"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

MINISTROS DO SUPREMO BRINCAM COM FOGO


Caso sejam bem-sucedidos na sua irresponsabilidade, o que queima é a carne alheia

Eu combati, sim, a indicação de ambos. Não escondo nada do leitor. Até porque tudo está em arquivo. No caso de Dias Toffoli, há muito apontei a seriedade de seus votos. Hoje, não é diferente. Igualmente, destaque-se a qualidade do trabalho do relator, Edson Fachin.

Elogio porque concordam comigo? Não! Elogio porque se amparam em textos legais.

Roberto Barroso tem opiniões. Nada mais. Marco Aurélio tem opiniões e ironias.

Celso de Mello não conseguiu nem mesmo dizer em que artigo da Constituição se amparava. Afirmou que o Senado pode se negar a processar Dilma pensando no “útil, oportuno e conveniente”.

Ministros do Supremo estão brincando com fogo.

É uma pena que seja a carne alheia a queimar caso sejam bem-sucedidos na sua irresponsabilidade.



17 de dezembro de 2015
Reinaldo Azevedo

SUPREMO ATROPELA A CONSTITUIÇÃO E O REGIMENTO DA CÂMARA EM TARDE VERGONHOSA

...mas a questão ainda está longe do fim. Dilma não ficará no poder conquistando oito togados. Alguns milhões esperam que pague por seus crimes de responsabilidade

Convenham! Todos somos um tanto tentados pelo diabo, não é mesmo? A literatura, até a brasileira, é rica no trato dessa voz interna que nos recomenda: “Deixe o circo pegar fogo!”. Não é diferente comigo. Se fosse só pelo gosto, deveria estar aqui dando pulos de alegria. Se tudo der certo para Dilma, dará tudo errado para o PT. Não deixa de ser bom! O chato é que o país vai pagar uma conta altíssima se esta senhora continuar na Presidência. E aí quem fala ao meu ouvido é o anjo, que quer o bem.

O Supremo atravessou a rua hoje para se meter na crise, numa evidência de que a arruaça desses tempos, que tomou conta do Executivo e do Legislativo, chegou ao Supremo, como chegou à Procuradoria-Geral da República. Querem saber? Foi um dia mais triste para o tribunal do que propriamente para o país. Vamos a uma síntese.

AS REJEIÇÕES
– A corte rejeitou por unanimidade a tese de que Eduardo Cunha estaria obrigado a receber uma defesa prévia de Dilma antes de dar continuidade ao processo.

– A corte rejeitou por unanimidade a tese de que Eduardo Cunha não poderia participar do processo porque adversário político da presidente.

Bem, de tão absurdas que são as duas formulações, nem se parabenize o tribunal por rejeitá-las.

Mas…

O PODER DO SENADO

O Supremo, por maioria, com divergência aberta pelo petista sem carteirinha Roberto Barroso, decidiu que a Câmara faz apenas o juízo de admissibilidade do impeachment e que isso não obriga o Senado a abrir o processo. Opuseram-se à tese apenas os ministros Luís Edson Fachin (relator), Dias Toffoli (em sessão memorável) e Gilmar Mendes (para não variar, votando bem!).

Assim, o que vai acontecer? Caso a Câmara dê autorização para o Senado processar e julgar a presidente, tal decisão será submetida ao plenário do Senado, que vai deliberar por maioria simples: metade mais um dos que votarem (desde que estejam presentes metade mais um dos 81 senadores).

Trata-se de uma clara violação ao que estabelece a Constituição no Artigo 86, a saber:
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.

Notem que, ali, se diz “será”, não “pode ser, a depender de…”.

Mas, atenção!, tal votação de admissibilidade se fez no impeachment de Collor. Ainda se encontra ao menos um grãozinho de razoabilidade no que é dito. Quanto ao resto, aí a coisa caminha para o absurdo.

A COMISSÃO
A maioria dos ministros decidiu, na prática, tornar sem efeito a comissão do impeachment criada na Câmara. Roberto Barroso inventou a regra — e acabou emplacando a tese — de que não se admite candidatura avulsa nesse caso. Ou por outra: a comissão só pode ser formada, segundo a proporcionalidade dos partidos, com os membros indicados pelos líderes.

Ora, então por que fazer votação? É um escândalo! Se não pode haver disputa, a questão do voto secreto ou aberto é irrelevante.

DESTAQUES POSITIVOS E NEGATIVOS
Destaque-se a qualidade do voto, nesta quarta, de Dias Toffoli, que tentou chamar atenção dos seus pares para o fato de que o tribunal estava entrando na economia interna do outro Poder — na prática, legislava sobre questões de procedimento interno. Um vexame e um escândalo.

Luís Edson Fachin deu um voto exemplar, preservando a independência entre os Poderes. Gilmar Mendes chamou atenção para o fato de que o tribunal havia deixado de votar questões de princípio para fornecer oxigênio a um governo que pretende se manter à custa de tribunais.


Não darei o destaque negativo para Barroso. Eu espero dele sempre o pior, e ele nunca me decepciona. Quem realmente enfiou o pé na jaca desta feita foi Celso de Mello. Sem conseguir ancorar sua decisão nas leis ou na Constituição, saiu-se com a máxima de que o Senado precisaria ter o poder de barrar a instauração de um processo levando-se em conta o “útil, o oportuno e o conveniente”.

O ministro deve ter se esquecido de que os senadores poderiam levar isso em conta na hora do julgamento.

Não se vai decidir nada neste ano, e tudo se transfere para 2016. Essa história está muito longe do fim.

Ministros do Supremo que ignoraram a Constituição e o Regimento Interno em seu voto ignoraram também a população. Que vai às ruas dizer o que pensa. Aí nós vamos ver.


17 de dezembro de 2015
Reinaldo Azevedo

RENAN, INVESTIGADO EM 6 INQUÉRITOS, COMEMORA DECISÃO DO SUPREMO

É... Faz sentido, não é? Os eventos históricos acabam provocando esse alinhamento de semelhantes...

Já escrevi aqui certa feita que não sou esquerdista porque rejeito suas postulações teóricas e seu horizonte utópico. Mas não só isso. Rejeito também a sua falta de vergonha na cara. 

