"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 24 de maio de 2015

SHOW DE ABSURDOS: LEIA ENTREVISTA DE DILMA PARA PASQUIM ESQUERDISTA MEXICANO



Vejam como o "jornal" mexicano descreve o cenário político no país, antes de iniciar a confusa entrevista com Dilma Rousseff, que nem mesmo pôde ser editada no formato pergunta e resposta:

Dilma y Lula –aquí a los presidentes se les llama por el nombre de pila– se reunieron el viernes por la tarde en Brasilia, seguramente para abordar la coyuntura política agitada a raíz de las intrigas desestabilizadoras urdidas por el Partido de la Socialdemocracia Brasileña y el conglomerado de medios Globo, que se afianzó como grupo dominante gracias a los favores prestados a la dictadura militar (1964-1985), que encarceló y torturó a la hoy presidenta.

Ocurre que las elites políticas y mediáticas buscan restaurar el ciclo neoliberal y para ello necesitan acabar con los programas sociales, el nacionalismo petrolero (pivote de la crisis actual) y la diplomacia independiente de Washington, tanto como volcada hacia América Latina.

Aqui a entrevista em espanhol.

24 de maio de 2015
in coroneLeaks

DENÚNCIA MOSTRA LOBÃO ENVOLVIDO EM FUNDO DE PENSÃO



O procurador-geral da República Rodrigo Janot avaliou em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal que as investigações envolvendo o senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA) merecem “aprofundamento”. 

Lobão é suspeito de ser sócio oculto de um fundo de investimento nas Ilhas Cayman, paraíso fiscal caribenho. O parecer de Janot foi encaminhado ao Supremo como parte de um processo que apura a prática de crimes de ocultação de bens e lavagem de dinheiro no qual o ex-ministro foi citado, inclusive sobre o fundo de pensão Postalis, dos funcionários dos Correios.
“Os indícios da possível prática dos crimes (…) merecem o aprofundamento das investigações”, escreveu Janot ao ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso no Supremo. Na última terça-feira, Barroso estabeleceu prazo de vinte dias para Lobão se manifestar sobre as suspeitas. O ex-ministro também é alvo da Operação Lava Jato, sob suspeita de ter recebido propina do esquema de corrupção na Petrobras, empresa vinculada à pasta de Minas e Energia.
Um inquérito aberto na Justiça Federal em São Paulo foi encaminhado ao Supremo em fevereiro deste ano para apurar a eventual participação de Lobão na holding Diamond Mountain, voltada, no Brasil, para a captação de recursos de fundos de pensão de estatais, fornecedores da Petrobras e empresas privadas que recebem recursos de bancos públicos, como o BNDES, áreas de influência do PMDB.
SÓCIO EM CAYMAN
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o nome do ex-ministro foi citado por Jorge Alberto Nukin, ex-dirigente da Diamond Participações, à Polícia Federal. Ele afirmou aos investigadores ter ouvido por diversas vezes dos donos da empresa que Lobão seria sócio de um fundo do grupo nas Ilhas Cayman. Segundo Nukin, os dirigentes da Diamond Marcos Henrique Marques da Costa e Luiz Alberto Maktas Meiches teriam buscado apoio de Lobão no “intuito de obter facilidades junto aos fundos de investimentos controlados pelo Governo Federal, dentre eles, o Postalis – Fundo de Seguridade dos Correios”.
Lobão nega qualquer envolvimento com a Diamond. A defesa diz que vai processar quem usou o nome do senador indevidamente. A Diamond também nega a participação do ex-ministro e qualquer irregularidade nas atividades do grupo.

24 de maio de 2015
Deu na Veja

DESÂNIMO E CRÍTICAS A LEVY E DILMA NO CONGRESSO DO PT




 Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula / Divulgação
O ex-presidente Lula discursa no congresso do PT de SP
“Como fundador e alguém que militou durante 35 anos nesse partido, quero dizer o seguinte: nunca vi uma reunião do PT tão esvaziada quanto ontem, quando se anunciava que o Lula viria. E tão esvaziada quanto hoje, quando no passado as pessoas disputavam o crachá para estar aqui presente.” Foi assim que Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República e um dos principais formuladores petistas abriu sua participação no segundo dia do Congresso Estadual do PT de São Paulo.
Cercado por cadeiras vazias e uma militância que misturava lamúria, raiva e críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff em suas manifestações, Garcia teceu uma análise fria sobre o que cenário político. Para ele, há a “absoluta convicção de que encerramos um ciclo importante da nossa história”. “Nós vivíamos um momento de ganha-ganha. Todos podiam ganhar, os trabalhadores, os pobres, as classes médias, até os industriais e banqueiros. Havia um reordenamento da economia brasileira que permitia que todos ganhassem. Acabou. Não há mais essa possibilidade”, disse.
DECIFRAR A SOCIEDADE
Para Garcia, o PT precisa se esforçar para decifrar a sociedade que emergiu após 12 anos do país sob o comando do partido. “É ilusório pensar que quem saiu da situação de miséria, de pobreza, vai se ajoelhar diante do PT e agradecer. Eles passam a ter novas demandas, novas reivindicações”, avaliou.
Integrante do governo, Garcia foi sutil nas críticas, mas não deixou de pontuar a insatisfação da militância com o ajuste fiscal imposto pelo governo. Para ele, a dificuldade que Dilma já era um sintoma claro do desgaste do partido com a sociedade brasileira.
“As classes dominantes estão em clara ruptura conosco e, se não tomarmos cuidado, parte da nossa base social histórica também estará”. Ele afirmou que a militância precisa “empurrar” o governo de volta a seus compromissos históricos.
“Temos que propor, no imediato, que essas correções que estão sendo feitas do ponto de vista fiscal possam efetivamente permitir que daqui uns poucos meses meses nós estejamos com este problema resolvido e que possamos então aplicar políticas que são aquelas que vão garantir ao segundo governo Dilma, uma qualidade, uma força, uma transformação importante”, afirmou.
PLANO LEVY
Após a fala de Garcia, militantes de diversos segmentos, tomaram o microfone. Chamado por eles de “plano Levy”, numa referência ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o ajuste fiscal foi duramente criticado. Representantes da CUT convocaram a militância à aderirem à proposta de greve geral, no próximo dia 29.
“Esse PT que está aí, parte dele não é nosso”, disse o presidente da CUT em São Paulo, Adi dos Santos Lima. “A bancada do PT está perdida, porque a agenda [do governo] é uma agenda que confronta o direito do trabalhador. Nós precisamos reagir. Quando mexe com direito, nós precisamos reagir”, concluiu.
A demissão do ministro e pedidos de suspensão do ajuste fiscal foram demandas recorrentes. “Cada uma das medidas anunciadas é inaceitável. 500 mil trabalhadores perderam o emprego, esse é o plano Levy”, disse um filiado à CUT. “O plano Levy é um ataque a todos os trabalhadores, é um ataque à nação”, disse outro.
Vinculado ao diretório de Guarulhos, um petista foi além: “A Dilma precisa de muito beliscão. Se não der certo, tiramos ela e botamos o Lula de volta”.
24 de maio de 2015
Deu na Folha

DILMA TIRA UMA ONDE E DIZ "NÃO TER MEDO DO IMPEACHMENT"







