"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Marcelo Odebrecht terá coragem e sensatez de acabar com a Nova República fazendo delação premiada?



Antes de ser preso, sexta-feira passada, Marcelo Bahia Odebrecht teria feito uma ligação e mandado um recado geral: "É pra resolver essa lambança ou não haverá República na segunda-feira"... Por isso, persiste a pergunta: Será que o mundo acaba a partir de logo mais, por causa da Erga Omnes da Lava Jato? Marcelo ou seu pai Emílio (que teria dito o mesmo que o filho) terão coragem e sensatez de cumprir a ameaça emocionalmente feita, ou tudo não passará de mais uma bravata que desaparece após o desespero inicial?

Quem conhece de perto os herdeiros de Norberto Odebrecht sabem que o pai e o filho não estão de brincadeira e são capazes de tudo para salvar seu império - o quinto maior grupo brasileiro - que é um parceiro de negócios das maiores estatais de economia mista, dos governos federal, estaduais e municipais e de países estrangeiros (sobretudo na África). Por isso, não será surpresa se Marcelo Odebrecht partir para ofensiva, em sua estratégia de defesa, aderindo a uma surpreendente colaboração premiada que, com certeza, arrasaria com a tal "Nova República".

A advogada Dora Cavalcanti entrará com pedido de habeas corpus para soltar Marcelo. Se não for bem sucedida, ainda mais porque a prisão preventiva está bem fundamentada pelo juiz Sérgio Moro nas "delações premiadas" feitas por empreiteiros e por Paulo Roberto Costa, a tendência é que a família Odebrecht parta para um acordo judicial. Este é o maior temor de Luiz Inácio Lula da Silva - apontado como grande beneficiário dos favores da empreiteira. A tese de Odebrecht poderia ser bem simples: a empresa foi forçada pelo modelo estatal brasileiro a operar no sistema de corrupção. O Capimunismo tupiniquim explica a sacanagem melhor que Freud...

Se a Odebrecht tentar se defender da maneira convencional, tentando negar tudo e apostando no seu imenso poder de influência política (inclusive nas altas esferas do judiciário), o risco de um fracasso é quase certo. Agir na defensiva coloca em risco a saúde do conglomerado, que opera com elevadíssima alavancagem, principalmente em títulos de dívida com estrangeiros. Se a empresa resolver colaborar, poderá fazer como a também baiana OAS - que sexta-feira apresentou seu plano de recuperação judicial no Tribunal de Justiça de São Paulo.
O bicho começa a pegar forte a partir da tarde desta segunda. O juiz Sérgio Moro deve começar a ser ouvidos alguns dos 12 presos na 14ª fase da Operação Lava-Jato. Primeiro, serão tomados os depoimentos de quatro pessoas que tiveram decretada prisão temporária, como o executivo da Odebrecht Alexandrino de Salles Ramos de Alencar, os executivo da Andrade Gutierrez Antonio Pedro Campelo de Souza e Flávio Lúcio Magalhães, além de Christina Maria da Silva Jorge, da Hayley do Brasil. Até 3 de julho, Moro deve ouvir todos. A expectativa é pelo depoimento de Marcelo Odebrecht.

Antes disso, ainda hoje de manhã, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef devem participar de uma acareação na sede da Polícia Federal em Curitiba. O objetivo é contrapor fatos conflitantes apresentados nos depoimentos prestados pelas duas peças-chave da Operação Lava-Jato, como o pagamento de dinheiros a políticos.

Os principais pontos a serem esclarecidos pela dupla Costa/Youssef se referem: 1) a um suposto pedido de R$ 2 milhões feito pelo ex-ministro Antônio Palocci para financiar a primeira campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010; 2) a uma suposta doação, também de R$ 2 milhões, para a campanha da ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que envolve o também ex-ministro Edson Lobão (PMDB-MA). 



Conto do Vigário


Morte do Boato

A coisa anda tão horrível para o impopular desgoverno Dilma que, desde sábado, uma piada lançada sábado nas redes sociais, ontem se transformou em um boato mórbido.

Não passou da mais pura mentira o "informe" de que Dilma teria tentado se suicidar, tomando overdose de tranquilizantes, no Palácio da Alvorada.

De todo modo, se fosse notícia verídica, já seria falta no nascedouro, porque Dilma está mais que viva, mas a Presidenta já morreu logo que assumiu o segundo mandato, e tem zero chance de ressuscitar...

Volume Morto da Politicagem


Por falar em morte, o Grupo Globo quer arrasar com a PTlândia, antes que os petralhas e a concorrência estrangeira acabem com ele...

Caidona


Time bom


Equipe do juiz Sérgio Moro - que apavora os corruptos sistêmicos no Brasil da impunidade ampla, geral e irrestrita - faz sucesso nas redes sociais.

Tem cabimento?


Manifestação à vista



Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!

22 de junho de 2015
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

DANILO GENTILI ENTREVISTA DILMA ROUSSEFF

IMPERDÍVEL!



O Danilo Gentili entrevistando a Dilma. Tudo montagem e, ao mesmo tempo, tudo verdade. Vale a pena ver. 
Se já viu, vale a pena ver de novo, como diz a Rede Globo.

22 de junho de 2015

LULA, O HOMEM CHAMADO "BRAHMA". OU: A COISA TÁ FEIA PARA O SEU LADO, FALASTRÃO!


Prestem atenção ao trecho de um texto:

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca escondeu sua inclinação por um copo de cerveja, uma dose de uísque ou, melhor ainda, um copinho de cachaça, o potente destilado brasileiro feito de cana-de-açúcar. Mas alguns de seus conterrâneos começam a se perguntar se sua preferência por bebidas fortes não está afetando sua performance no cargo. Nos últimos meses, o governo esquerdista de Da Silva tem sido assaltado por uma crise depois da outra, de escândalos de corrupção ao fracasso de programas sociais cruciais.”

Esse é começo de um texto escrito em maio de 2004 por Larry Rother, então correspondente do jornal americano The New York Times no Brasil. A reação de Lula foi violenta. Tentou, acreditem, expulsar Rother do país, ao arrepio da Constituição, sob o pretexto ridículo de que a pátria havia sido ofendida e de que o jornalista havia se imiscuído em assuntos nacionais. Qual assunto nacional? A, digamos, intimidade entre Lula e o álcool?

Pois é… Reportagem da revista VEJA desta semana informa que a Polícia Federal dispõe de mensagens trocadas entre empreiteiros em que Lula, na condição de presidente ou de ex-presidente, era chamado por um apelido: “Brahma”, numa alusão, certamente, a seus hábitos. A metonímia-metáfora nem chega a ser a melhor. Lula não dispensa uma cerveja, mas é conhecida a sua inclinação por uísque desde o tempo em que presidia o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo.

Enquanto a companheirada enfrentava a polícia, perdia o emprego e corria alguns perigos, o máximo de risco a que se submetia o chefão era se embebedar na sede da Fiesp, em animadas conversas com os empresários do então “Grupo 14”. Um deles, remanescente daquele turma, já me disse que, por lá, o Babalorixá de Banânia nunca foi visto como líder esquerdista. A avaliação que os empresários tinham é a de que ele queria se dar bem e faria qualquer coisa para chegar ao poder.

Pois é… É claro que Lula ser chamado de “Brahma” pelos empreiteiros — e importaria pouco se fosse bebum, beberrão, bêbado, pau d’água, cachaceiro, ébrio, borracho — tem menos importância do que aquilo que revelam as mensagens que vêm a público. Fica evidente que, na Presidência da República ou não, sóbrio ou não, ele se comportava como um mero lobista.

Em outubro de 2012, Léo Pinheiro, presidente da empreiteira OAS, relata a um executivo seu: “Estive essa semana com o Brahma. Contou-me que quem esteve com ele aqui foi o presidente da Guiné Equatorial, pedindo-lhe apoio sobre o problema do filho. Falou também que estava indo com a Camargo para Moçambique X Hidrelétrica X África do Sul”.

