"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DE POTIRETAMA?


Potiretama é um município cearense a 280 quilômetros de Fortaleza. 
Tem 6.129 habitantes, dos quais 1.250 são beneficiários do Bolsa Família.
Seu IDH – conforme dados de 2010 é 0,604o que leva o município a ocupar o 125º lugar no Ceará e o 4.055º no Brasil.
Potiretama não tem sequer um hospital ou mesmo escolas com um mínimo de qualidade!!
Falta até água, bastando dizer que no prédio da Prefeitura, sede da maior autoridade municipal, falta água até mesmo 
para lavar as mãos!
Você imagina qual é a maior economia de PotiretamaO Bolsa Família.
Quer saber o que tal programa BOLSA FAMILIA produz com invulgar competência?Ócio, vagabundagem e VOTOS.
Em 2010 uma empresa de Mossoró instalou no município uma unidade industrial para processamento de castanha de caju.
A Prefeitura, então, criou uma cooperativa para disciplinar a atividade dos trabalhadores, mas a empresa, que começara com 130 funcionários, só durou três meses. 
Motivo? Falta de mão de obra!
Será que os 6 mil habitantes estavam todos empregados? 
Não, trabalhar para que, recebem tudo de graça, com os nossos altissimos Impostos pagos regiamente.
Quanto aos votos, nas recentes eleições presidenciais a candidataDilma Rousseff recebeu 92% dos votos, cabendo ao outro candidato os restantes 8%.
Em números absolutos, dos 3.816 eleitores que manifestaram sua vontade nas urnas, 3.511 optaram pela permanência da senhora Dilma Rousseff como presidente, mostrando que o programa não é um mero CABO eleitoral.
Em verdade é muito mais. 
É, isto sim, um 
"GENERAL" eleitoral, é como alimentar porcos e galinhas, que esperam todo dia seu alimento sem nada produzirem!...
Potiretama não deixa margem a dúvidas; não deixa pessoa alguma mentir.

29 de maio de 2015
(Recebido por email) 

REFORMINHA POLÍTICA!

Com um deputado ou senador eleitos no Brasil, partidecos terão direito a tempo de TV e fundo partidário.


(G-1) A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (28) instituir uma cláusula de barreira para limitar o acesso de partidos pequenos a recursos do fundo partidário e ao horário gratuito em cadeia nacional de rádio e televisão. Pelo texto, terão direito a verba pública e tempo de propaganda os partidos que tenham concorrido, com candidatos próprios, à Câmara ou Senado e eleito pelo menos um representante para qualquer das duas Casas do Congresso Nacional.

A intenção de instituir uma cláusula de barreira ou desempenho é evitar a proliferação de partidos que só tenham interesse em receber os recursos do fundo partidário ou negociar alianças em troca de tempo a mais de televisão. O fundo partidário é formado por dinheiro de multas a partidos políticos, doações privadas feitas por depósito bancário diretamente à conta do fundo e verbas previstas no Orçamento anual.

Pela legislação atual, 5% do montante total são entregues, em partes iguais, a todos os partidos com estatutos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os outros 95% são distribuídos às siglas na proporção dos votos obtidos na última eleição para a Câmara.

Em discurso no plenário, parlamentares do PSDB criticaram a regra de barreira proposta pelo relator da reforma política, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e que acabou sendo aprovada em plenário. Para os tucanos, os limites aos pequenos partidos deveriam ser ainda maiores que o previsto no relatório. “Está cheio de partido sem voto com tempo de TV, com tempo de rádio, portanto queremos uma cláusula de barreira verdadeira, não essa para que continue tudo como está. Precisamos de uma cláusula que exija 1%, 2% ou 3% de votos para acesso aos recursos e tempo de TV.”, disse o deputado Samuel Moreira.

O vice-líder do PSDB Marcus Pestana (MG) classificou as mudanças aprovadas até agora pelo plenário de “puxadinhos” que não representam uma verdadeira reforma política. “Essa reforminha, esse puxadinho que estamos produzidos, que não merece o nome de reforma, sai desse tamanho pequenininho. Graças ao vácuo de lideranças e alienação da presidente Dilma. Reforma depende de estadista que não quer popularidade fácil, se faz enfrentando interesses.” 

Já integrantes de partidos pequenos defenderam a proposta de exigir apenas um representante eleito no Congresso para que os partidos tenham acesso a recursos do fundo partidário e tempo de TV. "A partir do momento em que um deputado superou o quociente eleitoral [mínimo de votos] e chegou nesta Casa, não podemos tirar o direito de ele ir a televisão falar de suas propostas", disse a deputada Renata Abreu (PTN-SP).

29 de maio de 2015
in coroneLeaks

POR QUE NÃO TAXAR OS MAIS RICOS?






