"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

LULA É ARROLADO COMO TESTEMUNHA DE LOBISTA PRESO

EX-PRESIDENTE SERÁ TESTEMUNHA NA AÇÃO QUE INVESTIGA VENDA DE MPS

ALEXANDRE PAES DOS SANTOS, O APS, PRESO POR ENVOLVIMENTO NA 'COMPRA' DE MEDIDAS PROVISÓRIAS ARROLOU EX-PRESIDENTE (2003/2010) PARA DEPOR EM SUA DEFESA (FOTO: RICARDO STUCKERT)

O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, autorizou o arrolamento do ex-presidente Lula para depor como testemunha do lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, preso por envolvimento no suposto esquema de “compra” de medidas provisórias (MP 471/2009 e MP 512/2010) no governo federal à época da presidência do petista.

Além de Lula, o juiz que conduz a ação penal sobre o caso, investigado na Operação Zelotes, intimou mais 11 pessoas. As oitivas estão marcadas para o fim deste mês.

O magistrado também autorizou a oitiva do ex-ministro e ex-chefe de gabinete de Lula Gilberto Carvalho. 
A Polícia Federal acredita que Carvalho atuou em “conluio” com um dos lobistas do caso. Outro arrolado foi o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), que relatou a medida provisória 471 na Câmara.

A ação penal mira 16 pessoas, acusadas pelo Ministério Público Federal (MPF) de atuar num esquema de lobby e pagamento de propina para viabilizar as medidas provisórias que favoreceram empresas do setor automotivo com benefícios fiscais.

Os investigadores suspeitam que um dos filhos de Lula, o empresário Luís Cláudio Lula da Silva, tenha recebido recursos relacionados a uma terceira norma, a MP 627/2013, assinada pela presidente Dilma Rousseff.

Uma das empresas de Luís Cláudio, a LFT Marketing Esportivo, obteve R$ 2,5 milhões, entre 2014 e 2015, de uma das empresas denunciadas por pagar propina no esquema.



