"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 14 de março de 2016

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Crise acorda gigante, desestabiliza Dilma, desmistifica Lula, exalta Moro e consolida clamor por mudanças




É absolutamente certo afirmar que as manifestações históricas de 13 de março vão mexer, profundamente, com o futuro do presente do Brasil. O mais provável é que o desgoverno do crime organizado tente ou finja ignorar a dimensão qualitativa dos protestos. A cúpula da petelândia age com o cinismo de sempre. Os messiânicos seguidores do PT seguem focados nas metas corruptas e bolivarianas. Não pretendem largar o osso do poder. E ainda alimentam o sonho impossível de reeleger Lula Presidente em 2018.

A tendência está bem desenhada: teremos confronto, com chance de radicalismo violento no Brasil. Dilma Rousseff já avisou que não vai renunciar. O processo de impugnação da chapa reeleitoral de Dilma e Michel Temer não será imediato. Mesma previsão de demora para o complicado ritual de impeachment no Congresso Nacional. As ações judiciais contra Lula, se forem aceleradas, certamente forçarão uma reação da militância e da "meliância" petista, na base da barbárie. Na visão distorcida deles, tudo que pareça oposição ganha o rótulo simplista de "golpe".

Enquanto a "solução" demora a se concretizar, dando algum fôlego para o reacionarismo da petelândia, agrava-se a crise estrutural. Ampliam-se os problemas econômico, político e moral. A maioria da população, em insatisfação crescente, começa a perder a paciência. O perigo é que a natural bronca evolua para intolerância. Se isso ocorrer (e é uma das apostas dos estrategistas da revolução bolivariana), ficam criadas as pré-condições para conflitos que permitam ao PT promover o que seus comissários já classificam de "contragolpe". Resumindo: a lentidão dos processos institucionais em vigor beneficiam os planos petistas.

Luiz Inácio Lula da Silva nem quis comentar o espetáculo de cidadania. O vice Michel Temer, cujo PMDB costeia o alambrado para abandonar o Ptitanic, repetiu o silêncio. Já a Presidenta Dilma Rousseff, que passou o domingo, diante da televisão e plugada no celular, no Palácio da Alvorada, preferiu reagir com demagogia populista às manifestações gigantescas. A nota solta pelo Palácio do Planalto foi digna da Dilma no País das Maravilhas: "A liberdade de manifestação é própria das democracias e por todos deve ser respeitada. O caráter pacífico das manifestações ocorridas neste domingo demonstra a maturidade de um país que sabe conviver com opiniões divergentes e sabe garantir o respeito às suas leis e às instituições”.

Quem fez questão de soltar uma nota para exaltar as manifestações foi o juiz Sérgio Fernando Moro. O tocador da Lava Jato, que também passou o dia ligado na tevê e na internet, comentou, por escrito, para a imprensa: "Neste dia 13, o Povo brasileiro foi às ruas. Entre os diversos motivos, para protestar contra a corrupção que se entranhou em parte de nossas instituições e do mercado. Fiquei tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação Lavajato. Apesar das referências ao meu nome, tributo a bondade do Povo brasileiro ao êxito até o momento de um trabalho institucional robusto que envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e todas as instâncias do Poder Judiciário.

Fundamental mesmo foi o segundo parágrafo do recado de Sérgio Moro - que dificilmente será entendido ou acatado pelo desgoverno do crime organizado: "Importante que as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas e igualmente se comprometam com o combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando, sem exceção, na própria carne, pois atualmente trata-se de iniciativa quase que exclusiva das instâncias de controle. Não há futuro com a corrupção sistêmica que destrói nossa democracia, nosso bem estar econômico e nossa dignidade como País".

As facções criminosas já atuam no sentido contrário à justa, perfeita e prudente recomendação de Moro e do "Morobloco" (apelido do movimento natural de sabedoria popular que exige o fim de impunidade e o combate à corrupção no Brasil). A aparente dissidência da organização criminosa, fingindo estar rompida com a petelândia, porém ainda sócia nas negociatas, arma uma estratégia golpista para continuar no poder, se Dilma for impedida politicamente ou saída judicialmente. O título distintivo do golpe se chama "Parlamentarismo".