Nesta quarta, os vermelhos do nariz marrom foram para as ruas para gritar “Fica Dilma” e “Fora Cunha”, certo? Eles acham que a moralidade do presidente da Câmara é incompatível com a decência companheira. 
Pois é… Nesta quinta, Dilma almoçou com Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que se considera um dos grandes vitoriosos com a decisão tomada pelo Supremo nesta quinta.

Ora vejam que coisa! Renan é investigado em nada menos do que seis inquéritos na Lava Jato. Por mais que Rodrigo Janot gostasse de deixá-lo inteiramente fora da confusão, não há como. Os delatores premiados insistem em dizer que o senador, por meio de prepostos, recebeu propina do petrolão.

Nestor Cerveró teve a sua delação premiada homologada pelo Supremo. Ele repetiu a acusação já feita por Fernando Baiano e afirmou ter pagado, sim, propina ao agora presidente do Senado — e também para Jader Barbalho (PMDB-PA), outro governista radical, e Delcídio do Amaral (PT-MS).

Que coisa, né? Rodrigo Janot poderia tentar nos explicar por que a investigação contra Cunha avançou com tanta celeridade, e a de Renan está empacada. 
Enquanto é preservado pelo procurador-geral, que não se atreve nem mesmo a oferecer uma denúncia contra ele, o valente senador almoça com a presidente, conspira contra o vice-presidente e ainda tenta jogar o PMDB no colo do Planalto.

Ora, um jogo em que Renan é conviva de almoço da presidente para livrá-la do impeachment significa o quê? 
Já sintetizei aqui: ele se oferece para ser o esbirro dela na certeza de que, se ela fica no cargo, passa a ser o esbirro dele.

O que a evidência dos fatos escancara? 
Político que decide se opor ao Planalto quebra a cara na Procuradoria Geral da República, e os que fazem a genuflexão se dão bem. O próprio Renan estava na categoria dos muito enrolados no início da Lava Jato. Depois que passou a ser um fiel escudeiro do Palácio, sentiu o perigo se afastar.

Maioria simples
Imaginem… O Senado terá a palavra final sobre a instauração ou não do processo. É maioria simples: metade mais um dos presentes desde que haja metade mais um do total na sessão.

Se houver 42 senadores no dia em que se votar a questão, bastarão 22 para abrir o processo. Se, no entanto, houver 70, aí seriam necessários 36.

Se não for abatido pela Lava Jato — por enquanto, não parece que será —, Renan vai tentar fazer trabalho de sua vida: manter Dilma no poder na suposição de que ela mexerá os pauzinhos para preservá-lo.

Eis as trocas éticas do governo Dilma.

Ah, sim, Renan Comemorou:
“Não é a minha tese. É a Constituição. O Supremo fez a mesma leitura que tivemos em outros impeachments, com relação aos procedimentos. Não havia nenhuma dúvida em relação a isso. É o seguinte: vivemos no Brasil o bicameralismo. Você não pode afastar um presidente da República a partir da decisão de uma Câmara [Câmara dos Deputados] sem ouvir a outra Câmara [Senado]. Na prática, não seria o bicameralismo. Seria predominância de uma Casa sobre a outra”.

Parece razoável o que diz, mas é só lambança. Afinal, o julgamento cabe ao Senado. Fosse como ele fala, então caberia à Câmara também julgar.



17 de dezembro de 2015
Reinaldo Azevedo

ESTÃO TENTANDO APAGAR A LUZ DO FIM DO TÚNEL... OU SERÁ QUE JÁ APAGARAM??


Quem esses palhaços do STF querem enganar? O circo de hoje é motivo suficiente para o impeachment de toda essa canalha comuno-petista. 
O STF deu um golpe nas instituições democráticas se arrogando num direito, o de legislar, que não possui. Foi um espetáculo ridículo, desprezível e lamentável, digno da rica tradição jurídica do Brasil. 
Foi tudo muito bem ensaiado, enquanto os petistas Tofole e Fachin fingiam que leram a constituição, o decano em tratantice, o pútrido Celso de Mello se lambuzava no barrão barroco de Barroso vomitando mais um discurso nojento e pegajoso as usual; Carmen Lúcia, a mudinha patativa, desfilava sua torpeza fria e irracional; e o bufão primo de Collor, que só abre a boca para falar merda, emporcalhou o que restava.

17 de dezembro de 2015
in selva brasilis

DECISÃO DESASTROSA DO SUPOREMO TRIBUNAL FEDERAL PÕE LENHA NA FOGUEIRA DA CRISE E AS CONSEQUÊNCIAS SÃO IMPREVISÍVEIS


Não há palavras para definir o deletério julgamento do pedido dos comunistas para travar o impeachment da Dilma. 
Os ministros do Supremo que anuíram à chicana jurídica que dá gás à venezuelização do Brasil é algo inominável. 
Acrescente-se a isso o fato de que ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tratado com desprezo evidente pela petezada e a própria Dilma, anunciou a sua saída do governo.

De sorte que aquilo que já estava ruim tende não só a piorar mas abrir o caminho para a destruição do Brasil. Foi assim que aconteceu na Venezuela e fatalmente acontecerá no Brasil. 
Se tudo caminhar como está delineado pelos fatos, em 2016 começará a faltar produtos nas prateleiras dos supermercados. Imaginem a Dilma, Lula et caterva, comandando a economia nacional? 

Esta é uma leitura preliminar dos fatos. Entretanto, a política e dinâmica e imprevisível e a esperança é a última que morre, assinala o velho adágio. 
Mas não deixa de ser no mínimo risível quando vinha se ouvindo a torto e direito que a instituições estavam funcionando. 

Os fatos demonstram que a instituições estão funcionando nos molde comunistas. O Supremo passou por cima do Poder Legislativo renegando até mesmo sua própria decisão na época dos trâmites que levaram à derrubada de Fernando Collor que renunciou para se livrar do impeachment.

O resumo da ópera: a decisão do Supremo Tribunal Federal foi um desastre absoluto que pode empurrar o Brasil para uma conflagração, dada às condições de bancarrota econômica, moral e ética em que o PT e seus satélites comunistas mergulharam o país.

