias”.
Como exemplo do que deveria ser uma conceituação mais sofisticada, ele reconhece que o PT é leninista, mas só “na estrutura, não na ação”. Precisamente: leninista na estrutura, gramsciano na ação. Como o próprio Gramsci recomendava. Mas pensar que isso é comunismo é “pura e cristalina bobagem”, não é mesmo? Especialmente para quem, nada sabendo de Gramsci e muito menos das longas discussões entre intelectuais gramscianos que prepararam e preparam cada decisão do PT, descreve o gramscismo sem saber que é gramscismo e jura, de mãos postas, que o PT jamais teve outro estrategista senão Macunaíma, nem outra inspiração senão a caipirinha.
“Como falar em marxismo se Lula sequer leu uma página de Marx?”, pergunta o sr. Villa. Bem, no tempo em que eu andava com os comunistas só vi dois deles lendo Marx. O terceiro era eu. Os outros liam exemplares de A Voz Operária e as resoluções do Comitê Central. O próprio Rui Falcão mal conhecia o Manifesto Comunista.
Mas isso é só uma curiosidade. O fato é que o sr. Lula não leu talvez uma só página de Marx, mas o sr. Frei Betto leu muitas, além de um bocado de Gramsci, e há décadas exerce as funções de cérebro do ex-presidente. Ou o sr. Frei Betto, co-autor da Constituição cubana, co-fundador do Foro de São Pauloi e mentor reconhecido de um gratíssimo sr. Lula, não é ele próprio comunista?
No entanto, o argumento do sr. Villa não vale para o caso do sr. Lula, mas vale para o do próprio sr. Villa. Ele definitivamente não é comunista, já que não leu Marx. Se tivesse lido, não teria escrito esta lindeza:
Quando Lula chegou ao Palácio do Planalto, o partido só tinha de socialista o vermelho da bandeira e a estrela. A prática governamental foi de defesa e incentivo do capitalismo. Em momento algum se falou em socialização dos meios de produção.”
Pois Marx ensinava, precisamente, que a socialização dos meios de produção não seria possível antes de totalmente desenvolvidas as forças produtivas do capitalismo. O processo, dizia ele, poderia levar décadas ou até séculos. Para um partido comunista que chegue ao poder por via democrática, numa nação capitalista, o único caminho possível para o socialismo, sobretudo desde 1956, é desenvolver as forças produtivas do capitalismo ao mesmo tempo que as atrela ao Estado por meio de impostos e regulamentos e vai aos poucos – invisivelmente, dizia Antonio Gramsci – conquistando a hegemonia e neutralizando as oposições. É precisamente o que o PT faz. Já me expliquei um pouco a esse respeito um ano atrás, neste mesmo jornal (v.http://www.olavodecarvalho.org/semana/140407dc.html).
Mas nem o próprio Lênin, que tomou o poder nas ondas de uma revolução armada e tinha todos os instrumentos para governar pelo terror, estatizou tudo de repente. Fez como o PT: deu um incentivo ao capitalismo enquanto montava o sistema de poder hegemônico, tomando gradativamente dos burgueses os meios de ação política enquanto os mantinha anestesiados por meio de vantagens financeiras imediatas. Foi isso o que ele resumiu na máxima: “A burguesia nos venderá a corda com que a enforcaremos”. Nem mesmo em teoria Lênin pensou em estatização imediata. Ao contrário. Dizia ele: “O meio para esmagar a burguesia é moê-la entre as pedras da inflação e do imposto.” Se o PT faz exatamente isso, é a prova cabal, segundo o sr. Villa, de que ele não é um partido comunista de maneira alguma.
O sr. Villa fala ainda contra o conceito de “bolivarianismo” quando aplicado ao PT. Nisso ele tem razão, mas não pelos motivos que alega. Ele investe contra o conceito de “bolivarianismo”, porque, no seu entender, Hugo Chávez só escolheu Simon Bolívar como símbolo da sua revolução por achar que “a crise do socialismo real tinha chegado ao seu ponto máximo e não havia mais nenhuma condição de ter como referência o velho marxismo-leninismo”.
Isso é absolutamente falso.