Nota: a Guiné Equatorial, hoje uma importante produtora de petróleo, é uma das ditaduras mais sanguinárias no mundo. Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, o amigão de Lula, governa o país desde 1982 — há 33 anos, portanto. É considerado pela “Forbes” o oitavo governante mais rico do mundo, embora o país esteja entre os últimos no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). O tal filho, que vai herdar o trono, é um bandido chamado “Teodorin”. É aquele que financiou o desfile da Beija-Flor neste ano.

Aí é a vez de um executivo da OAS escrever a Léo Pinheiro: “Colocamos o avião à disposição do Lula para sair amanhã ao meio-dia. Seria bom checar com o Paulo Okamotto se é conveniente irmos no mesmo avião”. Como se nota, os empreiteiros tinham a noção da, digamos, “inconveniência”.

O “Brahma” alimentava também os sonhos sebastianistas dos companheiros empreiteiros. Em dezembro de 2012, escreve um executivo da OAS: “O clima não está bom para o governo. O modelo dá sinais de esgotamento, e o estilo da número um tem boa parte da culpa”. Em novembro de 2013, voltava à carga: “A agenda nem de longe produz os efeitos das anteriores do governo Brahma”. Referindo-se a Dilma, na comparação com Lula, analisa o executivo da OAS: “A senhora não leva jeito: discurso fraco, confuso, desarticulado, falta de carisma”. Bem, essa parte é mesmo verdade. Ocorre que o propósito não era bom. Eles queriam a volta de Lula.

Presidentes ou primeiros-ministros podem fazer lobby, digamos, político em favor das empresas do seu país? Podem e até devem. O governo americano pressionou para que o Brasil comprasse os caças da Boeing; o francês, para que fosse da Dassault, e o sueco, da Gripen. Mas nenhuma dessas empresas foi flagrada em relações incestuosas com o partido do governo ou com o chefe do Executivo. Não reformaram o sítio do mandatário, não lhe pagaram milhões para dar palestras, não o transformaram em mascate de seus interesses, não lhe construíram um tríplex — para ficar nas miudezas.

A política brasileira nunca foi algo a ser copiado pelo resto do mundo. Mas parece claro, a esta altura, que Lula e o PT a conduziram a um novo patamar do vexame.

Há uma grande diferença entre promover os interesses nacionais dando suporte claro e legal a empresas nativas no exterior e se comportar como um lobista vulgar. Há uma diferença entre um empresário chamar o chefe do Executivo de “Excelência” e de “Brahma”. E a cerveja, coitada, nem tem nada com isso. Dizem-me os apreciadores que é de ótima qualidade. E, definitivamente, esse não é o caso de Lula. Se cerveja fosse, eu não a recomendaria para consumo humano.

A coisa tá para feia para o seu lado, falastrão!



22 de junho de 2015
Reinaldo Azevedo
in blog do navarro

PT ESTÁ VELHO E "PERDEU O SONHO E A UTOPIA", DIZ LULA


NO INSTITUTO, ELE ADMITE: PARTIDO ENVELHECEU E 'PERDEU O SONHO'


EX-PRESIDENTE LULA ADMITIU TAMBÉM QUE "É DIFÍCIL 
MANTER A POSTURA DEMOCRÁTICA" DEPOIS DE ASSUMIR 
O PODER. FOTO: RENATO MENDES/AE


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o PT perdeu parte do sonho, da utopia. Em evento promovido pelo instituto que leva seu nome, Lula fez um discurso sobre a necessidade de o partido se renovar e atrair a juventude, com duras críticas a posturas vistas hoje no partido que ajudou a criar. "O PT perdeu um pouco do sonho, da utopia. A gente só pensa em cargo, em ser eleito, ninguém trabalha de graça mais (pelo partido)", reclamou. "Estamos querendo salvar nossa pele e nossos cargos ou criar um novo projeto?", questionou.

No debate que recebeu o ex-primeiro-ministro da Espanha Felipe González, do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Lula disse que pretende chamar para palestras representantes dos novos partidos que vem surgindo na Europa, como o Podemos.

"O PT era, em 1980, o que é hoje o Podemos. A gente nasceu de um sonho, de que a classe trabalhadora pudesse ter vez e ter voz, e nós construímos essa utopia", disse o ex-presidente, ao refletir sobre como recuperar essa ideologia. "Há necessidade de repensarmos a esquerda, o socialismo e o que fazer quando chegamos ao governo. Enquanto você é oposição é muito fácil ser democrata você pode sonhar, pensar, acreditar, mas quando você chega ao governo, precisa fazer, tomar posições."

Lula repetiu que o partido precisa se reaproximar da juventude e não deixar que prospere o discurso que afasta as pessoas da política. "A gente precisa rediscutir um pouco as utopias para fazer essa meninada sonhar, acreditar que é possível, se não construir outro mundo, melhorar esse em que nós vivemos", disse. "Como a gente pode falar em renovação se não tem um jovem aqui?" questionou olhando para a plateia - selecionada pelo próprio Instituto Lula.

O ex-presidente voltou a reclamar da imprensa brasileira. "Aqui no Brasil, até o direito de resposta não temos mais, leva 30 anos e quando sai é melhor nem responder." Lula afirmou que nove famílias controlam praticamente todos os veículos de comunicação e que o País está atrasado. "O Brasil está atrasado, a regulação da mídia aqui é de 1962, não tinha nem fax. E se você fala sobre isso, leva bordoada de tudo que é lado."

Democracia

Entre as reclamações, Lula afirmou que é mais difícil manter a postura democrática depois que se chega ao governo. Mas disse que é importante aprender a se manter no poder, mantendo as regras democráticas. Sem citar sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, Lula exaltou iniciativas do seu governo nessa área. "Nunca antes nesse País o povo exerceu tanto democracia e participou tanto do governo como no meu governo", afirmou. E lembrou que sua gestão no governo federal promoveu 74 conferências para decidir políticas públicas com movimentos sociais.

Uma das principais críticas de petistas ao governo Dilma é o afastamento da base social do partido.

Apesar do comentário de que é difícil manter-se democrata no governo, o petista afirmou que sempre soube que só seria eleito presidente pela via democrática. E comparou seu caso ao de Evo Morales, que segundo destacou Lula, também só chegou ao poder pelas urnas.

Lula defendeu ainda o Foro de São Paulo - grupo composto por partidos e movimentos de esquerda da América Latina, criado em 1990. O Foro é um dos temas mais criticados por movimentos anti-PT e anti-governo. "O Foro de São Paulo foi criado com a ideia de educar a esquerda latino-americana a praticar a democracia. Na Argentina, nem o Maradona unificava a esquerda. Hoje, os partidos de esquerda participam de governos nesses países."

O ex-presidente falou sobre política internacional e comentou rapidamente sobre ajuste, criticando o modelo que foi adotado em países como Grécia, Espanha, Reino Unido. "O ajuste imposto lá só fez com que a divida bruta crescesse", afirmou. (AE)



22 de junho de 2015
diário do poder

EMAIL DE EXECUTIVO DA ODEBRECHT CITA "ARRANJO" E SÉRGIO CABRAL




EX-GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO, SÉRGIO CABRAL (PMDB).
FOTO: ABR


E-mail enviado por Rogério Araújo, da empreiteira Norberto Odebrecht - preso pela Operação Lava Jato desde sexta-feira, 19 -, para quatro executivos, em 4 de outubro de 2007, cita o nome do então governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), atualmente investigado pela Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato.

Na mensagem, Rogério Araújo, também alvo da investigação sobre esquema de corrupção e propinas na Petrobras, trata de um empreendimento de interesse da Construtora Norberto Odebrecht (CNO). Ele fala em ‘arranjo’ com a participação da Odebrecht. “Petrobras/PR vai conversar com o Governador sobre este novo arranjo com a participação da CNO (é importante o Sérgio Cabral ratificar! e também definir o seu interlocutor neste assunto que atualmente junto à Petrobras e Mitigue é o Eduardo Eugenio).”