Na terça-feira (26), o senado aprovou a medida provisória 665, que restringe o acesso a benefícios trabalhistas como o seguro-desemprego e o abono salarial. Com a iniciativa, tomada para tapar o rombo das contas públicas, o governo espera economizar neste ano algo em torno de R$ 5 bilhões. Esse número deve aumentar em 2016, pois as novas regras do abono só terão impacto nas despesas do governo a partir do ano que vem.
Conforme a Folha revelou, a equipe do ex-ministro Guido Mantega (Fazenda) deixou uma proposta para criar no Brasil o IGF (Imposto sobre Grandes Fortunas), previsto na Constituição, mas nunca implementado. Joaquim Levy, sucessor de Mantega, não quis, contudo, abraçar o tributo, por considerá-lo pouco eficaz e de baixo potencial arrecadatório.
A criação do IGF no Brasil é bandeira da bancada do PT no Senado, defendida como forma de mitigar o desgaste causado aos congressistas da sigla com o endurecimento das regras de acesso aos direitos trabalhistas e previdenciários.
ARRECADAÇÃO
Estudo realizado pela consultoria do Senado, a pedido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), estimou o potencial de arrecadação do IGF no Brasil em até R$ 6 bilhões por ano – té mais do que a mudança no seguro-desemprego.
Cabem aí várias perguntas. A primeira delas: se Mantega foi o ministro da Fazenda mais longevo do Brasil, por que ele não adotou o tributo, em vez de deixar uma proposta para seu sucessor?
A revisão das regras de acesso aos direitos trabalhistas e previdenciários corrige muitas distorções, como no caso de pensão por mortes. Limita bastante, por exemplo, o golpe dos casamentos arranjados, em que uma menina nova tinha a perspectiva de receber por décadas pensão deixada pelo “marido” muito mais velho.
Levy está louco por arrecadar, de um lado, e cortar gastos, de outro. Daí a segunda pergunta: por que dificultar somente os direitos trabalhistas, ainda que corrigindo distorções? Por que o “andar de cima” também não pode dar um pouco?
CONTROVÉRSIA
Sem dúvida, o IGF é um tributo controverso. Na Europa ocidental, somente Bélgica, Portugal e Reino Unido nunca adotaram o imposto. O Reino Unido, contudo, assim como os Estados Unidos, têm uma pesada carga, de até 40%, na transferência de propriedade de bens por falecimento. Nos últimos 20 anos, muitos outros países, como Áustria, Itália, Dinamarca e Alemanha, extinguiram o IGF.
Outros, com a crise de 2008, como Espanha e Islândia, resgataram o tributo, como medida para recompor suas contas.
Também adotam algum formato de IGF Holanda, França, Suíça, Noruega, Luxemburgo e Hungria. Entre os vizinhos da América do Sul que mantêm essa política em sua base fiscal estão Uruguai, Argentina e Colômbia.
Os autores do estudo do Senado ressaltaram que muitos fatores poderiam elevar ou diminuir drasticamente o potencial de arrecadação do IGF. No lado da redução, uma transferência de recursos ou de domicílio fiscal para outros países, por exemplo.
No lado do aumento, a certeza de que há muita sonegação de informação sobre bens no Brasil e imóveis declarados por valores muito abaixo dos de mercado.
ATÉ R$ 12 BILHÕES
Um auditor da Receita, que pediu para não ser identificado, estimou que, se o Brasil tivesse a mesma carga de arrecadação com o IGF do que a França, como proporção de sua economia, poderíamos recolher R$ 12 bilhões com o tributo. Mas ele considera esse número exagerado e acredita que algo entre R$ 4 bilhões e R$ 6 bilhões é mais realista.
O economista José Roberto Afonso, pesquisador do IBRE/FGV e professor do IDP, diz que o Brasil já é campeão entre os emergentes no quesito carga tributária e que o potencial de arrecadação com o IGF não compensaria o desgaste político para adotá-lo.
A economista Natassia Nascimento, atualmente mestranda pela UFF, escolheu a tributação sobre grandes fortunas como tema de sua tese de mestrado.
“O IGF não é um bicho de sete cabeças, pois vários países ou o adotam ou já adotaram. Também não é um remédio para todos os males. O importante é tributar a riqueza e reorganizar nossa carga tributária, tornando-a mais progressiva.”
TRIBUTOS INDIRETOS
Natassia quer dizer que, no Brasil, os tributos indiretos, sobre o consumo, são muito altos. Esse perfil de taxação é injusto, pois os mais pobres pagam a mesma alíquota que os mais ricos sobre os bens adquiridos.
Taxar progressivamente, como no Imposto de Renda ou no IGF, é cobrar mais de quem pode contribuir mais, “desonerando as classes mais baixas”, como diz Natassia.
Um exemplo que o Brasil poderia seguir é o da Espanha. Depois de extinguir seu IGF, o país do príncipe Felipe de Borbón resolveu retomar o tributo em 2011. Mas com duração de quatro exercícios financeiros, somente para ajudar na recuperação das contas do país, após o estrago provocado com a crise de 2008.

