"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

PF DESARTICULA NÚCLEO DE BRASILEIRO LIGADO ÀS FARC

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA ‘IMPORTAVA’ COCAÍNA E MACONHA


I.C.M.M., EM NOVEMBRO DE 2004, FOI EXTRADITADO PARA 
OS EUA PORQUE TROCAVA ARMAS POR COCAÍNA COM A 
GUERRILHA COLOMBIANA (FOTO: DIVULGAÇÃO/PF)


A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira, 24, a Operação Mosaico, com o objetivo de desmantelar organização criminosa que ‘importava’ cocaína e maconha de países produtores e as revendia em São Paulo, para posterior remessa à África e Europa. 
A PF cumpre 19 mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná.

O líder da organização criminosa, segundo a PF, é o brasileiro I. C. M. M., que, a partir do Paraguai, entre os anos de 2000 e 2004, foi responsável pela remessa de cocaína para o Brasil, utilizando-se principalmente de um esquema envolvendo pequenas aeronaves. 
Ele foi condenado no Brasil a 25 anos de prisão e após cumprimento de um sexto da pena, passou para o regime semi-aberto.

Em novembro de 2004, ele foi preso no Paraguai e, devido a trocas de armas por cocaína que realizava com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC -, foi extraditado para os Estados Unidos, onde a Justiça o condenou a uma pena de 66 meses de prisão por tráfico de drogas, em 2009.

Em 2010, enquanto estava na prisão nos Estados Unidos, sua pena foi reduzida, após acordo com as autoridades judiciárias americanas, quando assumiu o compromisso de retornar ao Brasil e contribuir com a Polícia no combate ao comércio de drogas, por seu conhecimento que detinha sobre rotas do narcotráfico, quadrilhas e atuação de outras organizações criminosas.

Inquérito da PF aponta que, sem se apresentar a nenhuma autoridade brasileira, I. C. M. M. retomou sua carreira no crime, estabelecendo novas conexões e rotas do tráfico, agora com cidadãos nigerianos radicados em São Paulo, que aqui se responsabilizariam pelo recebimento da droga e por sua consequente remessa para a Europa e África.

Desde o início da investigação, em janeiro, foram presas em flagrante 11 pessoas e apreendidos mais de 176 quilos de cocaína e 521 quilos de maconha. 
As ações policiais ocorreram nas cidades de Campo Grande (MS), Dourados (MS), Limeira (SP) e na capital paulista.

Os investigados serão indiciados, de acordo com seus atos, pelos crimes de tráfico internacional de droga e a associação para o tráfico, com penas que podem chegar a 25 anos de prisão. (AE)


24 de junho de 2015
in diário do poder

DENNIS PRAGER ARGUMENTA A FAVOR DA PENA DE MORTE


Créditos de Imagem: Wikipedia
Créditos de Imagem: Wikipedia
Radialista, colunista, palestrante, autor de sete livros traduzidos em seis línguas e com artigos publicados no Wall Street Journal, Los Angeles, Commentary e em sites como Townhall e National Review; você já deve ter visto Dennis Prager ou algum vídeo didático da Prager University no YouTube falando de tópicos políticos e culturais polêmicos na voz dele ou de diversos especialistas cujo motto é “nos dê 5 minutos, nós lhe damos um semestre”.
Uma das matérias que dividem conservadores é a pena de morte. Mas Prager comenta que “é um dos raros temas que mais conhecimento e mais experiência de vida não me alteraram nem um pouco emocionalmente ou intelectualmente sobre ele”. Também diz que os argumentos contra a pena capital raramente mudam, e são facilmente refutáveis.
Existe uma razão pela qual estupro não é punido com uma multa de quinhentos reais: nenhuma estratégia racional no combate ao crime irá negar o valor da severidade da pena na redução dos crimes. Não é a toa que a esquerda pediu para encerrar Levy Fidelix na cadeia (seletivamente essa rigidez evanesce quando menores incendeiam dentistas, estes últimos parecem que têm mais chances de serem reintegrados à sociedade). Qualquer um compreenderá que se a pena não está proporcional ao crime os criminosos que uma vez se sentiram na autoridade de tirar vidas, estuprar, torturar estarão legitimados e os direitos violados de suas vítimas ficaram desvalorizados, assim como a dignidade das vítimas indiretas: as famílias, que vêem seus entes queridos serem perdidos a troco de nada e toda a sociedade que porta esses mesmos direitos.
Os marginais assim percebem que a principal mensagem que a ausência da pena capital passa: a vida deles tem maior valor que a vida de suas vítimas. O direito à vida do assassino para a lei é sagrada, mas não a dos inocentes que ele seleciona. E também a sociedade sente a consequência cultural dessa anomia: a banalização da morte e da violência criminosa, paranóia e desconfiança com o próximo.
Pessoas que são contra a pena de morte raramente são por motivos passionais, mas as as razões para a pena de morte são muito mais sólidas. Da mesma forma que não se pune estupro com multa de quinhentos reais pois isso não só baratearia o crime de estupro e a dignidade das vítimas como aumentaria os crimes de estupro, homicídios, com ou sem teor de sadismo, por exemplo contra idosos, deficientes e menores não podem receber uma mera pena de prisão devido à sua gravidade. Se valorizamos as vidas destes inocentes indefesos temos de demonstrar que estamos dispostos a tirar o que o agressor tem de maior valor.
Quem defende a pena de morte o faz sabendo da possibilidade de haver inocentes que possam ser executados. Se a pena capital trata-se de um bem natural irrecuperável, a vida, a prisão trata-se de outro direito natural irrecuperável, a liberdade. O tempo não pode ser devolvido e não somos contrários à pena de prisão por razão de, indesejável até pelos defensores da pena de morte, falibilidade judiciária. Se a pena capital é rejeitada por ser falível, qual é a razão de haver punição? O argumento é emocionalmente eficiente, mas irracional. Se o sistema processual é ruim, conserte-o.  A questão é que os oponentes da pena capital o fazem mesmo em caso de absoluta certeza processual, mesmo com réu confesso e com todos os indícios necessários, assim desviam o assunto de ter de defender o que realmente acreditam: assassinos não devem nunca serem mortos.
Lógico, como cristãos conservadores já estamos acima da confusão pacifista pelo conhecimento da diferenciação exegética entre matar e assassinar, já lemos Romanos 13 e conhecemos que o papel do governo com o crime não é o de um Irenista.
Prager diz que não há bem social que não tenha levado à morte de inocentes. Carros causam acidentes, montanhas-russas também, contudo quem é contra a pena de morte não pede que carros sejam obrigados a andar a 40 quilômetros por hora ou é pela abolição de montanhas-russas, mas o bem da velocidade e do lazer ficam acima desses riscos sociais. Quem é contra a pena de morte aceita um bom número de políticas públicas que terminam causando a morte de inocentes.
A idéia também é falha quando se percebe que muito mais inocentes morrem quando se mantém assassinos vivos, a possibilidade de matar alguém ao escapar da prisão compete com a possibilidade de assassinar alguém de dentro da cadeia como é comum no Brasil de rebeliões sangrentas e guerra de facções. Quem é contra a pena de morte se responsabiliza por essa multidão de vidas perdidas da mesma forma como pedem responsabilidade de quem defende a pena de morte por quem é executado sendo inocente?
Aos que preferem a prisão perpétua à pena capital, não percebem que farão o Estado punir com a morte indiretamente pelo processo natural da velhice, manter certos presidiários vivos gera mais insegurança que causa mais morte de inocentes, pois eles podem matar guardas e prisioneiros que nenhuma adição à pena será relevante, além de coordenar esquemas de dentro da prisão. Punições de cento e vinte anos (Beira-Mar) e trezentos anos (Serial Killer de Goiânia) são claramente ridículas pois sabemos da impossibilidade da punição abranger satisfatoriamente todos os crimes.
É compreensível, senão completamente justo, que haja revolta com o uso da pena máxima para punir crimes banais ou crimes políticos como fazem os heróis da esquerda, não se deve respeito algum a leis que desrespeitam a proporcionalidade da pena. Contudo, o mal uso não tolhe o uso: a pena de morte continua sendo não só um instrumento eficiente para coibir o crime, mas a única justa punição para conter crimes de alta malignidade.
Prager diz que a pena capital ensina a sociedade que assassinato é um mal que nenhuma pena de prisão pode dizer. Que os Estados Unidos executa assassinos os deixa únicos diante das maiores democracias do mundo. E eles o fazem porque odeiam o mal mais que essas democracias.  No Brasil em que presos aproveitam o indulto de Natal para cometer assassinatos, a pena de morte é uma absoluta necessidade para devolver a sanidade espiritual de um modo que só a justiça é capaz de fazer. É hora de odiarmos o mal da mesma forma.
24 de junho de 2015
Charles Gomes