Esse e-mail faz parte de longa sequência de mensagens interceptadas pela força-tarefa da Operação Lava Jato. A correspondência foi anexada aos autos da Erga Omnes, 14.ª etapa da investigação sobre corrupção e propinas na estatal petrolífera que aponta para o suposto envolvimento da maior empreiteira do País - o presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, e outros executivos foram presos sexta-feira, 19.

No e-mail que cita Cabral, o executivo da Odebrecht trata de uma obra no âmbito do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Ele divide a mensagem em três tópicos. O primeiro menciona o executivo Julio Camargo, apontado pela PF como lobista de multinacionais e operador de pagamentos a ex-dirigentes da Petrobras.

A PF suspeita que Araújo estaria se referindo ao empreendimento Unidades de Geração de Vapor e Energia, Tratamento de Água e Efluentes do Comperj. no qual a estatal petrolífera contratou consórcio formado pela Odebrecht, Toyo e UTC. A PF destaca a ‘orientação’ que a Petrobras teria dado a Julio Camargo e ao empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, para que a parceria com a Odebrecht se concretizasse.

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) reiteradamente tem negado qualquer envolvimento com empreiteiros e com o esquema de propinas na Petrobras.

Em comunicado publicado nesta segunda-feira, 21, nos principais jornais do País, a Odebrecht, investigada pela Operação Lava Jato, nega ter participado de qualquer cartel na Petrobras. “Não há cartel num processo de contratação inteiramente controlado pelos contratantes, como ocorre com a Petrobras, onde a mesma sempre definiu seus próprios orçamentos e critérios de avaliação técnico-financeiro e de performance.”

Cabral nega interferência em obras da Petrobras

O ex-governador Sérgio Cabral negou que tenha agido para incluir a Odebrecht no consórcio que fechou contrato de R$ 11,5 bilhões com o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, cidade na região metropolitana. A obra contratada era a construção do ciclo de água e utilidades do complexo industrial.

“O ex-governador Sérgio Cabral jamais interferiu em quaisquer obras da Petrobras, inclusive as do Comperj. No que diz respeito ao abastecimento de água, o governo do Estado do Rio de Janeiro tem como empresa responsável a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos). Todos os assuntos relativos ao abastecimento de água para empresas e residências no governo Sérgio Cabral foram tratados diretamente pela Cedae”, afirmou Cabral em nota.

O diretor da Odebrecht Rogério Araújo, preso há quatro dias, informa em e-mail a quatro executivos a inclusão da empresa no consórcio que seria contratado para a obra do Comperj. O acerto teria tido a participação de Cabral e do presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira.

A Cedae respondeu que o tema do e-mail refere-se a “questões internas” do Comperj. “Em 2007, não havia ainda previsão de fornecimento de água direto pela Cedae ao Comperj. Portanto, o que se relata neste e-mail são assuntos tratados pelo empreendedor (Petrobras) com possíveis fornecedores, sem nenhuma relação com a Cedae. O assunto tratado, objeto do e-mail, é referente a questões internas do Comperj, voltadas à construção do Sistema de Utilidades (unidade de geração de vapor e energia, tratamento de água industrial e efluentes)”, diz a nota.

Segundo a Cedae, em 2007, a relação do governo do Estado com o Comperj estava ligada a incentivos fiscais e medidas compensatórias para municípios afetados pela obra. Gouvêa Vieira negou interferir nos contratos.

“Sou presidente da Firjan, onde são debatidos os temas de importância estratégica para o Rio de Janeiro. É evidente que mantenho interlocução permanente com as principais lideranças políticas do Estado e do País. O governador Cabral sempre foi um desses interlocutores. Uma coisa, porém, é certa: jamais tratei de interesse desta ou daquela empresa no Comperj com o ex-governador. Meu nome foi citado numa troca de e-mails de terceiros e sou agora indagado a respeito. Tenho horror a bandalheira. Estou entre os que apoiam as investigações em curso no País desde a primeira hora. Elas estão em linha com meu desejo de um Brasil ético e transparente. A simples menção a meu nome em meio ao contexto de toda a lama trazida à tona pela Lava Jato é ultrajante”, disse presidente da Firjan em nota. (AE)

22 de junho de 2015
diário do poder

CRISE COM "Y"

Da primeira crise a gente nunca esquece. E, aos solavancos repetidos, todo mundo se acostuma. O par de frases resume a percepção de duas gerações que convivem no mundo corporativo deste Brasil em dificuldades econômicas. 
De um lado está o exército “X”, de profissionais forjados num país mergulhado na hiperinflação, na recessão e na escassez de vagas, no limiar dos anos 1990. 
No outro extremo, reside a juventude “Y”, que nunca recebeu salário em outra moeda, além do real, e floresceu num mercado de trabalho com ocupação e renda crescentes. 

A combinação nefasta de inflação em alta e atividade econômica fraquíssima tem assustado os novinhos. E também empregadores que, diante do cenário negativo, se livraram dos mais velhos para aumentar produtividade e, de quebra, desidratar custos com salários e benefícios.

O biênio 2014-2015 se desenha como o mais duro da economia brasileira em uma década e meia. É a medida de uma geração. O Produto Interno Bruto ficou estagnado no ano passado (+0,1%) e deve cair 1,35% neste, segundo projeções colhidas do mercado pelo Banco Central. 
Desde o período 1998-1999, com taxas de crescimento de 0,4% e 0,5%, respectivamente, o país não tinha dois anos seguidos de atividade tão fraca. A recessão de -0,2% em 2009, pós-crise dos EUA, ficou imprensada entre expansões de 5%, em 2008, e 7,6%, em 2010.

Com a inflação, o quadro é semelhante. O IPCA acumulado nos cinco primeiros meses deste ano, de 5,34%, só perde para o resultado de janeiro a maio de 2003, de 6,8%. A taxa em 2015, estimada em 8,79%, ficará bem próxima ao patamar de 12 anos atrás, 9,3%. 
O índice de desemprego voltou a subir, depois de cinco anos consecutivos em queda. Em cinco meses, 243 mil postos de trabalho com carteira assinada foram fechados no país. Sem falar nos recuos da produção industrial, das vendas do varejo, da demanda por crédito.

A geração “Y” está com dificuldades de lidar com o inédito ambiente adverso. “Jovens profissionais na faixa de 25 a 35 anos ascenderam a posições importantes nos anos de fartura. Agora, estão com profundas dificuldades para administrar a escassez. São pressionados a tomar decisões rápidas, mas não foram preparados para isso, nem na universidade nem nas empresas”, atesta Carla Gallo, especialista em gestão, que há 28 anos viaja o Brasil apresentando palestras comportamentais.


Muitas companhias, para responder à crise, optaram por demitir profissionais experientes e com salários maiores. Na reposição, privilegiaram funcionários mais jovens e baratos. Agora, estão descobrindo que carecem de agilidade para enfrentar a enxurrada de más notícias econômicas. 

Alguns antigos profissionais, calejados em conjuntura negativa, já estão sendo convocados como consultores para reforçar as fileiras. “Varejo, construção e tecnologia são setores muito afetados. Precisam fazer mais por menos, mas lideranças muito jovens são sabem como criar eficiência”, completa a consultora.

As estatísticas do IBGE não contêm análises sobre a substituição de mão de obra. Mas Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento, informa que, em 2015, já foi possível identificar aumento no total de autônomos e empregadores. São profissionais que, dispensados da vaga formal, estão se inserindo informalmente no mercado. 

Os trabalhadores com 50 anos ou mais de idade representam 9,5% dos desempregados. Eram 9,3% no ano passado e 6,6% em 2003.