Nada menos que 27 senadores já assinaram a Proposta de Emenda Constitucional do Parlamentarismo. Na letra fria da proposta, até parece bom. A PEC estabelece um sistema misto. O governo seria administrado por um primeiro-ministro indicado pela maioria da Câmara dos Deputados. O presidente da República, eleito pelo voto popular, teria funções limitadas às de chefe de Estado. Caberia ao primeiro-ministro comandar o governo, com poderes que hoje estão nas mãos da presidência da República. O Congresso Nacional votaria moções de confiança ou de desconfiança do primeiro-ministro. Os parlamentares poderiam, com isso, mantê-lo, ou retirá-lo do seu cargo.

Na teoria, seria lindo o parlamentarismo proposto pelo senador tucano Aloysio Nunes Ferreira. Na prática, vai ser um verdadeiro desastre. O motivo é simples: o sistema do crime organizado continuará elegendo os parlamentares do mesmo jeito. O Congresso será o mesmo, sem voto distrital, combinado com distrital misto, e eleições limpas (até com votação eletrônica, porém com impressão do voto para conferência direta pelos fiscais cidadãos. Ou seja, antes de botar parlamentarismo em vigor, é preciso debater exaustivamente com o cidadão-eleitor-contribuinte que reforma política precisa ser feita, urgentemente.

Em resumo: o Brasil só tem jeito se ocorrer aqui uma inédita Intervenção Cívica Constitucional. As regras fundamentais do jogo democrático têm de ser redefinidas no País. Temos de aprimorar e reconstruir as instituições, hoje destroçadas pelo crime e pela canalhice da classe política associada a facções criminosas. Este foi o grande recado transmitido ontem pelas pessoas comuns e famílias que foram, aos milhões, às ruas das principais cidades brasileiras. #Mudanças! Eis a palavra de ordem.

A maioria esmagadora da população brasileira rejeita golpismos - seja de qual lado ideológico queira promovê-los. As mudanças terão de acontecer com exaustivos debates, focadas na Democracia, a segurança do Direito público e privado. O juiz Moro tem inteira razão. É urgente ouvir a voz das ruas. Quem se fizer de surdo é canalha. #Mudançasjá!

Famílias nas ruas






Paulista Tomada



Encontro marcado

Piercamillo Davigo, atual juiz da Suprema Corte da Itália e Gherardo Colombo, hoje presidente da editora Garzanti e um dos dois principais juízes que atuaram na Operação Mãos Limpas contra a máfia da Itália, farão uma palestra para empresários, em São Paulo, no dia 29.

Quem já confirmou presença e vai encontrá-los para uma conversa reservada é o juiz Sérgio Moro.

O complicado é saber se os mafiosos italianos conseguem ser piores que os brasileiros...

Humor popular


Releia o artigo de domingo: 
A rua gritou: Derrota na Guerra, petelândia!

Grande Susto



O homenageado



O observador e a patroa



Quem não muda, dança





14 de março de 2016
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

O BRASIL NA RUA... E O PÉ NA BUNDA!...

              Pé na Bunda Oficial da Terrorista Comunista



Hoje povo brasileiro expulsou a bandoleira Dilma e seu partido de bandidos, o PT, que fraudaram as eleições, assaltaram os cofres públicos e foderam com o país

78% DOS MANIFESTANTES DA AV. PAULISTA QUEREM NOVAS ELEIÇÕES. SÓ 11% TOPAM TEMER ASSUMIR



Neste domingo, enquanto uma multidão (1,4 milhão de pessoas, segundo a PM; 450.000, de acordo com o Datafolha) ganhava a Avenida Paulista para protestar contra o governo Dilma, VEJA.com e a startup Lean Surveypromoveram uma pesquisa para entender o que pensam e o que querem os manifestantes.
A iniciativa é a primeira a revelar o perfil dos manifestantes: eles tinham idade média de 44 anos e 82% têm ensino superior completo ou incompleto. Num dia histórico - nunca tanta gente deixou sua casa para pedir mudanças nos rumos do país - a pesquisa registrou não apenas o desejo de que a presidente Dilma Rousseff deixe o poder, mas também a crença de 91% dos entrevistados de que ela está diretamente envolvida no petrolão.
Também foi possível aferir qual a alternativa preferida para uma transição: quase 80% dos entrevistados preferem que uma nova eleição seja realizada - o que requer não o impeachment, mas a cassação da chapa vencedora nas eleições de 2014, encabeçada pela petista Dilma Rousseff e com o peemedebista Michel Temer como vice. Substituto legal em caso de impeachment efetivado até o final do segundo ano de mandato, Temer não entusiasma: é a alternativa preferida de apenas 11%.
Apesar de a nova eleição ser o caminho favorito, 63% afirmam que ainda não têm um candidato em mente. A crença na oposição não é forte: 63% disseram não acreditar que a oposição esteja pronta para tirar o país da crise. Confira os dados completos da pesquisa

