"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

UMA LEI BOLIVARIANA, EM DEFESA DOS DESONRADOS


O Congresso Nacional aprovou e a presidente Dilma sancionou um projeto de lei que, nas circunstâncias atuais do país, parece ter sido concebido em reunião conjunta com o cubano PCC e com o PSUV (partido da ditadura venezuelana). A legislação brasileira já regula e penaliza, como deve, a calúnia, a injúria e a difamação. A nova lei acrescenta uma extraordinária facilidade para a obtenção do direito de resposta, por determinação judicial, já nas primeiras 24 horas da solicitação, tenha ou não havido tempo para contraditório ou ampla defesa.
Parece desnecessário explicar que a nova lei, com data de 1 de novembro, não foi pensada, redigida e rapidamente aprovada tendo em vista a proteção do cidadão comum ou das instituições privadas. Quem, em primeiríssimo lugar, buscava resguardo de imagem eram os próprios legisladores que aprovaram o projeto e a chefia do governo que sancionou a lei. Na perspectiva de uns e outros, o que está a exigir providências não é o insignificante e pouco digno papel que desempenham perante a crise moral, política, econômica e social do país, mas a rejeição nacional a esse tipo de protagonismo.
AFINAL, O QUE QUEREM?
Fico a me perguntar o que esperam os ilustres cavalheiros e as distintas damas que a sociedade faça? Que os corteje com aplausos e reconhecimentos? Que exclamemos – “Como vai bem o ilustre parlamentar quando defende o governo! Que gestos! Que eloquência!”. Ou então: “Os 81 senhores senadores receberam carros novos. Que atenções e medidas lhes poderão exigir as remotas províncias enquanto desfrutam o fugaz odor da novidade?”. Ou ainda: “Que mais pode fazer um governo em hora de crise, além de zelar por si mesmo?”. O país? Ora, o país! O que é ele, diante dos cargos e recursos do poder?
Por questão de formação, cuido de ser civilizado nas minhas críticas, que raramente são pessoais. Por isso, não temo incorrer nas vedações da lei. Mas é forçoso reconhecer que ela inibe a crítica política. Decisões a esse respeito dependerão exclusivamente do entendimento imediato dos juízes a quem couberem (a lei exige urgência nas decisões relativas à matéria). Os julgadores podem considerar que não há distinção entre honra objetiva e subjetiva, ou seja, o reclamante pode ser um canalha condenado e preso, mas tem o direito de não ser chamado de canalha ou (como li num artigo jurídico) “não ser totalmente canalha”.
Doravante, desonrados lutarão bravamente em defesa da própria honra, em breves e exitosos duelos jurídicos, apadrinhados pela nova lei.

17 de novembro de 2015

Percival Puggina

REQUIEM PARA PARIS


 Foto: GONZALO FUENTES / REUTERS
Parisienses se concentram na Catedral de Notre Dame