05 de janeiro de 2016
diário do poder

O IRÃ ESTÁ SE APODERANDO DA AMÉRICA LATINA


Graças ao legado do falecido Hugo Chávez e seus contemporâneos como Nicolás Maduro, Rafael Correa, Evo Morales, Daniel Ortega, Cristina Fernández de Kirchner, Salvador Sánchez Cerén e outros, o Irã goza de um poder jamais visto na América Latina.
Mahmoud Ahmadinejad"É um assunto de vida ou morte. Preciso que intermedeie junto à Argentina uma ajuda para o programa nuclear de meu país. Precisamos que a Argentina compartilhe conosco a tecnologia nuclear. Sem a colaboração do país, será impossível avançar em nosso programa".
Faz dois meses que o Irã e a Arábia Saudita estão brincando de cabo-de-guerra para ver quem fica com a América Latina. Em 10 de novembro de 2015 o Vice-Ministro das Relações Exteriores do Irã se reuniu, a portas fechadas, com os embaixadores de nove países da América Latina para reiterar o desejo da República do Irã de "expandir e aprofundar os laços" com aquela região. No final daquele mês outras declarações no mesmo sentido foram proferidas pelo Presidente do Irã Hassan Rouhani e pelo Líder Supremo Aiatolá Ali Khamenei no Fórum dos Países Exportadores de Gás (GECF em inglês) em Teerã.
Naquele mesmo dia o Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita Adel al-Jubeir presidiu uma reunião de cúpula sul-americana/árabe em Riad. O Ministro das Relações Exteriores al-Jubeir que já foi Embaixador nos Estados Unidos em 2011, foi alvo de uma conspiração de assassinato iraniana/latino americana.
A mensagem da reunião de cúpula saudita foi inequívoca: uma reaproximação árabe com os países sul-americanos irá aumentar o isolamento do Irã no mundo.
Lamentavelmente para a Casa de Saud, no caso da América do Sul, ela (Casa de Saud) está mais de trinta anos atrás de seus rivais persas.
Após a revolução de 1979, os líderes da recente estabelecida República Islâmica do Irã procuraram não só mudar seu país como também o mundo. Em 1982 o Irã sediou uma conferência internacional da Organização de Movimentos Islâmicos, reunindo mais de 380 clérigos de cerca de 70 países dos quatro cantos do planeta incluindo muitos da América Latina.[1] O propósito da conferência era exportar para o mundo a revolução iraniana.
No ano seguinte, em 1983, o Corpo de Elite da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC em inglês) desfechou sua primeira operação terrorista internacional de grande vulto: o atentado a bomba contra os alojamentos dos Marines em Beirute. Essa ação levou à retirada das forças multinacionais do Líbano. Naquele mesmo ano o Irã começou a financiar e treinar o Hisbolá no Líbano. 1983 também foi o ano que a República Islâmica iniciou as operações secretas na América Latina.
Em 27 de agosto de 1983, o primeiro agente iraniano enviado à América Latina desembarcou em Buenos Aires, Argentina. Mohsen Rabbani não é um agente qualquer, ele é um dos agentes mais bem treinados e dedicados da inteligência iraniana. [2] Funcionários dos serviços de informação da América Latina o apelidaram de "professor de terrorismo".
Rabbani ficou mais de dez anos na Argentina, criando condições que abriram caminho para que Hisbolá desfechasse um dos maiores ataques terroristas, com total impunidade: o atentado desferido em 18 de julho de 1994, contra a AMIA (Asociación Mutual Israelita Argentina) Centro Cultural Judaico em Buenos Aires. O ataque, perpetrado por um homem bomba que levou um caminhão repleto de explosivos para o interior do edifício da AMIA, matou 85 pessoas e feriu outras centenas. Essa não foi a primeira vez que a Argentina se viu diante do terrorismo islâmico, dois anos antes em 17 de março de 1992, a Embaixada de Israel em Buenos Aires também foi atacada.
Muitas das autoridades que colaboraram com Rabbani para que ele pudesse executar o ataque contra a AMIA ainda são atores políticos de peso dentro da República Islâmica. Ahmad Vahidi, fundador da temida Unidade Especial do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica do IRGC que também foi até recentemente Ministro da Defesa, foi claramente citado no indiciamento oficial da AMIA pela Unidade de Investigações do Gabinete do Procurador Geral da Argentina. Mohsen Rezai e Ali Akbar Velayti, ambos candidatos à presidência nas eleições iranianas de 2013, também são claramente citados no mesmo indiciamento pelas autoridades argentinas.[3]
No decorrer dos últimos 32 anos, o Irã obteve um sucesso estrondoso no que tange a promoção da mensagem anti-israelense e antiamericana na América Latina. A rede de TV iraniana HispanTV pertencente ao governo do Irã, transmite programas em espanhol 24 horas por dia, sete dias por semana em pelo menos 16 países da região.
Formalmente o Irã também dobrou o número de embaixadas na América Latina, de seis em 2005 para as doze de hoje.
Informalmente, de acordo com o Comando do Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM), o Irã inaugurou mais de 80 centros culturais islâmicos que vêm promovendo o Islã xiita em toda a América Latina. Esse número representa um crescimento de mais de 100% desde 2012 quando, de acordo com estimativas do USSOUTHCOM, o Irã controlava apenas 36.[4]
Mas acima de tudo, o Irã estabeleceu uma presença militar e de inteligência sem precedentes, que se estende da Terra do Fogo no extremo sul da Argentina até o Rio Grande na fronteira com os Estados Unidos. O Irã atua em todos os países da América Latina.
A falta de transparência, corrupção na política, altos níveis de criminalidade e violência, isso sem falar das crescentes atitudes antiamericanas e anti-israelenses na América Latina, possibilitaram ao Irã usufruir desse sucesso. Dados os esforços de um punhado de governos regionais em revolucionar a região, essa propensão só fez crescer na última década. Graças ao legado do falecido Hugo Chávez e seus contemporâneos como Nicolás Maduro, Rafael Correa, Evo Morales, Daniel Ortega, Cristina Fernández de Kirchner, Salvador Sánchez Cerén e outros, o Irã goza de um poder jamais visto na América Latina.
Apesar da recente eleição realizada na Argentina oferecer uma nova oportunidade para o presidente eleito Mauricio Macri, isso por si só não enfraquece a influência do Irã sobre o continente. Por mais de três décadas a República Islâmica vem estudando a prática política e as propensões socioeconômicas da região. Em vários países o Irã tem uma presença e influência maior que a dos Estados Unidos.
A importância da América Latina para o Irã foi realçada por artigo bomba publicado em março deste ano na revista Veja. Por meio de entrevistas concedidas por informantes do alto escalão venezuelano, que estão colaborando com as autoridades norte-americanas, a reportagem da Veja denuncia que a mudança da posição de décadas do governo argentino em relação à política de congelamento nas relações diplomáticas com o Irã (devido ao atentado contra a AMIA em 1994) não foi alterada em 2013 com o polêmico Memorando de Entendimentos (MOU), assinado pelos dois países. A posição política argentina também não mudou dois anos antes, em 2011 quando o Ex-Ministro das Relações Exteriores Argentina Hector Timmerman se reuniu secretamente na Síria com o seu então colega iraniano Ali Akbar Salehi a fim de negociar a MOU, que tinha como objetivo encobrir o papel do Irã no ataque à AMIA.[5]
Muito pelo contrário, o artigo da Veja revelou que o início do estreitamento das relações da Argentina com o Irã se deu em 2007 quando a então Senadora Cristina Fernández de Kirchner se tornou presidente da Argentina, em parte graças ao apoio financeiro recebido do Irã, cortesia de Hugo Chávez da Venezuela.[6] A altamente polêmica MOU entre a Argentina e o Irã foi na realidade uma promessa de campanha feita seis anos antes pelo presidente argentino Fernández de Kirchner, que estava no fim do mandato.
A revelação mais digna de nota do artigo da Veja, no entanto, não é quem o Irã subornou e comprou na América Latina e sim a razão do suborno iraniano.
De acordo com os informantes venezuelanos, encobrir os acusados iranianos do ataque à AMIA foi tão somente o objetivo secundário na aproximação clandestina para com a Argentina. O objetivo primordial foi obter acesso aos materiais e à tecnologia nuclear da Argentina, meta esta, ao que tudo indica, um desejo iraniano de mais de três décadas.
Segundo o falecido Dr. Alberto Nisman, promotor geral da Argentina que investigava o ataque contra a AMIA, o objetivo de acessar o sigiloso programa nuclear argentino é o motivo pelo qual a Argentina foi o alvo do Irã e do Hisbolá no início os anos 1990. De acordo com o Dr. Nisman, a motivação do Irã em visar Buenos Aires no ataque contra a AMIA foi uma resposta direta ao cancelamento por parte do governo argentino dos acordos de cooperação nuclear em vigor entre os dois países desde meados dos anos 1980.[7]
No artigo da Veja consta uma exposição esclarecedora sobre uma reunião, a portas fechadas, realizada em 13 de janeiro de 2007 entre o então Presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad e o falecido Presidente da Venezuela Hugo Chávez. No encontro Ahmadinejad diz a Chávez:
"É um assunto de vida ou morte. Preciso que intermedeie junto à Argentina uma ajuda para o programa nuclear de meu país. Precisamos que a Argentina compartilhe conosco a tecnologia nuclear. Sem a colaboração do país, será impossível avançar em nosso programa."
"Impossível" é uma palavra muito forte. Se for verdade, essa informação sugere que o Irã precisa da América Latina para desenvolver seu ultra-ambicioso programa nuclear. Para o Irã a América Latina não é apenas uma atividade secundária, a região pode muito bem ser a prioridade máxima de sua política externa fora os interesses imediatistas no Oriente Médio.
morte prematura e misteriosa do Dr. Alberto Nisman, pela qual ninguém foi indiciado formalmente, cujo corpo foi encontrado em 18 de janeiro de 2015 horas antes dele apresentar as últimas evidências do caso AMIA diante o congresso argentino, em essência abriu caminho para uma influência ainda maior dos iranianos na América Latina. A suspensão das sanções e a entrada de bilhões de dólares como resultado do acordo nuclear do Irã com o P5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas mais a Alemanha) irá sem a menor sombra de dúvida ajudar o Irã em sua empreitada pela hegemonia global. É uma empreitada fácil com grandes chances de sucesso em se tratando da América Latina, onde muitos países estão passando por turbulências na economia, podendo assim dar boas-vindas aos "estímulos" iranianos.
Ao passo que a América Latina não raramente é considerada um lugar atrasado e sem muita importância para os Estados Unidos, ela é de grande valia geopolítica para a República Islâmica do Irã. Parece que a Arábia Saudita acaba de acordar em relação a esse fato. Já era tempo dos estrategistas políticos dos EUA fazerem o mesmo.