WALTER E. WILLIAMS E UMA CRÍTICA MORAL AO ASSISTENCIALISMO ESTATAL



Créditos de Imagem: YouTube
Créditos de Imagem: YouTube
Ninguém tem direito a sorvete de graça, contudo as gratuidades estatais que custam dobrado para o bolso do pagador de impostos e lideram o fundo dos rankings mundiais é vendida como uma gratuidade. A ganância política é o pior tipo de ganância, é a ganância com violência, e disfarçada de discurso filantrópico que faz qualquer publicitário parecer “vendedor de óleo de cobra”. Segundo o Dr. Larry Arnn do Hillsdale College, direitos naturais tem por características serem verdadeiramente gratuitos pois só há a exigência que os outros cidadãos respeitem esses direitos. Por isso, a prova real de que algo não é direito e sim um “entitlement” é quando este está longe de não fazer nenhuma demanda às outras pessoas, é sim um direito a ser custeado por elas. A existência deentitlements legais coloca qualquer governo em conflito direto com direitos naturais pois ninguém tem direito à propriedade dos bens ou à vida do seu próximo.
Você deve ter lido o economista Walter E. Williams na página amarela da Veja falando sobre sua visão liberal, mas ele tem também boas opiniões sobre a moralidade da “caridade” governamental.
Segue o exemplo dado por ele:
Supomos que eu vejo uma idosa vulneravelmente encolhida numa calorosa grelha em um inverno mortal. Ela está com fome e com necessidade de abrigo e atenção médica. Para ajudar a mulher, eu caminho até você usando de intimidação e ameaças e demando que você me dê $200. Tendo tomado seu dinheiro, então eu compro comida, abrigo e assistência médica à mulher. Serei eu ser culpado de um crime? Uma pessoa moral irá responder afirmativamente. Eu cometi furto por tomar a propriedade de uma pessoa e dar a outra.
A maioria dos americanos iria concordar que seria furto sem levar em conta o que eu fiz com o dinheiro. Agora vem a parte difícil. Continuaria sendo furto se eu fosse capaz de convencer três pessoas a concordar que eu deveria tomar seu dinheiro? E se eu conseguisse 100 pessoas a concordar – 100,000 ou 200 milhões de pessoas? E se invés de pessoalmente tomar seu dinheiro para dar assistência à mulher, eu me juntasse com outros americanos e demandasse ao Congresso a usar os agentes de Serviço de Renda a tomar seu dinheiro? Em outras palavras, pode um ato que é claramente imoral e ilegal quando realizado privadamente se tornar moral quando é feito legalmente e coletivamente? Colocando de outra forma, a legalidade estabelece moralidade? Antes de responder, tenha em mente que escravidão era legal; apartheid era legal; as leis nazistas de Nuremberg eram legais; e os purgos estalinistas e maoistas eram legais. Legalidade sozinha não pode ser o guia de pessoas morais. A questão moral é se é correto tomar o que pertence à uma pessoa para dar a outra o que não lhe pertence.
Se as justificativas para uma política pública também serve para justificar roubo ela não é uma boa política, instituições de caridade privadas, Igrejas tem sido a maneira de uma sociedade livre resolver seus problemas, dando dinheiro à instituições que competem entre si por confiança no auxílio aos necessitados. Quando se diz que roubos só acontecem por culpa da ausência assistencialista do governo a mensagem que os bandidos ouvem é: “o governo não está fazendo o papel de roubar para mim, então eu tenho de fazer valer o meu direito eu mesmo.”. Se é a missão do governo roubar pelos outros, seria hipocrisia acusá-los quando roubam para si, ou para o partido, ou para empresários. Quando se compreende que temos uma cultura implicitamente pró-crime, pró-corrupção onde a ética criminosa ganha louvores nas universidades o alto índice de criminalidade do Brasil é muito melhor explicado.
Muito mais é gasto com o welfare do funcionalismo do que com o welfare da sociedade. Os pagadores de impostos que trabalham seis meses de graça para o governo não tem sindicatos que os livre de políticas de austeridade. A ganância por altos salários e benefícios legais do Estado tem motivado muito mais a cultura do concurso do que alguma verdadeira vocação em benefício do público.
Políticos do Brasil ainda não descobriram que lutar para proteger o erário e manter o dinheiro no bolso dos pagadores de impostos é um discurso bom para ganhar votos, mas é exatamente o que lançou Scott Walker, Gary Johnson, Paul Ryan e Chris Christie aos altos rankings do partido republicano, a ponto de serem considerados presidenciáveis; precisamente o tipo de discurso que manteve reeleitos Reagan e Thatcher. Quando sindicatos pressionam o governo, justa ou injustamente, parece que se tem a mentalidade que o leite vem da caixinha. Aparentemente o governo está sendo pressionado por indivíduos motivados por um forte senso de anti-governismo, mas quem está sendo verdadeiramente pressionado é a fonte de renda do governo, que é todo o conjunto da sociedade. É tipicamente estranho que o pagador de impostos não vote com o próprio bolso, mas o funcionalismo pode votar como mercenário. A base eleitoral do patrão-partido que paga mais e cria mais empregos públicos, e é “coincidentemente” de esquerda, sempre pode confiar no voto do eleitorado mais dependente dele, além de ser cada vez mais promovido se esse eleitorado domina a consciências políticas das salas de aula. Mas isso tem um problema: o parasita corre o risco de ficar tão grande que mata o hospedeiro e ambos morrem. A convulsão econômica da crise atual ainda promete muitas consequências.
Isso não é um problema tipicamente brasileiro. Daniel DiSalvo em seu livro “Governo Contra Si Mesmo” explica como Big Unions são lobistas tão nocivos ao erário público quanto Big BanksBig Oil e Big Pharma, levando cidades inteiras à falência. Como exemplos ele dá Detroit, Vallejo, Stockton, Mammoth Lakes e San Bernardino. Em vários lugares dos Estados Unidos o dinheiro do pagador de impostos vai para os funcionários do setor público, que tem que obrigatoriamente dá-los aos sindicatos que patrocinam políticos para aumentar investimentos (mais impostos e maiores salários). Soa familiar?
Arthur C. Brooks explica em seu livro “A Batalha” como uma pequena elite progressista dominou a política americana desde a crise, e está dividindo o país entre takers e makers. Quando a sociedade toma mais do Estado do que contribui, ignorando a curva de Laffer, a autodestruição é iminente, vide o exemplo grego. O Estado brasileiro também endivida-se com gastos populistas e depois culpa os bancos. A crise só tem a beneficiar os políticos que jogam com a inveja e ressentimentos públicos.
Chegamos na situação em que classes se revoltam entre si. Os juízes brasileiros tem uma gama legalde privilégios tão grande que muitos funcionários do setor público acham que estão justificados ao darem um prejuízo menor ao bolso da sociedade. O Estado prega a igualdade econômica para o setor privado, mas o setor público é cheio de discrepâncias salariais em comparação. Conseguimos chocar até suecos, que apesar não terem moral ainda guardam alguma modéstia escandinava.