RIO – Em Paris, desde a primeira vez, em 1955, eu pensava em Gilberto Amado, sergipano de Estância e universal como todo gênio: – “Uma rua de Paris é um rio que vem da Grécia”. Para mim, o rio correu até minha Jaguaquara, na Bahia.
O sábio Paulo Rónai também lembrou Hemingway sobre Paris: – “Se tens a sorte de ter vivido em Paris quando moço, por onde quer que andes o resto de tua vida ela estará contigo porque é uma festa móvel”.
E o poeta Murilo Mendes teve medo na guerra, em um verso eterno: -“Bombardear Paris é destelhar a casa de meu pai.”
O TERROR
Cada um vê Paris com os olhos de sua alma. Meu gordo e saudoso amigo Antonio Carlos Vilaça falava dela como da primeira escola: – “Paris foi importante para minha geração, uma geração que lia autores franceses. Em Paris pensávamos, éramos”.
São 60 anos. Minha Paris é uma história de 60 anos. De 1955 quando lá estive pela primeira vez até a semana passada, quando mais uma vez deixei Paris depois de mais um mês lá, como faço todo ano. Eu enrolava minha saudade e a canalha terrorista enrolava suas bombas assassinas.
Não consigo imaginar destruída a cidade onde mais sonhei, mais aprendi, mais amei, mais cresci, mais vivi.
CONCENTRAÇÃO
Voltemos ao Brasil. Os professores Marcelo Medeiros e Pedro Souza, da Universidade de Brasília (“Estabilidade da Desigualdade”) demonstram que a concentração da renda continua imutável e ascendente. Estudiosos da desigualdade social brasileira, eles denunciam:
– O segmento do 1% mais rico da população, estimado em 1,4 milhão que ganham a partir de R$ 229 mil anuais, em 2006 tinha participação em 22,8% da renda nacional. Em 2012 cresceu para 24,4% da renda brasileira.
– Entre os 10% mais ricos, não foi diferente. A renda, no mesmo período, avançou de 51,1% para 53,8%. Já a renda dos 90% mais pobres não obteve a mesma performance, mesmo apresentando alguma melhoria.
E o PT dizia-se o partido dos trabalhadores. Virou o dos banqueiros.
DESIGUALDADE
O professor Naércio Menezes Filho, da FEA-USP e coordenador do Centro de Políticas do Insper, no jornal “Valor” (16/10/2015), no artigo “A Desigualdade Começou a Subir”, sintetiza: – “O Brasil é um país bastante desigual. Essa desigualdade tem sua origem no fato de que a maioria da população ficou excluída do nosso sistema educacional até meados do século XX. Nos últimos 20 anos, porém, o processo de inclusão social que houve fez com que a desigualdade declinasse continuamente. Será que esse processo está chegando ao fim?”
CRISE
“Com tristeza e o coração partido”, o professor e escritor Helio Duque, três vezes deputado pelo MDB e PMDB do Paraná, responde: – “Lamentavelmente, sim. O governo Dilma Rousseff, por incompetência e centralismo autossuficiente e autoritário, conseguiu interromper um caminho que, mesmo com limitação, se apresentava virtuoso, Os próximos anos serão de frustração do sonho de o Brasil estar marchando para a construção de uma sociedade que avança no combate à miséria e a injustiça social”.
– “Sem crescimento da economia, não existe milagre que possa sustentar a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. Somente com políticas econômicas de austeridade fiscal é que se pode enfrentar essa realidade adversa: a sustentabilidade das políticas de inclusão social”.
DEFICIT
– “Historicamente, o “superávit primário”, mesmo nos momentos de crise, sempre foi obtido por diferentes administrações. Quando Dilma assumiu o governo, era de R$ 128 bilhões. Agora, de maneira inédita, a situação é inversa: o “déficit primário” consolidado seria de R$ 60 bilhões”
– “Com o agravante de o Tesouro ser obrigado a pagar as “pedaladas fiscais” (dívidas atrasadas no BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica), estimadas pelo Tribunal de Contas em R$ 40,2 bilhões”.
– “Com outros penduricalhos, o déficit ultrapassará R$ 117 bilhões. Ele foi construído naqueles anos onde a fantasia marqueteira era vendida aos brasileiros que aprovavam e aplaudiam o governo com marcas recordes de popularidade”.
ISABELITA
E de um amigo paulista, que bem conhece a Argentina, vem a definição perfeita de Dilma: – “Dilma é a Isabelita sem Perón”.