29 de maio de 2015
Leonardo Souza
Folha

A MAIORIDADE PENAL E A CONSCIÊNCIA DA GRAVIDADE DO ATO






Na atual discussão sobre maioridade penal, não me lembro de recentemente ter lido qualquer linha a respeito de um dos crimes mais hediondos acontecidos na Inglaterra, que motivou intensos debates à época.
O caso de James Bulger é um processo relativo ao sequestro e assassinato de um menino de apenas dois anos de idade, na cidade de Kirkby, Inglaterra, em 1993. Seus matadores foram dois meninos de 10 anos, Jon Venables (nascido em 13 de agosto de 1982) e Robert Thompson (nascido em 23 de agosto de 1982).
James desapareceu de um centro comercial, aonde sua mãe Denise o levara em 12 de fevereiro de 1993, e seu corpo mutilado foi encontrado em uma linha ferroviária em Walton, próximo do dia 14 de fevereiro. Thompson e Venables, ambos de 10 anos, foram acusados do sequestro e assassinato de James, em 20 de fevereiro e colocados em prisão preventiva. Eles foram acusados também de sequestrar outra criança no dia seguinte.
Os dois meninos, já então com 11 anos, foram considerados culpados de assassinar Bulger, em decisão da Preston Crown Court, em 24 de novembro de 1993, e se tornaram os mais jovens condenados por assassinato na história criminal inglesa.
PAIS IRRESPONSÁVEIS
Diante deste relato acima, eu que sempre me anuncio como humanista e sou contra a diminuição da responsabilidade jurídica, ou seja, a gurizada de 16 anos responder como se fosse adulta pelos crimes cometidos, coloco em discussão – e peço ao Dr. Béja seu parecer técnico sobre crianças com mentes psicopatas, jovens com desvios de condutas em face da vida que levam, de orientações que nunca tiveram, de pais que nos abandonaram, de governos insensíveis que jamais se preocuparam com a juventude deste Brasil.
Antes de se exigir a diminuição da maioridade penal, deveríamos considerar até que ponto os responsáveis pela vida desses adolescentes não teriam sido os causadores dessa revolta que explode nesses guris sem futuro. Não sou contra a punição, mas desagrada-me que as autoridades e legisladores desconsiderem a vida pregressa de menores que se tornam assassinos, sem que se encontre o fio da meada sobre esse comportamento antissocial, violento, agressivo, inexplicável, em princípio.
AUSÊNCIA DA FAMÍLIA
Não quero generalizar, mas o âmago desta questão se encontra na família. A meu ver, os pais irresponsáveis devem receber penas decorrentes da omissão materna e paterna, por terem se negado a dar proteção e amparo ao próprio filho.
Nesse aspecto, o Dr. Jorge Béja tem razão, pelo fato de considerar vital “saber se o infrator tinha consciência e pleno conhecimento da gravidade do ato que praticou”. É a partir dessa premissa que deve se travar uma discussão que colabore com as autoridades para que errem menos e sejam mais abrangentes em suas análises quando se tratar da vida humana.

29 de maio de 2015
Francisco Bendl

O HUMOR DO ALPINO...