Em primeiro lugar, adotar a máscara nacionalista, populista ou coisa que o valha não foi, como sugere o sr. Villa, um arranjo de última hora, uma alternativa de emergência adotada no ponto extremo de uma crise do marxismo, mas um dos hábitos mais velhos e constantes do movimento comunista, que desde os anos 30 do século passado veio se camuflando como “progressismo”, “terceiromundismo”, “movimento dos não-alinhados”, “antifascismo”, “anti-imperialismo”, “teologia da libertação”, “filosofia da libertação”, “pan-africanismo” etc. etc. etc.
Segundo: O próprio sr. Villa qualifica o bolivarianismo de  “fachada”, mas parece ignorar que toda fachada é fachada de alguma coisa. Como em 2010 Hugo Chávez, reeditando a célebre confissão tardia de Fidel Castro, admitiu publicamente sua condição de marxista, já não é preciso nenhum esforço divinatório para saber o que se escondia por trás do “bolivarianismo”.
Terceiro: No Brasil o termo “bolivarianismo” tem servido sobretudo como subterfúgio eufemístico para evitar a palavra proibida, “comunismo”, que o sr. Villa quer proibir ainda mais. Aliás esse é um dos fenômenos lingüísticos mais lindos de todos os tempos, uma conspiração de duas forças antagônicas que colaboram para silenciar o óbvio. Os comunistas não querem que ninguém fale de comunismo porque, na estratégia de Antonio Gramsci, a revolução comunista só pode prosperar sob o manto da mais confortável invisibilidade (exemplo, os dezesseis anos de silêncio geral sobre o Foro de São Paulo). Os anticomunistas também não querem que se fale de comunismo porque precisam que todo mundo acredite que saíram vencedores na Guerra Fria, sepultando o comunismo de uma vez para sempre. 
O sr. Villa alista-se decididamente nesta segunda facção:
Considerar o PT um partido comunista revela absoluto desconhecimento político e histórico... Não passa de conceder sentido histórico ao rançoso discurso da Guerra Fria. O Muro de Berlim caiu em 1989 mas tem gente em Pindorama que ainda não recebeu a notícia.
Talvez o sr. Villa, que nada soube de 1956, tenha saltado direto para 1989, mas é seguro que não chegou a 2000, quando o filósofo Jean-François Revel, num livro de sucesso mundial (La Grande Parade, Paris, Plon, 2000), fez a pergunta decisiva: Como tinha sido possível que o movimento comunista, desmoralizado na URSS, em vez de desaparecer por completo crescesse até proporções gigantescas na década seguinte?
As explicações eram muitas: adoção da estratégia gramsciana, troca da antiga estrutura hierárquica por uma organização mais flexível em “redes”, fuga generalizada ante a responsabilidade pelas atrocidades do regime comunista etc. etc. Mas essas respostas não vêm ao caso, já que o sr. Villa não percebeu nem a pergunta. Não se vende remédio a quem não sabe que está doente.
Que o sr. Villa está doente, não se discute. A estreiteza do seu campo de visão é decididamente anormal. É um tipo de glaucoma intelectual. Só que o doente de glaucoma fisico se queixa quando o seu ângulo visual diminui, ao passo que o sr. Villa se gaba e se pavoneia. 
“Estou pouco me lixando para o Foro de São Paulo”, declarou ele na TV tempos atrás, mostrando que, do alto da sua infinita superioridade, uma coisinha de nada como a maior organização política que já existiu no continente não merecia o dispêndio de uma gota sequer dos seus prodigiosos dons intelectuais.
Nós, os primários, admitimos que nada podemos compreender do PT se o encaramos como um fenômeno estritamente local, fazendo abstração tanto das suas raízes (que remontam à criação da “teologia da libertação” por Nikita Kruschev; v. http://www.nationalreview.com/article/417383/secret-roots-liberation-theology-ion-mihai-pacepa), quanto das verbas estrangeiras que o alimentaram por décadas ou dos compromissos e conexões internacionais que determinam cada passo na consecução da sua estratégia.
Mas essas coisas são grandes demais para o campo visual do sr. Villa. Ele simplesmente as suprime e, fingindo desprezo ao que ignora, despeja insultos sobre quem as conhece.
Não desejo mal ao sr. Villa. O PT microscópico  que ele enxerga é parte do PT real, e ele até que faz o possível para lhe trazer algum dano.  O cão de pastor que em defesa do redil se atraca com o lobo não vai achar ruim se um rato, pisoteado por acaso na confusão da luta, inventa de roer o dedão do invasor.

