"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 1 de outubro de 2016

LULA PEDIU À ODEBRECHT "CONTRATAÇÃO" DE SEU SOBRINHO VIDRACEIRO, DIZ EX-DIRETOR

Para agradar Lula, a Odebrecht enriqueceu Taiguara

Desde que Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho do ex-presidente Lula, foi conduzido coercitivamente para depor em razão de seu súbito enriquecimento, uma luz vermelha se acendeu: como um ex-vidraceiro conseguiu tornar-se sócio de uma empresa com contratos internacionais? A suspeita de que Lula, o tio, estava por trás da crônica de sucesso começa a ser desvendada. As investigações policiais colheram indícios de que o ex-presi­dente ajudou o sobrinho a enriquecer numa triangulação que envolvia financiamentos do BNDES, lobby para a Odebrecht e contratos de obras internacionais. Com isso, a PF está pronta para mais um indiciamento de Lula — desta vez, por tráfico de influência.

Tudo começou em maio passado, quando a Polícia Federal cumpriu um mandado de condução coercitiva de Taiguara, suspeito de ser laranja de Lula. Na época, o ex-presidente empenhou-se em proteger o sobrinho, cuja defesa ficou a cargo — graciosamente — do advogado Roberto Podval. Deu resultado até aqui, mas as versões estão ruindo. O ex-diretor da área internacional da Odebrecht Alexandrino Alencar, ao negociar seu acordo de delação, afirmou que Taiguara foi contratado pela empreiteira a pedido de Lula.

AJUDA DO BNDES – A contratação, revelada por VEJA em fevereiro de 2015, ocorreu no mesmo ano em que o BNDES aprovou um financiamento para a empreiteira construir a hidrelétrica de Cambambe, em Angola. Foi nessa obra que Taiguara prestou serviço à construtora e recebeu 3,5 milhões de reais. Antes de virar parceiro de negócios da Odebrecht, Taiguara era dono de uma pequena vidraçaria. Transformado em empreiteiro de uma hora para a outra, comprou uma cobertura, enamorou-se por carrões e ostentou riqueza nas redes sociais. Na esteira das viagens internacionais do tio Lula, prospectou negócios na América Central e na África. Taiguara sempre negou qualquer favorecimento da Odebrecht.

Alexandrino Alencar tem autoridade para estabelecer o elo entre Taiguara e Lula. Ele acompanhava o ex-­presidente nas viagens internacionais. E foi quem convidou Taiguara para fazer parte da comitiva que visitou o Porto de Mariel, em Cuba, outra obra construída pela Odebrecht com financiamento do BNDES.

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA – O testemunho de Alexandrino Alencar, que terá de ser provado caso a delação seja homologada, é reforçado pela PF. Depois de nove meses de investigação, a polícia concluiu que Lula fez tráfico de influência em favor da Odebrecht junto ao BNDES e a autoridades estrangeiras. Os delegados avaliam se o ex-presidente também pode ser enquadrado por corrupção.

Um relatório da PF ao qual Veja teve acesso diz que há “indícios de vantagens auferidas pelo ex-presidente e seus familiares em decorrência de supostos serviços prestados”. Formalmente, a empreiteira contratava Lula para dar palestras no exterior e pagou-lhe, contando os repasses a seu instituto, 7,6 milhões de reais. Na prática, a polícia acredita que as palestras eram cobertura para o lobby que Lula fazia para a construtora em países como Angola, Cuba, Panamá e República Dominicana.


01 de outubro de 2016
Daniel Pereira e Thiago Bronzatto
Veja

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