Notas:

[1] Alberto Nisman citou a conferência da OLM realizada no Irã tanto no indiciamento oficial de 2006 que tratava do ataque contra a AMIA, bem como seu pronunciamento de 2013 sobre a expansão da rede terrorista do Irã em toda a América Latina.
[2] Para obter uma descrição mais detalhada sobre Mohsen Rabbani e seu papel no ataque à AMIA em 1994, acesse a tradução para o inglês da íntegra do indiciamento de 2006 contra o Irã, da Unidade de Investigações do Gabinete do Procurador Geral da Argentina.
[3] O Comitê Executivo da Interpol não emitiu um Alerta Vermelho contra Ali Akbar Velayti porque na época do ataque contra a AMIA ele era Ministro das Relações Exteriores do Irã.
[4] Acesse posture statement de 2012 do General Douglas M. Fraser e o posture statement de 2015 do General John F. Kelly perante a Casa do Comitê de Serviços Armados para avaliar as estimativas do USSOUTHCOM sobre os centros culturais islâmicos contratados pelos iranianos na América Latina.
[5] Para obter mais informações sobre as investidas do governo argentino para negociar junto ao Irã a impunidade do ataque contra a AMIA, acesse as denúncias formais de Alberto Nisman perante o Tribunal Federal de Justiça da Argentina em 14 de janeiro de 2015.
[6] Houve um caso de corrupção política na Argentina que ficou conhecido pelo nome de "maletinazo" no qual um homem de negócios americano/venezuelano transferiu ilegalmente US$800.000 para a Argentina em 2007 para ajudar a financiar a campanha eleitoral da então candidata à presidência Cristina Fernández de Kirchner. Acreditava-se que o dinheiro tivesse vindo da Venezuela, posteriormente porém, descobriu-se que provavelmente veio do Irã.
[7] Na subseção C.2 "motivos para desencadear o ataque na Argentina" (páginas 263 a 285) do indiciamento oficial da AMIA em 2006, o Dr. Nisman explica, de forma inequívoca, que o cancelamento da cooperação nuclear foi o motivo primordial do ataque perpetrado pelo Irã e pelo Hisbolá contra a AMIA em Buenos Aires.

05 de janeiro de 2016
Joseph M. Humire é o diretor executivo do Center for a Secure Free Society (Centro para uma Sociedade Livre e Segura - SFS) e co-editor do livro Iran's Strategic Penetration of Latin America (Lexington Books, 2014).

Tradução: Joseph Skilnik
Publicado no site do The Gatestone Institute.

AS VACAS MAGRAS CHEGARAM


Quão mais longeva Dilma Rousseff for no poder mais a economia ficará deteriorada e maior o sofrimento do povo.
À classe política não cabe outra coisa: decretar o impeachment.

N.doE.: 
Assista também ao ótimo hangout do Cabo Anselmo com Nivaldo Cordeiro.

Dilma Rousseff deveria ter sido deposta antes do Ano Novo, mas o PT tem força e conseguiu procrastinar a decisão, que já está tomada no âmbito das Casas legislativas. Como o STF refez as decisões rituais de Eduardo Cunha, o parto para expelir Dilma Rousseff se prolongou por, pelo menos, seis meses. Será um tempo trágico para o Brasil, que precisa se reorganizar politicamente e tomar tirocínio administrativo, impossível sob um governo do PT.
A crise econômica é profunda e vai perdurar, em face da indefinição da política. O caos se aproxima na forma de desemprego em massa, de arrocho salarial, de desamparo de grande parte da população. A desordem econômica determina a desordem política. O ano que entrou agora será de desânimo e sofrimento.
Quão mais longeva Dilma Rousseff for no poder mais a economia ficará deteriorada e maior o sofrimento do povo. A nação está em um impasse, pois as condições materiais de sobrevivência dos muitos estão ameaçadas. À classe política não cabe outra coisa: decretar o impeachment. A sociedade organizada, empresários e trabalhadores, já tiraram seu apoio a ela, que nesse momento representa apenas a si mesma e aos movimentos sociais pagos pelo PT.
Não se pode minimizar o que está por vir. O pior dos cenários se desenha, com o PIB caindo a taxas de economias de países em guerra. A destruição que se verifica aqui é determinada pela imperícia, incompetência e irresponsabilidade da governante. Um desastre colossal se avizinha por conta disso.
Não é mais tempo de autoengano. Não é mais tempo de procrastinação. Enquanto a população aguarda as grandes decisões da classe governante, cabe a cada indivíduo se preparar para a difícil travessia. Vale o que já tenho escrito: gastar menos do que ganhar, poupar, manter vida sóbria e procurar não depender exclusivamente de rendas derivadas do governo, como aposentadoria e salários. O tempo das vacas magras é chegado.
Quem viver verá.