10 de maio de 2015
Olavo de Carvalho
Publicado no Diário do Comércio.

CNBB E REFORMA POLÍTICA



A Reforma Política da Coalizão encabeçada pela CNBB-OAB favorece o PT e seu projeto de poder totalitário exposto no Caderno de Teses e nas atas do Foro de São Paulo.

1 – O Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Coalizão encabeçada pela CNBB-OAB não foi objeto de deliberação na 53ª assembleia dos Bispos. Estamos falando do PL em si. O PL não foi nem discutido nem votado por todos os Bispos presentes na Assembléia. Não estamos nos referindo à NOTA do momento nacional que foi votada, e que faz apenas uma ligeira menção à “proposta da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a CNBB é signatária, se coloca nessa direção”, mas ao PL em si, que deveria ter sido analisado, com a devida contextualização e suas implicações, etc. O PL em si não foi deliberado.
2 – O Cân. 454 do Código de Direito Canônico é explícito em dizer que “nas assembléias gerais das Conferências dos Bispos, o voto deliberativo compete ipsu iure, aos Bispos diocesanos” [§1º], e “compete o voto deliberativo ou consultivo, de acordo com as prescrições dos estatutos da Conferência; esteja firme” [§2º]. O fato é que nem todos os Bispos estão conscientes das implicações desta “reforma política”, não há consenso nesta questão, pois nem todos leram e estudaram o assunto a fundo, e muito menos votaram, com firmeza, conforme requer o Cân. 454, referente às decisões da Assembléia das Conferências episcopais.
3 – Quando dizemos que o Projeto de Reforma Política da Coalizão encabeçada pela CNBB-OAB favorece o PT e muitos fazem cara de espanto e indagam: “onde está escrito que favorece o PT no PL?”, é porque não sabem ou não querem fazer a leitura devida do documento. Pois bem, damos aqui um exemplo: O art. 18 do referido PL diz claramente que, com o financiamento público de campanha, “os recursos do Fundo Democrático de Campanhas serão distribuídos entre os partidos políticos na seguinte proporção: […] 75% (setenta e cinco por cento) divididos entre os partidos políticos de forma proporcional em relação ao número de deputados federais eleitos no pleito anterior”. Isso quer dizer que, nas eleições de 2018, caso seja aprovada esta “reforma política”, o PT terá a maior parte do recurso público porque possui atualmente a maior bancada na Câmara dos Deputados.
4 – A Reforma Política da Coalizão encabeçada pela CNBB-OAB, portanto, favorece o PT e seu projeto de poder totalitário exposto no Caderno de Teses e nas atas do Foro de São Paulo, projeto este declaradamente socialista, inclusive, dentre outros pontos de sua agenda, sustentando a legalização do aborto no País, etc. Tais propósitos do PT conflitam flagrantemente com a sã doutrina moral e social da Igreja, daí os questionamentos de muitos católicos quanto ao apoio da CNBB a este específico projeto de “reforma política”, com o agravante do PL em si não ter sido objeto de deliberação na Assembleia.
Questionamentos estes legítimos, que querem preservar a Igreja Católica da ideologização da fé e instrumentalização de ideologias e forças políticas contrárias á fé cristã.
10 de maio de 2015
Hermes Rodrigues Nery
 é coordenador do Movimento Legislação e Vida. 

COMPLICA? A DUPLA JÁ ESTÁ COMPROMETIDA FAZ É TEMPO...