22 de junho de 2015
Flávia Oliveira

VELHOS LIBIDINOSOS

Um fazendeiro americano octogenário está preso por assédio sexual. Não se trata de um vovô tarado, como tantos que destruíram vidas de netas e crianças da vizinhança, mas de um marido que insistiu em fazer sexo com a esposa doente. 
O casal vivia um amor tardio, ambos viúvos conheceram-se no coral da igreja e nos últimos anos constituíam um par romântico. Infelizmente, ela ficou com Alzheimer e por isso a relação entre ambos foi considerada criminosa.

Os especialistas de acusação, contratados pela filha, e da defesa obviamente divergem. Os primeiros dizendo que a demência faz o encontro deles equivaler-se ao estupro de uma criança por um desconhecido; já para os que não o culpam, o desejo erótico, assim como a fome, é uma busca de satisfação que a doença não suprime e pode inclusive ser benéfica.

Nesses quadros a memória não desaparece de forma contínua, há lampejos de reconhecimento. Quem convive com um desses doentes que se perdem de si mesmos, percebe que alguns laços afetivos sobrevivem, assim como rudimentos de carinho e alegrias. 
De fato, não sabemos se aquele ato sexual foi um abuso repulsivo ou o patético resto de um romance, mas não nos surpreende que o caso tenha sido rumoroso.

A polêmica em torno do casal de senhoras maduras e gays que recentemente trocou um beijo nas telas brasileiras, onde as telenovelas são formadoras de opinião, fala do mesmo fenômeno. Certamente dois tabus foram rompidos naquela cena, mas pouco se falou do preconceito contra a sexualidade dos idosos.

Por que preocupa-nos tanto manter o desejo erótico tão delimitado? Beijos, carícias, olhares e juras de amor são controlados não somente no que diz respeito aos clichês de gênero, mas também aos parâmetros do tempo. 
Acredita-se que o desejo dure enquanto temos corpos férteis e bonitos. 
A imagem de velhos na cama, com suas peles enrugadas e seus cabelos brancos, beijando-se, penetrando-se e trocando olhares lânguidos é tão inadmissível para o senso comum quanto a de pessoas do mesmo sexo protagonizando a cena. Talvez até mais, por quê?

Os desejos sexuais, prescritos por lei ou não, são, como dizem os advogados de defesa do senhor, uma carga vital importante e persistente. Não vivemos sem comer e a gula é admissível ao longo de toda a vida, mas o sexo sempre foi considerado optativo e temporário. 
A experiência erótica ocupa muito mais espaço imaginário do que real: é tão rocambolesco, neurótico e cansativo o roteiro de fatos e fantasias que envolve a vida sexual, que espera-se que um dia acabe. 
Soa até tentadora a ideia de que todo esse imbróglio seja finito, de que também disso se aposente. Então chegam esses velhos a dizer-nos que não haverá descanso, que seguimos até o fim à mercê dos impulsos eróticos. Assim é, aproveite se quiser e puder.

22 de junho de 2015
Diana Lichtenstein Corso

MONÓLOGO INSOSSO PARA APASCENTAR BOVINOS

De alguns anos para cá, virou moda falar em "globalização". É chique dizer que "nosso planeta se transformou em uma aldeia global". Qualquer crítica a esta ideia é logo ignorada ou rotulada de "reacionarismo". Assim, considere-se um ser "globalizado"!

Será nesta qualidade - a de um ser "globalizado" - que aguarda-o sua primeira experiência: sair pelo mundo afora tentando ligar o carregador de sua filmadora em uma simples tomada elétrica. Você irá descobrir que o modelo brasileiro é incompatível com o argentino, que por sua vez difere do norte-americano, que não aceita o inglês, e daí em diante.

Em seguida, aproveite sua viagem para tentar adquirir alguma roupa ou calçado - e prepare-se para sofrer muito com a total falta de padrões que flagela os habitantes desta "aldeia global". A verdade é que dos calçados às tomadas elétricas, das medidas de peso e velocidade às roupas, muito pouco há de "globalizado" neste planeta.

O passo seguinte será procurar, pelo mundo afora, a contrapartida ao amplo "processo de globalização" pelo qual passou o Brasil. Nosso país, generosamente, abriu suas fronteiras e entregou à administração e exploração de estrangeiros atividades estratégicas e fundamentais para o desenvolvimento.

Assim, procure lá pela Europa, América do Norte ou Ásia algum lugar que tenha entregue o mesmo tanto de sua economia a brasileiros - ou mesmo a outro país. Curiosamente, será fácil perceber exatamente o oposto: uma sucessão de barreiras e entraves ao ingresso de estrangeiros que fariam corar de vergonha o "Muro de Berlim".

Prossiga na sua caminhada, e tenha muitas surpresas. Na Argentina, encontre postos com a nossa bandeira vendendo gasolina mais barata que aqui. No Chile, descubra carros fabricados no Brasil sendo vendidos a preços bem mais razoáveis que os daqui. No Japão, perceba que os preços dos automóveis também é menor, apesar de eles serem feitos com matéria-prima importada - quase sempre daqui.

Diante da confusão que a viagem por esta "aldeia global" seguramente está causando em sua cabeça, volte ao Brasil. E tente comprar, aqui, um daqueles produtos de alta tecnologia vistos durante sua viagem nas vitrines norte-americanas ou européias. Descubra, absolutamente perplexo, que em média eles só chegam ao Brasil entre um e seis anos após lançados "lá fora". Tradução: neste mundo globalizado, que se conforme o consumidor brasileiro em comprar quase sempre produtos obsoletos - e a "peso de ouro".

Entenda-se bem: sou contra o isolamento. Acredito no livre-comércio. Defendo a queda das barreiras comerciais. Sim, sou a favor disso tudo - desde que para todos. Porém, o que vejo é um Brasil se "globalizando" em um mundo a cada dia mais regionalizado. Causa-me revolta, enquanto brasileiro, ver nossa economia desnacionalizada às custas da ruína de muitas empresas genuinamente nacionais. Revolta-me o espírito ver algumas de nossas maiores riquezas não-renováveis e atividades mais importantes sendo exploradas por estrangeiros, sem que se tenha a menor notícia de alguma reciprocidade. O fato, esgotadas as boas intenções, é que esta "globalização tupiniquim" que nos empurraram pela goela abaixo mais parece - e perdoem-me o desabafo - monólogo insosso para apascentar bovinos. Ou, em bom português, "conversa mole para boi dormir".



22 de junho de 2015
Pedro Valls Feu Rosa

CRISE NO SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICA

A saúde pública no Brasil tem um pressuposto assegurado pela Constituição: universalizada, via SUS, está formalmente ao alcance de toda a população. Mas, entre o princípio e a ficção, a distância é curta: a gigantesca rede do sistema vive em crise crônica, cumprindo apenas em parte, quando cumpre, o papel que lhe é atribuído pela Carta. Postos de atendimento com enormes filas, demora de até meses para se conseguir marcar uma única consulta (e ser atendido), uma demanda que exerce pressão constante sobre os hospitais, falta de material e problemas com pessoal (equipes incompletas, salários pouco atraentes etc.).

Um quadro clínico cujo tratamento implica análises e propostas de políticas públicas amplas e profundas. Sobretudo, corajosas e, o que não faria mal algum ao sistema, criativas. Mas a prescrição tem sido invariável — a dotação de mais verbas para o setor cumprir seu papel constitucional de prover a população com serviços de saúde de qualidade e de forma abrangente. É uma fórmula, por simplória e irreal, com a eficácia de um placebo.

É importante reacender essa discussão neste momento em que se ensaia, em Brasília, um movimento para ressuscitar a cobrança de um imposto que financie a saúde pública, nos moldes da malfadada CPMF. A alegada falta de dinheiro foi o mote para a criação, ainda no governo de Itamar Franco, em 1993, do chamado “imposto do cheque”, como ficou conhecido o IPMF, depois convertido por FH na Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira — uma sutil modificação no nome para driblar a obrigação de o Executivo federal de repartir a receita com os entes da Federação.