Transcrevo, do site da revista Veja, reportagem que faz um apanhado do que aconteceu neste fatídico 17 de dezembro de 2015, o ano que pode não terminar. Leiam:

CADÁVER RECEBE SOPRO DE VIDA
O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira que cabe ao Senado Federal a palavra final sobre o processo de impeachment. Pelo entendimento de oito dos onzes magistrados, os senadores têm o papel de processar e julgar a presidente Dilma nas acusações de crime de responsabilidade, sendo que à Câmara cabe apenas analisar a admissibilidade do pedido de deposição. 
A decisão de hoje se deu com base no julgamento em que a mesma corte definiu, em 1992, os ritos do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Na ocasião, também cabia ao Senado rejeitar a abertura do processo. 
O resultado da votação acaba por garantir sobrevida ao desgastado governo Dilma Rousseff: o STF também decidiu anular a eleição da comissão formada na Câmara para analisar o pedido de impeachment.
Conforme revelou a coluna Radar, depois do avassalador voto do relator Edson Fachin, contrário aos interesses do Palácio do Planalto, a presidente telefonou na quarta-feira diretamente para senadores em busca de apoio. 
Com o ex-líder do governo Delcídio do Amaral fora de campo - ele foi preso por atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato - o Palácio do Planalto deve canalizar esforços no presidente da Casa, Renan Calheiros, e em caciques governistas com potencial de angariar apoios contra o impedimento da petista, como os peemedebistas Jader Barbalho e Eunício Oliveira. 
Calheiros e Jader foram recentemente citados como destinatários de propina do escândalo do petrolão pelos delatores Nestor Cerveró e Fernando Baiano. Renan ficou particularmente irritado com os desdobramentos da novíssima Operação Catilinárias, que apreendeu documentos com seus aliados e na sede do PMDB em Alagoas para embasar processos da Lava Jato. 
Com o principal cacique melindrado pelas ações da Polícia Federal, caberá agora ao Executivo convencer o senador a desidratar o processo de impeachment. Ao contrário da batalha campal da Câmara, a base aliada é menos fluida no Senado: são pelo 66 senadores de blocos governistas ou de posturas independentes, mas contrários ao impeachment.
O artigo 86 da Constituição estabelece que "admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento (...) perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade". 
Não haveria uma espécie de instância intermediária entre a acusação e o processamento da presidente, mas, mantendo o entendimento de 23 anos atrás, o STF decidiu que o Senado não poderia ter um papel meramente ratificador da decisão já tomada pelos deputados federais. 
Em seu voto, o ministro Roberto Barroso, que abriu a divergência e emplacou as principais teses vencedoras, afirmou que o Senado não poderia ser um "carimbador de papéis".
Expressão semelhante foi usada pelos petistas para questionar o voto do relator Edson Fachin. Wadih Damous, deputado federal pelo PT e ex-presidente da OAB-Rio, disse ontem ao site de VEJA que o Senado não poderia virar "um mero carimbador" de uma decisão da Câmara. 
"A Câmara dá uma autorização ao Senado e não uma determinação. Se a decisão da Câmara já fosse o recebimento da denúncia, não faria sentido em diferir ao Senado para o afastamento do presidente da República. Em nenhum momento um órgão constitucional como o Senado fica subordinado a outro como a Câmara", afirmou Barroso.
TRIPUDIANDO SOBRE O LEGISLATIVO
No julgamento desta quinta-feira no STF, o plenário do Supremo ainda derrubou a chapa avulsa criada para disputar a eleição para a comissão especial que dá parecer prévio na Câmara ao impedimento da petista. 
Depois de acusarem líderes governistas de indicarem nomes alinhados com o arquivamento do impeachment, uma chapa paralela foi apresentada ao plenário. Em votação secreta e com direito a quebra-quebra de urnas por deputados governistas, a chapa de oposição venceu o pleito. 
Mas hoje, o Supremo jogou uma pá de cal na possibilidade de existência da comissão paralela e entendeu que os líderes são responsáveis pela indicação dos integrantes do colegiado. Se aberta uma chapa avulsa, disse o STF, opPlenário da Câmara assumiria irregularmente o protagonismo destinado aos partidos políticos. 
"Não há lógica que possa sustentar que os candidatos de um partido que vão integrar a comissão especial sejam escolhidos não pelo próprio partido, mas pelo plenário. Se por força da Constituição a representação é do partido, os nomes do partido não podem ser escolhidos de fora para dentro, pelos adversários e concorrentes", disse Barroso. 
Por ordem do tribunal, a eleição dos integrantes da nova comissão especial deve ser feita agora por meio de voto aberto.
Também entre os pontos da tramitação do processo de impeachment, o Supremo decidiu hoje que o afastamento da presidente ocorre apenas após abertura da ação de impedimento pelo Senado. 
A Lei 1079/50, aplicada pelo Supremo em parte do caso de Fernando Collor, previa que a suspensão do exercício das funções da presidente ocorre imediatamente após a Câmara receber a acusação. 
Mas no caso Collor, o Supremo definiu que o afastamento do presidente só ocorre efetivamente após a instauração do processo de impeachment pelo Senado.
Na sessão plenária, o STF definiu ainda que não cabe à presidente Dilma defesa prévia antes de o presidente da Câmara receber a denúncia por crime de responsabilidade. 
"É de inegável prejuízo a autorização para prosseguimento do processo pelo Presidente da Câmara dos Deputados sem a indispensável oitiva prévia do denunciado, pois é neste momento que ele poderá influenciar o juízo sobre a existência ou não de justa causa ou de outras condições de procedibilidade", alegou, em vão, a Advocacia-geral da União (AGU). 

17 de dezembro de 2015
in aluizio amorim

IMPEACHMENT DE DILMA: O QUE MUDA COM A DECISÃO DE HOJE DO STF?

O julgamento, de fato, foi excelente para Dilma Rousseff. Mas não afasta o impeachment nem nada do tipo, apenas “anula o gol” do adversário. Ou seja, ela continua tendo minoria na Câmara e continua tendo dificuldades mesmo no Senado. O Supremo tão-somente fez voltar à fase inicial um procedimento que, bom, já estava e sempre esteve mesmo na fase inicial.