O concurso para juiz é um dos concursos mais difíceis da União e ainda assim é esse grupo que tanto estudou para o cargo que consegue cometer as maiores tolices quando enfrenta o mundo real, ao ponto de tentar tirar da internet brasileira YouTube, WhatsApp e ultimamente o Uber (a lista não vai parar por aí). Talvez por isso, como percebeu Joel Pinheiro, empresas privadas que não são monopólios não fazem concursos para selecionar os melhores empregados. A situação chega a ser cômica pois quem trabalha no direito do trabalho faz grande esforço para se livrar de ser regulamentado pela CLT que tanto louva para conseguir o cargo, talvez por saber que os direitos trabalhistas foram adquiridos com os esforços de muita luta: de Mussolini.
Quando o Estado entra distribuindo gratuidades em um setor econômico, ele entra para competir com o setor privado e socializar partes da economia já que a inteira socialização dos meios de produção causaria alarde. Com esse discurso demagógico, ele pode ir dominando cada vez mais o setor a que se propõe a servir, pois nenhuma entidade privada tem o poder de tomar parte do lucro dos concorrentes, aumentar os custos dos serviços rivais com regulamentos, encarecer seus produtos com tributos e deixá-los caros demais, criando uma infâmia popular pela exclusão dos consumidores de baixa renda. Causando tantos problemas que inflacionam os esforços do livre mercado e assim pode justificar sua existência e continuar se reelegendo.
O Estado quando invade uma área econômica está ativamente roubando os clientes desse setor ao mesmo tempo que vai criando mais clientes para si. Sobra ao mercado se regular para sobreviver à presença do intruso, perdendo oportunidades de criar novos empregos e expandir para competir internacionalmente. Se um item tão essencial como comida não foi ainda tornado direito humano é porque os socialistas ainda se sentem culturalmente perdidos quando veem a abundância dos supermercados, exceto se for Nicolás Maduro, mas ele sempre esteve “à frente da curva”.
E não furta apenas clientes, mas trabalhadores também. O êxodo do capital humano do setor privado para o público é também um desejo dos socialistas cujo discurso encanta jovens para serem profissionais da caridade estatal ao invés de gananciosos pagadores de impostos. Mas quando se tem mais pessoas montadas na carroça que a carregando, a crise do “capitalismo” é iminente.
O clientelismo estatal falha em educar para enriquecer nossas crianças, que acabam buscando a fortuna na música ou no esporte privados, razão de certo rancor acadêmico. E falha nossos doentes, que dando dinheiro para o setor público e o setor privado ao mesmo tempo, paga dobrado pela sua saúde até quando não a usa. A justificativa que “seria pior sem” não justifica sermos os piores nosrankings de educação e saúde.
Com isso a fonte de renda de todo o sistema, como bem apontado por Olavo de Carvalho,  depende de alta desigualdade enquanto prega igualdade:
Todo esquerdista que alardeia querer serviços públicos gratuitos para os pobres e “o fim da desigualdade social” já mostra, só com isso, que está num estado alterado de consciência, seja causado por intoxicação química ou intoxicação pedagógica. A desigualdade social é a BASE E CONDIÇÃO INDISPENSÁVEL da gratuidade de quaisquer serviços públicos. Se não há uma classe rica da qual se possa extrair impostos para custear esses serviços, eles terão de ser custeados pelos pobres mesmos e aí já não serão mais gratuitos, embora continuem levando esse nome, exatamente como acontece nos países comunistas. É um raciocínio simples e auto-evidente, mas não conheço um só esquerdista que seja capaz de compreendê-lo.
O maior benefício da caridade privada é selecionamento, pois nem todos merecem “caridade” compulsiva. O bolsa-família tem sido uma espécie de salário para quem cujo emprego é ter filhos. Lembro de um relato de uma moça que vive praticamente de ser grávida, profissão: freeloader. Mas quem não se contenta com uma evidência anedótica basta assistir a série Benefits Street ou ler a autobiografia de Star Parker.
Isso sem contar a verdadeira intenção dos políticos ao darem esses direitos gratuitos para você, na verdade estão dando direitos ilimitados para si mesmos sobre o seu bolso.
O direito à saúde estatal também é o direito do governo lhe dizer o que comer nas escolas e que suplementos você pode tomar. Os liberais tem de estar atentos à política de liberação de drogas, não permitindo que os gastos com esse prejuízo ao erário da saúde pública sejam socializados.
O direito à educação pública também é o direito do Estado de tirar a guarda dos pais que praticam ohomeschooling, só porque eles não deixam seus filhos serem vítimas ideológicas da sexagésima educação do mundo, onde crianças geralmente tem de estudar em meio à violência.
Tirar o direito dos políticos de dizer o que devemos estudar nas salas de aula e como nós devemos nos comportar para sermos saudáveis é a grande missão dos direitos naturais. Mas mais que isso, a sociedade precisa respeitar uma das maiores contribuições políticas dos judeus ao mundo: os mandamentos “não furtarás” e “não cobiçarás o que tem seu próximo”. Essas determinações tornam imorais o ódio ao rico, que como diz Theodore Dalrymple, foi “responsável por mais mortes no século passado que o ódio racial”, e a ética da riqueza pela conquista militar (might makes right), que foi citada por Dinesh D’Souza em sua defesa ao capitalismo em debate com Bill Ayers.
A esquerda quebrou o tabu do assassinato no século passado. Socialistas fabianos como George Bernard Shaw pregavam abertamente a morte dos improdutivos, mas para esse século o tabu que a esquerda tem se reservado a quebrar é o do roubo.
Se tirarmos os safe nets, que acabam sendo provisoriedades permanentes, as pessoas procurarão uma maior responsabilidade na condução de suas vidas e praticarão mais a verdadeira caridade. Dar o direito ao “pursuit of happiness” a todos se transfere em uma maior dignidade e bem estar social, afinal fazemos política econômica para pessoas, não para colmeias.
A problemática está longe de caber em um artigo. A desordem espiritual de burocratas e eleitores é o maior impedimento para o embarque de idéias liberal-conservadoras que possam salvar o Brasil de ser um triste capítulo da civilização. A cura da desordem é uma vacina dolorosa, um remédio amargo e por isso é muito mais impopular que o veneno doce da esquerda, que atrasa o progresso econômico e também social. Só uma renovação ética pode desembaraçar os nós românticos da corda que aprisiona os brasileiros, e isso obrigatoriamente tem de ser fruto de rios de tinta de um trabalho apostólico.
24 de junho de 2015
Charles Gomes