17 de novembro de 2015
Sebastião Nery

PF DEFLAGRA 20a. FASE DA LAVA JATO E COLOCA PASADENA NA MIRA



Pasadena, chamada de “Ruivinha”, devido à ferrugem aparente
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta segunda-feira, 16, a Operação Corrosão, 20ª fase da Lava Jato. Estão sendo cumpridos 2 mandados de prisão temporária, 11 de busca e apreensão e 5 de condução coercitiva – quando o investigado é levado para depor e liberado – no Rio de Janeiro, em Rio Bonito (RJ), em Petrópolis (RJ), em Niterói (RJ) e em Salvador (BA).
O ex-gerente-executivo da área internacional da Petrobras, Roberto Gonçalves, foi preso pela Policia federal do Rio, por volta das 8 horas da manhã. De acordo com o seu advogado, James Walter, Gonçalves está sendo levado para Curitiba.
Walker admitiu que se cliente participava “tecnicamente” dos contratos da empresa com refinarias, mas que não sabia os motivos pelos quais foi preso. “Os mandados relativos a todas as pessoas são genéricos, precisamos ter acesso à denúncia para nos pronunciarmos”, disse. Segundo o advogado, Roberto é funcionário de carreira há mais de 30 anos da Petrobras, como engenheiro técnico, e se aposentou no final do ano passado.
LISTA DE ENVOLVIDOS
Segundo a Procuradoria da República, são investigados ex-gerente de Inteligência de Mercado da área Internacional da Petrobrás Rafael Mauro Comino, Luis Carlos Moreira da Silva (ex-gerente executivo de Desenvolvimento de Negócios da Internacional), Cezar de Souza Tavares (ex-empregado da Petrobrás), Aurélio Telles, Agosthilde Monaco e Carlos Roberto Barbosa, “por haver provas de terem recebido propinas” na compra da Refinaria de Pasadena, localizada no Texas.
Há também evidências que indicam que Luis Carlos Moreira da Silva, Rafael Mauro Comino e Cezar de Souza Tavares corromperam-se para que a contratação dos navios-sonda Vitória 10.000 e Petrobras 10.000 fosse concretizada. Glauco Colepicolo Legatti é investigado por ter recebido propina em contratos da Petrobras para a construção da Refinaria Abreu e Lima. Por fim, há evidências de que Roberto Gonçalves corrompeu-se na diretoria de serviços e na Sete Brasil.
“As ações policiais desta manhã têm como alvo ex-funcionários da Petrobrás, investigados pelo recebimento indevido de valores por parte de representantes de empresas contratantes da estatal, notadamente em contratos relacionados com as refinarias Abreu e Lima e Pasadena”, informou a PF em nota.
NOVO “OPERADOR”
De acordo com a corporação, estão sendo cumpridas medidas em investigação que apura a atuação de um novo operador financeiro identificado com facilitador na movimentação de recursos indevidos pagos a integrantes da Diretoria de Abastecimento da estatal.
Os investigados responderão pela prática dos crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, dentre outros crimes em apuração. Os presos serão levados para a Superintendência da PF em Curitiba, base da Lava Jato.
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse que a nova etapa da Operação Lava Jato, denominada Corrosão, é uma referência ‘à corrosão dos próprios princípios institucionais e de governança da Petrobrás’.
O delegado Igor Romário, da Polícia Federal, anotou que o nome Corrosão serve de alguma forma para ilustrar como a Petrobrás, seus navios e plataformas vão ‘sangrando recursos da empresa, o reflexo que a corrupção causa na empresa, corrói todo o caixa’.

17 de novembro de 2015
Julia Affonso, Ricardo Brandt, Fausto Macedo  e Constança Rezende
Estadão