Os principais pontos foram os seguintes:

Comissão Especial
Fica anulada a Comissão Especial eleita pela Câmara. Segundo o STF, a votação terá de ser aberta e não haverá chapa “avulsa” (os integrantes deverão ser escolhido pelos líderes partidários para que possam ser eleitos a essas comissões). Desta feita, será realizada nova votação na Câmara, nos termos estabelecidos pelo Supremo.

Atribuições do Senado e afastamento de Dilma
Da forma como estava, Dilma Rousseff seria automaticamente afastada (por até seis meses) caso a Câmara votasse pelo impeachment. Agora, a maioria do STF estabeleceu que caberá ao Senado, mesmo após passar pela Câmara, fazer o chamado juízo de admissibilidade. E apenas após votação de maioria simples é que o processo seria instalado na Casa, aí sim havendo o afastamento da Presidente da República.



Tudo recomeça, portanto, e num sistema bem melhor para o governo. Quem ganha com isso é sobretudo Renan Calheiros e os líderes de bancada – daí a briga de foice no caso do PMDB, com o governo atuando para emplacar Picciani à frente do partido.


17 de dezembro de 2015
implicante

STF TORNA IMPEACHMENT PRATICAMENTE IMPOSSÍVEL. DILMA AGRADECE.

A presidente Dilma Rousseff obteve nesta quinta-feira, 17, uma vitória importante no Supremo Tribunal Federal com o reconhecimento da autonomia do Senado para barrar o impeachment contra a petista, mesmo após eventual aprovação do processo na Câmara.

Oito dos onze ministros da Corte admitiram a tese governista de que os deputados apenas autorizam o andamento do processo, mas a decisão não vincula a instauração do impeachment no Senado. 
Pela decisão, somente aprovação por maioria simples dos senadores instaura o procedimento o que geraria afastamento de Dilma do cargo por 180 dias.

Antes mesmo do final do julgamento, com o indicativo favorável, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, já comemorava o resultado: 
"O trem entrou nos trilhos. E os trilhos são retos e não tortos", afirmou o ministro. 
O advogado do PT, Flávio Caetano, disse que o STF definiu as regras do jogo e invalidou "atos arbitrários" do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Para o governo, deixar nas mãos do Senado a definição sobre o impeachment traz um alívio inicial no processo porque joga para o futuro o eventual afastamento de Dilma - decisão mais drástica e considerada praticamente irreversível - e ainda deixa espaço para discussões políticas na Casa.
Até o momento, o Senado tem base aliada mais fiel do que a da Câmara dos Deputados, conduzida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), rompido com o governo.

O julgamento de hoje dividiu o Tribunal em duas linhas. A maioria seguiu proposta do ministro Luís Roberto Barroso, que abriu a divergência com a decisão do relator, ministro Luiz Edson Fachin. 
O voto de Fachin, apresentado em plenário na quarta-feira, foi desfavorável ao governo.
Ao discutir o papel do Senado, Barroso afirmou que a Casa não é um "carimbador de papeis da Câmara". "Não tem sentido, numa matéria de tamanha relevância, estabelecer relação de subordinação institucional do Senado à Câmara", concordou o decano do Tribunal, Celso de Mello.

Ficaram vencidos na discussão os ministros Fachin, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Os três entendiam que a decisão dos deputados vinculava a instauração do processo de impeachment pelo Senado.

Comissão . Também por maioria, os ministros derrubaram a eleição da Comissão Especial do impeachment formada na Câmara na semana passada. 
Em votação secreta, os deputados elegeram 39 integrantes para o grupo oriundos de chapa formada por oposicionistas e dissidentes da base.

Os ministros da Corte entenderam, no entanto, que não são admitidas candidaturas avulsas e que a eleição deveria ter sido realizada de forma aberta, e não secreta. 
Pelo voto de Barroso, a Comissão Especial fica anulada.

"Mistério, segredo e democracia não combinam", disse o ministro Luiz Fux em voto, ao seguir Barroso. Sem a candidatura avulsa, cada deputado que quiser se eleger deverá ser indicado pelo líder partidário o que inviabiliza o voto em dissidentes. A eleição para homologar a escolha dos líderes, pela definição do Supremo, deve ser secreta.

No julgamento, os ministros ratificaram o rito que já foi seguido no impeachment do ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL) e rejeitaram, por exemplo, a exigência de defesa prévia da presidente Dilma antes da abertura do processo de impeachment.

O argumento era usado pela base governista para alegar que o ato do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de receber a denúncia de impedimento de Dilma deveria ser anulado. O próprio governo já admitia que este seria um dos pontos mais difíceis de obter indicação favorável no Supremo.

O ministro Gilmar Mendes, um dos vencidos na discussão, adotou posicionamento duro na Corte ao sugerir que o Tribunal estava interferindo no processo do impeachment. Ele usou seu pronunciamento para fazer críticas à situação atual do País. "Estamos de ladeira abaixo, sem governo, sem condições de governar", disse Mendes.

Nesta sexta-feira, 18, na sessão de encerramento do Judiciário, os ministros ainda devem revisar os votos.(Estadão)

17 de dezembro de 2015
in coroneLeaks

SUPREMO TRIBUNAL FECHA O CONGRESSO. É O AI-6

Estão anulando por decreto o que os representantes de 204 milhões de brasileiros decidem. O Congresso Nacional não vale mais nada. Só vale o que decidir Renan Calheiros, o corrupto certificado pela Price Waterhouse que se vendeu ao PT pra fugir da cadeia.
E – quem diria! – só o Toffolli e o Fachin têm vergonha na cara nesse antro chamado STF.
Não existe nenhuma controvérsia nessa legislação. Isso não é mais que um golpe de gente que se vendeu aos golpistas que gritavam “Golpe”; aos lobos que gritavam “Lobo”.
Este país está naufragando!


17 de dezembro de 2015
vespeiro

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

JUSTIÇA IMPEDE QUE LULA CENSURE A IMPRENSA





Se você está PT da vida porque uma decisão judicial da primeira vara criminal de São Bernardo do Campo, em um processo que corre em segredo de Justiça, tirou seu "zap-zap" do ar por 48 horas (as operadoras de telefonia adoraram este presentinho natalino), deve encontrar mais motivos para também ficar mais pt da vida ainda com as atitudes nada democráticas do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva - um sujeito oficialmente investigado em várias broncas no Brasil e no exterior.