A presidente Dilma Rousseff afirmou não temer um eventual processo de impeachment e disse que essa discussão tem atualmente um viés de “arma política” contra sua gestão. “Eu acho que tem um caráter muito mais de luta política, entende? Ou seja, é muito mais esgrimido como uma arma política. Agora, a mim não atemorizam com isso. Eu não tenho temor disso, eu respondo pelos meus atos. E eu tenho clareza dos meus atos”, afirmou em entrevista ao jornal mexicano “La Jornada”, na última sexta-feira e publicada neste domingo.
A presidente comentou temas da política brasileira, como o escândalo de corrupção na Petrobras, e assuntos internacionais, como o relacionamento entre Brasil e México, onde Dilma cumpre agenda na próxima semana.
Ao destacar a relevância da Petrobras –”tão importante para o Brasil como a seleção”– Dilma citou a Operação Lava Jato e reconheceu envolvimento de funcionários da empresa no esquema de corrupção”.
“A Petrobras tem 90 mil funcionários, quatro funcionários foram e estão sendo acusados de corrupção. Muito provavelmente…Ninguém pode falar antes de serem condenados, mas todos os indícios são no sentido de que são responsáveis pelo processo de corrupção”, disse a presidente sem citar nomes.
Dilma fazia referência aos ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, além do ex-gerente Pedro Barusco.
ESPIONAGEM
Dilma foi questionada ainda sobre a política na América Latina, a recente aproximação entre Estados Unidos e Cuba e as denúncias de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) contra o governo brasileiro. Para a presidente, esse tema “está concluído”.
“O presidente Obama (…) abriu um processo de discussão em que eles tiraram várias resoluções. Entre essas resoluções, eles tiraram uma resolução de que não tem cabimento espionar países amigos, não é? (…) No marco do que eles fizeram, eles nos responderam”, afirmou.
PORTO DE MARIEL
A presidente defendeu ainda o financiamento do BNDES na construção do Porto de Mariel, em Cuba, e ponderou haver certo “exagero” na análise de que há um quadro de instabilidade em governos da América do Sul –o jornalista mexicano apontou como exemplo Venezuela, Equador e Bolívia.
“Eu não acredito que a democracia engendre situações de paz dos cemitérios. A democracia engendra manifestações de rua, reivindicações, expressão de descontentamento. E nós, na América Latina, temos de cuidar muito, porque a raiz golpista sempre perpassa a cultura política dos países. Não dominantemente mais. Não, eu não acredito nisso”, afirmou.

24 de maio de 2015
Flávia Foreque
Folha

O HUMOR DO DUKE...

Charge O Tempo 23/05
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24 de maio de 2015

O GOVERNO DA MENTIRA

A Mentira Original contamina o governo de Dilma Rousseff, gangrenando suas bases políticas e ameaçando destruir o ajuste fiscal. Quarta-feira, seis senadores de partidos governistas, inclusive dois petistas, endossaram um manifesto assinado pela CUT, pelo MST e por diversas lideranças do PT contra as medidas provisórias 664 e 665. Tudo indica que, mais uma vez, o destino do ajuste depende do "patriotismo" de parlamentares da oposição. Previsivelmente, a crise do lulopetismo assume a forma de uma crise geral da gramática política brasileira.

Dilma reelegeu-se aplicando um golpe na democracia que foi apropriadamente batizado como estelionato eleitoral. Ela fraudou o pleito, prometendo aos eleitores que não seguiria o curso da austeridade fiscal. Mais: num paroxismo de desonestidade política, acusou Marina Silva e Aécio Neves de urdirem as "medidas amargas" que adotaria no dia seguinte à posse. O cisma na sua base é fruto direto da Mentira Original. Por que os defensores da desastrosa política econômica de Dilma 1 deveriam acompanhar o cavalo-de-pau de Dilma 2?

Os eleitores decifraram a fraude. As imensas manifestações populares de março, que refletiam a retração catastrófica dos índices de popularidade da presidente, indicaram um caminho. Dilma só governaria se acertasse as contas com a Mentira Original, renunciando à sua própria herança para começar de novo. A legitimidade de Dilma 2 dependia de uma ruptura com o lulopetismo, por meio da formação de um governo transitório de perfil técnico. No lugar disso, a presidente decidiu persistir na mentira. O custo inicial da opção expressou-se pela transferência das chaves do poder para Joaquim Levy, na economia, e para o triunvirato Temer/Renan/Cunha, na política. Mas o custo integral é maior: a manutenção do fantasma de Dilma no Planalto exige que toda a vida política do país se transforme numa farsa.

Farsa, parte um. O PT comporta-se como partido de oposição sem abdicar de seu lugar no núcleo do governo. As impressões digitais de Lula estão no manifesto dos governistas oposicionistas, assinado por inúmeras figuras que só operam com seu tácito consentimento. "Não estamos contra a presidente Dilma, mas contra a política econômica do governo", esclareceu o senador Paulo Paim, um dos signatários da peça farsesca. Dilma não tem os meios para enquadrar o PT: a mentira converteu-se na jangada que a mantém à tona.

Farsa, parte dois. As dissidências na oposição transformam-se na aposta principal do governo para a aprovação de um arremedo do ajuste fiscal. Na Câmara, parte da bancada do DEM já ofereceu seus votos para a MP 665. Os supostos oposicionistas, em vias de fusão com o PTB, invocaram os "interesses da pátria" para camuflar sua trajetória de adesão a um governo que sobrevive às custas da repartição dos despojos da máquina pública.

A neblina da dupla farsa embaça os olhares. O colunista Hélio Schwartsman acusou o PSDB de "oportunismo" por não respaldar a "agenda de Joaquim Levy", como se o esparadrapo que Dilma 2 tenta aplicar sobre a ferida hemorrágica de Dilma 1 equivalesse a um programa consistente de reformas econômicas. 
Na gramática da crise do lulopetismo, o mundo foi virado pelo avesso. Segundo a lógica pervertida da Mentira Original, o governo aprovaria suas medidas impopulares com os votos da oposição –e sob cerrado bombardeio do PT. Há meio melhor de chamar os eleitores de palhaços?

O pouco que resta do ajuste fiscal não salvará as contas públicas. Mas já dissolveu a linguagem política no caldo da ininteligibilidade. Ponto para Lula.



24 de maio de 2015
Demétrio Magnoli

CORDEIROS? NÃO MAIS!!!

Segundo os nossos dicionários, cordeiro é o filhote de ovelha ainda novo e tenro, anho, borrego e, no sentido figurado, homem manso;pessoa dócil e obediente.

Como o meu blog trata de direito e política e não de animais estarei abordando nesse texto o sentido figurado da palavra cordeiro.

E vocês podem me perguntar: Raphael a quem você quer se referir quando fala de cordeiros?

E eu lhes respondo:

Quero me referir ao povo brasileiro que nos últimos 12 anos vem agindo como verdadeiros cordeirinhos que obedecem sem qualquer relutância,se acomodam ou ainda se omitem em relação àquilo que os lobos que governam o nosso Brasil prometem em suas campanhas e não cumprem e àquilo que prometem fazer ou não fazer e fazem exatamente o contrário.


Querem exemplos?

Como o Governo Lula já acabou faz tempo(Graças a Deus) com a colaboração de material que colhi na internet vou só mostrar as principais promessas feitas na campanha do 1º mandato e não cumprida pela atual Presidente Dilma Rousseff,bem como aquilo que prometeu não fazer e fez ao contrário do prometido na campanha do 2º mandato.

Aí vão:

Promessas feitas na campanha de 2010 e não cumpridas

"1.Dilma prometeu investir na formação de agentes de segurança.

O que Dilma fez: Não fez: o número de bolsas de formação e capacitação de agentes de segurança, no âmbito nacional, caiu de 219.055 em 2010, para 15.668 em 2013.

2. Dilma prometeu ampliar os “Territórios de Paz e as UPPs com a polícia, além de investir em projetos de urbanização de áreas de maior conflito.”

O que aconteceu: Dilma foi na contramão de sua promessa: em três anos a presidenta investiu um terço do que Lula gastou em 2010 com o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci ).

3. Dilma prometeu 2.883 novos postos de polícia comunitária no país.

O que foi feito: Nada. O governo do PT não iniciou e tão menos entregou qualquer posto de polícia comunitária durante a gestão de Dilma Rousseff.