Alegadamente, o gravame deveria ser integralmente empregado no financiamento da saúde. Mas, ao ser derrubado pelo Senado, em 2007, já se desviara de seu objetivo inicial. Passou a reforçar o caixa único do governo e se ensaiava a transformação do P de CPMF de “provisória” para “permanente”. O imposto caiu, sem ter melhorado os serviços na rede pública de saúde, com protestos da base lulopetista no Congresso, sob o argumento de que o setor perderia uma receita de R$ 40 bilhões (valor, de resto, compensado apenas seis meses após, através dos apropriados mecanismos de arrecadação).

Por ser um imposto linear, a CPMF pesa mais no bolso de quem tem renda mais baixa. Além disso, por sua natureza, o gravame impacta cumulativamente na cadeia produtiva, comprometendo ainda mais os custos de produção, num país em que a carga tributária abocanha 35,7% do PIB. Esse tipo de visão, que toma como panaceia a dotação de orçamentos mais generosos, na verdade desvia o foco da questão. Os reais gargalos da saúde no país estão ligados à gestão ineficiente. Há no país comprovadas experiências de administrações bem sucedidas de hospitais, emergências e serviços públicos que resultam em aumento de produtividade e aperfeiçoamento de qualidade. Além disso, transferir a gerência para organizações sociais, por exemplo, é uma alternativa com bons resultados. Despejar mais verbas numa estrutura ineficaz equivale a jogar dinheiro pelo ralo.



22 de junho de 2015
O Globo

ALÔ TERRA, VOCÊS ME ESCUTAM?

Leio nos jornais que os marqueteiros decidiram humanizar Dilma. Se somos todos humanos, o que significa humanizar Dilma? A chamada humanização foi uma trajetória ascendente, na qual vencemos intempéries naturais, construímos ferramentas, resolvemos complexos problemas da vida social.

Como Dilma é considerada uma das mulheres mais poderosas do mundo, a humanização pretendida pelos marqueteiros é uma espécie de saída do Olimpo. Ela vai parecer agora uma pessoa comum, uma filha de Deus na nossa imensa canoa furada que é o Brasil de hoje. Ao vê-la no seu passeio de bicicleta, convenci-me de que era humana. Deuses não usam capacete. Não se importam em se esborrachar no asfalto com seus etéreos cérebros. Dilma, como todos nós, sabe que um choque pode embaralhar os já congestionados circuitos mentais.

O processo de humanização se desdobrou numa entrevista a Jô Soares, na qual, no Dia dos Namorados, Dilma discorreu sobre o ajuste fiscal e suas preferências de leitura. Ela ainda não se humanizou como Obama, que vai aos programas de televisão. Dilma só dá entrevistas no seu habitat, com os tapetes, livros e, possivelmente, um leve cheiro de mofo do palácio.

O trânsito do divino ao humano é sempre muito complicado. Os islamitas moderados sabem disso. O Corão (surata 9, versículo 5) aconselha matar os politeístas onde quer que se encontrem. Os moderados afirmam que isso é um texto do século VII, vale para um contexto da Península Árabica em guerra. Mas a religião disse que o texto foi ditado por Deus, onisciente e eterno, superior a todas as conjunturas históricas. Afirmar que o texto foi escrito por seres humanos, falíveis, sujeitos às limitações de seu tempo, é assumir o risco da heresia. Não creio que os marqueteiros queriam apenas mostrar a descida de Dilma ao mundo dos humanos, que desfilam em suas bicicletas Specialized cercados de seguranças de terno escuro.

Podemos imaginar outro caminho da humanização. Ele não envolve a relação divino-humano, mas sim a relação entre pessoa e máquinas. Humanizar, nesse caso, seria mostrar que Dilma não é a máquina de processar números e tomar decisões. Ela tem as mesmas preocupações que todos nós e, inclusive, leu a Bíblia na cadeia.

Nesse ponto, acho que o caminho dos marqueteiros não me convence. Se Dilma é vista como máquina de decisões, o aparato precisa de conserto, não de traços humanos. Grande parte de suas análises e decisões foi para o buraco: a máquina nos trouxe a uma das maiores crises da História do país.

Se aceitassem minhas ponderações, o problema dos marqueteiros não seria humanizar Dilma, mas trans-humanizá-la, transformando-a em máquina mais eficiente. Em vez da conversa com Jô que, na cadeia, quando não estamos lendo a Bíblia, chamamos de cerca-lourenço, Dilma deveria estar implantando chips em muitas partes do corpo. Seria capaz de acionar o aparato do governo sem tantos ministros, detectar desvios antes que cheguem a R$1 bilhão, emitir ondas sonoras que acalmem o Congresso.

O projeto de trans-humanizar Dilma não significa que não possa ir ao programa de culinária e mostrar como fritar um ovo. Há chips para isso. Mas todos saberíamos que Dilma não é apenas humana. Como ela quase arruinou nosso sistema energético, vamos confiar apenas no Sol para alimentar os seus dispositivos. Cada vez que ela se aproximar do astro, como o robô europeu Philae, saberemos que busca contato conosco:

— Alô Terra, vocês estão me ouvindo?

Nietzsche escreveu “Humano, demasiadamente humano”, para analisar a morte de Deus e a solidão humana ao decidir sobre o certo e o errado.

Seres humanos andam de bicicleta e aparecem no programa do Jô, pessoal. Mas os marqueteiros de Dilma deveriam considerar aberto o debate sobre sua humanização. Afinal, ela apenas desceria do Olimpo, apenas se distanciaria da máquina?

O Deus bíblico é capaz de fazer perguntas, de ter curiosidade, ao criar os bichos, sobre o nome que Adão daria a eles. Aparentemente, a curiosidade é um dado contraditório num Deus que sabe tudo. Contradição e curiosidade são dados humanos. Se até o Deus bíblico é curioso, por que Dilma não faz perguntas aos seres humanos: o que achamos dela, do seu governo e de seu próprio projeto de humanização. Mesmo uma eficaz máquina trans-humana está arriscada a dizer “Olá Terra, vocês me escutam?”, e ser respondida com um ensurdecedor panelaço.

O que os marqueteiros fariam ainda com Dilma para que pareça humana? Pedalar não vale mais, porque ela está sendo questionada no TCU exatamente por pedalar. Não precisamente na bicicleta, mas nas contas do governo.

A história recente já produziu outro gesto de humanização: o general Garrastazu Médici fazendo embaixadas num campo de futebol. Aprendemos com o marketing político que os seres humanos praticam o futebol e o ciclismo. Chega de humanizar, vamos trans-humanizar, encher os políticos de chips e antenas. Prefiro encontrar Dilma e, ao invés de “bom dia, presidente”, saudá-la com um lugar-comum nos encontros de terceiro grau: “Por favor, leve-me ao seu líder”.



22 de junho de 2015
Fernando Gabeira

CHEGA AO FIM O PERÍODO DO PT NO PODER

Começar por onde? Pelo aumento do desemprego? Ou da rejeição à Dilma, agora na casa dos 65%?

Pela decisão do Tribunal de Contas da União de pedir explicações ao governo sobre manobras fiscais? A decisão pode dar vez a um processo de impeachment contra Dilma.

Ou começar pelo desabafo de Lula detonando Dilma, o PT e ele próprio? Ou ainda pela prisão surpreendente dos dois maiores empreiteiros do país?

A prisão dos empreiteiros remete à Queda da Bastilha. Só havia por lá sete presos quando o povo de Paris tomou-a de assalto. Os presos foram libertados.

A cabeça do diretor da prisão desfilou pela cidade espetada na ponta de uma lança.

A Bastilha era um símbolo do poder absolutista dos reis. Sua queda virou um marco da Revolução de 1789 que mudou a França e repercutiu no mundo todo.

Até que a Bastilha fosse destruída, tinha-se como inconcebível que a ralé pegasse em armas para varrer o regime. Os reis eram figuras divinas.