PAC: PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DOS CORTES


A presidente Dilma Rousseff anunciou o lançamento de seu novo programa “Meu corte, minha vida”. Em seu discurso, a presidente ressaltou que a medida comporia o novo PAC “Programa de Aceleração de Cortes”. Confira algumas medidas:
Aumento de impostos garantindo nossa competitividade no mercado global e incentivando a abertura de novas empresas e start-ups. O ministro Joaquim Levy fiel ao seu estilo neoliberal também cogita a criação de um imposto sobre heranças e outro sobre dividendos de aplicações nos mercados de capitais. Hoje o brasileiro trabalha 151 dias (5 meses) somente para pagar impostos. Ano passado batemos mais um  recorde e alcançamos 37,65% do PIB de carga tributária, mais um troféu para o Brasil. Apesar da crise, a arrecadação também só aumenta, infelizmente, os gastos de custeio do governo aumentam mais rapidamente. Fazer o quê, não é?
Hoje o Brasil conta com 39 ministérios, é mais do que a Alemanha e os Estados Unidos possuem juntos. Mais um orgulho para a pátria grande brasilis. 
O custeio dos ministérios consome R$ 400 bilhões por ano. Só de carguinho de indicação sem concurso são 113 mil apadrinhados cujos salários consomem R$ 214 bilhões. É o tipo de ajuste fiscal que não interessa, pois a maior preocupação do governo é combater o desemprego (dos companheiros).
Fonte: Revista IstoÉ
Fonte: Revista IstoÉ
Apesar do aumento sancionado por Dilma para o Fundo Partidário, os universitários também terão que fazer sua parte. Os bolsistas do FIES contribuirão sozinhos com R$ 4,2 bilhões. Já os bolsistas doPRONATEC não sofrerão prejuízo, afinal de contas, o programa nunca saiu do papel.  Ao todo, o MEC sofrerá cortes de R$ 9,430 bilhões, não é só com investimentos que se constrói uma “Pátria educadora”.
Após a Comissão de Constituição e Justiça do Senado promover um aumento de R$ 25 bilhões para o Judiciário, a Caixa anunciou um corte de R$ 25 bilhões no financiamento da casa própria. Só o “Minha casa, minha vida” terá um corte de R$ 7 bilhões. A presidente Dilma teria dito a interlocutores “é um reforço ao companheiro Boulos, nosso parceiro de tantas lutas”.
O Programa de Aceleração do Crescimento  que ainda não concluiu 30% das grandes obras de infraestrutura prometidas e nem 2/3 das obras totais também sofrerá cortes. Serão R$ 25,7 bilhões de economia nos projetos de infraestrutura.
Todos estão fazendo sua parte, os desempregados estão cedendo, pensionistas estão cedendo, segurados estão cedendo e até o dinheiro dos trabalhadores está sendo bem administrado para fazer os ajustes necessários. São só R$ 10 bilhões do FGTS-FI para socorrer o BNDES, além de mais R$ 30 bilhões do Tesouro Nacional.
Confira quanto cada Ministério cortará:
Fonte: Estadão
Fonte: Estadão
O núcleo político do governo ao ser questionado sobre os motivos de o ajuste não contemplar corte no custeio do governo e só investimentos e garantias dos trabalhadores respondeu: Dá bilhão?
24 de junho de 2015
in a direita que ri (Publicado em 23 de maio de 2015)

PAREM DE ACHAR QUE "REACIONÁRIO" É OFENSA



Nosso amigo Flávio Morgenstern escreveu um livraço – que já figura entre os mais vendidos – analisando as “manifestações de junho” de 2013 e a atuação dos black blocs (e muito mais). 
Em breve divulgaremos o lançamento em São Paulo aqui no site. Enquanto isso não ocorre, resgatamos na ArcaReaça um artigo sobre o real significado de reacionarismo e conservadorismo. 
Confiram:

Progressistas estão tremendo diante da “moda reaça” – mas nada está mais na moda do que ser anti-reaça. Só há um problema: nenhum progressista sabe o que ser “reacionário” significa.

Gregório Duvivier escreveu nesta semana um artigo na Folha chamado “Moda Reaça”, explicando como deve ser o vestuário dos “reacionários”. Segundo Duvivier, o vestuário reaça é farda verde-oliva do vovô com manchas de sangue, e é preciso ser branco, heterossexual, católico e rico para ser “reaça”.

Por sorte, a Folha explica que Gregório Duvivier merece nos brindar com suas imprescindíveis opiniões por criar o canal de “humor” Porta dos Fundos.

Eu sou especialista em cultura trash, vi todas as temporadas de Beavis & Butt-Head, fiz minha formação moral com Chiclete com Banana, estudo e anoto todos os palavrões que possa aprender com Californication, Angry Video Game Nerd e Olavo Pascucci. Mas eu nunca sei o que são essas coisas como “Porta dos Fundos”, “Malhação”, revista “Contigo” ou artigo do Vladimir Safatle. Isso não é cultura junkie, é o rebotalho da decadência, é platitude para as massas abobalhadas, é palpitaria de shopping, é revolta a favor, é Danoninho pra marmanjo com síndrome de Peter Pan no DCE.

Felizmente a Folha ao menos nos explica por que estamos enfrentando a opinião de alguém tão nitidamente inábil para lidar com o objeto de seu texto. Basta criar um portal de “humor”, o Zorra Total do Youtube, os Teletubbies para gente crescida e voilà, eis a sua coluna semanal na Folha.

De acordo com Gregório Duvivier, a moda “reaça” que descreve é “o último grito do outono fascistão”. O “reaça” é um cara que “se algum viado der em cima dele, ele atira na testa”, mas “transa com travesti” e depois “enche a bicha (sic) de porrada”. É alguém que freqüenta igreja de padre “homofóbico e racista”. A mulher reaça é a que critica periguetes, e quer proibir gorda de sair na rua.

Todos são saudosistas da ditadura e fazem encontro no DOI-Codi – aquele lugar que hoje abriga um memorial da ditadura, por onde Yoani Sánchez passou logo após ser achincalhada por saudosistas da ditadura totalitária cubana, dessa vez sem ser agredida por nenhum jovem “revoluça”, já que ficaria ridículo tentar associar a blogueira dissidente cubana ao mal, quando ela critica todas as ditaduras – e não apenas a menos pior delas. Segundo Gregório Duvivier, o “reaça” anda sempre com soco inglês por aí.

Chegaria a ser engraçado (pela primeira vez na vida de Gregório Duvivier, que nunca conseguiu fazer gente muito inteligente rir) imaginar que ele sabe do que está falando, ao invés de misturar uma carrada de clichês que, ironicamente, estão mais em moda agora do que em 68 – falta pouco pra ele e sua turma se considerarem “proletários”, já que o “sindicato” está cada vez mais sendo trocado pelo poder direto do Estado, com seus Marcos Civis e leis criando privilégios específicos a uns nomeados às custas dos outros.

A moda, na verdade, é chamar tudo o que não atenda à sua exigência de pensamento único de “reaça”. Nada é mais modinha do que isso – sobretudo, na falta de encontrar um “ismo” pra chamar de seu, simplesmente se consideram “progressistas”, já que o Grande Ismo, a ideologia do comunismo – que chamava tudo o que não fosse comunista, justamente, de “ideologia” – saiu de moda, mesmo entre aqueles que não sabem o horror supremo que é Stalin, Holodomor, kolkhoz ou o Gulag. Basta agora ser “de esquerda”.

Na prática, defendendo o mesmo que Mao Zedong em sua Revolução Cultural ou Nicolae Ceaușescu e Kim Il-sung com o “socialismo Juche”, ou Walter Ulbricht com o Muro de Berlim (o “muro antifascista”).

A técnica é simples, qualquer adolescente pereba com preguiça de ler livros de mil páginas sobre esses países distantes consegue aprender: basta chamar aquilo que não for “progressista” e aderente ao pensamento único do Partido no poder de “reaça”, e com toda a sorte de contradições, associar tudo aquilo que for ruim ao “reacionário”: fascismo, racismo, ditadura, homofobia, soco inglês (como se sabe, só comprado por senhoras católicas na Galeria do Rock, nunca por punks black blocs ou invasores de reitoria da USP).