4. Dilma prometeu fortalecer a “Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança Pública serão fortalecidas para combater o crime organizado, dando especial atenção ao combate à lavagem de dinheiro e à corrupção.”

O que foi feito: Nunca um governo foi tão conivente com a corrupção. Segundo o relatório oficial da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) divulgado em dezembro, nos últimos anos ocorreu uma redução drástica no número de operações de combate ao crime organizado.
Houve queda nas investigações de crime de peculato, concussão, emprego irregular de verba pública, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O total de indiciamentos nesses crimes caiu de 10.164, em 2007, para 1.472, em 2013- uma queda de 86%.

5. Dilma prometeu dar continuidade ao Programa de Aceleração do Crescimento.

O que foi feito: Com Dilma, o PAC é um fracasso. Dos 206 empreendimentos previstos no PAC para os quatro anos do mandato de Dilma, que envolvem R$ 143 bilhões, apenas R$ 2,6 bilhões saíram do papel, de acordo com o Portal da Transparência do Governo Federal. De cada dez iniciativas, menos de quatro estão sendo construídas e somente 12% dos projetos estão concluídos.

6.Dilma prometeu criar um programa nacional de defesa urbana com o objetivo de prevenir desastres ambientais.

O que foi entregue: Nos três primeiros anos de seu governo, Dilma investiu menos de 10% dos R$ 2,3 bilhões destinados a contenção de encostas. Além disso, dos R$ 9,9 bilhões de repasses previstos pelo programa de governo para a realização de obras de drenagem e manejo de águas pluviais, somente R$ 1,26 bi foram efetivados.

7.Dilma prometeu garantir a manter e expandir os níveis de crescimento econômico.

O que foi feito: Dilma não sabe cuidar da nossa economia. Durante todo o seu governo, Dilma não conseguiu manter a inflação no centro da meta. Ao longo de todo o mandato da petista permanecemos com os números da economia abaixo da média da América Latina. Com Dilma, crescemos a uma taxa de 2% ao ano. O menor progresso desde 1992.

8. Dilma prometeu “elevar a indústria brasileira à consolidada posição de destaque no mercado das exportações.”

O que foi feito: Poucas vezes a nossa indústria esteve tão ruim. Para comandar o Ministério de Desenvolvimento, Comércio e Indústria, Dilma convocou o candidato a governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Com Pimentel e Dilma, a nossa indústria encolheu em média 0,3%, anualmente, desde janeiro de 2011, segundo o IBGE. O resultado, mais uma vez, é o pior desde Fernando Collor de Mello.

9. Dilma prometeu assumir “a responsabilidade da criação de 6 mil creches e pré-escolas e de 10 mil quadras esportivas cobertas.”

O que foi feito: Dilma promete muito e faz pouco. Em abril do ano passado, Dilma disse que o número de creches chegaria a 8.685 creches no programa Café com a Presidenta, entretanto, após três anos de governo, Dilma entregou somente 1.267 creches. Além disso, das 10.000 quadras cobertas prometidas, apenas 44 foram entregues, o que representa 0,0044% do assegurado.

10. Dilma prometeu que faria “uma ampla mobilização – envolvendo poderes públicos e sociedade civil – terá como objetivo a erradicação do analfabetismo.”

O que aconteceu: Mais um fracasso de Dilma. Segundo o IBGE, em 2012, pela primeira vez em 15 anos, a taxa de analfabetismo subiu no Brasil. Pelos dados, 8,7% da população ainda não sabe ler e escrever.

11.Dilma prometeu construir uma escola técnica para cada cidade-polo com mais de 50 mil habitantes e ampliar o projeto de construção das Instituições Federais de Educação Tecnológica (IFET), construindo mais 208 centros de ensino.

O que foi entregue: Dilma entregou somente 111 novos centros durante o seu governo, sendo 36 unidades vinculadas às instituições federais de educação profissional. Para cumprir a sua promessa, a presidente teria que aumentar o ritmo em seis vezes nos próximos meses para concluir todas as 208 unidades prometidas. Além disso, Dilma desistiu das escolas técnicas após ser eleita, alegando que os custos seriam muito altos.

12. Dilma prometeu investir na criação de novos assentamentos e ampliar a assistência técnica, o acesso ao crédito e infraestrutura aos novos assentados.

O que foi feito: Dilma conseguiu ter o pior resultado desde 1994 em número de famílias assentadas. Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, em três anos de governo, foram assentadas pouco mais de 75 mil famílias. O número não só é menor do que o de Lula, mas também é duas vezes e meia menor do que o registrado nos três primeiros anos do governo Fernando Henrique Cardoso. -

13. Dilma prometeu construir 500 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em seus quatro anos de mandato e 8 mil Unidades Básicas de Saúde (UBS).

O que foi entregue: Quase nada. No último ano foram construídas apenas 29 UPAs, que se uniram às outras 144 unidades que já estão em funcionamento. 3 vezes menos do que o prometido. Dilma também fracassou na gestão das UBS. A presidente não entregou nenhuma das 8.000 unidades prometidas. Pelo contrário, reduziu o seu número de 42.675 para 39.800, quantidade que já era pequena quando comparada com os nossos vizinhos da América do Sul. "

Promessas feitas na campanha de 2014 e feitas exatamente ao contrário

"1. Em encontro com empresários em Campinas, em setembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff (PT), então candidata à reeleição, prometeu que não mexeria nos direitos trabalhistas. Usou, inclusive, uma frase de efeito, reverberada pelos marketeiros durante a disputa eleitoral: “Nem que a vaca tussa"

E não é que a "vaca tossiu". Já eleita Dilma assinou no dia 29.12 um pacote em que fez "ajustes" nos direitos dos trabalhadores, mexendo entre outros nos referentes ao seguro-desemprego e na pensão por morte.

2.Durante a campanha, em um encontro com taxistas de São Paulo, a presidente afirmou que não haveria “tarifaço"

Mas este veio com o veto ao reajuste de 6,5% na tabela do IR e com a aprovação pela Câmara dos Deputados no último dia 19 da MP 668/2015 que aumenta o PIS(Programa de Integração Social) e a Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social incidentes sobre as importações. Pela MP, essas contribuições sobem de 1,65% e 7,6% para 2,1% e 9.65% respectivamente.

3. Em seu discurso de posse disse que o slogan do novo mandato seria ‘Brasil, pátria educadora’ .

No dia 08.01, no entanto editou um decreto que determinou o bloqueio de um terço dos gastos administrativos da nova gestão, sendo que a pasta da educação teve o maior corte ( R$ 7 bilhões).

Havia necessidade destes "ajustes"?

Entendo que não.

Não é justo que o povo brasileiro que desde 1º.01 até às 14,15hs do dia 20 deste mês já pagou mais de R$788 bilhões de impostos segundo o "impostômetro" da Associação Comercial de São Paulo e, além de só receber retorno de migalhas com o dinheiro dos nossos impostos, ainda tem de pagar a conta pelos erros do governo ao conduzir nossa economia.

Além disso, dessa arrecadação dos impostos tem sido repassado aos Estados e Municípios menos de 40% o que tem impossibilitado que estes proporcionem à população os serviços públicos básicos (Saneamento básico, saúde, educação, transporte e segurança).


Precisamos dar um basta nisso!!

E, como fazer isso?

O caminho a ser seguido ao ver dos "brasileiros do bem" é a GREVE GERAL no próximo dia 27.05. Só ela poderá mostrar a eles que da forma que está não pode continuar!!

De acordo com a nossa CF em seu art. 9º "É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender."

Se os trabalhadores dos serviços essenciais como transporte público que tem restrições legais para o exercício do direito de greve, tais como número mínimo de trabalhadores a garantir a continuidade desses serviços descumprem este e fazem greve geral, porque nós não temos estas restrições não o fazemos.

Fomos cordeiros, aceitando todas as mentiras dos governos do PT desde 2003!!