Por aqui, parecia inconcebível que Marcelo Odebrecht, herdeiro de um império que faturou R$ 107 bilhões no ano passado, fosse parar na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, obrigado a comer quentinhas. Ele e o presidente da Andrade Gutierrez .

E não só pela fortuna que Marcelo amealhou, capaz de realizar todos os seus desejos de consumo, e também os desejos das próximas gerações dos Odebrechts.

Mas principalmente pelas conexões políticas e econômicas que Marcelo estabeleceu com políticos e governantes daqui e de uma dezena de países. Lula virou seu empregado. E, junto com Dilma, refém do que Marcelo sabe.

Se o mais poderoso empresário brasileiro decidisse colaborar com a Justiça, a República literalmente cairia.

Imagine se viessem à luz detalhes de um dos encontros de Marcelo com Dilma no ano passado, quando ele fez um circunstanciado relatório sobre os bastidores dos negócios entre as empreiteiras e a Petrobras? Por essa e outras, ele jamais imaginou que seria preso.

Em novembro último, durante encontro com os executivos do Grupo Odebrecht em Costa do Sauipe, na Bahia, Marcelo se sentia tão inatingível que os aconselhou: “Se algum de vocês for preso, conte tudo. Que eu me apresentarei e contarei tudo”.

Não se animem! O maior patrimônio de Marcelo, a essa altura, não é a Odebrecht. É sua memória. E os documentos que guarda. Não falará.

Lula está furioso com a companheira Dilma. Ele a acusa de não ter usado o poder do cargo para impedir que a Operação Lava-Jato, comandada pelo juiz Sérgio Moro, chegasse até onde chegou.

Mas como Dilma poderia atender à vontade de Lula se ela se reelegeu com base em mentiras, lidera um governo cada vez mais fraco, e seu desempenho só é aprovado por 10% dos brasileiros?

O fato é que Lula cobra de Dilma o que ela não pode dar. Ou talvez não queira dar.

Poucas coisas boas ficarão do período Dilma. Uma delas, a justa fama de não ter atrapalhado o combate à corrupção. Ela quer ser lembrada como a "faxineira ética".

As críticas de Lula a Dilma, compartilhadas com os religiosos que o visitaram no Instituto Lula, deixam nu um político que não entende a real dimensão da crise do PT e da esquerda.

A crise deriva dos erros cometidos por Lula e Dilma. O pai da crise é ele. A mãe, ela.

De nada adianta Lula sugerir a Dilma que vá para a rua falar com o povo. Ela não tem o que dizer. O PT, tampouco.

Envelheceram o discurso e os métodos do Sr. Brahma, como Lula foi chamado por alguns empreiteiros.

É um ciclo político que se esgotou. Apenas isso, e nada mais.



22 de junho de 2015
Ricardo Noblat

O HUMOR DO DUKE...

Charge O Tempo 22/06



22 de junho de 2015

AS "PEDALADAS" NO BRASIL E NA GRÉCIA

A economia mundial dá sinais de pânico, diante das últimas notícias de que “o banco central da Grécia fez um alerta de que o país pode entrar em um “curso doloroso” na direção do default e da saída da zona do euro.”

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, acusa os credores de tentarem “humilhar” o país, ao exigir mais cortes.
A crise levou a saques de cerca de 30 bilhões de euros de bancos gregos. Nos últimos três dias da semana, os saques atingiram cerca de 2 bilhões de euros, do total de depósitos de 133,6 bilhões de euros, mantidos por bancos gregos, até o fim de abril.

As “pedaladas” não são privilégio do governo brasileiro, reveladas na fiscalização do TCU.
Elas aconteceram na Grécia em 2011 e deram causa à crise atual.
Naquele ano, as contas públicas foram maquiadas para apresentá-las aos parceiros da União Europeia e ao Banco Central Europeu. A “pedalada” grega escondeu, que o déficit anual real era várias vezes superior ao declarado.

O déficit público, na época das “pedaladas”, já era de 15.7%, mais do que o dobro informado pelo governo. Atualmente, o país submerge num poço que corresponde a uma dívida de 185% de seu PIB.
O diagnóstico econômico indicou como causas principais, o exagerado aumento do emprego público e um sistema de previdência extremadamente oneroso, fora da realidade global.

Para enfrentar o caos ocorreram fortíssimos cortes de gastos, a partir de 2011, superiores a 28 bilhões de euros, num país que já estava “na pior”, o que restringiu enormemente investimentos em saúde, educação e infraestrutura.

Percebe-se que a queda de braço entre a Grécia e parceiros europeus já dura quatro anos. A “gota d’água” transbordou em 2015.
Embora sejam situações econômicas diferentes, nunca seria demais lembrar que qualquer semelhança da situação grega com o Brasil não é mera coincidência.
A regra é de sempre acreditar que poderá ficar pior do que já está, porque dinheiro não cai do céu, nem na Grécia, nem em nosso país.

O desemprego grego já se aproxima dos 30%.
Entre os jovens, a ociosidade chega a alcançar os 60%.
O PIB caiu 25%, os cidadãos gregos perderam ao redor de 30% de sua renda média.
O gasto público foi reduzido e os hospitais têm grandes dificuldades para funcionar minimamente.

A previdência sofreu violentos e cruéis cortes e já está sendo solicitada uma nova redução para o país economizar 100 milhões de euros.

Os aposentados e pensionistas que vivem com 685 euros por mês – alguns com até menos que isso. - já tiveram reduções de até 20% e congelamento dos valores monetários por cinco anos, enquanto a inflação interna dispara.

Fica no ar a seguinte pergunta: o que acontecerá, se realmente a Grécia deixar a União Europeia?
Segundo economistas, pode gerar uma grande confusão no mercado de capitais, na economia grega e, pior, na economia dos países globais.

O prémio Nobel Paul Krugman resumiu a questão com uma frase: “O risco real para o euro não é que a Grécia sai da União Europeia (UE), mas que seja bem sucedida”.
Os dirigentes não escondem, que a saída da Grécia da zona do euro seria prejudicial ao bloco europeu.

Angela Merkel não acha positiva essa solução. Pode desagregar ainda mais o bloco europeu e fazer todas as economias do continente passar por maus momentos.
Cabe lembrar, que somente 18 dos 27 estados membros da União Europeia aderiram ao Euro até hoje, como moeda nacional.

Caso a saída grega se consume, o país teria a sua moeda própria. Ninguém esconde as dificuldades econômicas imediatas, com mais inflação e perda de poder de compra.
Com prazo mais longo, há quem antecipe que essa seria a melhor forma de recuperação da economia helênica.

Em futuro próximo, fatalmente, surgirão problemas graves no resto da Zona Euro, pela desvalorização da moeda e os governos questionando as atuais políticas de austeridade.
Seria um quebra cabeça antecipar as consequências finais das “pedaladas” da Grécia em 2011.
O mesmo em relação as “pedaladas” do Brasil em 2014.
Melhor aguardar!


22 de julho de 2015
Ney Lopes

A HORA E VEZ DO ELETROLÃO

Conta a anedota que dois executivos conversavam quando o de Brasília disse: "A Odebrecht deve ser a maior empreiteira do mundo". Ao que o outro, baiano, respondeu: "Mais que isso, é a maior da Bahia!"

A prisão de executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez projeta um capítulo novo para as investigações sobre a corrupção: vem aí o Eletrolão. A apuração dos "malfeitos" no sistema elétrico começou quando o presidente da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, admitiu ter pago R$ 100 milhões para obter parte da obra de Belo Monte (Pará). Andrade Gutierrez e Odebrecht também participam da usina no rio Xingu.

Há muito mais a ser apurado. As três empreiteiras atuaram também nas hidrelétricas do Rio Madeira (Rondônia), tema de longa polêmica ambiental só resolvida por pressão de Dilma Rousseff, então ministra das Minas e Energia, com o envolvimento pessoal do presidente Lula para convencer a ministra Marina Silva. Nessa época, Lula desabafou que Marina "jogou os bagres no colo do presidente".