Em vídeo: Nivaldo Cordeiro entrevista o Cabo Anselmo

05 de janeiro de 2016
Nivaldo Cordeiro

SETE PRINCÍPIOS CRISTÃOS PARA UMA POLÍTICA REALISTA


Estamos em um mundo caído. As coisas não são como deveriam ser. A utopia não é possível.
Portanto, as decisões políticas devem lidar com o equilíbrio, pesando os prós e contras das várias políticas.

A Bíblia é um livro grande, de modo que há uma série de coisas que podem ser ditas no esforço de formar uma visão política de mundo a partir dos princípios bíblicos. Mas isto aqui é um blog, não um livro. Então deixe-me tomar apenas uma área doutrinária e destrinchar algumas implicações possíveis.
Creio que nossas mais importantes considerações políticas nascem de uma compreensão apropriada da pessoa humana. Quanto mais nossos políticos e instituições políticas agirem em acordo com o modo como as coisas realmente são e o modo como nós realmente somos, mais cresceremos como nação.
Considere estes princípios antropológicos à medida que desenvolve sua práxis política:
  1. O homem é feito à imagem de Deus (Gn 1.26-27). Não importa quão pequeno, frágil, velho ou deficiente, todo ser humano tem valor e dignidade. O governo deve proteger a vida humana e punir aqueles que a prejudicam (Rm 13.4; Gn 9.6);
  2. O homem é feito para o trabalho (Gn 2.15). Devemos maximizar os incentivos ao trabalho árduo e remover os incentivos que encorajam a preguiça (2Ts 3.6-12);
  3. A parte própria do ser humano, da qual Deus não compartilha, é que estamos sujeitos às devidas autoridades. Isso inclui a sujeição ao governo e a exigência de pagar impostos (Rm 13.1-7);
  4. Os seres humanos são motivados pelo interesse pessoal. Jesus compreendia isto quando nos disse para amar ao próximo como já amamos a nós mesmos (Mt 22.39). Interesse pessoal não é automaticamente o mesmo que avareza ou ganância, e essa é a razão porque Jesus não hesitou em motivar os discípulos com a promessa de serem os primeiros ou com a garantia de recompensa (Mt 6.19-20; Mc 10.29-31). É preciso dizer que nosso interesse pessoal nem sempre é virtuoso. A obra do evangelho é ensinar às pessoas como esse interesse pessoal (satisfação) pode casar com o interesse de Deus (glória). Mas as melhores políticas são aquelas que podem solapar o poder do interesse pessoal em favor de um bem maior;
  5. Os seres humanos não são apenas consumidores do planeta; também somos também criadores. O mundo físico é uma dádiva e uma ferramenta. Temos a capacidade de espoliar, mas também a responsabilidade de subjugar (Gn 1.28);
  6. Por causa do pecado de Adão, estamos em um mundo caído (Rm 5.12; 8.18-23). As coisas não são como deveriam ser. A utopia não é possível. Portanto, as decisões políticas devem lidar com o equilíbrio, pesando os prós e contras das várias políticas. Não podemos eliminar as realidades de viver em um mundo caído (Jo 12.8), mas boas políticas podem ajudar a mitigar algumas dessas piores realidades;
  7. A natureza humana é inclinada para o mal (Gn 6.5; Jr 17.9). Isso significa que não podemos contar com a boa vontade dos outros ou das outras nações, não importa quão bem intencionados possamos ser ou o quanto cuidemos apenas daquilo que é da nossa conta. A questão não é de onde virá a guerra. Ela deve ser esperada, dada a nossa natureza. A questão é saber quais instituições e políticas são mais efetivas em estabelecer a paz.
É claro que há mais coisas que poderíamos dizer sobre a natureza da liberdade, a importância da justiça, e o direito à propriedade privada. Esses são três temas bíblicos cruciais. Mas os sete princípios acima podem nos ajudar a começar a compreender o mundo, tomar decisões no mundo, e eleger políticos que entendam o modo como o mundo funciona.
05 de janeiro de 2016
Tradução: Márcio Santana Sobrinho

ROGER SCRUTON RETOMA O ATAQUE À NOVA ESQUERDA



rs

O filósofo inglês, autor de Pensadores da Nova Esquerda, traz, em seu novo livro, mais análises que denunciam as vigarices intelectuais, a intolerância e a fuga da realidade típicas dos badalados gurus da esquerda acadêmica.