Reacionários, para quem estuda e pesquisa antes de vomitar achismos e opiniões inventadas de estro próprio por aí, são o exato oposto de tudo isso. Os reacionários são aqueles que, ao ver um problema social, desconfiam da solução “revolucionária” de plantão (aumentar o poder do Estado para que ele corrija/proíba/financie) e, imaginando como as coisas reagem, se posicionam contra a concentração de poder nas mãos de uns poucos bem-iluminados que, supostamente, podem “corrigir” o problema. Reacionários são os caras que desconfiam de políticos.


Por isso, os reacionários eram considerados os inimigos das “revoluções” – esta palavra que soa tão agradável a ouvidos desacostumados com a História, que não percebem que toda “Revolução” contra tudo o que está aí resultou no poder absoluto nas mãos de um tirano que simbolizava o pensamento único: a Revolução Francesa decai em Napoleão Bonaparte depois do Terror, a Revolução Russa faz o poder do tsar parecer minúsculo perto de Lenin, Stalin, Kruschev, Andropov e afins, a Revolução Chinesa põe no poder Mao Zedong, que mata sozinho, por métodos que vão do fuzilamento à fome, mais de 70 milhões de pessoas, a Revolução Iraniana, idolatrada por Michel Foucault (que era gay), transforma o ocidentalizado Irã no totalitarismo fechadíssimo de Rūḥollāh Khomeini que enforca gays em praça pública. Todos estes tiranos odiavam os “reacionários” que avisaram: “não faça revolução, vai dar merda…”

Não é engraçado como grandes “pensadores” comunistas, como Idelber Avelar, odeiam que se chame o golpe militar brasileiro de 1964 de “Revolução”? Deveriam era SÓ chamar o golpe de Revolução – também gerou uma concentração de poder e perseguição estatal aos inimigos, não? Revolução de 64, that’s what it is.

Não por outra razão, os “reacionários” eram cantados como alvo de ódio pelos hinos dos dois maiores totalitarismos da história mundial, a Internacional Socialista e o hino nazista, a Canção de Horst-Wessel („Kameraden, die Rotfront und Reaktion erschossen”). “Reacionário” era o epíteto dado aos inimigos dos revolucionários, que queriam o poder total (a marca da era moderna) para “corrigir” a sociedade. Reacionário foi quem se opôs a Lenin, a Mao, a Hitler, a Mussolini, a Khomeini, a Fidel, a Milošević, a Saddam, a Kadafi, a Mugabe, a Kim Il-sung – foram os refratários ao reformismo social pela tirania estatal.

Tem como se ofender com alguém nos chamando de “reacionários” por isso? Tem como não notar a contradição brutal em chamar alguém de reacionário e fascista ao mesmo tempo, quando um era inimigo mortal do outro a ponto de ser cantado como alvo de ódio até no hino nacional e internacional?

Reacionários são os caras que desconfiam dos corações bem intencionados, das cabeças com pouca leitura e dos ânimos exaltadíssimos dos revolucionários por saberem que essas coisas não têm bom resultado. São os chatos que dizem que “protesto” sem foco termina invariavelmente em black bloc matando inocente na rua. Não descobre isso por “preconceito”, e sim por conhecer a história: são os caras que chamam a Revolução Russa de “Revolução”, e também o golpe militar de “Revolução” sem apoiar nenhum dos dois pelo mesmo motivo: terminam em concentração de poder, tirania e repressão aos “anti-revolucionários”. Você já ouviu falar em repressão “anti-reacionária”? Nem eu.

Já o revolucionário acha que os expurgos stalinistas e as mortes de fome em fazendas coletivizadas foram apenas uma festinha que fugiu do controle – ou, caso seja na coletivização de fazendas do Zimbábue pelo socialista Robert Mugabe, amigo de Hugo Chávez, ainda posta foto de africanos morrendo de fome dizendo que é isso que o capitalismo, o livre mercado e a propriedade privada fazem.


O reacionário descobre como as coisas reagem porque pensa como um dos homens mais inteligentes da humanidade, G. K. Chesterton: em seu ensaio The Superstition of School, Chesterton explica que não é esperado que os homens “velhos” sejam reacionários, mas que, com a experiência, saibam que as coisas reajam e como reagem – ao contrário do furor revolucionário, que crê religiosamente que o mundo será moldado passivamente com as suas boas intenções. Se um homem atira num coelho, num velho ou num rei, deve esperar reações dessa ação. É a experiência que faz com que o homem tenha expectativa pelo tranco do revólver antes mesmo de puxar o gatilho em cada um desses de novo para saber o que acontece.

É por isso que David Hume, o cético que é maior expoente do empirismo, lembra que as doutrinas e tradições são conhecimento, e não precisamos atirar nós mesmos em um coelho, um velho ou um rei para descobrir as conseqüências. É por isso que conservadores olham para o passado: para não precisar seguir caminhos que os antigos já sabiam que dariam errado no futuro. É por isso que os conservadores conservam tradições e lêem livros antigos, de Platão a Montaigne, de Shakespeare a Solzhenitsyn – o revolucionário, por outro lado, acredita que suas boas intenções bastam para “consertar” o mundo, sem esperar nenhuma reação da dura realidade.

G. K. Chesterton nos ensina que o homem que acumula a sabedoria das reações não perde ideais, como os jovens costumam crer que os velhos perderam seus sonhos. Pelo contrário: o socialismo ideal, o capitalismo ideal ou qualquer Utopia, mantida pura no mundo das idéias, hagiograficamente virginal ao contato com a realidade, continua sendo sempre ideal. O problema é o real: como é um regime de “reforma agrária” com fazendas e fábricas coletivas na realidade, como é a vida livre da “burguesia” em um mundo real em que cada “burguês” desaparecido é mais um cadáver em uma pilha monstruosa.

Ser reacionário é saber como as coisas reagem. É ter um saber que prevê reações antes mesmo de elas ocorrerem. É o homem que vê conseqüências imprevistas onde o afobado vê motivo para exaltação e ânimo em marcha acelerada. É o homem que, como Prometeu no mito, o primeiro reacionário, vê o mal antes mesmo de ele ocorrer. É, enfim, o homem que não nasceu ontem, que não é seduzido por discursos maviosos de quem quer melhorar o mundo sob mandos da concentração de poder e da proibição do que não gostam e do subsídio ao que gostam. Como se ofender em ser reacionário?

Como setencia Nicolás Gómez Dávila, “El reaccionario auténtico no parte de ideas políticas reaccionarias. A veces llega a ellas.” Quantos, após estudar o que pensam os “reacionários” (e não os lugares-comuns inventados pela própria esquerda), chegaram à conclusão de que o melhor é ser de esquerda?


Você pode reunir toda a esquerda brasileira – Marilena Chaui, Emir Sader, Luiz Flávio Gomes, Leonardo Sakamoto, Cynara Menezes, Brizola Neto, Antônio Cândido, Chico Buarque, Antônio Abujamra, Lola Aronovich, Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha, Paulo Arantes, PC Siqueira, Alex Castro, Tico Santa Cruz, Luís Nassif, Túlio Vianna, Mino Carta, José Dirceu, Antônio Palocci ou os assassinos de Celso Daniel e Toninho do PT e perguntar o que já estudaram das obras dos maiores intelectuais da direita “reaça” que povoaram o século: Edmund Burke, Russell Kirk, Thomas Sowell, Eric Voegelin, Bernard Lonergan, Roger Scruton, Ludwig von Mises, Erik von Kuehnelt-Leddihn, Ortega y Gasset, Alain Peyrefitte, Anne Applebaum, Roger Kimball, Alain Besançon, Lionel Trilling, Paul Johnson, David Pryce-Jones, Vicente Ferreira da Silva, Theodor Dalrymple, T. S. Eliot, Rosenstock-Huessy, Michael Oakeshott, Irving Babbitt, Ellis Sandoz, Vladimir Bukovsky, Vladimir Tismăneanu, Matei Visniec. A chance de todos eles somados terem estudado 5% das obras mais básicas sobre teoria política “reacionária” é menor do que 1%.