O potencial explosivo do conjunto de usinas elétricas na Amazônia é certamente sem precedentes: ao contrário da Petrobras, onde as obras são planejadas pela estatal e depois licitadas, o Eletrolão vai mostrar que a própria Odebrecht concebeu as hidrelétricas do Madeira. Em consórcio com a estatal Furnas, a empreiteira analisou a bacia do rio, defendeu que ele tinha potencial de exploração, sugeriu a construção de duas hidrelétricas, indicou a localização de cada uma e fez o projeto inicial. Depois, na concorrência, ganhou o direito de construir e explorar a eletricidade de uma das usinas (Santo Antônio, em sociedade com a Andrade e Gutierrez); a outra, Jirau, coube à multinacional GDF Suez.

Os dois grupos vivem às turras porque o sistema, embora com duas plantas, foi planejado para funcionar de forma integrada e não concorrente: o lago de uma hidrelétrica começa na turbina da anterior; quando suas águas sobem, atrapalham o funcionamento da usina rio acima.


Assim, o conjunto de hidrelétricas criado sob a ministra Dilma rende mais a empreiteiras do que os serviços contratados pela Petrobras: as construtoras ficam com a exploração da energia, para o resto dos tempos. Por isso, o Eletrolão pode se revelar o maior escândalo do mundo. Ou da Bahia!

22 de junho de 2015
Leão Serva

CONFISSÃO OU TESTAMENTO DO LULA

Lobistas de Brasília fazem a previsão do fim do mundo: o juiz Sérgio Moro não vai chamar Lula para prestar depoimento. Vai mandar prendê-lo. Neste caso, ou tem confissão de verdade, ou o testamento político de Lula vai acabar no lixo da História. 
Lula ainda poderá escolher. A não ser que prefira dar uma de Getúlio Vargas... 
Mas isto é improvável, pois depende de muita honra e coragem...

Morto politicamente Lula já está... Financeiramente, mais vivo que nunca... O problema é que dinheiro e diamantes africanos não resolvem tudo na hora do verdadeiro juízo final - que não é o do judiciário do Brasil da impunidade ampla, geral e irrestrita. O acerto de contas de Lula pode ser impagável. A tendência é que ele somatize o momento crítico, com alto risco para a saúde - que a marketagem afirma estar maravilhosa e perfeita para disputar a sucessão de 2018... Até lá, pau na Dilma!

Véspera de desgraça, para um sujeito hiper-muito-informadíssimo como Luiz Inácio Lula da Silva, parece ser um momento premonitório. Quinta-feira passada, com a voz mais rouca que nunca, como sequela do câncer de laringe que milagrosamente curou, o mito Lula cometeu uma confissão ou proferiu seu testamento em uma histórica reunião com uns 30 dirigentes de entidades religiosas. Deus que os perdoe... E nos livre e guarde...

Lá perto de onde um dia Dom Pedro I deu o famoso grito do Ipiranga, as paredes do auditório do Instituto Lula ouviram Lula cometer um verdadeiro sincericídio político em 50 minutos de conversa. Ou, então, já sabendo que a coisa ficaria preta para os amigos empreiteiros, Lula aproveitou para dar mandar um recadinho. O tom negativo do discurso ficou mais para funeral que para renascimento político. O papo de Lula vazou para O Globo. Ou foi vazado de propósito?

Foram apóstolos das confissões de Lula: seu fiel Gilberto Carvalho, o bispo dom Pedro Luiz Stringhini, o padre Julio Lancelotti, e tantos outros dirigentes de pastorais católicas e um pastor evangélico. Abram-se aspas para $talinácio, em ritmo de velório e detonação da companheira Dilma Rousseff (agora com 10% apenas de aprovação e 65% de reprovação, segundo o Datafolha). Lula também a reprova:

"Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto. Todos estão numa situação muito ruim. E olha que o PT ainda é o melhor partido. Estamos perdendo para nós mesmos".

"O momento não está bom; o momento é difícil. Acabamos de fazer uma pesquisa em Santo André e São Bernardo, e a nossa rejeição chega a 75%. Entreguei a pesquisa para Dilma, em que nós só temos 7% de bom e ótimo".

"Aquele gabinete (presidencial) é uma desgraça. Não entra ninguém para dar notícia boa. Os caras só entram para pedir alguma coisa. E como a maioria que vai lá é gente grã-fina... Só entrou hanseniano porque eu tava no governo, só entrou catador de papel porque eu tava no governo. Essa coisa se perdeu".

“Isso não é para você desanimar, não. Isso é para você saber que a gente tem de mudar, que a gente pode se recuperar. E entre o PT, entre eu e você, quem tem mais capacidade de se recuperar é o governo, porque tem iniciativa, tem recurso, tem uma máquina poderosa para poder falar, executar, inaugurar”.

"Os ministros têm de falar. Parece um governo de mudos. Os ministros que viajam são os que não são do PT. Kassab já visitou 23 estados, não sei quem já visitou 40 estados. Aí não dá. Kassab já tá criando outro partido e a gente não tá defendendo nem o da gente!"

"O governo parece um governo de mudos... Falar é uma arma sagrada. Estamos há seis meses discutindo ajuste. Ajuste não é programa de governo. Em vez de falar de ajuste... Depois de ajuste vem o quê? É preciso fazer as pessoas acreditarem que o que vem pela frente é muito bom. Agora parece que acabou o (assunto) do ajuste”.

"Gilberto sabe do sacrifício que é a gente pedir para a companheira Dilma viajar e falar. Porque na hora que a gente abraça, pega na mão, é outra coisa. Política é isso, o olhar no olho, o passar a mão na cabeça, o beijo".

"Nós tivemos as eleições no dia 26 de outubro. De lá pra cá, Gilberto, nós temos que dizer para vocês, porque vocês são companheiros, depois de nossa vitória, qual é a noticia boa que nós demos para este país? Essa pergunta eu fiz para a companheira Dilma no dia 16 de março, na casa dela".

"Eu fiz essa pergunta para Dilma. Companheira, você lembra qual foi a última notícia boa que demos ao Brasil? E ela não lembrava. Como nenhum ministro lembrava. Como eu tinha estado com seis senadores, e eles não lembravam. Como eu tinha estado com 16 deputados federais, e eles não lembravam. Como eu estive com a CUT, e ninguém lembrava".

"Primeiro: inflação. Segundo: aumento da conta de água, que dobrou. Terceiro: aumento da conta de luz, que para algumas pessoas triplicou. Quarto: aumento da gasolina, do diesel, aumento do dólar, aumento das denúncias de corrupção da Lava-Jato, aquela confusão desgraçada que nós fizemos com o Fies (Financiamento Estudantil), que era uma coisa tranquila e que foram mexer e virou uma desgraceira que não tem precedente. E o anúncio do que ia mexer na pensão, na aposentadoria dos trabalhadores".

"Tem uma frase da companheira Dilma que é sagrada: Eu não mexo no direito dos trabalhadores nem que a vaca tussa”. E mexeu. Tem outra frase, Gilberto, que é marcante, que é a frase que diz o seguinte: Eu não vou fazer ajuste, ajuste é coisa de tucano. E fez. E os tucanos sabiamente colocaram Dilma falando isso (no programa de TV do partido) e dizendo que ela mente. Era uma coisa muito forte. E fiquei muito preocupado".

"Não acredito que tenha havido mensalão. Não acredito. Pode ter havido qualquer outra coisa, mas eu duvido que tenha havido compra de voto — disse ele, mencionando que o ex-deputado Luizinho, do PT de Santo André, não poderia ter voto comprado no mensalão porque era, na época do escândalo, em 2005, líder do governo".