NOVO DEPOIMENTO DO CHEFE DO CARTEL COMPLICA LULA E DILMA



Empreiteiras ajudaram a eleger Dilma, diz Pessoa
O empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, apontado no escândalo do petrolão o chefe do ‘clube do bilhão’, contou aos promotores da força-tarefa da Operação Lava Jato que doou 7,5 milhões de reais à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff porque temia ter seus negócios com a Petrobras prejudicados, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada neste sábado.
O empresário disse ter tratado da doação diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, com quem se reuniu a pedido do então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Edinho é hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, e Vaccari está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná.
Pessoa passou quase seis meses na cadeia por envolvimento com o esquema de corrupção investigado na Lava Jato – hoje está em prisão domiciliar. Em janeiro, Veja revelou um manuscrito de seis folhas em que Pessoa afirmava que Edinho Silva “está preocupadíssimo” com os rumos da investigação: “Todas as empreiteiras acusadas de esquema criminoso da Operação Lava Jato doaram para a campanha de Dilma”, escreveu, em tom de ameaça.
DINAMITE PURA
O empreiteiro começava então a mostrar disposição para contar tudo o que sabe sobre o esquema em acordo de delação premiada – e o que ele sabe é dinamite pura, como mostrou Veja em fevereiro: o esquema começou a funcionar em 2003, organizado pelo então tesoureiro do PT Delúbio Soares; a UTC financiou clandestinamente as campanhas do ministro Jaques Wagner; a UTC ajudou o ex-ministro José Dirceu a pagar despesas pessoais; a campanha de Dilma e o PT receberam 30 milhões de reais desviados da Petrobras.
De acordo com a reportagem da Folha deste sábado, Pessoa também contou ao Ministério Público que contribuiu com 2,4 milhões de reais para o caixa dois da campanha à reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006; e mais 2,4 milhões de reais para quitar dívidas da campanha de Fernando Haddad pela prefeitura de São Paulo, em 2012.
O valor teria sido abatido da conta de propinas do esquema na Petrobras. Conforme a reportagem, o empreiteiro também revelou que a maior parte dos valores pagos à consultoria do ex-ministro de Lula José Dirceu foi repassada após a prisão do petista, atendendo a um pedido de ajuda financeira de sua família. Segundo a reportagem, o PT rechaçou as acusações e afirmou que todas as doações foram feitas dentro da lei.

10 de maio de 2015
Deu na Veja

CUNHA QUER IMPEDIR RECONDUÇÃO DE JANOT NA PROCURADORIA




Janot parece ter perdido o senso do ridículo
O deputado Paulinho da Força (SD-SP) está coletando assinaturas para uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que acaba com a possibilidade de recondução do Procurador-Geral da República. A medida, que é apoiada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tem endereço certo: o atual chefe do Ministério Público Federal (MPF), Rodrigo Janot, cujo mandato termina no começo de setembro. Pela regra atual, Janot teria direito a mais dois anos de mandato, caso seja reconduzido pela presidente Dilma Rousseff.
Paulinho confirmou as informações ao Correio, reveladas inicialmente por um peemedebista. Ele disse que a modificação pode ser feita por meio de uma emenda a outra PEC. “Estamos conversando com Eduardo para saber qual PEC”, disse ele. “Começamos hoje, na hora do almoço, a coleta de assinaturas. Vai ser rápido, porque todos esses partidos do blocão estão ajudando”, confidenciou Paulinho da Força, referindo-se ao antigo grupo de apoio de Eduardo Cunha, formado pelo SD, pelo PTB, pelo DEM e por outras legendas.
MAIS UM CAPÍTULO
A “cassação” antecipada do próximo mandato de Janot é mais um capítulo da guerra pessoal entre o PGR e Eduardo Cunha.
Esta semana, o Centro de Informática (CENIN) da Câmara foi alvo de um mandado de busca e apreensão da força-tarefa da Lava Jato. Eduardo Cunha voltou a dizer que há uma “querela pessoal” entre ele e Janot, garantindo que vai provar inocência. E cinco dias depois da ação dos procuradores na Câmara, ainda não saiu o resultado da busca e apreensão.