14 de março de 2016
in blog do aluizio amorim

MANIFESTANTES VAIAM RENAN CALHEIROS EM FRENTE AO PRÉDIO ONDE ELE MORA

MANIFESTANTES VAIARAM O SENADOR EM FRENTE AO PRÉDIO ONDE MORA

A POLÍCIA ESTIMA A MULTIDÃO EM 25 MIL PESSOAS, MAS OS ORGANIZADORES AFIRMAM QUE FORAM 35 MIL.


Os manifestantes favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff cantaram o Hino Nacional e vaiaram o presidente do Senado Renan Calheiros, em frente ao edifício Tartana, onde ele mora, na praia de Ponta Verde, em Maceio. Estimulados pelo locutor de um carro de som, os manifestaram vaiaram o senador.

Calheiros é considerado um dos sustentáculos do governo Dilma no Congresso Nacional, segundo seus críticos, em troca de cargos e outras benesses no governo federal.

Além do apoio ao governo Dilma, o presidente dio Senado foi vaiado porque está entre os principais acusados nas investigações da Lava Jato e outros escândalos. Esta semana, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura do sétimo inquérito de corrupção contra Calheiros.



14 de março de 2016
diário do poder

DOEU??



14 de março de 2016
in blog do beto

LAVA JATO DIVULGA ÍNTEGRA DO DEPOIMENTO DE LULA

Ex-presidente foi conduzido de forma coercitiva a prestar depoimento aos agentes da Polícia Federal em 4 de fevereiro

CONDUZIDO - Por segurança, a força-tarefa da Lava-Jato ouviu o depoimento de Lula no Aeroporto de Congonhas


O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi liberado nesta segunda-feira no site da Justiça Federal do Paraná. 
No último dia 4, quando foi deflagrada a 24ª fase da operação, o petista cumpriu mandado de condução coercitiva para prestar esclarecimentos aos investigadores na delegacia da Polícia Federal no aeroporto de Congonhas. 
Há suspeitas de que o ex-presidente tenha recebido vantagens indevidas das empreiteiras envolvidas no escândalo de corrupção do petrolão, na forma de obras do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), e do tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo.

Confira a íntegra do depoimento

Veja alguns trechos:

Palestras de 200 mil dólares

"Quando eu deixei a presidência todas as empresas de palestras, que organizam palestras de Bill Clinton, Bill Gates, Kofi Annan, Felipe Gonzales, Gordon Brown, todas as empresas mandaram e-mail, mandaram telegrama, mandaram convite, telefonaram, que queriam me agenciar para fazer palestra, nós então fizemos um critério de não aceitar nenhuma empresa para me agenciar, primeiro por cuidado político, que a gente não sabia quem eram, e segundo porque a gente queria fazer palestras selecionadas, ou seja, que a gente pudesse falar do Brasil, eu posso até mandar para vocês alguns discursos que eu faço, ou seja, a gente fazia discurso primeiro mostrando o que aconteceu no Brasil em 8 anos, que era o que todo mundo queria, e depois a gente dizia qual era o futuro do Brasil, o que o Brasil tinha de perspectiva para a frente, e decidimos cobrar um valor, todas as minhas palestras custam exatamente 200 mil dólares, nem mais e nem menos"

Lula desconversa sobre os valores que eram doados ao Instituto Lula

"Nem no instituto e nem em casa eu cuido disso, em casa tem uma mulher chamada dona Marisa que cuida e no instituto tem pessoas que
cuidam."


Sobre os pedalinhos do sítio de Atibaia

"Certamente que a dona Marisa adoraria ver os netos dela e outras crianças que fossem lá possivelmente passear naquilo (...) Eu fico, acho que não é legal, eu fico constrangido de você me perguntar de pedalinho e de me perguntar de um barco de 3 mil reais, sinceramente eu fico."