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NO CASO DA FIFA, AINDA FALTA INCRIMINAR HAVELANGE E A GLOBO



Parodiando o célebre repórter David Nasser, podemos dizer que falta alguém no escândalo da Fifa. Na verdade, falta muita gente a ser incriminada. Um deles é o notório Ricardo Teixeira, que já começa a ser citado nas investigações do Departamento de Justiça dos EUA sobre a corrupção no futebol, e também o sogro dele, João Havelange, que o introduziu na rentável profissão de cartola de futebol.
Antigamente, os dirigentes esportivos eram seres abnegados, que não ganhavam um tostão para dedicar suas vidas aos clubes. Muitos deles até metiam a mão no bolso para ajudar a pagar as contas. Lembro do grande dirigente Gilberto Cardoso, que morreu em 1955 num jogo de basquetebol, decidido por uma cesta no último segundo, num arremesso de Guguta, na decisão entre Flamengo e Esporte Clube Sírio, quando o Flamengo conquistou mais um título carioca. Cardoso teve um enfarte e morreu na quadra.
Hoje, não há mais isso. Os chamados cartolas só querem levar vantagem em tudo, não somente nos clubes, mas também nas Federações e Confederações, em que os escândalos se sucedem. Muitos deles se eternizam no poder, mamando sem parar, como aconteceu com Ary Graça, que recentemente foi destronado na Confederação Brasileira de Vôlei, afogado num mar de lama.
HAWILLA E KLEBER
Para quem tem o mínimo de conhecimento sobre o esporte brasileiro, não dá para engolir a informação de que dois ex-repórteres de terceiro time – J. Hawilla e Kleber Leite – tenham se tornado verdadeiros potentados do futebol, a ponto de vencerem a licitação da Fifa para exploração comercial de importantes torneios internacionais, num esquema de corrupção que vem desde a década de 1990.
Aqui no Brasil, os funcionários do Departamento de Justiça dos Estados Unidos não teriam a menor dificuldade em descobrir por onde aprofundar as investigações. Todos sabemos que não é J. Hawilla nem Kleber Leite que mandam no esporte, embora tenham se tornado miliardários explorando o ramo. No país mais importante do lado de baixo do Equador, quem realmente comanda o circo é a Organização Globo.
ATORES COADJUVANTES
Hawilla e Kleber são pequenos participantes do botim esportivo, funcionam apenas como atores coadjuvantes nessa sensacional novela, porque a parte do Leão vai para os três irmãos Marinho. Isso é fato público e notório, nem é necessário fazer maiores divagações a respeito.
O mais importante – e pouca gente sabe – é que a cumplicidade entre eles atinge outros setores, como o controle das emissoras de TV nas cidades do interior. Como a legislação proíbe que as redes de TV tenham mais de cinco emissoras próprias, J. Hawilla faz este trabalho complementar para os filhos de Roberto Marinho, tendo se tornado o maior plantador de “laranjas televisivos” do Estado de São Paulo. Não é ilegal, porque o serviço é bem feito e não se consegue provar, mas não deixa de ser amoral.

29 de maio de 2015
Carlos Newton

AMEAÇA DE DIRCEU A LULA, SE CONCRETIZADA EXPLODIRÁ O PT




Desta vez, Dirceu não cairá sozinho
O título constitui, creio, uma síntese em cores e consequências fortes, que se pode extrair da excelente reportagem de Daniel Pereira, publicada na edição da Revista Veja que está nas bancas, a respeito do episódio do mensalão e a ponte entre aquele escândalo de ontem e o assalto gigantesco de hoje praticado contra a Petrobrás. A matéria abrange o papel representado por Marcos Valério, o grande condenado de 2005, uma entrevista com declarações entre aspas de José Dirceu, além de afirmações do senador Delcídio Amaral, que presidiu a CPI dos Correios, onde tudo começou, do deputado Osmar Serraglio, relator, e do alte. Roberto Carvalho, ministro da Marinha de 2003 a 2007, primeiro governo Lula.
Todas as versões publicadas convergem para uma questão básica; o presidente Luis Inácio tinha conhecimento do esquema articulado por José Dirceu e operado por Marcos Valério, ambos condenados, aliás, pelo STF. Especialmente Valério, punido a mais de 40 anos em regime de prisão fechada. Deve estar vivendo tempos de desespero.
Outro preso solitário no peso da pena imposta, hoje sem amigos solidários, extremamente preocupado, na véspera de um descontrole emocional, é o ex-ministro José Dirceu, como revela Daniel Pereira.
Temendo ser novamente preso por sua suposta participação no esquema de roubo a Petrobrás, ele agora emite sinais de que pode contar o que sabe sobre os dois esquemas de corrupção, mensalão e petróleo, usados pelo governo – acrescenta a reportagem – para comprar o apoio de partidos aliados. Dirceu, assim, pode-se deduzir, focaliza a passagem do falso sistema político de um governo para outro, já que o de Dilma Rousseff começou em 2011. Amigos de Dirceu garantem que, se cumprir a promessa, diz Daniel Pereira (ameaça, digo eu), José Dirceu vai expor o antigo chefe.
MUDANÇA PARA PORTUGAL
O ex-primeiro ministro de Lula, o capitão do time, comunica que, se não for preso de novo, tem planos de se mudar para Portugal com a esposa e sua filha mais nova. A reportagem possui grande importância política e deve ser lida, na íntegra, por todos. Pois afirmações convergentes surgem em seus capítulos.
O reflexo mais importante, claro, no caso da ameaça vir a ser cumprida, será a fatal explosão definitiva do PT, produzindo uma avalanche contra o governo, abalando ainda mais sua estabilidade. Dilma Rousseff ficará sozinha no campo da luta partidária. Isso porque, pelo menos, o Partido dos Trabalhadores terá sua divisão interna mais exposta à opinião pública.
CENÁRIO IMPREVISÍVEL
Mais exposta porque, atingido, Lula partirá para o início de sua campanha as eleições presidenciais de 2018, buscando suceder no Palácio do Planalto a antecessora que elegeu por duas vezes. Curioso tal panorama. Mas quem poderia prever tal desfecho? Ninguém. Aliás, em matéria de política, pessoa alguma pode prever qualquer coisa. Quem poderia prever o suicídio de Vargas, renúncia de Jânio, cassação de Lacerda pelo movimento de 64 do qual foi o principal líder, a morte de Tancredo Neves que levou José Sarney à presidência da República? Para não estender demais a lista de exemplos, quem poderia pensar que a cassação de José Dirceu representaria o surgimento da candidatura de Dilma Rousseff em 2010?
Os fatos, portanto, são imprevistos, as consequências nem tanto. Dependem da concretização dos compromissos e promessas. No caso de Dirceu, agora, da ameaça com a qual ele acena, registrada por Daniel Pereira nas páginas imperdíveis da Veja desta semana.