Volto a repetir : Cordeiros? Não mais!!!

24 de maio de 2015
via@marisacruz

O TEMPO DOS SELFIES

O autorretrato foi para os mestres da pintura que viveram antes do advento da fotografia a maneira de revelar não só o mundo que viam e como o viam em cores e formas, mas o lugar íntimo de onde viam, a densidade de seu olhar. 
Obras-primas nasceram do pincel de um Rembrandt ou de um Van Gogh, que legaram ao futuro seus rostos em várias idades, impregnados de suas angústias.

O autorretrato foi sempre um momento maior na carreira de um artista. Buscavam a imortalidade na grande arte e a grande arte no autorretrato. Tinham a dimensão da História.

Hoje, o autorretrato é o exercício preferido de qualquer anônimo que estenda o braço com o celular na mão e lá vem mais um selfie. Um exercício lúdico e narcísico, cujo destino é ser deletado ou, com sorte, fazer um imprevisível caminho na Rede. Uma ou algumas caras, talvez caretas, sem contexto, sem profundidade, imagens deixadas ao efeito de luzes e sombras eventuais.

O selfie não quer fixar nada, senão uma informação fugaz sobre o momento vivido e compartilhá-la com o maior número de pessoas. Não sei se é um brinquedo inofensivo ou metáfora do tempo presente, em que a instantaneidade, a quantidade e o descompromisso com a qualidade são a regra.

Vivemos um tempo sem memória, que tudo registra para logo tudo esquecer. Um eterno presente que capta a instantaneidade do fato e se alimenta da velocidade da informação. Sem passado, que não se cristaliza, diluído em uma renovação permanente de notícias, nem futuro que, sem tempo para amadurecer, é uma ausência.O momento seguinte não tem tempo nem razão para amadurecer.

Marc Zuckerberg, perguntado sobre o objetivo do Facebook, respondeu: “Conectar-se”. Para quê? “Para conectar-se”.


O cotidiano vivido cada vez por mais pessoas e por mais tempo entre as telas do celular e do computador vai moldando uma percepção do mundo que é tão alheia ao mundo pré-virtual quanto um autorretrato de artista a um selfie. O snapchat, que envia uma foto que dura segundos e se auto deleta, é a última flor dessa língua cada vez menos compreensível para a geração do portarretrato.

A intensa vida virtual atualiza palavras como presencial, um adjetivo que hoje qualifica a natureza excepcional de um encontro entre gente de carne e osso. Manifestações de rua são presenciais. As outras são simplesmente o dia a dia de quem vive no mundo virtual, onde a opinião é produto do dilúvio de informações, muitas de origem aleatória ou autoria incerta. A quantidade dessas informações, em que a qualidade não é um critério, quando mal digerida é tóxica. Essa é a face oculta de uma admirável democratização do direito de expressão.

Para o bem ou para o mal, a sociedade está mudando mais pela tecnologia do que pela política, desfigurada em partidos carcomidos pela corrupção. Transformados em ajuntamentos de interesses pessoais, sem valores, sem compromisso com o interesse público e sem visão de futuro, recolhem a aversão como sentimento comum à população. A política desliza, então, para outras formas de expressão e, entre elas, está certamente o fervilhar de debates na comunicação virtual, com os prós e contras desse mundo e de sua incorpórea população.

O Brasil vive um momento de selfies. Um eterno presente em que os fatos e as fotos se sucedem sem contexto e sem enredo. Tudo se esgota no escândalo do dia, no toma lá dá cá, nos implantes de cabelo, na roubalheira da véspera, na amante do doleiro cantarolando Roberto Carlos na CPI, no ex-presidente que se expõe malhando, suando e dizendo banalidades sobre vida saudável.

Autoridades viram piadas corrosivas na rede, onde a derrisão é a regra. O falso revolucionário que antes cerrava o punho, hoje atravessa a tela com os pulsos algemados. Amanhã é o CEO engravatado da grande empresa que explica, com ar compenetrado, como dar propina. Delata-se. Deleta-se.

O Brasil entrou na era do desnudamento. Nas redes, tudo se sabe, se compartilha, se comenta. Pouco se interpreta. Menos ainda se entende. E amanhecemos em um presente sem futuro.

A cultura virtual está se tornando a Cultura. Há uma armadilha, que precisa ser desarmada, em sua relação com o tempo. Ela impõe uma vida acelerada que não pensa o amanhã.

Falar em dimensão histórica soará estranho a ouvidos jovens. Este texto é longo para quem se exprime em twitter e WhatsApp. Mas é preciso que eles saiam do eterno presente, conheçam o passado e assumam o compromisso com o futuro. Façam projetos ditados por valores. O país precisa deles para superar a esclerose. O futuro será o que eles fizerem.


24 de maio de 2015
Rosiska Darcy de Oliveira

CIDADE ESFAQUEADA

Em sua página no Facebook, a cantora Joyce Moreno relata a perplexidade de voltar, quarta-feira, de um show no Semente da Lapa no qual Chico Buarque deu canja-surpresa e ler nos sites e nas redes a notícia do ataque a facadas a um ciclista na Lagoa Rodrigo de Freitas. Dualidade que Joyce classifica de “esquizofrenia carioca”. Com toda razão, o homicídio covarde, monstruoso, do médico, ex-maratonista, Jaime Gold, de 56 anos, provoca a indignação costumeira diante das ondas de violência que vão e vêm na cidade do “povaréu sonâmbulo/ambulando/que nem muamba/nas ondas do mar”, cujo poente, na “espinha” das montanhas, “quase arromba a retina de quem vê” (Chico Buarque, “Carioca”, canção do CD “As cidades”). A espinha do Rio foi de novo partida, como manda a tradição inaugurada em fins do século XIX. Aqui, se os esforços, voluntários ou intuitivos, de unidade e coesão social frutificaram nas artes e na produção intelectual, o mesmo não se pode dizer da esfera dos poderes público e econômico.

O homicídio sob o poente da Lagoa ganhou ainda mais em repercussão por emblematizar o modus operandi do momento, que vem se alastrando na Zona Sul e em outros pontos da cidade: a arma branca, não usada como simples ameaça, mas com o objetivo de matar ao menor imprevisto, ou mesmo sem reação da vítima, ou pelas costas, como foi o caso. Nos anos 1970 e até inícios da década seguinte eram comuns os meninos maltrapilhos que assaltavam com caco de vidro, restos de ferragens e canivetes, muito mais empregados para intimidar que para golpear (retratados em outra canção de Chico, com Francis Hime, a obra-prima “Pivete”). Dependendo do porte da vítima, era possível derrubar o menino com um peteleco, ou entregar a carteira, ou até pagar uma coxinha de galinha com guaraná na esquina, e a coisa terminar em bate-papo sobre futebol. Isso quando o infrator em questão não se surpreendia ao assaltar o mesmo moleque abastado com quem jogava bola na praia, desistindo do plano, envergonhado.

Os delinquentes que agora estão a esfaquear concidadãos em pontos turísticos da Zona Sul (o assalto no Parque do Flamengo, semanas atrás, foi o estopim da notoriedade da nova onda) e outras regiões da cidade são de um outro tipo, ainda a estudar, mas que não é novo na essência: já se contam décadas desde que, não apenas no Rio, mas nas demais metrópoles brasileiras, fala-se da banalização, da desvalorização da vida, trocada por dez reais, por um celular pré-pago, por uma bicicleta e, amiúde, por nada, só pela gana de matar no esculacho.

A faca, milenar, que remete a tantas simbologias, que emerge dos estágios primevos da civilização, e — mais essencial ainda —, a lâmina, das espadas, dos justiceiros, do suicídio ritual, das guilhotinas das revoluções liberais, das rebeliões em presídios, dos jihads radicais, ou das execuções exemplares a sangue frio, adiciona um lúgubre componente retrô, afinado com o voluntarismo que caracteriza os exércitos difusos da contemporaneidade, que se criam e se recriam no mundo material com a velocidade com que blogs ou páginas de redes sociais ganham e perdem centralidade.