Sobre se José Dirceu tinha alguma interlocução com o senhor na indicação e nomeação de diretores da Petrobras

"Ele era o chefe da Casa Civil, ele cumpria com o papel reservado a ele. As discussões com as lideranças aconteciam, com os ministros, e chegava pra Casa Civil, mandava para o GSI pra trazer pra mim."

Soube se José Dirceu recebia vantagens indevidas relacionadas à Petrobras?

"Pela imprensa (...) E sinceramente não acredito."

Sobre todas as acusações levantadas pela Justiça contra ele.

"Eu espero que quando terminar isso aqui alguém peça desculpas. Alguém fale: 'Desculpa, pelo amor de Deus, foi um engano'"


14 de março de 2016
(MARCOS BIZZOTTO/Estadão Conteúdo)
Veja

LULA E LECH WALESA, DOIS LÍDERES CRIADOS AO MESMO TEMPO



Em 1981, Lula e Walesa em Roma, depois de umas e outras


















Dois grandes sindicalistas marcaram o final do século XX; no Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e na Polônia, Lech Walesa, nos estaleiros de Gdansk. Surgiram quase que ao mesmo tempo e com o apoio da Igreja Católica. Dizíamos que o Papa João Paulo II era de direita e viera para derrubar o então sistema do Leste Europeu, o que afinal conseguiu (escrevo com todo respeito). Edwaldo Cafezeiro, um falecido professor da Faculdade de Letras da UFRJ, me dizia naquela época: “Rocha, PT é coisa de padre e da CIA”. Eu concordava com ele, mas gostava quando o então ator social Lula começava a falar.
No Brasil, as Comunidades Eclesiais de Base entoavam loas ao sindicalista Lula que vinha para colocar os trabalhadores no Poder. Esquerdas xavantes (mudemos um pouco os surrados tupiniquins) pareciam ter, finalmente, recebido o Profeta esperado, com ele chegaríamos à Terra Prometida. Eu inclusive embarquei nessa bobagem toda.
Mas uma coisa eu observava, antes da “aparição” do torneiro mecânico, as antigas greves eram políticas, eram greves politizadas e tinham o aval do PCB e do CGT, as greves visavam a denúncia das contradições do sistema capitalista.
SINDICALISMO DE RESULTADOS
Após o advento de Lula, falava-se até em sindicalismo de resultados e as greves tornaram-se apenas para aumento de salário, sem questionar o liberalismo/neoliberalismo. Pesquisem e encontrarão vários sindicatos e centrais colocando anúncios nas TVs explicando que tal greve não era política. Ou seja, não queriam mais acabar com o capitalismo. Era um sindicalismo de shopping, centrais coniventes com o grande capital.
Quando Lech Walesa criou o Sindicato Solidariedade, depois Partido Solidariedade e por fim chegou à presidência de seu país, também foi acusado de “menino da Cia” e em sua gestão presidencial há quem afirme que houve malfeitos. Porém, inteligente e mais humilde, só ficou um período de 5 anos.
A meu ver, por vaidade, o ex-presidente Lula obliterou sua interessante caminhada. O que me surpreende ainda hoje é o “exército” de teóricos intelectuais das antigas esquerdas brasileiras que nunca falaram nada sobre o apoio da CIA ao Lula e no primeiro governo Lula elogiavam o capitalismo.
ESQUERDA GOVERNISTA
Aliás, li recentemente no site do PCB um comunicado informando que há no Brasil uma esquerda governista e o velho PCB não faz parte desse povo, nem vai apoiar as manifestações governistas.
Entendo que tais intelectuais governistas estão trabalhando e por isso defendem tanto o Operário Patrão, que o antigo Pasquim ridicularizava, fazendo um contraponto com o “Operário Padrão”.
Encerro este meu espanto (“filosofar é espantar-se”) citando outro amigo, também professor aposentado da UFRJ, com pós-doutorado no Canadá, petista doente, fanático mesmo, ele se assume enquanto tal e diz que Lula, Dilma e o PT nunca fizeram nada de errado e tudo não passa do jogo das elites.
Vai entender…
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Quando Walesa era atração mundial, meu amigo Zevi Ghivelder foi entrevistá-lo na Polônia. Zevi perguntou-lhe que conselho daria a Lula. E ele respondeu: “Jamais entre na política e saia candidato, líder sindical não deve se meter em política”. Walesa era um farsante. Pouco depois, criava o Partido Solidariedade e em seguida saía candidato. Aqui no Brasil, Lula fez o mesmo caminho. (C.N.)