29 de maio de 2015
Pedro do Coutto

DIZER QUE TEM ÓDIO DE POLÍTICA NÃO RESOLVE NADA


Descia no elevador de um prédio comercial no centro de Belo Horizonte. Na mesma viagem, estavam jovens que aparentavam ter entre 20 e 25 anos, falantes e risonhas. O ascensorista só olhava e ouvia, cuidando para que o trajeto consumisse o tempo suficiente para que ele se inteirasse do assunto das moças. Um monitor de TV no elevador expunha slides de propaganda e ainda trazia o ocorrido no dia. Eis que aparece a presidente Dilma falando sobre os cortes que sua tesoura operará no orçamento.
De uma das jovens, em alto e bom som, partiu sua avaliação do momento da economia brasileira, com impressionante delicadeza: “essa vaca ainda vai tomar meu emprego; por isso que eu detesto política”.
Essa é a dimensão que o cidadão comum tem do momento brasileiro. Importam o emprego, o vale-transporte, a mensalidade da escola, o aluguel ou a prestação da Caixa, a compra do supermercado, o consórcio da moto ou do carro, a escova progressiva, a balada no fim de semana. É justo.
PRIMEIRA PARADA
O cidadão é a primeira parada do arrocho. É ele que está na linha de tiro, que vai pagar pela irresponsabilidade do gestor público que corrompe, que inverte as opções, que troca a nomeação de parentes-assessores por cargos necessários para que a educação, a saúde, a segurança aconteçam como uma prestação obrigatória do Estado. É ele que pagará a conta se o seu prefeito preferir custear, com milhões de reais, uma escola de samba do Rio. Tudo para que leve o nome do município no próximo Carnaval. Enquanto isso, na mesma cidade, faltam medicamentos nos postos de saúde, falta merenda nas escolas e as contas da prefeitura seguem atrasadas, definhando servidores e fornecedores. Isso não é apenas uma suposição. É fato e foi cogitado numa cidade da Grande Belo Horizonte. O assunto, mesmo polêmico, não está sepultado. Pode acontecer. O cidadão paga também a farra das câmaras municipais, com vereadores sentados em gabinetes inchados de apadrinhados, inservíveis quase todos.
ORGIA CUSTEADA
Os legislativos pontualmente decotam do orçamento de todos os municípios até 5% de suas receitas líquidas para custear essa orgia. As assembleias estaduais, a Câmara dos Deputados e o Senado têm o mesmo tratamento: chova ou faça sol, receberão sempre sua grana, terão abastecidos seus carros, pagas todas as verbas parlamentares, de gasolina à moradia, passando pela contratação de assessores que lá nunca vão.
Esse mesmo cidadão – que tem ódio de política – paga com sua omissão, permitindo que tudo isso ocorra e nunca mude. A política, gostemos ou não, é o único espaço onde pode o cidadão discutir o seu trabalho, pode brigar pela construção de políticas públicas, pode exigir a contraprestação do poder público aos impostos que se arrecadam. Não participar, escolher mal, ter ódio de política é o caminho natural para se chegar a lugar nenhum. É preciso mudar o destino dessa viagem.