10 de maio de 2015
Andre Shalders
Correio Braziliense

DELEGADO DÁ A ENTENDER QUE JANOT ATRASA A INVESTIGAÇÃO




Diretor da Associação dos Delegados critica Janot
O delegado Eduardo Mauat da Silva, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal, afirmou nesta sexta-feira (17) que a conduta do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, “é um procedimento não-usual”. Ele foi questionado se seria estranho o pedido de Janot ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que fosse suspensa a tomada de depoimentos de políticos, que seriam feitos pelos policiais federais.
Para o delegado, é preciso que Janot explique aos policiais as razões de suspender os depoimentos. O Ministério Público Federal (MPF) alegou que há um “realinhamento nas estratégias” da investigação. Para a instituição, cabe exclusivamente a Janot definir como será feito o trabalho.
Mauat alega que já havia um entendimento entre a Polícia Federal e o MPF sobre a condução das investigações. “Em tese, essa investigação era para ser uma investigação célere e era esse o entendimento, e o trabalho da Polícia Federal caminhava nesse sentido”, diz.
Na entrevista, o delegado foi questionado sobre informações publicadas no jornal “Folha de S. Paulo” de que Janot teria “tolhido” a investigação da PF e sobre suposto contingenciamento de verbas que atinge policiais.
Doutor, queria que o senhor expusesse essa situação em que há diárias atrasadas, tem gente pagando do próprio bolso a estadia. O senhor poderia explicar como que é essa situação?
Em relação à Operação Lava Jato, existe um superintendente que fala pela operação. eu estou falando na condição de diretor da Associação dos Delegados, já expusemos que existem diárias atrasadas. Esperamos que seja resolvido para que não haja prejuízo.
Qual o contingente de pessoas que são de fora daqui que estão trabalhando e qual seria o tamanho desse atraso?
Em torno de dois meses. Nós devemos ter de 15 a 20 pessoas nesta situação.
Que diárias são essas, doutor?
As diárias são uma verba extra que o policial ganha pra se manter quando está fora da sua lotação. Então, essa diária é destinada ao pagamento de moradia, vestuário, transporte, etc. No momento que isso é atrasado, isso prejudica bastante a vida. a diária do policial federal hoje é em torno de R$ 200 a R$ 230. Os policiais têm que tirar dinheiro do próprio bolso pra se manter e mesmo usando o cartão de crédito, em trinta dias, é uma situação complicada. Não tivemos prejuízo concreto na operação até o momento. Esperamos que isso não ocorra.
Imagina-se que isso possa ser, de alguma maneira, para prejudicar?
Não imaginamos que isso tem sido feito de maneira deliberada. É uma contingência que atinge todos os servidores federais.
O senhor deu outras entrevistas hoje, isso repercutiu de alguma forma, dizendo que a Procuradoria teria o objetivo de tolher as investigações, é isso mesmo? O senhor declarou realmente isso?
A posição do doutor Janot, tenho certeza que ele irá prestar esclarecimentos na hora apropriada, o Ministério Público é uma instituição republicana, independente, mas não esta imune ao controle da sociedade. Então, como é uma investigação de bastante repercussão, envolve toda a nação, as pessoas se manifestam, expõem suas posições publicamente a respeito disso, esperando que o país mude. O doutor Janot, servidor público que é, deverá prestar esclarecimentos de maneira apropriada e tenho certeza que ele fará isso.
Como é que o senhor avalia a posição do doutor Janot?
Não poderia avaliar pessoalmente a opinião dele. Ele deve ter uma razão jurídica, técnica para suspender, foram no mínimo seis oitivas suspensas a pedido dele. Ele deve explicar pq fez isso. Em tese, essa investigação era para ser uma investigação célere, era esse o entendimento e o trabalho da Polícia Federal caminhava nesse sentido.
O senhor chegou a questionar a questão da vinculação política do cargo dele, o senhor mantém essa posição?
O doutor Janot foi indicado para o cargo de procurador-geral pelo governo, mas isso não quer dizer que ele esteja comprometido, porque são várias autoridades publicas que também são indicadas e também têm o compromisso de agir em nome do Estado, de maneira republicana e não pra defender interesses do governo, não acredito que ele esteja fazendo isso.
Mesmo tendo petistas ou desligados do partido, que já foram petistas em investigação?
Como eu digo, acredito que o doutor Janot esteja atuando de maneira republicana e espero que ele preste os esclarecimentos necessários para que não haja nenhuma mácula em torno da atuação do MPF.
Não há nenhuma disputa entre PF e MPF?
Da nossa parte não. Da parte da Polícia Federal, estamos fazendo nosso trabalho. E no momento em que uma atuação do Ministério Público acaba interferindo de uma maneira ou de outra nós gostaríamos de saber porquê.
É um tipo de atitude que é estranha, o senhor está acostumado a participar desses processos?
Não diria estranho, é um um procedimento não-usual. Há intimações que já haviam sido expedidas pela Polícia Federal e as audiencias foram canceladas.
Com relação às diárias, há alguma resposta?
A questão do contingenciamento não é uma questão inédita no serviço público federal. Já aconteceu outras vezes e está atingindo outros órgaos que não a Polícia Federal. A Associação Nacional dos Delegados está atenta e aguardando para que isso não prejudique de maneira concreta a Operação Lava Jato.