14 de março de 2016
Antonio Rocha

DILMA INSISTE EM NÃO FAZER AJUSTE E DEIXA A ECONOMIA DESABAR



Charge do Benett, reprodução da Folha



















A questão é que a economia mergulhou na recessão e continua encolhendo, fato que pode se estender até o ano que vem por conta da falta de um ajuste fiscal do governo de Dilma. Com a contração econômica, ditada principalmente pela queda na demanda das famílias e das empresas, isto é, do setor privado (4% em 2015), mas também pela queda do investimento (14,1% em 2015) e do próprio consumo do governo (1% em 2015), não há espaço para correção dos salários no serviço público e no setor privado, também, de uma maneira geral.
Na verdade, quando o setor público for chamado à razão em um ajuste fiscal que por tardar deverá vir com muito maior força, os salários dos servidores ficarão congelados por muitos anos seguidos; talvez, mais do que os oito anos em que estiveram congelados no governo de FHC.
Não se omite, também, a possibilidade de haver demissões em massa do funcionalismo público. Principalmente, no governo federal, para que o ajuste consiga o seu efeito saneador do orçamento da máquina pública.
DÉFICIT PRIMÁRIO
Na esfera pública federal a União acumula dois anos consecutivos de déficit primário, isto é, em que as despesas orçamentárias foram maiores do que as receitas. Em 2014, déficit de R$ 17,210 bilhões, e em 2015, déficit de R$ 114,985 bilhões. No setor público, então, o que se tem é uma situação insustentável que tende a ser corrigida com medidas extremas num breve espaço de tempo. Entre essas medidas, está justamente o congelamento dos salários dos servidores públicos por um longo período.
Na esfera privada, o quadro é de demissões campeando todos os setores econômicos, com exceção do setor agropecuário, que neste momento se beneficia da desvalorização cambial com reflexo no aumento das exportações. O quadro é de queda na massa real de rendimentos, por consequência das demissões e da compressão salarial dada pelo fenômeno de desligamento de profissionais com maior salário e admissão de profissionais com menor remuneração.
DESEMPREGO
Em 2015 foram fechados mais de um milhão e meio de postos de trabalho formal. Em janeiro de 2016 foram, praticamente, mais cem mil postos de trabalho fechado. Até novembro/2015 a PNAD contínua realizada pelo IBGE já indicava uma taxa de desocupação de 9,1% da população economicamente ativa (PEA). Vamos ultrapassar os 12% de desocupação até a reversão do processo de deterioração econômica. Tem especialista dizendo que é provável que a taxa de desocupação chegue até os 14% da PEA.
Todo este quadro foi causado pelo atual governo, que insistiu no erro de expandir o gasto público para além dos limites da responsabilidade, criando um quadro de profundo desequilíbrio monetário. O resultado é um monstro chamado inflação, que está devorando o rendimento das famílias, o lucro das empresas e impedindo qualquer medida de retomada da expansão econômica. A insistência do governo em não adotar, desde já, um ajuste fiscal profundo agrava o quadro progressivamente.

14 de março de 2016
Wagner Pires

DISSIDENTES DA ABI QUEREM DEFENDER LULA, DILMA E O PT



http://m.memorialdademocracia.com.br/publico/image/8045
Ivan Proença lidera os defensores do PT na histórica ABI















O presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa, professor Ivan Cavalcanti Proença, está liderando uma ala dissidente na tradicional entidade e convocou os associados para participar de um encontro esta terça-feira, às 15 horas, na sede da ABI. Proença é candidato a presidir a instituição e vai lançar o movimento “Queremos nossa ABI de volta” contra a atual gestão, que tem na presidência e vice-presidência dois conhecidos e respeitados jornalistas – Domingos Meirelles e Paulo Jerônimo.
O manifesto enviado aos associados da ABI classifica a atual direção de “conservadora” e a acusa de estar subjugada aos interesses da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão), “entidade do monopólio da mídia comercial, contra o clamor da sociedade pelo “Direito de Resposta”, segundo o texto distribuído.
Como se vê, os dissidentes pretendem que a ABI saia em defesa do ex-presidente Lula, do PT e da presidente Dilma Rousseff, diante dos diversos inquéritos policiais e processos judiciais a que respondem por crimes e irregularidades já constatadas nas investigações. Confira abaixo a íntegra do manifesto da ala oposicionista da ABI:
Aos filiados da Associação Brasileira de Imprensa,
NOSSA ABI
Na condição de Presidente do Conselho Deliberativo por duas vezes, na gestão Maurício Azedo e novamente ocupando essa função, comunico que, após ter tentado junto à Diretoria, sem sucesso, fazer a ABI voltar ao seu leito de lutas em defesa da cidadania, convido a todos os associados para o lançamento do Movimento QUEREMOS NOSSA ABI DE VOLTA.
A ABI está envolvida por um pensamento conservador. E, antes que seja tarde demais, precisamos reagir e fazer a ABI voltar aos trilhos das lutas nacionais e da cidadania, como preconizam os artigos 1 e 2 do Estatuto.
O quadro político atual é preocupante. Enquanto, o país literalmente pega fogo, alguns analistas falam até na possibilidade de graves conflitos internos, a nossa centenária e sempre atuante ABI foge de seu papel histórico e se dilui em movimentos autofágicos. Manter essa postura é inaceitável e a história cobrará isso da entidade mais longeva do movimento social brasileiro. Precisamos reagir. Convoco você.
Presenciamos nos últimos tempos nosso crescente distanciamento das lutas em defesa do patrimônio e soberania nacionais (art.2 do Estatuto). Foi na sede de nossa gloriosa ABI que nasceu o movimento “O Petróleo é Nosso” e, hoje, diante dos ataques ao nosso gigantesco patrimônio do Pré-sal, um continuado silêncio da atual direção, mesmo após decisão, favorável a nossa manifestação, em recente (29/2) reunião do Conselho Deliberativo.
No campo dos direitos humanos e das liberdades de informação e expressão (art.1 do Estatuto), retrocessos conservadores cerraram fileiras com a ABERT, entidade do monopólio da mídia comercial, contra o clamor da sociedade pelo “Direito de Resposta”.
Precisamos dar um Basta! Para debater esses e outros assuntos, inclusive, e principalmente, as eleições que se aproximam, convidamos você, associado, para um encontro na próxima terçafeira, 15/3/16, 15H, no sétimo andar da nossa sede, na sala Belisário de Souza.
A reunião é aberta apenas para os associados da ABI.
Dia 15 de março – terça-feira -15 horas
Sala Belisário de Souza –7º andar – sede ABI
QUEREMOS NOSSA ABI DE VOLTA!
Atenciosamente,
Ivan Proença,
Presidente do Conselho Deliberativo da ABI
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – É com muita tristeza e decepção que me vejo na obrigação de divulgar este Manifesto, lançado por uma pessoa a quem estimo e admiro. O conselheiro Ivan Cavalcanti Proença é um intelectual respeitado, professor universitário com várias obras publicadas e que ostenta um histórico de luta contra a ditadura militar. Em abril de 1964, foi preso quando era capitão do Exército, estava no comando do Regimento Presidencial no Rio de Janeiro e protegeu os universitários que se refugiaram dentro da Faculdade Nacional de Direito. Eu era um daqueles estudantes que o capitão Ivan defendeu.
Mais de 50 anos depois, não posso conter minha decepção diante deste manifesto assinado por ele e enviado a todos os filiados da ABI, menos a mim, que sou membro titular do Conselho Deliberativo. Certamente, fui excluído porque, em recente reunião do Conselho, defendi a tese de que a ABI não deveria se manifestar a favor do governo Dilma Rousseff, de Lula e do PT, porque estamos vivendo em plenitude democrática, as instituições funcionam livremente, as acusações de crimes cometidos no esquema de corrupção são feitas na forma da lei, os acusados estão representados por advogados constituídos, não há cerceamento de defesa. Argumentei que a ABI, em toda a sua história, jamais se posicionou contra os interesses nacionais e a cidadania, por isso não poderia agora defender o governo, o PT e o ex-presidente Lula.
Minha tese saiu vitoriosa na reunião do Conselho, por aclamação, e recebi até uma salva de palmas. Talvez seja por isso que os dissidentes não me convidaram para o lançamento do movimento interno em defesa de criminosos que traíram o povo brasileiro.
E EU FUI FILIADO AO PT…
Detalhe final: assinei minha filiação ao PT em 1982, com abono do deputado José Eudes. Naquela época, não aceitavam qualquer um, era preciso haver indicação. E o partido tinha uma característica única, porque fazia frequentes reuniões de autocrítica, uma prática importante e realmente elogiável. Com o passar do tempo, porém, o PT ficou meio bagunçado, a autocrítica caiu no esquecimento e o partido se tornou o maior agente de corrupção do mundo.
Democraticamente, ainda há quem defenda o PT, Lula e Dilma. Respeito a opinião deles, têm todo direito de se posicionarem assim, mas deixo claro que não contem comigo. Fizeram bem ao me excluir da lista dos associados da ABI.
Se dr. Barbosa Lima Sobrinho estivesse vivo, iria vomitar na sala de reuniões.