Essa vertente “laminar” da dilaceração da malha carioca se expressa em diferentes tipologias do crime, que terminam por criar um repertório de horrores que inclui execuções em pilhas de pneus incendiados, torturas em geral e outras modalidades dantescas, compartilhados por organizações criminosas, milícias, bandas podres e às vezes oficiais da polícia e franco-atiradores ou, conforme for, franco-esfaqueadores. As forças de segurança se esforçaram para libertar os morros e demais regiões de difícil acesso do tráfico pensando que a violência, fora desses enclaves, se diluiria. Mas, se hoje é anacrônico dizer que as UPPs não foram em muitos aspectos um sucesso (apesar dos retrocessos em certas comunidades), é também anacrônico dizer que elas foram o sucesso que se alardeou: a violência, ora refém do tráfico; ora escrava do crack; ora nascida de gerações sem escola e sem rumo; ora filha do desprezo que o Brasil cultiva pela educação; ora inata no indivíduo e incontida quando a polícia é inepta, mal treinada e brutalizada; ora fruto de profundas raízes socioeconômicas (e, para os obtusos, do mal absoluto de um nomeado indivíduo, ou do demo) — enfim, a violência eclode nas ondas do mar e nas rachaduras do asfalto no tal do país em que tudo dá mas pouco se colhe.

Por isso, a sensação de impotência a cada novo surto e a incapacidade de encontrar explicações novas, deixando no ar os lugares-comuns de sempre. Hoje são as facadas; ontem (e hoje), as balas perdidas; anteontem (e ainda hoje), os erros da polícia. Há momentos, reincidentes, em que ficamos semanas comentando, pasmos, um tipo de violência que, em sua eclosão, não envolve planejamento humano, mas a falta dele: é quando artefatos que se quer inanimados, como bueiros, começam a explodir, vertidos em minas de guerra involuntárias, automáticas. O corpo da cidade, torturado, vomita suas estruturas organicamente. Na fúria dos bueiros, inimputáveis, ou nas mãos impiedosas de um jovem esfaqueador, vibra a engrenagem de um crime maior, de origem, perpetrado por todo um corpo social. A cidade é aquilo que o homem faz dela. Crime maior é não observar, e aprender, com a História.

24 de maio de 2015
Arnaldo Bloch

LAVA JATO AVANÇA SOBRE CONTRATOS DO BILIONÁRIO MERCADO DO PRÉ-SAL

A força-tarefa da Operação Lava Jato deflagrou esta semana a primeira ofensiva para comprovar que o esquema de cartel e corrupção nas obras de refinarias e petroquímicas da Petrobrás, entre 2004 e 2014, foi reproduzido em contratos do bilionário mercado do pré-sal.

São obras de plataformas, construção e locação de navios e sondas de perfuração para exploração de petróleo – a maior parte deles vigente – que envolvem volume de investimentos público e privado superior aos projetos até agora sob escopo da operação.

No foco atual dos procuradores e delegados da Polícia Federal estão contratos da Sete Brasil – empresa criada pela Petrobrás em parceria com fundos de pensão públicos e privados e com três bancos – com cinco estaleiros para a construção, no País, de 29 sondas de exploração no fundo do mar. Esses contratos somam US$ 25,5 bilhões



Trecho do pedido de prisão do MPF de lobista da Engexi / Foto: Reprodução

As empresas que compõem esses estaleiros são, em boa parte, as mesmas já suspeitas de formar um cartel e pagar propinas nos contratos das refinarias.

O estaleiro Atlântico Sul, controlado pela Camargo Corrêa, pela Queiroz Galvão e por investidores japoneses, é responsável pela construção de 7 sondas. O estaleiro Brasfels, do grupo estrangeiro Kepell Fels, de Cingapura, é responsável por 6 sondas.
O estaleiro Jurong Aracruz, controlado pelo grupo estrangeiro SembCorp Marine, também de Cingapura, é responsável por outras 7 sondas. 

O estaleiro Enseada do Paraguaçu, controlado por Odebrecht, OAS, UTC e o grupo japonês Kawasaki, é responsável por mais 6 sondas. Por fim, o estaleiro Rio Grande, controlado pela Engevix, é responsável pela construção de 3 sondas.

O empresário Milton Pascowitch, preso na semana passada sob suspeita de operar propinas para o PT – ele fez pagamentos à consultoria do ex-ministro da Casa Civil condenado no mensalão, José Dirceu –, atuava para o estaleiro Rio Grande, da Engevix. Sua prisão já é resultado do aprofundamento das investigações em relação aos contratos do pré-sal.



Trecho do pedido de prisão do MPF contra Milton Pascowitch / Foto: Reprodução
Espelho. As ações penais referentes às obras de construção de refinarias já apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato trazem o seguinte roteiro: as empreiteiras se reuniam num cartel para dividir os contratos; pagavam propina que variava de 1% a 3% a operadores por meio de contratos fictícios de
consultoria; esses operadores distribuíam o dinheiro entre ex-diretores da Petrobrás – três deles já presos, Renato Duque, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa – e partidos políticos – em especial PT, PMDB e PP.

Esse esquema de desvios se concentrou, segundo as investigações, entre os anos de 2004 e 2012, e os pagamentos prosseguiram até 2014. A Petrobrás admite – e já registrou em balanço – prejuízo de R$ 6 bilhões com propinas nas obras de refinarias, entre elas a Abreu e Lima, em Pernambuco, e a Getúlio Vargas, no Paraná.

Nos contratos do pré-sal, os procuradores e delegados da Polícia Federal esbarraram num modelo bem parecido: a suspeita é de que as empresas que compõem os estaleiros se acertaram em cartel, pagaram propina de 0,9% a 1% do valor dos contratos por meio de operadores que detêm consultorias de fachada e, no fim, o dinheiro foi parar nas mãos de políticos. Em razão de o setor do pré-sal estar ligado às Diretorias de Internacional, Serviços e de Exploração e Produção, as suspeitas recaem novamente sobre PT e PMDB, que apadrinhavam os diretores dessas três áreas.

O esquema de propina nos contratos de construção de sondas teria iniciado em 2011. Há indícios de que ele prosseguiu até o final de 2014. A maior parte dos contratos estão em execução.
“Sobre o valor de cada contrato firmado entre a Sete Brasil e os estaleiros, deveria ser distribuído o porcentual de 1%, posteriormente reduzido para 0,9%”, revelou o ex-diretor de Operações da Sete Brasil e ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco, em sua delação premiada assinada com a Operação Lava Jato.

“Até o fim de 2014 temos elementos para apontar que o esquema de corrupção na Petrobrás e de cartel continuou existindo”, afirma o procurador da República Deltan Dallagnol, um dos coordenadores da força-tarefa.

O volume de recursos que a Lava Jato passa a mirar com os contratos do pré-sal é superior ao apurado até agora. Documento elaborado pela Lava Jato, que integra os autos, aponta que “entre 2011-2014″ metade de que a União investiu foi por meio das estatais.

A Petrobrás é a principal delas. Seus investimentos concentraram 49% (cerca de R$ 167 bilhões) do total feito pela União via estatais (excluídos os bancos), no período.

“Para os próximos anos, projeta-se que esse percentual pode superar os 80% em razão dos investimentos no Pré-Sal”, informam os procuradores da força-tarefa da Lava Jato. São US$ 220,6 bilhões (ou R$ 584,59 bilhões, para um câmbio US$ 1 = R$ 2,65) previstos, com o pré-sal entre 2015 e 2018.