29 de maio de 2015
Luiz Tito
O Tempo

PATRIMONIALISMO CONSTITUCIONAL



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As diferentes Constituições brasileiras, as elaboradas por constituintes ou impostas pelo autoritarismo, têm um consenso: o Estado burocrático e patrimonialista é intocável. O notável escritor latino-americano Otávio Paz definiu que “patrimonialismo é a vida privada incrustada na vida pública”.
No Brasil, o patrimonialismo é secular. Muito bem definido pelo jurista e historiador Raymundo Faoro em “Os Donos do Poder”, ele demonstra que na herança ibérica, ao lançarem as bases para a formação do Estado tutor, “o governo tudo sabe, administra e provê, distribuindo riqueza e qualificando os opulentos.”
Na mesma perspectiva, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, em “Raízes do Brasil”, comprova que o patrimonialismo brasileiro tem profunda resistência à meritocracia e impessoalidade na administração da gestão pública. Certamente havia lido “Economia e Sociedade” de Max Weber, adaptando o seu pensamento à realidade brasileira.
Nele, Weber afirma que o patrimonialismo é quando o governo se apodera de recursos do Estado, distribuindo para grupos poderosos na economia. O interesse público e o privado tornam-se aliados intocáveis na dominação e usufruto da máquina do Estado.
BNDES
Um exemplo: na última década o Tesouro Nacional transferiu R$ 435 bilhões de recursos para o BNDES, pagando taxas de mercado. São emprestados a juros negativos, a TJLP, para empresas “apelidadas” de campeões nacionais do desenvolvimento. Hoje o grupo JBS (Friboi) tem 25% de participação do banco e outros como Eike Batista deram com os burros n´água. A fila é gigantesca. Hoje a TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo é de 6% ao ano.
Podem esperar. Depois da roubalheira na Petrobras, explodida pela coragem do juiz Sergio Moro e seus companheiros do Ministério Publico e da Policia Federal, um dia há de aparecer a podridão do BNDES e seus Fribois, Lulas e Lulinhas. E vamos ter saudade da Petrobras.
FIGUEIREDO
Não se escreve sobre livro que não se leu mais da metade. Ainda estou no meio de “1964 – O Ultimo Ato”, de Wilson Figueiredo (Editora Gryphus). Quem como eu viveu e sofreu o turbilhão do golpe militar de 1964 fica até hoje surpreso com a inacreditável lucidez e sabedoria com que o poeta, escritor e redator do Jornal do Brasil, com seu estilo brilhante, fulgurante, testemunhou e interpretou, dia a dia, aqueles turvos dias.

29 de maio de 2015
Sebastião Nery

ESCOLA DE KOMSOMOL



Depoimentos de jovens que cursaram a Escola do Komsomol acabam com o mito de que o Partido Comunista da União Soviética era contrário ao terrorismo e à guerrilha, e que ministrava aos militantes dos partidos irmãos apenas treinamento político-ideológico. O jornalista Ancelmo Gois, de O Globo, que o diga... pois ele conhece bem a Escola do Komsomol, da qual foi aluno (Fonte: Jornal da ABI, n° 343, julho/2009, pp. 20-25)

Komsomol: Liga da Juventude Comunista Leninista.
Organização soviética responsável por recrutar jovens entre 14 e 28 anos e doutriná-los com a ideologia comunista” (essa definição é um mito, pois o Komsomol também ministra treinamento armado).

A partir de 1953, o Partido Comunista da União Soviética passou a ministrar cursos, em Moscou, a militantes do PCB. Cursos de treinamento militar e condicionamento político-ideológico. O último desses cursos foi em 1990, quatro anos após terem sido implantadas por Gorbachev as políticas de perestroika e glasnost.

Cerca de 700 militantes foram treinados na “Escola de Quadros”, como era mais conhecido o Instituto de Marxismo-Leninismo do PC Soviético, e na Escola do Komsomol (Juventude do PCUS), em cursos cuja duração variavam de 3 meses a 2 anos.

Cerca de 1.300 outros brasileiros concluíram cursos superiores na Universidade de Amizade dos Povos Patrice Lumumba e em outras universidades soviéticas, em cujo currículo sempre constou a matéria marxismo-leninismo. Até mesmo em cursos de balé. As matrículas na UAPPL sempre foram efetuadas através da Seção de Educação do Comitê Central do PCB e também através do Instituto Cultural Brasil-URSS, um apêndice do PCB. Algumas dessas pessoas, no regresso ao Brasil, passaram a trabalhar em empresas estatais e, pelo menos um, formado em Medicina, como Oficial das Forças Armadas, nos anos 80.

Filhos e parentes próximos de dirigentes encastelados nanomenklatura do partido constituíram a maioria desses 1.300 brasileiros, pois sempre foram privilegiados para estudar, gratuitamente, na pátria do socialismo e em países do Leste-Europeu. Inúmeros exemplos podem ser dados, de filhos de dirigentes aquinhoados com bolsas-de-estudo nesses países. (Histórias quase Esquecidas, Carlos Ilich Santos Azambuja; Mídia Sem Máscara, 14 de fevereiro de 2003).

Os depoimentos dos dois jovens abaixo, que cursaram a Escola do Komsomol, põem por água abaixo o mito de que o Partido Comunista da União Soviética era contrário ao terrorismo e à guerrilha e ministrava aos militantes dos partidos irmãos apenas treinamento político-ideológico.

Um desses jovens, no regresso, assim narrou sua experiência naEscola do Komsomol:

“Iniciei meu curso no Komsomol em fins de 1975. Na parte mais interessante do mesmo, denominada Educação Patriótica Militar, foi ensinado o manejo armado de fuzil 22, pistola 22 automática, fuzil-metralhadora de distintos modelos, lança-foguetes anti-tanque, etc. Depois nos levaram a uma Unidade do Exército Soviético, uma Divisão de Tanques, cujo funcionamento nos foi explicado detalhadamente, inclusive com uma exibição de manobras. Também, como parte dessa matéria, visitamos uma fábrica de armas. Finalizando nossa preparação, participamos de uma simulação de ataque aéreo em uma cidade, que começou com o bombardeio da mesma. Depois, em simulação de ofensiva, em grupos de 10 homens, efetuamos a tomada de um povoado, tomando posição nos lugares principais.