14 de março de 2016
Carlos Newton

MELHOR LAVAR AS CAMISAS AMARELAS E VERDES



Temer já mandou fazer o terno para tomar posse
















Como ficarão Lula, Dilma e o PT, depois dos resultados de domingo? Com a rejeição popular, foram os três atrás da vaca: para o brejo.Como um não vive sem o outro, a derrota foi dos três. Não haverá como um continuar sem os outros dois. Imaginar o ex-presidente virando ministro e salvando o resto do mandato da sucessora? Ou a atual concluindo uma política econômica em condições de tirar o país da falência? Quem sabe supor os companheiros elegendo em outubro a maioria dos prefeitos e vereadores, e dois anos depois escolhendo o novo presidente da República?
Nem pensar. A Dilma não existirá sem o Lula, nem este sem o PT. Sequer o conjunto sem as unidades, se raciocinarmos a médio prazo. A curto, pior ainda, porque trinta dias passam num instante. Se ao fim de um mês o PMDB ainda estiver disposto a desembarcar, só restará ao trio maravilha antecipar o processo e livrar-se logo agora dos sete ministros peemedebistas. Lula, Dilma e o PT ficarão soltos no espaço, sem rumo.
Faltando-lhes popularidade, ainda sobreviveriam, mas amplamente rejeitados, vão para o mesmo balaio dos sem-terra, dos sem-casa e dos sem-piscina: tornaram-se os sem-povo.
Quem assistiu ao menos algumas cenas do interminável desfile da massa em estado de pacífico furor não duvidará da sentença já transitada em julgado: o governo acabou. O líder e sua criação, também. Sem esquecer o partido.
AS BONECAS RUSSAS
Todo mundo lembra aquelas bonecas russas, onde uma sai de dentro de outra, caracterizando não apenas um povo, mas uma estratégia. Pois seria bom prestar atenção na imagem. No mês que no máximo nos separa da fuga do PMDB do palácio do Planalto acontecerá muita coisa, até diferindo o menor do maior. Com o Supremo Tribunal Federal definindo esta semana as regras do impeachment, torna-se possível que o Congresso, sensibilizado pelos quase cinco milhões de cidadãos que ganharam as ruas, venha a apressar os mecanismos para deputados e senadores livrarem-se de Madame.
Também é provável que em abril Michel Temer já se encontre no exercício da presidência da República. Salvo algum inusitado do Tribunal Superior Eleitoral, ganharemos um governo de união nacional, além de uma belíssima primeira-dama. As manifestações de domingo ultrapassaram a máxima de que quem foi eleito deve governar até o final de seu mandato. O atual vice-presidente estará imaginando como compor seu ministério e a que partidos dar prioridade na composição. José Serra, por certo, preparando um plano econômico de salvação nacional. Eduardo Cunha e Renan Calheiros examinando suas rotas de fuga. E os manifestantes de domingo mandando lavar suas camisas amarelas e verdes.