O BISPO DE HYPONA

Charge de Latuff/Sul 21 (reprodução)
RIO – Agostinho, bispo de Hypona (hoje Annaba, na Argélia), um dos construtores do Cristianismo, autor de livros imortais como “Confissões”, “Cidade de Deus” e “Doutrina Cristã”, viveu dos anos 354 a 430, enfrentando as perseguições ao Catolicismo no mundo muçulmano, fugia da policia em pequeno barco quando foi cercado saindo de Hypona:
– O senhor viu o bispo Agostinho passando por aqui?
– Não vi não.
E o policial foi embora. O barqueiro levou um susto:
– Bispo Agostinho, sua Igreja ensina a não mentir.E o senhor mentiu.
– Não menti. Fiz uma “restrição mental”. Ele perguntou se eu vi o bispo passando. E eu não vi passando. Estou passando. Estamos passando.
LOTT
E foi em frente. No Brasil, tivemos um caso semelhante. Em 1955 Juscelino Kubitschek elegeu-se presidente da Republica. A UDN e seus militares tentaram um golpe para impedir a posse de JK O vice-presidente Café Filho internou-se em um hospital e assumiu o presidente da Câmara o mineiro Carlos Luz, que demitiu o ministro da Guerra marechal Lott e nomeou o general Fiuza de Castro.
Estava armada a jogada para impedir a posse de JK. Mas o marechal Lott e o general Odilio Denis rebelaram-se e exigiram a posse provisória de Nereu Ramos, presidente do Senado. O jornalista Otto Lara Rezende, da revista “Manchete”, foi entrevistar Lott:
– Marechal, os senhores rasgaram a Constituição?
– Pelo contrario, Otto. Nós garantimos o retorno aos quadros constitucionais vigentes.
O verdadeiro golpista Carlos Luz entregou o governo, Nereu Ramos assumiu a presidência e garantiu a posse de JK e João Goulart.
CUNHA
O híbrido deputado Eduardo Cunha está fingindo de Bispo de Hypona e marechal Lott. Diz que não tem dinheiro na Suíça, apenas “ativos”. E que os “ativos” não são dele, mas dos “trusts”, dos bancos.
É uma farsa. O bispo e o marechal não mentiam. Argumentavam. Defendiam-se: um da policia e o outro do golpe contra a posse de JK.
BRASIL
Em dois meses pela Europa, a pergunta que mais ouvia era uma:
– Como está o Brasil?
Infelizmente não está bem. E os números vêm piorando a cada dia.
1.–  No PIB mundial, medido em dólares, o Brasil manteve, por alguns anos, o 7º lugar. Em primeiro lugar, os EUA, com US$ 18,12 trilhões ; depois, China, 11,21; Japão, 4,21; Alemanha, 3,41; Reino Unido, 2,85; França, 2,47. Agora, no início de outubro, o Fundo Monetário, projetando o cenário para 2015, deslocou a economia brasileira para o 9º lugar, com o PIB que era de US$ 2,35 trilhões sendo rebaixado para US$ 1,80 trilhão. A Índia passou a ser a sétima, com US$ 2,18 trilhões. E a oitava a Itália, com US$ 1,8 trilhão.
2.– O Brasil em dólares perdeu o equivalente ao PIB da Suécia que é de US$ 520 bilhões, ou da Argentina que é de US$ 474 bilhões. Analisando o impacto desse rebaixamento brasileiro, constata-se que o cenário projetado é ainda mais grave. Para o PIB de US$ 1,80 trilhão, o FMI utilizou a cotação do dólar a 3,20 reais. A conta é fácil: o PIB do Brasil em 2015 é de 5,74 trilhões de reais. Com o dólar em 3,20, alcançaríamos o total de US$ 1,793 trilhão, ou US$ 1,80 trilhão.
3.– A moeda norte americana chegou a ultrapassar 4 dólares, em relação ao real, determinando um rebaixamento ainda mais doloroso do Brasil, no “ranking” das principais economias mundiais. Com o dólar valendo R$ 3,50, a redução do PIB brasileiro iria para US$ 1,64 trilhão. Cotado a R$ 3,60, a queda seria para US$ 1,59 trilhão.Valendo R$ 4,00, o nosso PIB seria de US$ 1,43 trilhão.
4.– O “ranking” do Fundo na amostragem do PIB em dólar, em diferentes países, demonstra: a) no Canadá é de US$ 1,78 trilhão; b) na Austrália, US$ 1,44 trilhão; c) na Coréia do Sul, US$ 1,41 trilhão; d) Na Espanha, US$ 1,40 trilhão. Na América Latina, o do México US$ 1,28 trilhão. Se o dólar continuar se valorizando ante o real, agravando as contas nacionais, a recessão econômica poderá levar o nosso PIB, medido na moeda americana, a ser ultrapassado também por alguns desses países.
PEDALADAS
Há quatro anos, o então ministro Guido Mantega blasonava:
– “O FMI prevê que o Brasil será a quinta economia em 2015, mas acredito que isso ocorrerá antes”.
Em 2010, ao final do seu governo, era Lula quem afirmava:
– “Se depender de Dona Dilma e de Dom Guido, vamos ser a quinta economia do mundo. Em 2016, vamos conquistar essa medalha de ouro.”
Apenas irresponsáveis pedaladas.