Simultaneamente, nos ensinaram conhecimentos militares teóricos mediante diversos filmes didáticos. As películas referiam-se a operações de guerrilha como, por exemplo, desembarque em praias.

Explicaram, mediante audiovisuais, as dificuldades e soluções de problemas concretos, como o caso do desembarque na praia Girón (Cuba), operativos de guerra de guerrilhas na II Guerra Mundial, etc.

Os soviéticos nos resguardavam não carimbando os passaportes na chegada à União Soviética e aplicando outros carimbos falsos. Tinham vários, como por exemplo um que aplicaram em meu passaporte, assinalando meu ingresso na Suíça desde a Itália, que eu jamais realizei.

Ao chegar ao Brasil nos deram instruções sobre o trabalho clandestino, principalmente indicando-nos que ante nenhum companheiro deveríamos exibir os conhecimentos aprendidos na URSS, mas logo fui preso”.

Um outro jovem comunista deu as seguintes informações a respeito de seu treinamento na Escola do Komsomol:

“Jovens comunistas da França, Alemanha Federal, Argentina, Chile, Brasil, Paraguai, Uruguai e vários países da América Central, bem como de outros continentes recebem nessa Escola instrução militar intensiva para atuar em ações de guerrilha e em operações de terrorismo e sabotagem. Viajei em julho de 1973 para a RDA, acompanhado de outros jovens militantes. Nossa primeira missão era a de participar do Encontro da Federação Mundial da Juventude Democrática. Assim o fizemos até o mês de agosto. Depois, um grupo mais reduzido viajou a Moscou, por trem, lá chegando na manhã de 8 de agosto.

Ali tomamos contato com funcionários soviéticos que nos indicaram que iríamos participar de um curso intensivo na Escola Superior do Komsomol. Nessa mesma reunião, os funcionários ficaram com nossos passaportes, entregando-nos um documento provisório, com nomes falsos, que deveria ser utilizado durante nossa permanência em Moscou. Nos explicaram que isso se devia a razões de segurança e, no ano seguinte, quanto terminou a instrução e empreendemos o regresso, nos devolveram os passaportes com sinetes falsos das aduanas da França, Itália e Suíça. Nesse mesmo dia, nos obrigaram a devolver a documentação falsa e todos os textos e apontamentos referentes ao aprendizado, bem como revistaram nossa bagagem, arrancando as etiquetas e marcas soviéticas das roupas. Alguns companheiros, todavia, conseguiram esconder fotos e pequenos objetos, violando as normas de segurança.

O treinamento constou das seguintes matérias, teóricas e práticas: Economia Política, História do PCUS, Movimento Comunista Internacional, História do Komsomol e Educação Patriótica e Militar.

O curso de Educação Patriótica e Militar incluía as técnicas de guerrilha e, concretamente, organização de grupos, disposição de marchas, inspeção de armamento, cercos, saídas dos cercos, técnicas especiais de guerrilha rural e urbana, etc. A insurreição propriamente dita, isto é, sabotagem, ação de franco-atiradores, corte de energia e tomada de pontos estratégicos. Outra parte importante era o ensino do trabalho clandestino, onde se aprendem normas sobre o funcionamento de setores clandestinos do Partido Comunista, problemas de seguimentos, nomes códigos, etc. A Educação Patriótica incluía também audiovisuais – documentários e outros especialmente filmados para o treinamento teórico.

Os cursos militares consistiam em longas horas de treinamento no polígono de tiro com variados tipos de armas, montagem e desmontagem das mesmas. O instrutor era um alto oficial soviético que havia estado no Caribe durante a crise dos mísseis, em 1961.

Em fevereiro, quando terminou o curso, fizemos uma viagem pela URSS e chegamos de volta em abril de 1974.

A Escola do Komsomol, onde ficamos alojados, ocupa um amplo prédio de uns 250 por 300 metros, cujo endereço é E II Moscou Vekacha. A Escola consta de vários edificações. O Bloco G, o maior, de uns nove andares, é ocupado pelos alunos soviéticos e dos países europeus, com instalações confortáveis. O Bloco C, com dois andares, é onde residem os latino-americanos e funcionam os correios e a enfermaria. O Bloco X é o edifício central da Escola, com a direção, salas de administração, salão de atos, sala de projeções, biblioteca e tesouraria (que faz o pagamento mensal aos alunos). Bloco A: no térreo funcionam os serviços de identificação e segurança, e os andares restantes são destinados aos estudantes cubanos que fazem cursos mais prolongados, com três anos de duração. O Bloco B é destinado ao alojamento dos alunos procedentes de países comunistas, árabes e africanos. O Bloco V é o alojamento dos funcionários e do corpo docente. No Bloco E, com três andares, ficam as 15 salas de aula, sala de estudos e cafeteria, e o Bloco H serve de alojamento dos funcionários e guardas da Escola.