14 de março de 2016
Carlos Chagas

COM 67 CONDENADOS, PENAS DA LAVA JATO SÃO DE QUASE MIL ANOS





Com 67 pessoas já condenadas a penas que, somadas, se aproximam da marca de mil anos de prisão, a operação Lava Jato completa dois anos na próxima quinta-feira com indicativos fortes de que muita sujeira ainda será tirada de debaixo do tapete. Para além dos números que impressionam – são R$ 6,4 bilhões distribuídos em propinas –, analistas ressaltam que, mesmo longe do fim, a maior operação de combate à corrupção que o mundo já viu vai deixar entre seus legados uma mudança importante na forma como o povo brasileiro se relaciona com a política.
Essa é a primeira vez na história da recente democracia brasileira que figuras até então “inatingíveis” – leia-se: políticos e grandes empresários – estão sendo, de fato, punidas com prisões e condenações na Justiça. Réus que, pelas contas do Ministério Público Federal (MPF), terão que ressarcir os cofres públicos em R$ 14,5 bilhões.
Ao longo desses 24 meses, foram 133 mandados de prisão. Dentre os já condenados, 16 estão atrás das grades. “A Lava Jato já mudou a maneira como os brasileiros veem a corrupção, e isso fica muito claro quando, em pesquisa recente, a corrupção foi considerada a principal preocupação dos brasileiros”, ressalta Gil Castello Branco, fundador e secretário geral da entidade Contas Abertas.
Para Castello Branco, a operação possibilitou um aumento da consciência popular sobre a importância do acompanhamento e da fiscalização do destino dos recursos públicos. “A sociedade está mais atenta. Isso vai nos levar a mudanças que talvez não tenham a agilidade que desejamos, mas que são incontestáveis”, assinala.
Entre os resultados já alcançados está a recuperação de R$ 2,9 bilhões por meio de tratados internacionais de colaboração e fruto como dos acordos de delação premiada.
CONDUÇÃO COERCITIVA
Apesar dos bons resultados, a Lava Jato não é alvo apenas de elogios. Há especialistas que classificam que a condução da investigação ocorre de forma arbitrária e autoritária. “Tem o viés positivo de que pessoas poderosas econômica, social e politicamente estão sendo investigadas, mas tem uma série de práticas autoritárias que estão sendo exibidas como a única solução para o combate à corrupção, o que é extremamente perigoso”, avalia Thiago Bottino, professor de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio, e estudioso da corrupção no Brasil.
“Existe uma clientela tradicional do sistema penal, que são os pobres, os negros e as pessoas de baixa escolaridade. O Brasil é o terceiro país que mais prende no mundo, mas prende determinada parcela da sociedade. O que a Lava Jato tem como vantagem é dar foco a determinado tipo de crime que, tradicionalmente, não se investiga e não se pune no país”, acentuna Bottino.
Para o especialista, porém, a forma como os acordos são firmados, com suspeitos presos, não é a ideal. Bottino acredita que a colaboração premiada deveria ser permitida para quem estivesse em liberdade. “Não tenho a menor dúvida de que hoje a prisão é um fator que determina em grande parte se a pessoa vai colaborar ou não. É um incentivo perigoso, porque a colaboração está sendo obtida de maneira violenta. Imagina se o Estado puder prender para estimular a colaboração?”, questiona.
NOVA POLÍTICA
O cientista político Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, também defende que, se bem utilizada, a delação é legítima. “O que não se pode é obter a delação por meio de uma prisão que não se justifica”. Outra ressalva é em relação às 117 conduções coercitivas da Operação Lava Jato, que, em sua avaliação, foram utilizadas de forma excessiva, “para promover o espetáculo”. “A condução do Lula, por exemplo, teve a intenção de pegar apoio na opinião pública e mobilizar a sociedade. Isso não é razoável”.
Como se sabe, o nome Lava Jato remete ao início da investigação, quando uma rede de postos de gasolina era usada para movimentar dinheiro sujo. Mesmo com o avanço da apuração, o nome se manteve.
DOIS ANOS DE INVESTIGAÇÕES
A operação Lava Jato completa dois anos com o diferencial de ter firmado 49 acordos de colaboração premiada com investigados. Polêmica, a medida foi responsável pela ampliação das investigações, à medida que os indiciados forneceram novos dados ao Ministério Público Federal em troca de reduções significativas em suas penas.
“Os brasileiros desconheciam essa possibilidade de estar entranhada no Estado uma corrupção que é sistêmica e institucionalizada, envolvendo as maiores empresas e partidos políticos do país. Até há pouco tempo, era impensável políticos e empresários sendo indiciados. Isso vai se refletir nas eleições. A insatisfação da sociedade é monstruosa, e deverá obrigar que os políticos pensem nova forma de fazer política, sem toda essa promiscuidade”, afirma Gil Castello Branco, da ONG Contas abertas.

14 de março de 2016
Luiza Muzzi
O Tempo