17 de novembro de 2015
Sebastião Nery

FINANCIAL TIMES DUVIDA DO SUCESSO FUTURO DOS BRICS



Os BRICS (o acrônimo que representa Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) chegaram ao fim. Esta é ao menos a decisão de um dos seus fervorosos apoiadores, o banco americano Goldman Sachs, que durante mais de uma década promoveu os investimentos no grupo de emergentes. Depois de anos de perdas, a instituição se afastou discretamente do conceito, fundindo o seu fundo especializado nos Brics a um mais amplo abarcando todos os mercados emergentes.
Os ativos sob administração do Goldman Sachs haviam caído a apenas US$ 100 milhões (um grupo que em abril incluía papéis de empresas brasileiras como Ambev e BB Seguridade), de um pico de mais de US$ 800 milhões no fim de 2010.
Ao fechar o fundo, o banco de Wall Street sinalizou o fim da era na qual as quatro economias em desenvolvimento – a África do Sul foi incluída posteriormente nas reuniões de cúpula do grupo, mas não integrava o fundo do Goldman Sachs– pareciam estar dando forma a uma nova ordem mundial.
BONS TEMPOS
O acrônimo foi cunhado em 2001 por Jim O’Neill, secretário do Tesouro britânico e antigo economista-chefe do Goldman Sachs, que apontou que o crescimento do PIB real do quarteto havia ultrapassado o das economias maduras do G7 (que reúne sete das maiores economias globais).
O fundo BRIC do Goldman Sachs nasceu cinco anos depois e investia ao menos 80% de seus ativos líquidos em ações dos países do grupo.
Mas os mercados de ações se mantiveram muito voláteis, especialmente a partir de 2008, com a crise global e seu impacto no preço das commodities, e a tão alardeada transferência de poder econômico e político ainda não se materializou.
O acrônimo gerou uma série de conferências de cúpula (incluindo os sul-africanos, que se tornaram o quinto integrante a partir de 2010), um banco de desenvolvimento e um fundo de resgate de US$ 100 bilhões, mas continua travando uma disputa para ter maior representatividade em órgãos como FMI e Banco Mundial, que permanecem com o modelo dos anos 40, sendo comandados respectivamente por europeus e americanos.
BRASIL E RÚSSIA
A economia brasileira deve encolher em 3% neste ano, de acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), enquanto a Rússia – que enfrenta um colapso nos preços dos recursos naturais e o efeito das sanções internacionais devido ao conflito com a Ucrânia – deve sofrer contração de 3,8%.
Ambos os países perderam neste ano o grau de investimento (selo de bom pagador) concedido pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s e que foi uma das conquistas das duas nações no período de ascensão dos BRICS.
CHINA E ÍNDIA
Enquanto isso, embora a China continue a divulgar números econômicos fortes, muita gente duvida dos indicadores, imaginando como é que uma economia que viu redução de quase 20% nas importações nos últimos dois meses pode realmente estar crescendo em ritmo anualizado de 7%.
E a Índia continua a ser um relativo porto seguro, a caminho de um crescimento semelhante aos 7,3% de 2014, mas também viveu período de turbulência recente, com inflação alta e expansão do PIB perto dos 5% – fraco para o padrão da última década.
FORÇA POLÍTICA
O grupo de países continua determinado a se impor como força geopolítica distinta. Em 2012, na quarta conferência de cúpula dos BRICS, na Índia, o grupo revelou planos para estabelecer um banco de desenvolvimento que rivalizaria com o Banco Mundial e o FMI, dominados pela Europa e Estados Unidos, e no ano passado, em conferência de cúpula no Brasil, defendeu a ideia de um fundo de reserva para aliviar as pressões sobre a balança de pagamentos.
Mas no estudo “Os BRICS ainda importam?”, publicado no ano passado, estudiosos do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais argumentam que os “conflitos de interesses” e “diferenças políticas, sociais e culturais indisputáveis” dos membros provavelmente impediriam que o bloco traduzisse seu peso econômico em forma de poder político coletivo no cenário mundial.
A participação dos grupos no PIB (Produto Interno Bruto) mundial, que era de 8,5% em 2001, quase triplicou a sua fatia, que deve chegar a 23% neste ano, de acordo com estimativa do FMI.
“O grupo continua a ser primariamente retórico, e não concreto”, escreveu Carl Meacham, diretor do programa das Américas no centro de estudos, sediado em Washington. “E a falta de realizações tangíveis é um mau presságio para a sobrevivência do grupo em longo prazo.”
(Tradução de Paulo Migliacci, da Folha)