Gregório Duvivier, tentando bancar o cientista político como se fosse Hannah Arendt rediviva, acredita na modinha irrefletida de que reacionários são “saudosistas da ditadura” só porque fazem marcha comemorando a deposição de um dos piores presidentes que o país teve, João Goulart – sem conhecer história e sem saber que o que a Marcha da Família com Deus pela Liberdade original queria eleição no ano seguinte, e os militares, após tomarem o poder sob aplausos populares, traíram essa população, que queria o monumental Carlos Lacerda no poder, e só houve eleição livre dali a 21 anos (erro em que muitos jovens “reaças” também caem).

Basta ver os países admirados pelos “reaças” pra ver se algum deles é uma ditadura militar: a Alemanha de Konrad Adenauer, a Polônia de Lech Wałęsa, a República Checa de Václav Havel, a Inglaterra de Margaret Thatcher, a América de Ronald Reagan. Qual destes países-modelos para os reacionários é uma ditadura, ainda mais uma ditadura militar?


Que tal comparar com o que a esquerda bondosa defende? Cuba, Coréia do Norte, União Soviética, China, Camboja (aquele país em que Noam Chomsky, no New York Times, afirmava que Pol-Pot só tinha matado “um milhar ou outro” de “traidores”, totalizando 24% da população), Irã, os infernais totalitarismos islâmicos que são “coitadinhos” contra Israel (o Egito, a Líbia e a Síria ficam em posição estranha, já que são “vítimas” de Israel, ao mesmo tempo em que a esquerda comemora quando o povo derruba seus líderes na Primavera Árabe), Venezuela, Iraque, Peru… qual desses, stricto sensu, NÃO É uma ditadura militar?

Vários dos grandes reacionários brasileiros, como o brilhantíssimo filósofo Mário Ferreira dos Santos ou o crítico literário Otto Maria Carpeaux, autor da maior História da Literatura do mundo, morreram vociferando contra o golpe de 64 e seu obscurantismo.

Todavia, Gregório Duvivier, que da história só sabe que “a direita reacionária apoiou o golpe” contra Jango, crê que por isso o que reacionários querem é abolir a república e instaurar uma ditadura que fez de tudo e mais um pouco contrários ao que os reacionários pregam. Crê religiosamente que preferir que os militares derrubassem Goulart a transformar o Brasil em Cuba é ter “farda suja de sangue” – graças à ditadura militar brasileira legar 424 mortos em 21 anos. E que tal dizer que aqueles que queriam instaurar o comunismo cubano nestas paragens têm “roupas sujas de sangue”? Vários pegaram em armas – e mataram! – em nome de uma ditadura que matou 73 mil pessoas em 48 anos, com um único “presidente” depois trocado pelo seu IRMÃO sem consulta popular.

Por que os “não-reacionários”, os ex-guerrilheiros que juram que lutavam pela “democracia” da ditadura do proletariado, não têm as roupas “sujas de sangue”? Por que a esquerda agora sempre apela para o discurso de “não apóio nenhuma ditadura”, mas entre uma ditadura que matou 424 pessoas (a maioria absoluta de armas em punho para instaurar uma ditadura pior) e outra que matou 73 mil e continua matando, critica quem “preferiu”, na falta de opção melhor, a menos assassina?

Por que não diz, afinal, que graças aos militares, apesar de todas as mortes e o estrago, ao menos ainda não somos Cuba? O motivo é óbvio: a esquerda é comunista, e não existe esquerdista que não é comunista. Ele só tem vergonha de admitir que é essa coisa antiquada: comunista.

Se é para ver as mãos “sujas de sangue”, que tal comparar os escritos dos reacionários e daqueles que tratam reacionários como inimigos? Vejamos algumas frases de Che Guevara, líder revolucionário que odiava negros, gays, judeus, proibiu o rock e cabelos compridos, queimou livros, instituiu o trabalho escravo (fora o próprio paredón, matando em um ano, sozinho, mais do que toda a ditadura militar brasileira em duas décadas):


Enlouquecido com fúria irei manchar meu rifle de vermelho ao abater qualquer inimigo que caia em minhas mãos! Minhas narinas se dilatam ao saborear o odor acre de pólvora e sangue. Com as mortes de meus inimigos eu preparo meu ser para a luta sagrada e me junto ao proletariado triunfante com um uivo bestial.

“Não posso ser amigo de quem não compartilha das mesmas idéias que eu”.

“Adoro o ódio eficaz que faz do homem uma violenta, seletiva e fria máquina de matar”.

Ou seu discurso ovacionado na ONU:

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=Qzu1paU6z7Q[/youtube]

Agora as palavras de um reacionário, o nobre Erik von Kuehnelt-Leddihn, homem de conhecimento enciclopédico capaz de ler em mais de 20 línguas e, como bom reacionário austríaco, um fugitivo do nazismo, em seu O Credo do Reacionário:


Como um reacionário honesto, eu naturalmente rejeito o Nazismo, Comunismo, Fascismo e todas as ideologias relacionadas que são, de fato, um reductio ad absurdum da chamada democracia e do “povo no poder”. Eu rejeito os pressupostos absurdos do governo da maioria, do parlamento hocus-pocus, o falso liberalismo materialista da Escola de Manchester e o falso conservadorismo dos grandes banqueiros e industrialistas. Eu abomino o centralismo e a uniformidade da vida em rebanho, o espírito estúpido racista, o capitalismo privado, bem como o capitalismo de estado (socialismo) que contribuíram para a ruína gradual da nossa civilização nos últimos dois séculos. O verdadeiro reacionário desses dias é um rebelde contra os pressupostos prevalecentes e um “radical” que vai até as raízes.

Tem como se ofender em ser chamado de “reacionário”?

Os “formadores de opinião” brasileiros, que desconhecem do séc. XX até mesmo a vida de Stalin ou o mundo além da Cortina de Ferro, acreditando que lá era um reino encantado para onde as pessoas boas vão depois que morrem, usam a própria ignorância como régua para definir o mundo e a moral. Gregório Duvivier não é causa, mas conseqüência da ditadura de pensamento único que se implanta no país. E, claro, perceber essa platificação de pensamento é ser um “extremista”, já que a ditadura de pensamento único não permite, por definição, pensamentos discordantes.


Trata-se de uma estratégia para definir limites do que é permitido pensar. Estar um pouquinho à direita da extrema-esquerda já te torna um “reaça” – basta ler como a feminista ultra-radical Lola Aronovich chama tudo o que não seja planificação totalitária, socialismo acachapante e concentração total de poder no Estado de “reaça”. De conservadores liberais a feministas libertárias, tudo é “reaça”. Integralmente incapaz de estudar obras de ciência política conservadora, basta rotular o alvo de “reaça” e todo o enxame de abelhas assassinas de su@s (como fazer isso com @? s@us? su@s?) leitor@s voa em cima do alvo sem precisar entender o que ele pensa.