"O importante é que não se discuta [com os comunistas]… não importa o que você diz, eles possuem mil maneiras de distorcer suas palavras e rebaixá-lo a alguma categoria inferior de ser humano: ‘fascista’, ‘liberal’, ‘trotskista’, desqualificando-o tanto intelectualmente quanto pessoalmente no processo."
A citação acima é de F. Scott Fitzgerald que — apesar de ter sido ridicularizado por Edmund Wilson como alguém que tinha talento mas não tinha cérebro — era, talvez, o único membro da Geração Perdida astuto o bastante para não se iludir com o comunismo. O modo de atuação que ele atribui aos comunistas de Hollywood na década de 30 passou despercebido durante décadas até reaparecer no meio acadêmico. Nós, estudantes já formados, vimos isso em ação. Certa vez, fui testemunha de um estudante questionando um professor por que não havia livros conservadores na grade curricular para fazer contrabalancear os livros esquerdistas, ao que o professor respondeu: “porque são todos fascistas”. E assim foi.

Essa tendência é comprovada no estudo de Roger Scruton sobre os “pensadores” da Nova Esquerda —Fools, Frauds, and Firebrands (“Tolos, Fraudes e Agitadores” em tradução livre). Ao levar o leitor a cada um destes pensadores e seus “ismos” em particular — o pós-modernismo de Michel Foucault, o marxismo baseado no protestantismo de Eric Hobsbawm e E. P. Thompson — o resultado final é sempre o mesmo. Todos são impacientes com as imperfeições da civilização ocidental. Todos procuram uma ideologia mais eficiente. Todos se preparam para uma guerra civil, adotando a categorização de classes por seus efeitos explosivos em uma sociedade coesa. Todos eles defendem a justiça de sua causa, apropriando-se de uma linguagem e selecionando palavras de exaltação que expressam sua vaidade moral.
Deste modo, eles praticam o maniqueísmo, rotulando de “maus” todos os que se opõem à sua agenda de “justiça social” com palavras aterrorizantes tais como “capitalistas” e “fascistas”. Até mesmo aqueles que possuem uma relação muito vaga com o marxismo, como Foucault, encontram opressão e discórdia na civilização ocidental. Para Foucault, o próprio conceito de objetividade já é fascista (verbos por sua vez são construções opressivas).
É nessa área da linguagem que Scruton identifica o sucesso desses intelectuais no domínio do meio acadêmico. A exemplo de George Orwell, Scruton descreve como eles pautam a linguagem do debate e, uma vez que se auto-proclamam os defensores da humanidade, todos os que se opõem a eles são contra a humanidade – ou ervas daninhas que sufocam o jardim.
Apesar da retórica de estarem dispostos a confrontar a realidade, Scruton enfatiza que suas ideologias são criadas para evitar a realidade. Em nenhum lugar isso é tão nítido quanto na realidade vivida pela União Soviética. Eric Hobsbawm louvava Lênin por ter libertado os russos do czar e compreendia seus métodos cruéis pós-Revolução como necessários ao progresso da humanidade. Tal manipulação de linguagem exige uma omissão dos fatos, como a perseguição e o assassinato de intelectuais ordenados por Lênin. Vasculhe a obra de Hobsbawm e verá que não há uma menção sequer sobre o fato de Stalin ter diminuído para 12 anos a idade mínima para a aplicação da pena de morte.
Estes intelectuais são tão confiantes de seu poder que entram em estado de choque quando um dos seus abandona o grupo. E. P. Thompson se sentiu “ferido e traído” quando um de seus colegas condenou a brutalidade do comunismo no Leste Europeu.
Apesar de todas suas críticas, o britânico Scruton é tolerante em relação aos pensadores da Nova Esquerda britânica. Thompson tinha “uma mente investigativa brilhante”. Por não aderirem à agenda internacionalista, os socialistas britânicos possuem a “atrativa” qualidade de buscar os interesses de sua terra natal somente. Este “amor pela terra natal e seu território” torna possível o diálogo sobre pontos em comum com os conservadores britânicos.
Ao contrário de muitos conservadores, Scruton não é somente um refutador, mas delineia uma rota de saída do marxismo. Dá-se pelo Estado de Direito — não por um movimento revolucionário — em que os cidadãos têm a proteção das instituições enquanto que tais instituições estão sujeitas à lei e aos seus cidadãos.
O livro de Scruton, com sua análise sobre os excedentes de commodities e métodos de consciência, pode ser de difícil leitura. Os desinteressados em discussões filosóficas sobre o que constitui as realidades de classe  podem se perder no caminho. Porém, aos que queiram ver como – após a implosão do comunismo – a esquerda inflexível dominou o mundo acadêmico e ainda se mantém nele até os dias de hoje, o livro pode ser recompensador.
05 de janeiro de 2016
RON CAPSHAW
Publicado na National Review.
Tradução: Felipe Galvez Duarte
Revisão: Hugo Silver

MADAME NÃO LIGA, NÓS NÃO LIGAMOS



Exceção dos que se encontram na Europa e nos Estados Unidos, que não são poucos, deputados e senadores dedicam o mês de recesso parlamentar nos Estados, para sondar suas bases. Pretendem retornar a Brasília em fevereiro afinados com o pensamento de seus eleitores a respeito de questões fundamentais.


Primeiro, sobre o impeachment da presidente Dilma. Em dezembro, no Congresso, arrefeceu a tendência favorável ao seu afastamento. Fosse realizada hoje entre os deputados e dificilmente a votação alcançaria número suficiente para a posse de Michel Temer. Não que a popularidade de Madame se tenha recuperado, mas aquele sentimento de rejeição não progrediu. As ruas permaneceram insossas, amorfas e inodoras, na medida em que a presidente também colaborou, mantendo-se reclusa. Nem o tradicional pronunciamento de fim de ano pelo rádio e a televisão ela arriscou, limitando-se a um recado eletrônico que ninguém leu. Sendo assim, caso não se registre algum inusitado ou uma escorregadela de sua parte, chegamos à situação em que Dilma não liga para o povo e o povo não quer saber dela. Assim, e por enquanto, o impeachment saiu de pauta. Mais atraente está o Carnaval.