As instalações se completam com um polígono de tiro, onde se faz a prática do treinamento militar.

Quando fiz o curso, a população do Komsomol estava composta por uns 120 alunos de países europeus, 80 latino-americanos, 40 asiáticos, 50 africanos e 40 cubanos”.

É importante assinalar que não apenas a União Soviética, mas também a então RDA, China e Cuba capacitaram militarmente militantes comunistas de distintos países para atuar em operações insurrecionais em suas pátrias, guerra de guerrilhas ou ações de terrorismo. No Brasil, os militantes das organizações voltadas para a luta armada, mandados treinar em Cuba, eram selecionados de acordo com as instruções recebidas do Departamento América (órgão de Inteligência do Comitê Central do Partido Comunista Cubano)”.

A propósito, eis o que declarou um dos militantes treinados em Cuba:

Em 1967 chegamos a Cuba, via Praga, com documentação falsa fornecida pela embaixada de Cuba nessa cidade. Ao chegar à Checoslováquia nos instalaram em um hotel. De Praga a Cuba viajamos em duas turmas pela Cubana de Aviación, com escalas na Islândia e Canadá. Em Havana fomos recebidos por uma pessoa que utilizava o codinome de “Fermin” (observação: “Fermin Rodriguez”, nome utilizado pelo então Major Fernando Ravelo Renedo que posteriormente, já como Coronel, foi embaixador de Cuba na Colômbia e depois na Nicarágua). Nos alojaram em uma casa no bairro de Siboney, onde ficamos cerca de um mês e meio. Durante 15 dias percorremos toda a Ilha e depois, nessa mesma casa de Siboney, fizemos diversos testes e exames físicos.

O curso foi iniciado na segunda quinzena de agosto de 1967. Fomos transportados para a Província de Pinar Del Rio e nos alojaram na zona rural em uma barraca de madeira com teto de zinco. Existiam outras duas barracas similares, completando as instalações que, intencionalmente, eram precárias. Uma das barracas servia de alojamento para os instrutores e a outra servia de refeitório e aulas. As aulas eram ministradas por um instrutor com dois ou três auxiliares, todos oficiais do Exército cubano.

A vida ali era muito ativa e tinha início às 5:30 da manhã, com o café e limpeza dos barracões. Às 8 horas tinham início as aulas teóricas: Tática, a cargo do Tenente Serôa, que consumia a maior parte do tempo, incluía marchas, acampamentos, ataque, defesa, etc; Armamento e Tiro, com montagem e desmontagem de diversos tipos de armas, como fuzil Springfield, Mauser, Fal, submetralhadora Thompson, M3, U21, MP40, metralhadoras ponto 30 e 50 e morteiros de 30 mm; Saúde: noção e prática de primeiros socorros; Explosivos, com estudos sobre o TNT soviético e norte-americano e explosivos plásticos norte-americanos C3 e C1, mechas e detonadores; Topografia, com leitura de cartas, curvas de nível, uso de bússolas e orientação no terreno; e Política, que consistia em aulas de marxismo-leninismo e história de Cuba.

A fase prática consistia em manobras nas imediações da Escola, práticas de tiro em polígono e, finalmente, uma marcha de 20 km durante 15 dias, ocasião em que se buscou pôr em prática tudo o que havia sido ensinado.

Terminado o curso de guerrilha rural, nos enviaram a um canavial e nos obrigaram a cortar cana de açúcar durante uma quinzena. Posteriormente também trabalhamos em um cafezal.

A seguir nos ministraram outro curso, este de guerrilha urbana, que consistia em defesa pessoal e karatê, fotografia, táticas de guerrilha urbana, informação e contra-informação, esconderijos, seguimentos, interrogatórios, etc.”.

Os militantes do PCB, para cursos de luta armada na URSS ou RDA, eram selecionados pela Seção de Educação do partido e seus nomes entregues ao “referente” (como era chamado o membro do Departamento de Relações Internacionais do PCUS, responsável pela assistência política ao PCB). E os militantes do Partido Comunista do Brasil e da Ação Popular, que foram mandados, respectivamente, no início de 1964 (ainda no governo Jango) e em meados da década de 60, receberem treinamento armado na Academia Militar de Pequim, os entendimentos ocorreram de partido para partido, ou seja, do PC do B e da AP com o Partido Comunista Chinês.

Um pouco de História não faz mal a ninguém.

29 de maio de 2015
Carlos I.S. Azambuja é Historiador.