Leia trecho da delação de Pedro Barusco, citada em decisão da Justiça de prisão de Milton Pascowitch

Ex-diretores. A partir das investigações do pré-sal, aparecem três novos nomes de ex-diretores da Petrobrás contra os quais ainda não há acusação formal: Jorge Zelada (ex-diretor de Internacional), Roberto Gonçalves (que foi das áreas de Serviços e também de Internacional) e Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção.

Os dois primeiros foram apontados como recebedores de propina por Barusco. Contra Zelada, pesa ainda a descoberta de 11 milhões de euros que foram bloqueados em um banco em Mônaco. Estrella poderá ser investigado. Houve pagamentos de propina em sua área – Exploração e Produção –, mas não há apontamento de que ele teria recebido dinheiro desviado.

24 de maio de 2015
Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Julia Affonso

O SONHO QUE VIROU PESADELO

O orçamento foi aprovado pelo Legislativo, segundo previsão do Executivo, que agora retira 69.9 bilhões de reais do total. Todos os setores do governo foram atingidos, mas a indignação maior refere-se à Saúde, que perde 11.774 bilhões e à Educação, garfada em 9.423 bilhões. Hospitais e escolas, de resto deficientes e insuficientes, sofrem a maior agressão. A quem a população deve reclamar? 
Aos que puseram a economia nacional em frangalhos, quer dizer, o governo, grande responsável pelo caos que nos assola. Primeiro por sua incapacidade. Depois pela imprevidência. Só que quem vai arcar com o prejuízo somos nós, a sociedade.

Quando em campanha pela reeleição, em outubro passado, a presidente Dilma nem por um momento admitiu as dificuldades já mais do que evidentes. Iludiu a maioria do eleitorado, escondendo-se atrás da falsa euforia e das promessas vãs. Direitos trabalhistas e previdenciários estão sendo reduzidos. Impostos, aumentados. 
O desemprego caminha a passos largos, junto com a pobreza. A inadimplência se multiplica. A violência também. Uns poucos privilegiados mandam seus milhões para o exterior, enquanto as massas deixam de ranger os dentes pela falta deles.

Convenhamos, alguma coisa precisa ser feita. Em tempos remotos, mas nem tanto, o povo ganhava as ruas e pela força depunha seus governantes. Com o aprimoramento da democracia, estabeleceram-se soluções pacíficas, mas eficientes. No parlamentarismo, caem os gabinetes. No presidencialismo, surgem o impeachment e novas eleições.

Não há porque o país acomodar-se a três anos e meio de novas frustrações, quando nem se tem certeza de as instituições se sustentarem até lá. Para evitar a desagregação nacional a palavra de ordem só pode ser de “basta”. De “fora”, por quaisquer instrumentos ou mecanismos possíveis, de preferência constitucionais.

O governo de Madame acabou com esse melancólico final antecipado. O pouco que lhe restava de credibilidade acaba de sair pelo ralo. O Partido dos Trabalhadores não é mais dos trabalhadores e deixou de ser partido. O corte de quase 70 bilhões acaba de selar o destino do sonho que virou pesadelo.

24 de maio de 2015
Carlos Chagas

CRISE DENTRO DA CRISE

Três acontecimentos muito estranhos, todos na sexta-feira, mexem com os nervos do governo, com a imaginação da oposição e com a curiosidade geral. O clima é tenso, há interrogações demais e respostas de menos em Brasília. A crise econômica, política e a ética estão, aparentemente, descambando para uma crise dentro do próprio governo.

Primeiro acontecimento: antes do anúncio dos cortes no Orçamento, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de manhã, fora da agenda e na Granja do Torto, local distante do Palácio da Alvorada e da cúpula política do governo, inclusive do vice Michel Temer. E o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, participou. Nada disso é usual.

Segundo: o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, simplesmente não apareceu na entrevista sobre o contingenciamento gigante, deixando a missão para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, seu companheiro de agruras econômicas e adversário de disputas internas.

Terceiro: Lula voltou a São Paulo em tempo hábil, mas não deu as caras na reunião do Diretório do PT que discutiu a convenção nacional do partido, no mês que vem. Ok, a reunião foi um fiasco, com a maior parte das cadeiras vazias, mas Lula não aparecer?

Conclusão: aí tem! E o eixo da crise é Levy, tido por Arminio Fraga como "uma ilha de competência num mar de mediocridade". Mesmo que não seja questão de competência e mediocridade, é questão de turma. Levy não é da turma que gravita em torno do PT e está por toda parte na economia: Planejamento, BNDES, CEF, BC, BB, Petrobrás. Logo, uma ilha ele é, ou um peixe fora d'água.

Ao se atirar na condução da política econômica, nas estafantes discussões internas sobre rumos e nas muitas vezes inócuas negociações do ajuste fiscal com a base aliada, Levy sustenta-se num só pilar: a presidente da República. Se ela lhe faltar, não sobra nada. E ela pode ter começado a lhe faltar.

Quando dois petistas assinaram o manifesto de quarta-feira atacando o ajuste fiscal como recessivo, de certa forma, pediram a cabeça de Levy. Tudo bem com a assinatura de Paulo Paim, porque condiz com o personagem dele. Mas nem tudo bem assim com a de Lindbergh Farias. Pergunta que não quer calar no Congresso: ele agiu sozinho ou por orientação de Lula?

Mas o pior foi nos cortes do Orçamento. Levy tinha anunciado uma tesourada entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões, mas o número final ficou em R$ 69,9 bilhões, estrategicamente abaixo do limite mínimo que ele assumira publicamente. Essa diferença, pequena diante do todo, foi mera implicância? Foi um aceno para as bases petistas? Ou foi um recado para o isolado ministro da Fazenda? Gripado ele estava, mas isso não o impediria de dedicar meia dúzia de palavras ao País, ao mundo, numa hora assim, diante de uma decisão grave como essa.

Afinal, o governo do PT e de Dilma passou a tesoura até mesmo na Saúde e na Educação da tal "pátria educadora", minou os alicerces do tão estratégico PAC e atingiu até mesmo o emblemático Minha Casa Minha Vida. Aliás, depois do esfarelamento dos recursos do Pronatec e do Fies, só faltava cortar os do Minha Casa. É o último bastião da campanha a ruir.

Então, embolou tudo: um corte brutal do Orçamento, a previsão oficial de queda de 1,2% do PIB neste ano, o maior fechamento de empregos formais de um abril desde 1992. E nada de aprovação do ajuste fiscal e do fim das desonerações pelo Congresso. Parece cada vez mais difícil.

Dilma, Levy e Temer só têm esta semana para aprovar as medidas provisórias que mudam regras trabalhistas e previdenciárias e, assim, garantir o ajuste fiscal, ou ao menos algum ajuste fiscal. Como o prazo de vigência de ambas é 1.º de junho, segunda-feira da próxima semana, é agora ou nunca. E há uma dramática coincidência entre o prazo do ajuste e o prazo de vigência do próprio Levy.

24 de maio de 2015
Eliane Cantanhede

RAIOS QUE OS PARTAM

Na hora do aperto e na medida até do impossível, o Palácio do Planalto cede, engole em seco e absorve as derrotas sofridas no Congresso sob a liderança dos presidentes da Câmara e do Senado. Faz olhar de paisagem diante das reiteradas demonstrações de força do deputado Eduardo Cunha e das constantes provocações do senador Renan Calheiros.


Calmaria puramente cenográfica. No relato de dois interlocutores diários da presidente, se pudesse, Dilma Rousseff faria picadinho dos dois. O cargo não lhe permite qualquer gesto de retaliação. Não seria prudente nem conveniente. Nas internas do governo, no entanto, o que se vê é a deterioração completa dessa relação. Principalmente no que tange o presidente do Senado, a quem o Planalto ajudou a eleger. A ele já foi transmitido o recado, por intermédio de representantes autorizados do governo: sua nova postura de oposicionista é tida como uma atitude traiçoeira; se no futuro vier a enfrentar dificuldades decorrentes de seus processos no Supremo Tribunal Federal, que vá pedir apoio aos partidos de oposição.