Escafedeu-se até o personagem mais criticado nos últimos tempos, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Dia desses ousou comparecer a um restaurante de luxo, no Rio, e sequer foi reconhecido, quanto mais vaiado. Renan Calheiros, candidato à vaga, parece haver-se refugiado na praia, em Maceió. Os Meretíssimos, no Supremo Tribunal Federal, deram-se folga por todo o mês de janeiro, quando não cuidarão da vida de Cunha, Renan ou da própria Dilma.


Em suma, o ano se inicia sem surpresas, à espera de que as instituições comecem a funcionar, mas sem muito empenho por parte delas. Melhor assim.


VERGONHA


Para não dizer que tudo flui naturalmente, tome-se o acontecido domingo, aqui em Brasília. A temporada é de aguaceiros, sendo que desde novembro tornaram-se rotina semanal as interrupções na distribuição de energia. Volta e meia a luz apaga, às vezes até na metade da capital federal. Agora, porém, foi de mais: das três da tarde à meia-noite bairros inteiros ficaram no escuro. Apelar para as velas tornou-se usual, mas o que mais brada aos céus é saber que basta ser autoridade, federal ou distrital, aqui, para não faltar energia em casa. Da presidente da República aos ministros, do governador aos secretários e dirigentes de estatais, todos dispõem de geradores particulares que entram em ação segundos depois dos cortes. O pior é que as contas não param de subir.



05 de janeiro de 2015
Carlos Chagas

BUMLAI CONFESSA

Amigo íntimo de Lula, o pecuarista José Carlos Bumlai, agora réu na Lava Jato, abre o jogo sobre os empréstimos fraudulentos contraídos por ele destinados a abastecer as campanhas petistas. Para os procuradores, é só o começo


No meio político, a semana passada ficou fortemente marcada pela decisão do Supremo Tribunal Federal de dar uma guinada no rito do impeachment inicialmente estabelecido pela Câmara e pela anunciada saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Para a força-tarefa da Lava Jato, outro fato se impôs como mais relevante e grave. 

Na segunda-feira 14, o pecuarista José Carlos Bumlai prestou um depoimento considerado nitroglicerina pura. Para os policiais federais, as palavras de Bumlai, amigo do ex-presidente Lula preso em Curitiba desde novembro, representaram mais do que uma delação premiada. Soaram como uma confissão. 
Em mais de seis horas de depoimento, o empresário reconheceu tudo o que havia refutado na primeira vez em que foi ouvido pelos integrantes da Lava Jato. As revelações colocam Lula e o PT numa encalacrada. 
Sem titubear, o pecuarista admitiu ter contraído em 2004 um empréstimo irregular de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin e repassou ao PT, por meio de laranjas.

PIC_BUMLAI2.jpg

O dinheiro, ainda segundo Bumlai, tinha uma destinação: abastecer as campanhas petistas. Em especial, a do ex-presidente Lula, candidato a reeleição em 2006. Bumlai foi além. Confirmou que, como contrapartida, o Banco Schahim foi contemplado com um contrato de R$ 1,6 bilhão para fornecimento de navios-sonda para a Petrobras. Para possibilitar o desvio, o contrato foi superfaturado. O modus operandi, acrescentou o pecuarista, teria se repetido em outras transações envolvendo outros laranjas, sempre tendo como beneficiário final as arcas do PT. “A estrutura da Petrobras era do PT”, disse o empresário aos agentes da PF.

O depoimento do pecuarista implica sobremaneira Lula por algumas razões fundamentais. A principal delas: Bumlai nunca foi empreiteiro nem mantinha negócios com a Petrobras. Agiu sempre em favor e em nome do ex-presidente como uma espécie de laranja dele e do PT. Perguntado pelos policiais federais sobre a motivação do empréstimo, o pecuarista disse: “Não iria custar nada a mim. Quis fazer um favor. Uma gentileza a quem estava no poder”. 
E quem estava no poder na ocasião? Lula, o presidente que forneceu a Bumlai um crachá para que ele pudesse ter acesso livre ao seu gabinete. Em recente entrevista, o presidente da Associação dos Criadores do Mato Grosso do Sul, Jonathan Pereira Barbosa, dileto amigo de Bumlai, contou que Lula costumava ligar para o pecuarista atrás de favores. “Eu estava com Bumlai, tocava o telefone e quem era? O ex-presidente. Pedindo que fizesse favor, isso e aquilo. Zé Carlos, muito gentil, concordava”. Ainda segundo Jonathan Pereira, Bumlai era constantemente chamado para “resolver uns problemas” para Lula em São Paulo e em Brasília.

BUNLAI-01-IE.jpg
O PODER DA INTIMIDADE 
Bumlai (no destaque), com Lula e Marisa em festa de 
Santo Antônio na Granja do Torto, em 2004

No círculo íntimo do presidente Lula, todos sabem que o empréstimo junto ao Banco Schahin não foi a única gentileza feita pelo pecuarista ao amigão poderoso. Alguns préstimos já são públicos. 
Em depoimento à Lava Jato, o lobista Fernando Baiano disse que a pedido de Bumlai repassou R$ 2 milhões para uma nora de Lula quitar dívidas pessoais. Segundo apurou ISTOÉ, o fazendeiro ainda teria contribuído para aproximar o empresário Natalino Bertin, proprietário do Grupo Bertin, do clã Lula em meio às negociações para venda de uma fatia do frigorífico. A proximidade resultou em favores aos filhos de Lula. 
A pedido de Bumlai, Bertin disponibilizou um jatinho para os filhos do ex-presidente em São Paulo, entre 2010 e 2011.