A isso se chama hoje “pensamento crítico”, “livre pensar” ou “pensar com a própria cabeça”. É a uniformidade da vida em rebanho, o coletivismo bovinóide, o cult of the sameness tão combatido pelo reacionário Kuehnelt-Leddihn.

Assim como apóiam ditaduras militares e acusam os reacionários de serem saudosistas da ditadura, serem modistas e afirmarem que estão denunciando uma moda, serem sedizentes “críticos” e abraçarem irrefletidamente qualquer -ismo do momento, imputam pensamentos nojentos a seus adversários e admiram quem os leva a cabo, o anti-reaça da última moda também adora defender a “diversidade”, ao mesmo tempo em que odeia toda forma de “desigualdade”, nunca percebendo a contradição brutal no núcleo de sua crença fanática.

Os reacionários não seguem um bloco de pensamento fechado, como crêem e evangalizadoramente querem fazer crer Gregório Duvivier e outros seguidores do pensamento único hegemônico sendo instaurado no Brasil. Kuehnelt-Leddihn, Chesterton, Xavier Zubiri, Miriam Joseph, Mário Ferreira dos Santos, Olavo de Carvalho são pensadores católicos. O grosso dos “reaças” americanos, por óbvio, são protestantes. Alguns, judeus (essa turma que foi vítima do nazismo e que a esquerda odeia pelo mesmo motivo, mas jura que o nacional-socialismo nada tem a ver com socialismo): Dennis Prager, Ben Shapiro, Mark Levin, Michael Medved. Outros são muçulmanos, como René Guénon, Frithjof Schuon ou Hossein Nasr. Alguns são ateus, como S. E. Cupp, P. J. O’Rourke, H. L. Mencken, Jillian Becker.


Foi assim durante toda a história, para quem conhece os fatos antes de engolir o supositório de idéias e disparar a metralhadora da cagação de regra: Eric Voegelin, que não parecia acreditar na transcendência, a defendeu por ser a origem da ordem política e da moral social. René Girard já via no mito bíblico, de Caim a Jesus Cristo, o cerne da sociedade que não precisa mais de “sacrifícios” para se purgar, vendo a realidade do cristianismo tão fortemente quanto teólogos como Bernard Lonergan. Mircea Eliade via na esquerda não mais do que tentativas de reviver Cião através de mentiras, sendo o mais importante mitólogo do mundo. Já Emil Cioran, que viu o socialismo juche na sua própria pele, odiava a Deus e o mundo (literalmente para ambos), tal como se vê no reacionarismo furioso de Arthur Schopenhauer ou no materialismo total de Ayn Rand.

Ser “reaça” é defender o individualismo e a responsabilidade individual perante o coletivo – por óbvio, portanto, que eles discordem bastante entre si. Ronald Reagan era a favor de anistia para imigrantes ilegais. William F. Buclkey Jr. era a favor da legalização das drogas (como o são todos os “libertários”). Barry Goldwater era a favor da descriminalização do aborto. Ser “reaça” é defender a liberdade de pensamento individual – por exemplo, alguém não defender o casamento gay porque acredita que o casamento é instituição de formação da sociedade, e acredita que não se deve tratar como “casamento” uma união que não é formação de família.

Já ser de esquerda, sim, é pensar em bloco: se você é de esquerda, obrigatoriamente tem de ter as mesmas opiniões do coletivo sobre aborto, casamento gay, drogas etc da patotinha. Discordar em um ponto é “preconceito obscurantista”. Sempre que alguém apresenta argumentos contra o pensamento único dos “anti-reaças”, os rebanhistas imediatamente dizem que são pessoas poderosas e malévolas querendo defender os seus “privilégios”: o reaça, seja no artigo “Moda Reaça” de Gregório Duvivier, seja em “A Vida dos reaças” de Murilo Silva, no site Fora de Foco, seja em “Como se vestir como um direitista”, na revista Vice, é sempre retratado como branco, rico, heterossexual e católico.

Para não encarar a profundidade absolutíssima das filosofias de Eric Voegelin, Louis Lavelle ou Bernard Lonergan, dizem que o reaça é o “Almeidinha” ou o “Ricardinho” – o que trai a verdade latente, já que “reaças” costumam é vir das classes baixas (tão defendidos por G. K. Chesterton), enquanto é raríssimo ver um esquerdista sem um sobrenome como “Salvatti” ou “Hoffmann”.


Thomas Sowell, Walter Williams, Herman Cain, E.W. Jackson são negros (tal como Martin Luther King pai, que era um devoto cristão odiador do Partido Comunista). Russell Kirk, ostentador de 12 doutorados honoris causa, veio da pobreza – tal como Eric Voegelin, que foi aprender os hieróglifos egípcios para entender a ordem política grega e sua correlação de crise alexandrina com a crise medieval e o gnosticismo político de Marx a Hitler, chegou a passar fome para poder estudar. Thomas Sowell vivia tão enfurnado na comunidade negra que até anos avançados de sua infância não sabia que amarelo poderia ser uma cor de cabelo. Andrew Sullivan é gay, tal como Robert Bauman, Michael Huffington ou nosso Guy Franco (e como não lembrar daquele propaganda da campanha eleitoral de Marta Suplicy perguntando se Kassab é casado e tem filhos?).

Quer ver um direitista pobre? Fale com Marco Mattei, gari italiano que vivia com a família num subúrbio e teve o apartamento no terceiro andar incendiado por Achille Lollo, da organização terrorista de extrema-esquerda Potere Operaio (dá pra ver como gostam das classes baixas). No incêndio, um dos seis filhos de Mattei ficou preso no quarto, enquanto duas filhas pulavam pelo balcão. Um filho resolveu voltar para tentar salvar o irmão menor e ambos morreram abraçados e carbonizados. O caso ficou conhecido como “Rogo di Primavalle” (incêndio de Primavelle) na Itália. Achille Lollo fugiu para a Argélia e depois para o Brasil, onde foi um dos fundadores do PSOL, junto com Heloísa Helena. Outro terrorista italiano fugitivo, o mais conhecido Cesare Battisti, também fugiu após assassinar quatro pessoas, entre elas um carcereiro (que não deve ganhar muito).

Quem são os “ricos brancos heterossexuais católicos” Almeidinhas, se não os ricaços da esquerda caviar como Gregório Duvivier? Quem é que usa “soco inglês” e “enche de porrada” quem discorda deles por aí?

Quem é preconceituoso e vive de senso comum? Quem segue modinhas e quem é crítico? Quem é paranóico e quem vê a realidade do pensamento único? Quem defende planificação e ditadura e quem luta contra isso em prol da diversidade?

No desespero, além de falar em “soco inglês”, também pode-se apelar para “direitistas” extremistas – sobretudo o ultra-nacionalista norueguês Anders Breivik, que assassinou 77 pessoas em um único dia, sobretudo atirando em um acampamento para jovens do Partido Trabalhista norueguês. Breivik foi repudiado pelos nazistas noruegueses, como Vark Vikernes (“não é matando a juventude com o nosso sangue que vamos fazer algo!”) e, claro, por TODOS os reacionários NO MUNDO.

Você já viu algum “reaça” por aí usando Breivik como exemplo, herói, norte moral ou ideal de ação política? Agora você já viu algum esquerdista com camiseta de Che Guevara, alguém se dizendo “socialista morena”, alguém achando bonito fazer “bloco soviético”, ou dizendo que o problema é o socialismo “real” (não diga!)?

O que querem é associar todos os não-comunistas com o único extremista sem amigos que encontram – assim, não aderir ao pensamento único hegemônico da esquerda tão bondosa é ser um extremista com “manchas de sangue” na roupa do armário.