Ainda bem que o ilustre morador de São Bernardo do Campo tomou uma lambada da 48ª Vara Cível do Rio de Janeiro. O juiz Mauro Nicolau Junior negou pedido de indenização por danos morais feito por Lula em processo movido contra jornalistas do jornal O GLOBO.

$talinácio tentou alegar que repórteres do jornal tiveram a intenção de atacar a sua honra ao publicar reportagem sobre a obra de um prédio no Guarujá, onde tem um apartamentão de luxo.

Felizmente, o magistrado carioca entendeu que os jornalistas “não praticaram qualquer ato ilícito” e apenas exerceram o direito de liberdade de expressão. Por essa razão, o juiz julgou a ação improcedente.

O juiz Mauro Nicolau Junior compreendeu a relevância da liberdade de imprensa no combate à corrupção:

“É de notório conhecimento que o país vive momento histórico ímpar, iniciado pela ‘Operação Lava-Jato’, promovida por iniciativa da Polícia Federal e Ministério Público Federal, que busca deflagrar esquemas de corrupção em empresas públicas, e entre empreiteiras e agentes públicos. Qualquer fato que possa estar ligado a essa operação é de grande interesse público e merece ser noticiado pela imprensa”.

O magistrado foi na veia: “A conduta da assessoria de imprensa do autor se revela contraditória, ora afirmando ser o imóvel de propriedade do autor e de sua família, ora negando. O fato de o autor (Lula) ser ou não proprietário de apartamento na cidade do Guarujá pode ou não ser de interesse do povo. 
Na hipótese de haver investigações criminais em curso sobre as obras do edifício em que o autor seria proprietário de unidade, ou que sua esposa teria quotas conversíveis em unidade do edifício, tal fato não deve passar despercebido pela imprensa. 
Tem sim esta o direito, mais que isso, o dever, de noticiar tais fatos, desde que devidamente embasadas as suas afirmações e apresentadas as versões dos envolvidos, o que é observado na matéria jornalística tratada neste processo”.

Tão secretamente como os motivos que censuraram seu whatsapp, Lula deu um pulinho ontem, em Brasília, para prestar depoimentos à Justiça. Esperto como sempre, apareceu um dia antes do agendado, para que passasse despercebido, longe dos olhares profanos da imprensa.

Lula teve de dar explicações em um inquérito relacionado à Operação Lava Jato. Lula também foi ouvido em uma ação da Justiça italiana sobre a sua relação com o empresário Valter Lavitola, ligado ao ex-primeiro ministro da Itália Silvio Berlusconi, que renunciou ao cargo em novembro de 2011, sobre facilitação para explorar madeira na Amazônia.

O blindadíssimo Lula ainda tem muito de explicar. Mas, em vez disso, ele prefere, de forma covarde, apelar para segredinhos, com o agravante de tentar calar a voz da imprensa. Ainda bem que existem juízes em "Berlim"...

Conclusão: "Vitória na Guerra" é a PQP!

Pergunta pertinente...

Feita pelo apresentador Rodrigo Bocardi, da Rede Globo, no encerramento do telejornal local Bom Dia São Paulo desta quinta-feira de manhã:

"Por que a Justiça bloqueia o Whatsapp, mas não consegue o mesmo com os celulares dentro dos presídios"?

Empate técnico no STF


O ministro Edson Fachin, relator do rito de impeachment no STF, produziu ontem um voto que, se for acompanhado pela maioria dos 11 ministros, representará uma grande derrota para Dilma no cadafalso.

Vários pontos do parecer de Fachin representam uma tragédia para a Presidenta:

Ele pregou que o Senado não pode barrar a instauração do procedimento.

Confirmou a votação secreta para a formação da comissão na Câmara.

Negou o pedido de afastamento do deputado Eduardo Cunha da comissão.

Argumentou a favor do afastamento de Dilma quando o processo for instaurado na Câmara.

Por fim, rejeitou a ausência de defesa prévia de Dilma.

Nesta quinta-feira, prossegue a votação no STF. Se alguém pedir vista, o caso só se resolve em fevereiro, depois do recesso parlamentar e judiciário.


Já era..
.

A petelândia teve ontem dois bons motivos para comemorar.

meiro, que o ex-senador e governador mineiro Eduardo Azeredo foi condenado há mais de 10 anos de prisão pelo Mensalão Tucano.

Segundo, porque o Procurador-Geral da República pediu o afastamento de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara.

Rodrigo Janot argumentou que Cunha utiliza o cargo para "interesse próprio e fins ilícitos", para "constranger e intimidar parlamentares, réus colaboradores, advogados e agentes públicos, com o objetivo de embaraçar e retardar investigações contra si".


Cartinha misteriosa






Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!

17 de dezembro de 2015
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

MARCELO ODEBRECHT, O HUMOR A FAVOR E O JORNALISMO MENTIROSO QUE CAMPEIA SEM QUALQUER PUDOR NA GRANDE MÍDIA


E a grande mídia continua mentir e a distorcer os fatos para tentar salvar a Dilma, o Lula e o próprio PT, que no segundo ato dessa ópera macabra será proscrito, como os demais partidos comunistas.

Estive ouvindo a CBN. É uma indecência. Sempre convidam os tais "cientistas políticos" para defenderem o indefensável.

São esses vigaristas de academia os responsáveis pela lavagem cerebral a que são submtetidos os jovens estudantes nas escolas e universidades brasileiras.

Esses ditos 'cientistas sociais', por isso, são criminosos em conluio com a esmagadora maioria dos jornalistas. As pautas são combinadas. Os chefes de reportagem, pauteiros e editores dos veículos de comunicação têm sempre à mão uma relação desses andróides das academias para revestir de suposto saber "científico", as mentiras mais histriônicas. Eu sei o que estou afirmando porque sou jornalista com mais de 40 anos de profissão. Tanto é que sempre sei de antemão o que eles vão dizer e escrever em seus veículos de comunicação sobre determinado evento. Para quem entende do métier, como eu, isso é terrível. Afinal sou eu sozinho e o blog. Não dá tempo de escrever sobre tudo o que deveria ser escrito.