As operações fraudulentas confirmadas pelo amigão de Lula foram trazidas à tona pela primeira vez em reportagem de capa de ISTOÉ em fevereiro deste ano. Àquela altura, Bumlai já era uma figura carimbada no Planalto, mas ainda pouco conhecida na cena política nacional. 
De lá para cá, foram lançadas luz sobre suas incursões no submundo do poder. Ninguém duvida mais de que ele privava da intimidade do ex-presidente Lula. Agora sabe-se, por exemplo, que Bumlai esteve ao lado de Lula e sua família em momentos bem particulares. Nas buscas realizadas durante a Operação Passe Livre, batizada com esse nome numa alusão ao acesso facilitado do pecuarista ao gabinete presidencial, os agentes federais encontraram fotos que confirmaram a grande proximidade dos dois. Numa das imagens, Bumlai aparece com Lula e dona Marisa Letícia festejando o dia de Santo Antônio na Granja do Torto no início do primeiro mandato do petista. 
Quem conhece os códigos do poder sabe que a presença num evento desses revela uma intimidade capaz de abrir portas a negócios escusos. 
O material fotográfico foi encontrado num dos endereços do pecuarista no Mato Grosso do Sul. Também foi encontrado um cartão de apresentação com o brasão da República, em nome da ex-primeira-dama. 
Daí o peso e a importância das revelações do pecuarista para os investigadores da Lava Jato. A confissão de Bumlai fez alguns procuradores o tratarem como “o laranja de Lula”.

Também impressionaram os integrantes da Lava Jato a riqueza dos detalhes fornecidos pelo empresário e a semelhança no modo de atuar com outro operador petista: Marcos Valério. Em seu depoimento, Bumlai disse à PF ter sido procurado em 2004, segundo ano de Lula na Presidência da República, por pessoas ligadas ao PT. Entre eles estava Delúbio Soares, então tesoureiro do partido. 
O pecuarista disse que conheceu Delúbio no comitê da campanha presidencial de 2002. De acordo com o depoimento de 11 páginas, colhido pelo delegado Filipe Hille Pace, o grupo pediu a Bumlai que levantasse, em seu próprio nome, recursos junto ao Banco Schahin. “Delúbio esclareceu que se tratava de uma questão emergencial”, afirmou. 
O pecuarista disse ainda que, embora Delúbio não tivesse especificado no início a que se destinava o dinheiro, ele entendeu que seria para atender interesses do PT. 
Depois, teria vindo a confirmação de que o recurso era destinado a abastecer a campanha de Lula. A descrição e a época em que o negócio entre Bumlai e Schahin foi fechado remetem aos empréstimos tomados pelo empresário Marcos Valério nos bancos BMG e Rural para irrigar o caixa petista e de partidos aliados no primeiro mandato de Lula, o escândalo do mensalão.


Assim como os empréstimos contraídos por Valério, os R$ 12 milhões que Bumlai tomou emprestado no Schahin não eram para ser quitados. Em fevereiro deste ano, ISTOÉ teve acesso com exclusividade a relatório do Banco Central demonstrando que a operação foi liberada de forma irregular, “sem a utilização de critérios consistentes e verificáveis”. 

Para liberar a bolada, o  Schahin burlou normas e incorreu em seis tipos de infrações diferentes. De acordo com os procuradores da República que atuam na Lava Jato, há indícios de que o ex-ministro José Dirceu e o próprio Delúbio intercederam junto a Schahin para que o empréstimo fosse liberado. 
De acordo com delação de um dos acionistas da instituição financeira, Salim Schahin, os R$ 12 milhões emprestados ao Bumlai foram repassados a empresas do Grupo Bertin, do empresário Natalino Bertin, o mesmo que a pedido do pecuarista colocou seus jatinhos à disposição dos filhos de Lula.

Na transação, os investigadores suspeitam que Natalino possa ter se encarregado de fazer pagamentos a terceiros, no caso laranjas, indicados pelo pecuarista. Bumlai ainda disse à PF acreditar que o empresário Salim Schahin usou o empréstimo de R$ 12 milhões para ocultar outras operações e negócios da empresa com o PT. Sempre para a formação de caixa dois eleitoral.

Em um dos trechos da confissão, Bumlai reavivou o caso Celso Daniel, confirmando outra revelação feita por ISTOÉ em fevereiro deste ano. O pecuarista afirmou ao delegado da PF que teve ciência, em 2012, depois de um depoimento de Marcos Valério ao MP, de que parte do empréstimo contraído por ele junto ao Banco Schahin – cerca de R$ 6 milhões – seria destinado a comprar o silêncio do empresário Ronan Maria Pinto, conhecido como Sombra. 
Pinto ameaçou comprometer a cúpula petista no assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, entre eles o ex-presidente Lula, e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho. Numa tentativa de conseguir uma delação premiada, Valério chegou a afirmar há três anos que o pecuarista intermediou operação para comprar o silêncio de Ronan. Agora, a PF cogita convocá-lo novamente para depor a fim de que esclareça melhor o caso.

A Receita Federal colheu indícios de que parte dos valores do empréstimo do Schahin a Bumlai pode mesmo ter sido direcionada a Ronan. Ele teria adquirido, em 2004, 60% das ações do Diário do Grande ABC S/A no valor de R$ 6,9 milhões. Para isso, recorreu a empréstimos e assumiu dívidas de terceiros junto às empresas das quais era sócio, a Rotedali Serviços e Limpeza Urbana Ltda. e a Expresso Nova Santo André. 