"Nós começamos a quebrar a cara ao tratar do mensalão juridicamente. Então, cada um contratou um advogado. Advogado muito sabido, esperto, famoso, desfilando por aí, falando que a gente ia ganhar na Justiça. E a imprensa condenando. Todo dia tinha uma sentença. Quando chegou o dia do julgamento, o pessoal já estava condenado".

"Jamais vi o ódio que está na sociedade. Família brigando dentro de família, companheiro do PT que não pode entrar em restaurante".

Fecha aspas... Parece que a comilança está acabando... Tudo verdade, $talinácio... O líder do DEM, senador José Agripino Maia, interpretou o discurso de Lula aos religiosos com pura e mortal ironia: "A fala dele, com a respeitabilidade que ele tem no PT, significa a decretação da falência do partido e do governo. É um atestado de óbito. Ele mesmo disse que a Dilma não recebe ninguém, não recebe os pobres. Ele qualificou Dilma como elitista, que se aproveita do poder. Na hora em que diz isso, reconhece a falência do projeto do PT e das principais figuras do partido que estão no governo".

Por tudo isso que esbravejou Lula em seu confessionário ou testemunho de despedida, sendo devidamente sacaneado pela "oposição", é preciso perguntar, novamente, sem a menor maldade: Como o Instituto Lula vai conseguir custear sua despesa média mensal elevadíssima sem a ajuda dos grandes doadores - agora presos e cada vez mais enrolados nos processos da Lava Jato?

Antes de ser preso, Marcelo Odebrecht teria feito uma ligação e dito: "É pra resolver essa lambança ou não haverá República na segunda-feira"... Por isso, outra perguntinha, agora bem idiota: Será que o mundo acaba assim que o domingão encerrar? Erga Omnes!



22 de junho de 2015
Jorge Serrão

OS LOBOS E A ESTABILIDADE CONSTITUCIONAL

O Tribunal de Contas da União deu trinta dias de prazo para a presidente Dilma Rousseff se explicar sobre treze pontos relativos à prestação de contas do último exercício. Analistas políticos dizem que o TCU assim agiu em nome da estabilidade – política ou institucional. Ou, como dizem outros, para evitar jogar gasolina na fogueira onde arde a incompetência, a corrupção e os desmandos do atual governo.
Há que se perguntar: estabilizar o que e por que? O Brasil vive a sua mais profunda crise moral dos tempos modernos. Os escândalos pipocam diariamente nos jornais. O famoso mar de lama da era getulista é uma mera poça de água suja perto do que vemos nos dias atuais. Nunca se roubou tanto, se dilapidou tanto, se lesou tanto a pátria brasileira. A incompetência e a mentira atingem níveis jamais vistos.

A presidente Dilma cometeu claro estelionato eleitoral. Tudo que prometeu em campanha foi solenemente ignorado. As frases desconexas e sem sentido que saem de sua boca são motivo de piada para onde quer que você olhe. Nem aparecer em público ela pode: corre o risco de ser vaiada, execrada ou humilhada. Para dar uma entrevista sem ser confrontada com seus erros tem que recorrer a “talk show” de início de madrugada de um apresentador em final de carreira que nada mais tem a acrescentar ao espectador.

Dilma e o PT dizem que são defensores da democracia. Mas, batem palmas e apoiam financeiramente regimes como o de Maduro na Venezuela. E apoiam usando o nosso dinheiro. Esse mesmo regime é aquele que incentivou seus partidários a irem para as ruas e hostilizarem a comitiva de senadores brasileiros essa semana. E Dilma bate palmas. E deixou implícito que não se importava com o destino da comitiva brasileira, ao determinar que o Itamaraty não acompanhasse o grupo de parlamentares nem lhe prestasse apoio. Aloysio Nunes, na tribuna do Senado Federal no dia 19/06, se perguntava como o comportamento da presidente havia mudado tanto do tempo em que ela era “perseguida política” para os dias atuais. Fazia tal referência, tendo como parâmetro ele mesmo, que, estando fora do Brasil acolhia de bom grado missões parlamentares democratas de outros países que demonstravam solidariedade aos “exilados” políticos. Na verdade, prezado Senador Aloysio Nunes, Dilma não mudou absolutamente nada. Ela continua a mesma: jamais defendeu a democracia ou a liberdade. Sempre quis a ditadura do proletariado. Causa estranheza é que o ilustre parlamentar tenha se “esquecido” disso.

Aliás, na mesma linha, Dilma aplaude também o Estado Islâmico, aquele cujos integrantes, tem o singelo passatempo de cortar todas as cabeças que podem, de preferência em público e com filmagem em HD para depois exibir em redes sociais. Quando dois traficantes brasileiros estavam para serem executados legalmente pelo governo da Indonésia, a presidente Dilma tentou exercer pressão para que os dois fossem poupados. Mas, e os milhares que são executados por aqui, vítimas da violência, da falta de saúde pública, do descaso, da omissão? Nem sequer uma palavra foi pronunciada.

Impressionante observar que mesmo diante da imensa crise pela qual passamos e o famoso ajuste fiscal sendo implementado, Dilma nada faz para diminuir a própria gastança ou dos outros poderes da República. Tem tantos ministros que já confessou que nem conhece todos. Provavelmente deve desconhecer também suas funções. Triplicou recentemente o fundo partidário. Mas, cortou direitos daqueles que pretendem se aposentar. Aliás, sobre a questão da aposentadoria, quase fiquei apoplético há poucos dias, quando um “especialista” em entrevista em famoso canal de televisão defendia um corte maior sobre os direitos dos trabalhadores que recebem mais do que um mísero salário mínimo de benefício, justificando que eles são minoria, mas, que pesam mais para os cofres da previdência. E eu pergunto: e na hora de contribuir, essa minoria pagava o mesmo que a maioria? É claro que não. E o que é pior: a política cruel do governo em relação à aposentadoria esmaga o poder aquisitivo do benefício ao longo dos anos. Quem se aposentou há cinco anos ganhando quatro salários mínimos hoje recebe dois, ou menos. Você sabe disso, eu sei disso, qualquer aposentado sabe disso.

Em pouco tempo, Dilma estará gastando mais tempo se escondendo dos brasileiros ou se explicando judicialmente por seus erros, ações e omissões (que eventualmente podem caracterizar ilícitos penais) do que governando. O Brasil está descendo a ladeira e não parece haver freio. O desastre parece certo. Pergunto então: qual é a estabilidade com a qual se está preocupando o TCU? A quem ela serve? Ao povo? Claro que não. Ao povo, afundado em uma crise para o qual não contribuiu e da qual se esforça para não soçobrar, resta apenas a esperança de que dias melhores poderão vir. Dado o altíssimo grau de aparelhamento do estado brasileiro pelo PT é de se estranhar que o TCU tenha sequer cogitado reprovar as contas da presidente. A explicação está no histórico do responsável pelo relatório que será levado a votação: Ministro Augusto Nardes, que tomou posse em 2005, ou seja, quando o PT ainda se preocupava em dar um aspecto de pluralidade ao Estado Brasileiro. Nos dias atuais, isso não importa mais: o que vale mesmo é a perpetuação no poder.

Na verdade, estabilidade institucional deveria implicar respeito às leis e normas vigentes. Respeito à ética e a moralidade. Respeito ao cidadão que paga seus impostos e deve receber a contrapartida. Não se pode, em homenagem a essa tal estabilidade corroborar o erro, a omissão, a falcatrua e a corrupção. Aliás, já está passando da hora de superarmos essa ideia de que a passividade é uma qualidade inerente ao povo brasileiro que deve ser preservada e cultuada a todo custo. Vitor Hugo já dizia: “uma sociedade de carneiros acaba por gerar um governo de lobos”.

Os lobos estão aí, ocupando os corredores e gabinetes do poder, esbanjando incompetência e consolidando diariamente seu projeto particular de enriquecimento à custa do erário. Eu, pessoalmente, estou cansado de bancar a ovelha. E você?



22 de junho de 2015
Robson Merola de Campos