No que concerne ao humor ele deixou de existir nas televisões e nos veículos de mídia impressos, como jornais e revistas que, aliás, têm seus dias contados. Num futuro próximo surgirão canais de TV independentes via Youtube e plataformas de vídeos correlatas a custo zero para os telespectadores e com programação alternativa incluindo também o humor que renasceu nas redes sociais.

Tanto é que cartunistas como o nosso querido Sponholz foram simplesmente banidos da grande mídia. Só veiculam o deletério "humor a favor", que na verdade é um troço ridículo, grotesco e nojento.

Uma charge como esta do Sponholz jamais sairá na grande imprensa, como de resto análises, comentários e opiniões que aparecem cada vez mais nos blogs, sites independentes e nas redes sociais.

E tudo está acontecendo com cada vez mais rapidez. Toda essa tropa de jornalistas militantes - acreditem - estará desempregada num futuro breve.

Quem viver verá, como diz o velho e sábio adágio.

17 de dezembro de 2015
in aluizio amorim

A NARRATIVA SUJA

Foi só um “esquenta”, organizado em uma semana. Os promotores dos atos pró-impeachment têm alegações razoáveis para o relativo fracasso das manifestações do 13 de dezembro, mas nenhuma delas ocultará a mensagem óbvia: as ruas já não são as de agosto, nem muito menos as de março. Há uma explicação para isso, que escapa aos argumentos de circunstância. O impeachment assumiu a forma de uma narrativa suja, incapaz de mobilizar multidões.

Março foi o mês do grande repúdio. Sob os impactos combinados do escândalo do petrolão e do estelionato eleitoral, as manifestações imensas concentravam a indignação nacional contra o governo Dilma Rousseff. O grito do impeachment era uma tradução possível, mas não a única, nem talvez a dominante, do sentimento das ruas. Protestava-se contra a captura do Estado por uma elite política e empresarial consagrada ao desvio sistemático de recursos públicos e identificava-se no lulopetismo a representação de um sistema de poder dedicado a iludir os cidadãos.

Agosto foi o mês de uma filtragem política inicial. O Vem pra Rua e o Movimento Brasil Livre, principais organizadores das manifestações, fincaram na praça a bandeira do impeachment, estabelecendo uma fronteira. Saíram às ruas, em protestos ainda muito grandes, mas menores que os anteriores, os mais entusiasmados aderentes do impeachment. Debandaram aqueles que, mesmo abominando o governo, nutriam dúvidas sobre o rumo político a seguir.

Dezembro é o mês da desmobilização. A bandeira do impeachment saiu das ruas quando foi empunhada por um setor da elite política: o PMDB de Michel Temer e Eduardo Cunha, o PSDB e o DEM. Na opinião pública, a questão do impeachment passou a ser entendida como uma guerra intestina entre máfias políticas em disputa pelos despojos do aparelho de Estado. Apesar dos esforços de tantos arautos, a transição de Dilma para Temer não é percebida como uma oportunidade de união nacional legítima, mas como um rearranjo por cima, ditado pelo oportunismo e empapado de cinismo.
De agosto a dezembro, a dinâmica política foi configurada pela denúncia tucana contra a presidente. O pedido de impeachment assinado por Miguel Reale Jr., Hélio Bicudo e Janaína Paschoal definiu um caminho. Sua argumentação, concentrada nas “pedaladas fiscais”, separou a decisão do impeachment da evolução da Lava Jato, propiciando uma aliança entre os tucanos e lideranças do PMDB potencialmente envolvidas no escândalo do petrolão. O foco jurídico nas “pedaladas”, de difícil compreensão para a maioria da população, partidarizou ao extremo o desenlace, que passa a depender exclusivamente da ruptura definitiva entre os dois componentes nucleares do condomínio de poder. A “união nacional” transforma-se, assim, na mera reconfiguração das alianças no Congresso.

Na geometria, a menor distância entre dois pontos é uma reta. Na política, a opção pela reta equivale, com frequência, a uma abdicação. A estratégia tucana do impeachment implicou a renúncia à crítica de fundo do lulopetismo. Abrindo mão da oportunidade de iluminar as raízes do fracasso da política econômica do governo, o PSDB passou a votar sistematicamente contra o Planalto, mesmo quando isso significava enfraquecer os pilares do Plano Real, como no caso do fator previdenciário. Ao trocar o registro da Lava Jato pelo das “pedaladas”, o PSDB desistiu de explicar que o capitalismo de Estado é um capitalismo de compadrio, distanciando-se do clamor popular pela instauração de uma administração pública honesta e transparente.

As ruas esvaziaram-se porque a mera substituição da aliança PT-PMDB por uma aliança PMDB-PSDB atrai apenas os militantes de um antipetismo caricatural, estridente e primitivo. Se os tucanos tivessem optado por uma longa curva, assinariam a denúncia contra Eduardo Cunha apresentada pela Rede e pelo PSol. Nessa hipótese, o “fora Cunha!” ajudaria a evidenciar a natureza corrupta do bloco de poder lulopetista. Mas, escolhendo o caminho reto do impeachment, os tucanos enredaram-se num pacto tático com o diabo que contamina toda a narrativa política. Nesse cenário, o falso embate de Dilma contra Cunha, pedra de toque na estratégia de sobrevivência do governo, adquire alguma verossimilhança, confundindo a opinião pública.

O Planalto aposta suas fichas no erro básico do PSDB, que desvinculou o pedido de impeachment das investigações da Lava Jato. Na hora das prisões de Delcídio do Amaral e José Carlos Bumlai, peças cruciais para a decifração dos papéis desempenhados por Lula e Dilma no assalto à Petrobras, a presidente que comandou direta e indiretamente a estatal durante todos esses anos exibe-se como a personificação da honestidade. O discurso do governo, uma peça quase onírica, deveria ser objeto de bombardeio implacável. Mas, vergado sob o pesado fardo do pacto com Cunha e imerso na lógica de seu pedido de impeachment, os tucanos reduziram-se à condição de linha auxiliar numa dissidência palaciana e parlamentar conduzida pelo PMDB.