Não conte com sustentação do Planalto. Ali, no Palácio, a interpretação é a de que Renan Calheiros acredita que possa "crescer" junto à opinião pública nessa fase de impopularidade de Dilma Rousseff. Esquecendo-se, no entanto, de que sua imagem não é das melhores. Para dizer o mínimo e de maneira bastante amena.

Nos bastidores a realidade nua e crua é a seguinte: o governo espera que o Judiciário faça com Renan Calheiros e Eduardo Cunha o que o Executivo não pode fazer.

O Supremo Tribunal Federal, onde o presidente do Senado tem processos, digamos que não tenha adorado o empenho de Renan Calheiros para ver rejeitada a indicação de Luis Edson Fachin, nas mãos de quem caiu o caso da pensão da filha paga por um lobista de empreiteira. No dizer de um governista de muitas estrelas, a disposição do Planalto é "fazer a operação necessária para que Renan se saia mal no Supremo". Qual operação seria essa? "Nada demais. É só pedir que o ministro Fachin seja isento".

Quanto a Eduardo Cunha, a esperança do Palácio do Planalto é de que o deputado venha a ser realmente envolvido nas investigações da Operação Lava Jato. De acordo com as informações de Palácio, a Procuradoria-Geral da República "quer o couro" do presidente da Câmara.

Nesse roteiro, caberia ao Executivo assistir de camarote ao Judiciário promover a derrocada dos dois presidentes do Legislativo e, assim, abrir passagem para o renascimento do Executivo. É um plano de voo no papel. Nada garante na pratica que dê certo.

Fator previdência. O governo tem um acordo com a base aliada e com a oposição para votar o fator previdenciário. Tudo certo, a presidente disse que não iria vetar, mas não é toda a verdade.

Ela vai vetar sim, mas só que o veto será sem efeito. Pelo seguinte: no período entre a aprovação da medida provisória no Senado e a apreciação do veto, o governo apresentará uma fórmula alternativa de cálculo, tornando inócuos tanto o veto quanto a MP.

Mulheres. A bancada feminina da Câmara não está nada satisfeita com o presidente Eduardo Cunha. Elas querem prioridade para a votação de uma proposta pela qual as mulheres tenham direito a 30% das cadeiras da Casa. Ele reluta. Quer pôr em votação depois do sistema de governo, o que a elas não satisfaz. Argumentam que, com isso e mais o distritão, estarão fora do Parlamento.

Radical. A diferença entre o discurso do PT e da oposição de crítica ao ajuste é que o PSDB não pede a cabeça do Joaquim Levy.

24 de maio de 2015
Dora Kramer

ENTRE AREIAS DAS ARÁBIAS E FALSOS VOOS

Difícil não evocar o repórter investigativo Seymour Hersh diante do noticiário sobre a inesperada conquista da cidade iraquiana de Ramadi pelos jihadistas do Estado Islâmico, os nefandos hunos do século XXI.

Hersh, como se sabe, é o autor da narrativa sobre a captura e morte de Osama Bin Laden que desconstrói o cerne da versão oficial da Casa Branca e que, segundo ele, foi aceita sem reservas pela grande imprensa de seu país.

Crítico impiedoso da letargia que teria contaminado a mídia americana desde os ataques terroristas do 11 de Setembro, Hersh costuma repetir que as coisas têm piorado. “O governo Obama mente o tempo todo”, insiste o veterano repórter conhecido por manter distância de todos os ocupantes da Casa Branca.

Semana passada, tanto o “New York Times” quanto o “Washington Post” citaram “fontes oficiais da ativa e da reserva” para noticiar que os combatentes do Estado Islâmico se aproveitaram de uma colossal tempestade de areia para avançar sobre a cobiçada Ramadi. Calculando que a tempestade paralisaria o poderio aéreo dos bombardeios americanos a serviço do Iraque, os jihadistas teriam primeiro detonado mais de 30 carros-bomba em locais estratégicos para depois conquistar a cidade com levas e mais levas de combatentes.

Sempre segundo essas “fontes oficiais”, quando a tenebrosa tempestade se dissipou e os bombardeios poderiam ser iniciados, já era tarde demais: qualquer ataque aéreo aos invasores resultaria em perdas colaterais imprevisíveis numa cidade de meio milhão de habitantes.

Tempestades de areia nas Arábias camuflando jihadistas envoltos em vestes pretas rendem excelente narrativa. Pena que a tempestade teve de ser rebaixada a mera “neblina e um pouco de poeira, com zero de impacto sobre nossas operações aéreas” dois dias depois. Isso porque o Pentágono achou prudente confirmar que houve, sim, bombardeios aliados contra os jihadistas durante o assalto a Ramadi. Foram 15, apenas eles não alteraram o quadro.

Para justificar a preocupante debandada das tropas iraquianas que deixaram o caminho livre para os combatentes do Estado Islâmico, outro porta-voz do Pentágono teve de apresentar teoria alternativa. O comando iraquiano, em “decisão unilateral”, recuara por temer que não receberia apoio aéreo devido às condições do tempo. “As Forças de Segurança do Iraque não foram enxotadas da cidade, elas saíram por vontade própria, para uma posição mais defensável”, complementou o general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior Conjunto.

Esse é apenas um minúsculo exemplo do desencontro de notícias oficiais sobre um mesmo episódio que acabam reproduzidas sem investigação própria por conceituados jornais. É o que tem azedado a opinião de Seymour Hersh sobre o comando do jornalismo em seu país e a atrair-lhe críticas dos pares sempre que a ocasião permite.

Depois da publicação de sua apuração sobre a morte de Bin Laden, raríssimos foram os jornalistas que procuraram investigar o que ela contém de valioso ou refutável. 
Em compensação, não faltaram opiniões condescendentes e reducionistas sobre o próprio Hersh: o repórter estaria em busca da notoriedade perdida, ele fora vítima de sua conspiromania, acreditou ser possível manter em segredo uma versão oficial falsa que envolveria centenas de pessoas.

À primeira vista, pode parecer difícil. Mas, como lembrou o jornalista Trevor Trimm, diretor-executivo da Fundação pela Liberdade de Imprensa, o programa metadata da National Security Agency (NSA), revelado por Edward Snowden, era do conhecimento de mil ou dez mil? E permaneceu secreto durante sete anos até ser exposto por um funcionário que sequer da casa era.

No caso, pode-se argumentar ser ofício do NSA manter o bico calado, pois seus funcionários são todos do ramo dos serviços de informações.

Tome-se então um caso menos conhecido no Brasil, envolvendo outro ocupante da Casa Branca e outra guerra, a do Vietnã. O presidente era Richard Nixon e o cabeça da operação sigilosa era seu assessor para assuntos de segurança nacional, Henry Kissinger. A época: março de 1969 a maio de 1970.

Pouco após a posse de Nixon, Kissinger e seu adido militar, Alexander Haig, convocaram um especialista em bombardeiros B-52 e montaram um sistema clandestino e paralelo para intensificar os bombardeios contra o Camboja, país vizinho do Vietnã visto pelos americanos como refúgio dos guerrilheiros vietnamitas.

A prestação de contas do uso de combustível, munição e peças sobressalentes da operação deveria ser feita de forma a enganar o Congresso. Kissinger propôs que os próprios pilotos das missões secretas não deveriam ser informados de que estavam bombardeando o país errado, mas foi desaconselhado. Em contrapartida, adotou-se um juramento de sigilo.

O protocolo estabelecido foi seguido à risca ao longo de meses, sem falhas. Um militar importado do Estado-Maior Conjunto sugeria pontos a serem bombardeados no Camboja e levava o mapa a Kissinger, que aprovava os alvos de seu interesse. As coordenadas eram enviadas a Saigon, um pombo-correio as transmitia a estações de rádio predeterminadas e até o último momento todas as etapas e localizações eram falsamente designadas como bombardeios em território vietnamita.