Tais dívidas ficaram sem quitação durante nove anos, conforme revelaram suas declarações. A suspeita levantada pela Receita é a de que esses empréstimos não teriam sido reais, mas destinados a dissimular a real origem de recursos utilizados na aquisição das ações. 
No dia posterior ao depoimento à PF, o pecuarista passou à condição de réu, após o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, aceitar denúncia da Procuradoria da República no Paraná. Também tornaram-se réus Maurício e Cristine Barbosa Bumlai, filho e nora do pecuarista. 
Ao fazer as primeiras confissões, o fazendeiro busca uma pena menor para si. Para os investigadores, ainda há muito mais a elucidar e o indiciamento da família Bumlai pode fazer com que um dos principais arquivos-vivos da era petista no poder resolva, em algum momento, contar tudo o que sabe.



05 de janeiro de 2016
Marcelo Rocha, Época

O HUMOR DO DUKE...

Charge Super 03/01


05 de janeiro de 2016

ESPOSA DE BARROSO SE MOSTRA A FAVOR AO IMPEACHMENT DE DILMA

Derretimento
















O site Vetorm,  que já havia denunciado a esposa do ministro Luís Roberto Barroso, por ter aberto uma empresa offshore em Miami usando seu nome de solteira, Tereza Cristina Van Brussel, volta à carga contra ela. Como se sabe, chamam-se popularmente de offshores as contas bancárias e empresas abertas em paraísos fiscais ou nações que possibilitem menor pagamento de impostos do que no país de origem dos seus proprietários. No caso de Tereza Barroso, a offshore foi aberta em 9 de junho de 2014, um ano depois de seu marido ter tomado posse no Supremo Tribunal Federal.
Confiram o texto do novo post do site Vetorm sobre a família Barroso:
“Em sua página pessoal do Facebook, Tereza Barroso (Tereza Cristina Van Brussel), esposa do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, compartilhou vídeo para a sociedade se mobilizar pelo impeachment de Dilma. O vídeo de Arnaldo Jabor não deixa dúvidas que o objetivo e a solução para o Brasil é o impeachment.
Porém, o que chamou a atenção é que o mesmo vídeo fala sobre chantagens e ameaças entre os poderes.
Temos muitas perguntas para poucas respostas…”, concluiu o texto do site Vetor.
###
NÃO HÁ CRIME 
Já explicamos aqui na Tribuna da Internet que não existe crime nem irregularidade na abertura de empresa no exterior. Todos os investimentos no exterior devem ser informados na Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física e, quando aplicável, também na Declaração de Bens e Direitos no Exterior, apresentada ao Banco Central. No caso de Tereza Barroso, nessas declarações ela deveria incluir o luxuoso imóvel na Ilha de Key Byscaine, informando o respectivo valor de aquisição ao câmbio original da transação e mantendo este valor em anos subsequentes (enquanto não for vendido).
O site Vetorm não indica se Tereza Barroso fez ou não essas declarações, o que demonstra um procedimento equivocado do denunciante , segundo as regras do jornalismo. O pior é que as matérias são anônimas, sempre em tom de escândalo, e não vêm assinadas, ninguém se responsabiliza pelo site e pelas denúncias nele publicadas. Existe apenas uma mensagem em estilo “profissão de fé”, dizendo o seguinte:
O site Vetorm.com é um espaço destinado à publicação periódica de documentos e informações de interesse público. Longe das tintas partidárias e ideológicas, o Vetorm.com se cerca da experiência de um time de profissionais das áreas de jornalismo e outros campos de conhecimento para divulgar e noticiar informações que vão de encontro aos interesses do cidadão que zela pelas boas práticas da administração pública e privada. Muito se fala em construir um mundo melhor. O Vetorm.com o faz exigindo a observância das leis e das regras. Não há civilização sem esse pressuposto. Ainda que pareça uma aspiração utópica, a disseminação da internet aliada às pressões da sociedade civil fizeram com que, num curto espaço de tempo, um grande arquivo de interesse público fosse digitalizado e colocado à disposição do público. É baseado nele, e no cruzamento de dados os mais variados, que o Vetorm.com se nutre. Todo cidadão tem o direito de saber. O Vetorm.com tem o dever de informar.”
IMPEACHMENT
Quanto ao fato de Tereza Barroso defender o impeachment da presidente Dilma Rousseff e compartilhar pelo Facebook a gravação de Arnaldo Jabor, todo cidadão ou cidadã tem direito à liberdade de opinião e de expressão. Não há irregularidade nisso, embora sua postura pública desperte curiosidade, não há dúvida.
Segundo o site Vetorm, além dessa offshore nos EUA, Tereza Barroso também é sócia administradora de outros negócios em sociedade com o marido: a LRBT Empreendimentos (17.409.139/0001-96) com capital social de R$ 1 milhão, e a Chile 230 Participações (15.558.023/0001-93) com capital social de R$ 40 mil, ambas sediadas no Rio de Janeiro.
Mas a notícia não informa de o marido já deixou as empresas, conforme determina a Lei Orgânica da Magistratura. Se o fez, também não há irregularidade. Porém, se não abandonou as sociedades e pretendia continuar atuando nas empresas, Barroso então não deveria ter aceitado envergar a toga do Supremo, o manto sagrado da Justiça brasileira. Mas isso certamente logo será esclarecido pelo ministro.

05 de janeiro de 2015
Carlos Newton