O Ibope revela que a rejeição ao governo continua na casa dos 70%. As projeções do PIB apontam para o túnel escuro de uma depressão similar à do início da década de 1930. A inflação já ultrapassou a barreira dos 10%, acima do índice de aprovação da presidente, enquanto a taxa de desemprego move-se rumo a esse patamar. Cunha e Renan Calheiros estão na mira da Lava Jato, que fecha o cerco em torno de Lula. O governo Dilma implode em câmara lenta e talvez não sobreviva ao carnaval.

O impeachment inepto sustentado em argumentação jurídica precária pode, afinal, dar certo. Contudo, o rearranjo pelo alto, articulado nas sombras pelo PMDB de Michel Temer com o apoio dos tucanos, não solucionará a crise nacional. As ruas, esvaziadas e amortecidas, enviam uma mensagem que já não será ouvida. Elas dizem que, no fim das contas, nada substitui uma narrativa limpa.



17de dezembro de 2015
Demétrio Magnoli

AOS INIMIGOS, A LEI

SÃO PAULO - Não foram apenas políticos que alteraram suas convicções a respeito da aplicação do instituto do impeachment levando em conta a máxima segundo a qual a lei só vale para o inimigo. Professores renomados de Direito também.

Fábio Konder Comparato e Dalmo Dallari subscreveram, com outros 478 docentes, manifesto no qual defendem Dilma, dizem que o impeachment é "para circunstâncias extremas" e afirmam que "o que está em jogo é a democracia e a República". Vale dizer que não há uma linha sobre o mérito do pedido –Dilma é acusada, entre outras coisas, de fazer gastos sem autorização do Congresso e de fraudar as contas públicas.

Comparato e Dallari já foram menos preocupados com as tais "circunstâncias extremas". Em maio de 2001, os dois assinaram um pedido de impedimento de FHC, acusando-o, com base em reportagens, de liberar emendas para que deputados desistissem de assinar um pedido de CPI. Na época, o que estava em jogo não era a democracia nem a República, mas, segundo eles, "a honra nacional".

No pedido de impeachment, os professores diziam, sempre citando reportagens, que FHC não poderia alegar que permaneceu alheio ao episódio, "como se o assunto não lhe dissesse respeito", uma vez que o "suborno" foi "levado a efeito por ministros e funcionários ligados à Presidência".

O curioso é que, se estivessem mesmo preocupados com a honra nacional, Comparato e Dallari poderiam pedir a destituição de Dilma com os mesmos argumentos.

Afinal, também segundo reportagens, o governo tem oferecido e liberado emendas parlamentares para tentar rearranjar as coisas no Congresso. As negociações, segundo o publicado, têm sido conduzidas pelo ministro Ricardo Berzoini, o que significa que Dilma "não pode alegar estar alheia, como se o assunto não lhe dissesse respeito".

Mas, claro, tudo isso agora é bobagem. Impeachment só vale mesmo para os outros.



17 de dezembro de 2015
Rogério Gentile

CERVERÓ DEU PROPINAS PARA RENAN, DELCÍDIO E JADER BARBALHO



Cerveró denuncia e Fernando Baiano confirma










O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró disse em seu acordo de delação premiada que pagou US$ 6 milhões em propina ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA). O senador petista Delcídio do Amaral (MS), preso desde 25 de novembro, também teria sido destinatário de outros US$ 2 milhões, conforme Cerveró.
Os pagamentos não viriam de uma única obra, mas de um emaranhado de propina arrecadada em vários contratos da diretoria internacional, de acordo com Cerveró.
Entre os contratos da área internacional sob suspeita de corrupção estão a construção dos navios-sonda e a compra da refinaria de Pasadena (EUA).
Embora a área internacional fosse feudo político do PMDB, Nestor Cerveró disse que foi nomeado para o cargo graças ao peso político de Delcídio – de quem havia sido braço-direito na área de gás da estatal entre 1999 e 2001.
BAIANO CONFIRMA
Outro delator da operação, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, tem uma versão parecida com a de Cerveró. Segundo Baiano, Renan e Jader teriam recebido US$ 6 milhões de propinas em contrato de navio-sonda, enquanto Delcídio teria ficado com uma “comissão” de US$ 1,5 milhão referente à compra de Pasadena.
As acusações do lobista já são investigadas no curso de um inquérito que corre em segredo de Justiça no STF (Supremo Tribunal Federal).
DEPONDO QUATRO DIAS…
O ex-diretor Cerveró concedeu depoimentos por quatro dias durante a semana passada, na superintendência da Polícia Federal de Curitiba. Ele está preso desde janeiro.
Já Delcídio está preso sob suspeita de tentar atrapalhar as investigações da Lava Jato. O petista foi detido após ter sido gravado em uma conversa com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor, onde propôs um plano de fuga e o pagamento de uma mesada em troca do silêncio do agora delator.
OUTRO LADO
O presidente do Senado nega a imputação feita pelo delator. Renan Calheiros afirma que sua relação com empresas públicas e privadas nunca ultrapassaram os “limites institucionais”, segundo sua assessoria de imprensa.
A Folha não conseguiu ouvir as defesas de Jader Barbalho e de Delcídio do Amaral até a publicação desta reportagem.