Somente na 25ª hora os dados eram alterados para espelhar os alvos reais no Camboja.
Ao término de cada missão, tudo era incinerado — mapas, relatórios de radar, mensagens, anotações, rascunhos, roteiros, listas. E uma papelada nova referente a um inexistente bombardeio ao Vietnã era elaborada.

Mais de uma centena de militares participaram da falsificação dessa versão oficial que o Congresso dos Estados Unidos só foi descobrir três anos depois. O historiador Greg Grandin, autor do aclamado “Fordlandia”, promete um completo mergulho nesse episódio na sua biografia de Kissinger aguardada para o segundo semestre.
Seymour Hersh foi um dos primeiros a alertar para a ponta da farsa cambojana.

24 de maio de 2015
Dorrit Harazim

A CORRUPÇÃO É ENDÊMICA, OU SOMENTE O CASO DE SISTEMAS POLÍTICOS OPACOS?

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Imagens do passado com as imagens do atual momento político da República, conta a história de uma das maiores farsas que este país já viveu em toda a sua história. Dos supostos "revolucionários" que pretenderam subverter a democracia em regime 'comunocubano', até a chegada ao poder maior da República, quando então subverteram a ordem social no disponível quintal onde ciscaram à vontade.
O PT que usou o teatro da ética e da decência para empolgar o poder, protagonizou o pior cenário político, digno da máfia.
Aparelhou o Estado em suas mais importantes instâncias, desorganizou a economia, quebrou um dos grandes símbolos do orgulho nacional, obedeceu as diretrizes do famigerado Foro de São Paulo, e mostrou ao país a cara criminosa que articulou a inimaginável corrupção que devastou o Brasil.
Chegou ao poder alimentado por uma elite incompetente, gananciosa, sem a necessária disposição para organizar a economia na direção de benefícios que distribuíssem a renda nacional, de modo justo, gratificando o trabalho dos que produzem a riqueza, e dela são alijados.
Não implementaram políticas públicas, relegando a educação, a saúde, o saneamento básico, a segurança pública aos porões da iniquidade social.
Autorizaram a invasão de aventureiros e de demagogos com suas promessas de bem-aventuranças a todos, abusando da parca instrução das massas, com inflamadas mentiras de palanque.
Passamos os olhos nas celebridades que ocuparam o poder e não distinguimos, com raríssimas exceções, os que enfrentaram o corporativismo político, as oligarquias, as quadrilhas que em todos os tempos, organizadamente saquearam o país e o mantiveram no atraso.
O que me espanta no PT é a ousadia com que praticou a privatização do Estado em causa própria, o descarado patrimonialismo para o enriquecimento ilícito dos principais quadros, e do próprio partido, sem qualquer temor da possibilidade de vir a ser julgado pela justiça e pela História.
O que me espanta, ainda, é o silêncio dos justos, a omissão política dos que afetam honestidade de princípios, o silêncio dos que não concordam com a devastação que se pratica.
Não tenho memória de ações políticas antecedentes com tamanha dimensão de práticas criminosas. 
No percurso histórico colonial, imperial e republicano a corrupção esteve presente, como a sombra da natureza humana. Sombra que contamina o poder discricionário que se concede ao executivo, que praticando o preceito de São Francisco,  corrompe o fisiológico poder parlamentar com benesses e lotes da 'res publica'. 
Esteve presente, sim, mas com a insignificância do furto de carteira, do bandido à-toa, reles, e sempre censurado e penalizado. Era a corrupção estúpida do roubo pelo roubo.
Não havia a conivência visível de outros poderes, e tais furtos não alcançavam a extensão dos danos que hoje assistimos. Danos de tal gravidade, que desacreditam o exercício democrático, desmoralizam o parlamento, o país, que afetam o comportamento social, cujos indivíduos passam a enxergar na prática da corrupção, um recurso para "faturar mais algum", considerando a esperteza da "lei de Gerson" coisa natural.
Hoje não! Inauguramos um novo período na corruptocracia.
Denúncias e mais denúncias... Difícil até escolher a mais grave. Ameaças de processos, e mais ameaças... E à lentidão da punibilidade, segue-se a sabotagem que vai minando o futuro das investigações. 
E vamos ficar de braços cruzados, assistindo a derrocada moral e, consequentemente, nos jogando no buraco dos "sem futuro"?
Não acredito! Sinceramente, sem o otimismo idiota dos insensatos, acredito que pela condição do Brasil, um novato diante do velho mundo e das sólidas estruturas democráticas do EUA, iniciamos, embora tardiamente, uma caminhada na direção do amadurecimento político. Assim como ocorreu com banimento de velhas oligarquias corruptas, iniciamos, com a estupefação que causou à nação a escandalosa corrupção petista, ora desmascarada por segmentos sociais indignados, iniciamos irreversivelmente, uma caçada aos bandidos de 'colarinho branco'. Ineditamente, estamos assistindo "celebridades" amargando a vergonha em presídios, ou carregando tornozeleiras eletrônicas (fruto da índole jurídica vigente, de tolerância). Ainda que vergonhosamente as "celebridades" desfrutem de 'celas especiais', o que os torna mais iguais perante a Lei, ficam assinalados com a indigesta marca do corrupto, assim como se marca o gado...
Leio na revista Veja a entrevista do economista Robert Klitgaard, uma autoridade no estudo da corrupção.
Como consultor de diversos governos em matéria de reforma institucional, visitou mais de trinta países, na África, na Ásia e na América Latina para estudar seus problemas e pensar soluções.
Suas andanças estão registradas em dois livros: "Tropical Gangsters" e "Tropical Gangsters II".
Pela extensão da entrevista, citarei apenas alguns excertos, que, embora reducionistas, mostram o cerne do seu pensamento, cujo centro de reflexão apoia-se na transparência.
Vamos lá...

"A corrupção não é um problema moral." (Ele não nega a sua dimensão no processo da corrupção, mas não dá enfase ao papel das pessoas).

"No futuro a corrupção será tão impensável quanto a escravidão, que já foi regra em nosso mundo, é para nós. Compartilho desse otimismo."


"Combater a corrupção não pode ser uma tarefa relegada a pregadores. É preciso adotar uma abordagem pragmática. Você deve quebrar monopólios, limitar o poder de arbítrio de dirigentes e aumentar os mecanismos de transparência."


"Você deveria aumentar os mecanismos de transparência, que permitam a jornalistas, centros de estudos, consultorias enxergar o que ocorre  no interior das empresas."


"A corrupção tem menos a ver com paixões do que com oportunidades."


" Nas crises de corrupção, é sempre importante não poupar os peixes grandes. Porque um efeito de corrupção - e agora estamos falando de mentalidades - é que ela torna as pessoas cínicas."


"Não se vence a corrupção sem romper barreiras entre os setores público e privado, e sem o apoio de instituições de instituições sem fins lucrativos."


"A imprensa tem papel fundamental na redução na redução desse déficit de transparência."


" A internet é uma arma valiosa. Veja o exemplo curioso, e a meu ver imensamente promissor, do site ipaidabribe.com. Nele, qualquer cidadão pode relatar anonimamente situações em que foi obrigado a pagar propina."


"Sinto que nos próximos anos surgirão cada vez mais sites, aplicativos, ferramentas para ajudar no controle dos serviços e da administração pública. Esquemas de corrupção muitas vezes são difíceis de detectar, mas também de entender.

Existem operações financeiras complexas, grandes empresas envolvidas, coisas que estão longe do cotidiano da maioria de nós."

"Não penso na corrupção como algo inerente  à natureza humana, mas como fruto de oportunidade."



24 de maio de 2015
m.americo