É o moralismo capenga do progressismo: define-se limites para o que pode ser pensado, através de conceitos pedestres: associa-se fascismo à “extrema-direita” (termo que os fascistas nunca usaram para se auto-definirem), diz-se que então os progressistas são opositores do fascismo e da direita, ao mesmo tempo em que também odeiam judeus e Israel (bar mitzvah é considerado “reaça” demais em um dos textos), e detestam o liberalismo e o capitalismo, dizendo que quanto mais liberal, mais é “reaça” e de direita, crendo que extrema-direita é a hiper-privatização, ao mesmo tempo em que a vida dissociada do Estado é associada com o fascismo Tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato, nulla contro lo Stato – e se você aponta qualquer contradição nisso, você é que não sabe brincar com esses conceitos chulé, você que é fanático obscurantista, você que não conhece a complexa realidade da mentalidade esquerdista – tão bem descrita por Lionel Trilling em seu clássico The LIberal Imagination.

Assim se cria a conceitofobia, o medo primevo e brutal de conceitos mais sólidos do que o lugar-comum da linguagem banal do dia-a-dia, conceitos que vão além dos limites do que é permitido pensar e do que é anátema, pecaminoso, sujo, proibido.

É a “fé metástica” de que nos fala Eric Voegelin: a fé que odeia a realidade, tendo mais amor pela opinião (filodoxia) do que amor ao saber (filosofia) e que quer reformar toda a estrutura da realidade – para tal, não pode senão repudiar a realidade com medo dela, achando-se por isso “crítico” do que é simplesmente verdadeiro.

Cria-se a resposta fácil para tudo: “sou crítico porque não leio revista Veja, não leio Reinaldo Azevedo, não leio Rodrigo Constantino e não leio Olavo de Carvalho”, já que ler algo do qual se discorda certamente causará câncer radioativo, e não se deve se misturar com essas coisas horrendas da direita reacionária nem por brincadeira – vai que alguém se torne minimamente mais reaça ao inventar de ler a Teoria dos Quatro Discursos aristotélicos do Olavo, os horrores e malversações públicas denunciados n’O País dos Petralhas de Reinaldo ou a ridicularização da Esquerda Caviar por Constantino? Não, é preciso passar longe e associá-los sempre ao pior, ter medo de encostar na capa dos livros e virar pó (o que nenhum reaça faz com livros de esquerda) – uma velhinha fanática religiosa queimando os discos do AC/DC do filho não conseguiria fanatismo maior.

Hello-o, companheirada! Nós já conhecemos essa logorréia repetitiva da esquerda! Nós já cansamos de Chomsky, Foucault, Sartre, Deleuze, Dworkin, Adorno, Gramsci, Alinsky, Habermas, Rorty e Butler! Nós não somos de esquerda porque estamos mal informados da realidade: vocês é que têm ódio dos reaças por só lerem preconceito contra eles – e nunca eles próprios!

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=_kxuo-JO9io[/youtube]

Conclusão intempestiva

Como se vê, ser reacionário exige experiência, conhecimento de causalidade, a “prudência” na política que nos pedem de Aristóteles a Russell Kirk – aquele cara que tentou elencar Dez livros conservadorespra serem lidos, já que ser conservador exige uma vida de leituras, e não apenas macaquear um Das Kapital ou algum livrinho com pretensão de reunir todo o conhecimento da humanidade, do Céu e da Terra em alguns princípios gerais a serem repetidos bovinamente pelos rebanhistas de plantão (total destes livros lidos por formadores de opinião, professores universitários, jornalistas que falam de política 25 horas por dia e boçais da palpitaria política nas colunas sociais do Brasil: zero).

Ser “reaça” é apenas saber das coisas, e não querer moldar os outros conforme a sua imagem e semelhança – o que fazem de Lenin com suas fazendas coletivas a Kim Jong-un exigindo o mesmo corte de cabelo para toda a Coréia do Norte (ou Pol-Pot, mandando ser morto por crocodilos quem fosse alfabetizado ou usasse óculos). Ser reaça é ser contra aqueles regimes onde você pode sair fuzilando quem discorda de você.

Mas eu não me incomodaria se Gregório Duvivier me xingasse de alguma coisa séria. Me chamar de idiota, bobo, cara de melão – ou, como o modismo do pensamento único agora exige, de coxinha, de fascista, de extremista, de olavete. Isso, partindo de um cara cuja obra intelectual mais profunda é o Zorra Total do Youtube só pode significar que estou incomodando as pessoas certas.

Quando Marilena Chaui chama a classe média de “fascista”, de “reacionária”, de “terrorista” (sic), ela só recai naquilo que Ben Shapiro afirma sobre os valentões, os bullies da esquerda americana: não faz sentido chamar um membro da KKK (esquerdista, ao contrário do que dizem) de “racista”, nem um figurão da Waffen SS de “nazista” tentando ofendê-los. Isso é o que eles são.

A esquerda chama todo mundo de quem discorda de “racista”, de “homofóbico”, de “fascista” justamente porque sabe que os xingados odeiam racismo, homofobia, fascismo – e se calarão quando tiverem sua opinião associada a estas coisas das quais têm nojo mortal (vide Kuehnelt-Leddihn acima). Se fossem de fato racistas, homofóbicos ou fascistas as pessoas simplesmente diriam “Sim” e continuariam na mesma. Não é o que a esquerda planeja.

O problema mesmo é Gregório Duvivier querer me ofender me chamando de “reacionário”, devido à sua própria ignorância em relação ao termo. Aí não dá. Porque eu tomo como o elogio que é. O que há de tão ofensivo em saber como as coisas reagem? Em ser inimigo mortal de nazistas, comunistas e totalitarismos islâmicos homofóbicos e misóginos? Em ser contrário à concentração de poder, ao reformismo rebanhista, à planificação econômica, à mesmice cultural?

Eu tenho uma reputação a zelar. Como poderei sair na rua, se as pessoas resolverem apontar pra mim e dizer: “Olha lá, é o cara que o Gregório Duvivier elogiou!” PUTA MADRE! Precisarei fugir do país, de uma plástica como a do Dirceu, trocar de nome, sobrenome, tentar apagar minhas memórias com elevadas sessões de psiquiatria pesada. Os danos morais não podem ser cobertos por nenhuma indenização.

Pelamor, revoluças que não vêem nada demais em alguém admirar um facínora como Che Guevara (um idealista! um crítico social! um mundomelhorista!) e querem associar tudo o que é ruim a quem discorda de vocês de “saudosistas da ditadura”, numa maçaroca homogênea e platiforme como vocês próprios pensam: xinguem de outras coisas, mas não tratem “reacionário” como ofensa.

Ser reaça é mó legal – basta parar de querer ter auto-estima apenas através do grupinho, jurando que com isso é “crítico” e auto-pensante. É saber que o mundo não tem soluções fáceis e prontas, e que há muito mais livros a serem estudados demoradamente antes de tirar conclusões apressadas do que jamais sonharam nossos progressistas.

Basta apenas se acostumar a ser xingado de fascista, de saudosista da ditadura, de branco, de rico, de homofóbico, de católico, de racista, de nazista e de usar soco inglês por gente como Gergório Duvivier – e, claro, ser xingado de “fascista” por gente que quer tudo dentro do Estado, tudo para o Estado, bem ao contrário de você.

Mas, acredite: nada dói mais do que ser “xingado” de “reacionário” por pessoas que querem nos ofender, mas nos elogiam sem perceber.




24 de junho de 2015

Flávio Morgenstern

(em Abril de 2014)