17 de dezembro de 2015
Bela Megale e Graciliano RochaFolha

É PRECISO ABRIR A CAIXA-PRETA DO NOVO CÓDIGO DE MINEAÇÃO



Dilma, André Vargas e Lobão, os “responsáveis” pelo Código











Ainda no ano passado e no início deste ano, questionávamos na Tribuna da Internet quem estaria se beneficiando com a morosidade do novo Código da Mineração. Os pequenos e médios empresários apresentavam sucessivas denúncias, porque o projeto do Código, da forma como saiu do Ministério de Minas e Energia, só beneficiaria as grandes mineradoras, como a Vale e outras gigantes internacionais. 
E não me refiro ao que aconteceu após a entrega do anteprojeto ao Congresso, mas durante os quatro anos em que foi chocado pelo então ministro Edison Lobão, senador pelo PMDB maranhense, hoje envolvido na Lava Jato.
O fato é que o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), assim como todas as instituições públicas brasileiras, foi transformado num cabide de empregos e gratificações para detentores de cargos de confiança, deixando de cumprir sua importantíssima função. Na verdade, em todo o serviço público, nada funciona com eficiência. Portanto, não é de se estranhar que o DNPM também atue precariamente.
CARTA-ABERTA
Vejam este trecho da carta-aberta dos servidores do DNPM em São Paulo:
“Nos posicionamos contra as recorrentes manifestações de menosprezo que o órgão vem sofrendo por parte do governo, a despeito dos alertas do corpo profissional da autarquia sobre o sucateamento da instituição.
Para ilustrar a situação de caos que impera em boa parte das Superintendências do DNPM e até mesmo em sua sede, citamos os seguintes exemplos:
  • o repasse da arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração dos Recursos Minerais tem sido de cerca de menos de 10% do índice definido legalmente. Entre 2009 e 2014 foram repassados 0,8%, quando a determinação legal seria de 9,8%.
  • a redução orçamentária, cada vez mais grave ao longo dos últimos anos, teve seu ápice no período 2014/2015 . Em 2015 foram repassados apenas 13,2% do previsto na Lei Orçamentária. Isso ocasionou rescisões contratuais com prestadores de serviço, em especial de mão-de-obra terceirizada, limpeza, vigilância, apoio administrativo, gerando enormes problemas operacionais, além de gargalos e sérios atrasos nas análises processuais e no atendimento aos cidadãos. Some-se a isso a falta recursos para pagamento de despesas fixas como água, luz, telefone, combustível e manutenção de viaturas, essenciais à realização da atividade-fim.
EM 2010, O QUE ERA O RIO DOCE?
A título de curiosidade, saibam que, segundo os dados oficiais de 2010, emitidos pelo IBGE, há cinco anos o Rio Doce já estava em 10º lugar no ranking dos rios mais poluídos do país. 
Vejam este texto de apresentação na listagem dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do IBGE:
“O Rio Doce possui um percurso total de 853 km, drena os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, sendo a mais importante bacia hidrográfica totalmente incluída na Região Sudeste. O principal formador do rio Doce é o Rio Piranga, cuja nascente localiza-se na Serra da Mantiqueira. A degradação atual do rio é resultante da contaminação química de indústrias e propriedades rurais com uso de pesticidas e herbicidas, ameaçando a saúde dos moradores de cidades a sua margem.”
Bem, isto foi há cinco anos, antes da tragédia de Mariana. E ainda aparecem “cientistas” dizendo que dentro de seis meses o Rio Doce estará recuperado...

17 de dezembro de 2015
Francisco Vieira

DIVISÃO DO PMDB BLOQUEIA TEMER E, POR ISSO, AJUDA DILMA ROUSSEFF



Dilma durante a entrega do Prêmio FINEP
Temer diz a Dilma: “Eu sou você, amanhã…”










Os três maiores jornais do país – O Globo, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo – , como era lógico e esperado, publicaram como manchete de suas edições de ontem a Operação de Busca e Apreensão da Polícia Federal, autorizada pelo ministro Teori Zavascki, nas residências e escritórios do deputado Eduardo Cunha e dos ministros Celso Pansera e Henrique Eduardo Alves. 
Estes dois integram o governo Dilma Rousseff, para não alongar ainda mais a relação dos suspeitos.
Mas antes de entrar no assunto, buscando identificar o seu inevitável reflexo político, quero assinalar que escrevo este artigo na tarde de ontem, portanto antes da decisão do Supremo tribunal Federal sobre a liminar do ministro Edson Fachin a respeito do ritmo e do rito a ser adotado pela Câmara no processo de impeachment contra a presidente da República. Vou esperar o desfecho, apesar da impressão de que a liminar será mantida.
Retomo, assim, o comentário, não apenas pela repercussão das ações da Polícia Federal, mas sobretudo por seus reflexos mais profundos e, por isso mesmo, menos perceptíveis à primeira vista. É necessário afastar-se um pouco a emoção, e adicionar a razão, para um comentário que pretendo seja marcado pelo equilíbrio. Não se trata, para tal, desejar um caminho, mas sim perceber os efeitos do episódio na atmosfera política.
PREJUDICANDO TEMER
Dividir o PMDB, segunda maior bancada da Câmara Federal, significa amortecer os impulsos partidários no sentido de impedir a chefe do Executivo e, dessa forma, elevar o vice Michel Temer à presidência do país. Durante os últimos dias, essa movimentação foi detectada e até realçada pelo próprio, inclusive publicamente. Nunca desmentiu o noticiário publicado focalizando seu posicionamento quanto ao tema. Afinal de contas, ele, Michel Temer, era – e continua sendo – o maior interessado numa ruptura ética e estética à luz do panorama institucional do momento em que vive o país.
Claro que o desempenho do governo, do qual Temer faz parte, é muito ruim, como acentuam as recentes pesquisas do Datafolha e do Ibope. A do Ibope, por sinal, realizada para a Confederação Nacional da Indústria, foi publicada ontem na Folha de São Paulo. Mas esta é outra questão.
O fato essencial é que, principalmente por atingir Eduardo Cunha e os ministros Celso Pansera e Henrique Eduardo Alves, a investida da Polícia Federal explodiu como uma bomba no PMDB, dividindo-o. Era o que a presidente Dilma Rousseff poderia desejar, mesmo sem ter formalizado previamente tal raciocínio. Os dois ministros ela pode substituir por outros integrantes da legenda.
342 VOTOS A FAVOR
Em síntese: a divisão do PMDB bloqueia as articulações de Michel Temer e a perspectiva do impedimento que exige, na Câmara, o apoio de 342 deputados a favor. Como conseguir esta escala, se a segunda bancada da oposição encontra-se dividida? Impossível. O choque assegura um período de alívio para a presidente.
Pode-se argumentar que a agora provável saída do ministro Joaquim Levy – reportagem de Marta Beck, Cristiane Jungblut e Geralda Doca, O Globo, – poderá causar um abalo para a administração federal. É verdade, porém não fortalece o processo de impeachment, sequer tange este aspecto. O principal reflexo, como lula tem se empenhado, poderá levar a entrada em campo de Henrique Meirelles. Como reagirá a economia, como refletirá a substituição no mercado financeiro. Eis aí um teorema mais interessante do que um dilema. Vamos aguardar o amanhecer.

17 de dezembro de 2015
Pedro do Coutto