10 de maio de 2015
Deu no G1

A FÉ QUE A CIÊNCIA ESTÁ PESQUISANDO



Quem dera se os céticos e ateus, que merecem meu respeito mesmo não me demonstrando de forma lógica e matemática a inexistência de Deus – o que me permitiria acreditar neles –, pudessem entender de forma definitiva que fé não é sinônimo de religiosidade! Repito em alto e bom som, inclusive para os religiosos de carteirinha: fé não é religião!
Na verdade, é uma energia inerente ao ser humano, e tem sido pesquisada de forma científica numa região específica do cérebro, o lobo temporal direito. Farei aqui uma ponderação que pode ilustrar e ir além das radicalizações que o tema suscita.
Pegaremos um fenômeno bem conhecido, embora sem a clareza que desejamos, que é o “efeito placebo”. Como explicar que entre 27% e 31% daqueles que recebem pílulas de farinha de trigo, ao invés da medicação científica, respondem de forma positiva e terapêutica, como se tivessem usado a medicação com os princípios científicos verdadeiros? Ou ainda, quando médicos com atitudes mais humanas e receptivas ao prescreverem uma mesma medicação – comparados a outros profissionais frios, indiferentes ou mal-humorados – têm resposta quase 40% mais positiva no primeiro caso?
EFEITO CURATIVO
Estudos recentes mostram que palavras de líderes religiosos, uma imantação pelas mãos e orações coletivas, ou mantras, têm poderoso efeito curativo. Funcionam tal qual o efeito placebo de um médico acolhedor, transmitindo confiança (con – do grego, “junto de”, “compartilhado” e fiare – “fé”) e ativando a mesma área do cérebro citada acima. Tudo isso para lamentar a tremenda falta de fé que assola a humanidade.
Falta dela que, principalmente, assola os jovens viciados em tecnologia. Pessoas que abdicam de experimentar as sensações espirituais, transcendentais, ao mesmo tempo que assistem a guerras religiosas descabidas sem qualquer relação com a fé, num mundo de intolerância e barbáries. De sunitas, xiitas e Estado Islâmico, passando por Al-Qaeda, muçulmanos e católicos. E até mesmo a divisão entre os budistas! Realmente, é o fim da picada!
DENTRO DE CADA UM
Fé, meus amigos, começa dentro de cada um de nós e nunca num milagre desejado. Afinal, já somos, em nós mesmos, milagres da natureza (embora não percebamos).
Essa energia da fé como sinônimo de crença e percepção que somos moléculas divinas, capazes de transformar pensamentos em ações, sentimentos em energia. Essa necessidade básica de sermos animados (do grego, “anima” ou “alma”), portanto, de carregar uma entidade espiritual – algo que vai muito além do físico e psíquico –, de sermos movidos a sonhos, metas e intenções, nos tornarmos transformadores de elementos de uma tabela periódica, de máquinas, tecnologia de ponta, cidades e organizações espetaculares enquanto, simplesmente, nos matamos por coisas banais, roubamos, traímos, mentimos…
Essa evolução louca, cheia de altos e baixos, esse alvorecer da humanidade, que tem só 150.000 anos, demonstra que o conflito entre o mais animalesco que herdamos de nossos ancestrais e o mais divino que buscamos está só no início.
RECÉM-NASCIDOS
Somos récem-nascidos no espaço e tempo universal. Ainda que pretensiosos candidatos a deuses artificiais e incompetentes.
Se fé fosse representável por conceitos e palavras que significassem emoções e afetos, talvez fosse uma porção mágica, de especiarias como o desapego, a serenidade, a entrega sem dúvida ou preocupação, a percepção infinita da paz-de-espírito.
Adicionada ao relaxamento, êxtase e comunhão com a natureza que nos circunda e invade ao deliciar com o nascer e o pôr do sol, aquela paisagem divina, o mar sereno ou o simples cheiro da dama-da-noite. Nos detalhes, os grandes milagres que cismamos diariamente em não usufruir…

10 de maio de 2015
Eduardo Aquino
O Tempo