17 de novembro de 2015
Deu no Financial Times

A TRAGÉDIA DE MARIANA E O FAVORECIMENTO ÀS MINERADORAS



A barragem foi sendo elevada de forma irresponsável
Depois do desastre, de gravidade sem precedentes, que devastou o município de Mariana e todo o Vale do Rio Doce, instala-se naturalmente o processo para se encontrarem as causas e se determinarem responsabilidades. O descarte de minério descendo em avalanche decretou a morte de dezenas de pessoas, a extinção de povoados históricos, arruinou centenas de famílias, de propriedades rurais, a fauna e a flora que povoavam a região, símbolo dos primórdios de Minas.
O estrago revolta até o olhar mais insensível. Os danos difíceis de se quantificar, a recuperação impossível e irreparável, atingindo diretamente grande parcela da população do Estado, chocaram o mundo inteiro. E a pergunta: como é possível que um Estado de vocação extrativa, que já teve vários desastres decorrentes da mesma causa, volte a protagonizar um espetáculo tão avassalador?
Os dejetos da mineração, acomodados numa bacia de contenção da Samarco, são resultado da produção ininterrupta de minério de ferro, ao longo de 40 anos de extração. A bacia foi estudada inicialmente com segurança para abrigar as sobras não comercializáveis da extração, sofreu seguidas expansões de capacidade determinando a elevação do nível para conter camadas originadas pela crescente produção de pelotas de minérios que são levadas por minerodutos até o mar.
MAIOR DO MUNDO
Os últimos anos fizeram da Samarco, controlada pela Vale, a principal fornecedora de pelotas de minério do mundo. Evidentemente, foram subestimados o risco representado pela elevação da cota e a condição em que se estabilizariam milhões de toneladas de resíduos.
Abaixo da barragem não foram erguidas barreiras suplementares de contenção que pudessem atenuar um possível rompimento ou dar vazão a uma emergência. Confiou-se que a barragem fosse sólida e suficiente por si mesma.
Para atenuar responsabilidades, foram apresentadas hipóteses, como a de abalos detectados por sismógrafos em Brasília na hora do rompimento das duas barragens. A região de Mariana, entretanto, é considerada estável e sem terremotos. A informação pode, assim, ser interpretada em duplo sentido. O primeiro deixa entender que um tremor de terra de intensidade de 1,5 grau na escala Richter gerou a quebra da barragem, coincidindo com o horário da falência da encosta. Mas também deixa livre a interpretação de que o movimento de milhões de toneladas provocado pelo estouro da represa se gerou concomitantemente com a avalanche ocorrida no local. A descrição dada pelos sismógrafos certamente pode esclarecer o ponto de origem, se foi proveniente do subsolo ou da avalanche e de sua queda sobre o vale.

A intensidade de 1,5 grau do abalo registrado não representa, via de regra, impacto suficiente para abalar uma estrutura elástica como uma barragem.
ELEVAÇÃO DA BARRAGEM
A falha mais plausível recai nos projetos de ampliação, que poderiam ter elevado em excesso o nível da sedimentação dos dejetos. Quanto mais alta, mais crítica ficou a barragem, numa cota muito elevada em relação a sua base.
Nos últimos 15 anos a extração se acelerou, ditando novas ampliações para acolher descartes da extração mineral. A Samarco passou do ponto de segurança, entrou numa faixa de risco elevadíssima, com autorização e fiscalização públicas. A responsabilidade não só é de quem executa, mas de quem autoriza e fiscaliza.
Num Estado em que os empreendimentos agrícolas e agroindustriais recebem tratamentos de controle ambiental pontualmente burocráticos e punitivos, apesar da ausência de riscos, eles se arrastam por anos e passam por etapas inconsequentes. Não dá para entender como, ao contrário, as bilionárias mineradoras têm seus projetos aprovados ao arrepio da lei, a toque de caixa, deixando no rastro estragos que se repetem com imperdoável frequência.

17 de novembro de 2015
Vittorio MedioliO Tempo

DEBATE REBAIXAMENTO DA NOTA DE CRÉDITO DO BRASIL

DEBATE Rebaixamento da Nota de Crédito do Brasil ...

https://www.youtube.com/watch?v=1u3aYo6DdGQ
13 de set de 2015 - Vídeo enviado por Thays Rebeca
DEBATE Rebaixamento da Nota de Crédito do Brasil -Standard & Poor's Os especialistas ..


17 de novembro de 2015
m.americo

A AGÊNCIA STANDAR&POOR'S REBAIXA NOTA DO BRASIL

agência standar & poor's rebaixa nota do brasil e ... - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=kOGqTIBoBj0
10 de set de 2015 - Vídeo enviado por vhs para dvd em BH
... POOR'S NÃO TEM CREDIBILIDADE PARA REBAIXAR OBRASIL. ... em setembro de 2008, a ...


17 de novembro de 2015
m.americo

A CRISE ECONÔMICA DO BRASIL E A REPERCUSSÃO NO EXTERIOR

A crise econômica do Brasil e repercussão no exterior 2015 ...

https://www.youtube.com/watch?v=A2rR4seKmzk
15 de jul de 2015 - Vídeo enviado por Seu Guia de Investimentos - Videos
crise econômica do Brasil e repercussão no exterior 2015 -GloboNews Painel ... Standard YouTube ...


17 de novembro de 2015
m.americo