"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

PAGINAS VIRADAS DE UMA TRÁGICA POLÍTICA ECONÔMICA


Grande engano para quem pensa que a política econômica da ex-presidente Dilma teve início após sua posse no comando do País, em janeiro de 2011. 
Na verdade, tudo tem início bem antes, em 2005, quando então ministra da Casa Civil, começa a representar os cinco atos sequenciais aqui descritos, neste resumo de uma ópera de estilo “dantesco”. 
Portanto, bem antes de ela realizar seu sonho de ocupar o trono mais alto do Palácio do Planalto.
Buscando-se uma cronologia dos fatos desencadeados ao longo de treze anos de desgovernos de uma seita criminosa em extinção, vamos observar, cautelosamente, o primeiro ato dessa poderosa encenação.  

Ela acomodou-se, inicialmente, na cadeira principal do Ministério de Minas e Energia no período de 2003/05. No segundo ato, foi deslocada pelo seu “criador” para a Casa Civil tornando-se, naturalmente, uma poderosa alternativa para sua sucessão presidencial, pela crescente proximidade com o mandatário e, diga-se, de passagem, já tendo apresentado nítidos equívocos nos seus dotes gerenciais, quando desempenhou sua missão anterior. 

No final de 2005, quando já Integrava essas novas funções, classificou o plano econômico de ajuste de longo prazo elaborado por A. Palocci e Antônio Bernardo como sendo meramente “rudimentar”, quando ambos eram então ministros da área econômica (Fazenda e Planejamento), no primeiro mandato do “molusco”. 
Acontece que esta não foi uma simples opinião. Pelo visto, “rudimentar” foi a palavra chave que se utilizou para implodir a sugestão nascida daquela equipe econômica.
Devido à demissão incontornável de Antônio Palocci ainda em 2006 e a assunção de Guido Mantega ao Ministério da Fazenda para substituí-lo, de imediato, ele deu início gradativo a uma imprudente guinada, assumindo definitivamente sua contraditória visão heterodoxa. 

Paralelamente, cresciam, ainda mais, o poder e o prestígio da “criatura” junto ao seu “criador”, que a distinguiu para assumir o importante desafio de coordenar o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e apelidando-a de “mãe” desse projeto bastante questionável, sob vários aspectos. É difícil dizer o quanto a ministra-chefe da Casa Civil contribuiu para a mudança econômica, mas com certeza, isso não foi desprezível.

É interessante citar, como um dos bons exemplos, o modelo de alteração do programa do petróleo para o famigerado pré-sal que, indiscutivelmente, sofreu expressivas contribuições dela no documento final.

Neste ínterim, surgiu a crise de 2008/09, que levou o desgoverno, instintivamente, a triplicar suas apostas em estímulos dirigidos à demanda, promovendo acentuadas intervenções na economia privada. 

O BNDES foi substancialmente abastecido de recursos provenientes do Tesouro Nacional, para abastecer as chamadas “campeãs nacionais”. A megalomania exagerada aliada a uma frágil ideologia de conteúdo nacional, juntas, fomentaram péssimos negócios, como a Sete de Abril, sendo esta, um dos bons exemplos, dentre as inúmeras aberrações praticadas.

O terceiro ato teve início, finalmente, com a chegada, em 2011, da economista Dilma, de formação intensamente heterodoxa à Presidência da República, decidida, de antemão, a mergulhar mais profundamente na política econômica, após um rápido período digerindo os excessos eleitoreiros praticados durante sua campanha.

Mantega foi mantido na liderança da Fazenda e compartilhou com ela, logo no primeiro instante, a responsabilidade de “aprimorar” a política econômica em curso, embora conservando a mesma direção da linha populista, denominada de “A Nova Matriz Econômica”, que foi fundamentada em intervenções perigosíssimas como presenciamos. 

Atestou sua grande “genialidade” quando desconsiderou séculos de Ciência Econômica e procurou desenvolver, próximo ao nada, sua política econômica. Provavelmente, deve ter lido poucas linhas sobre seu notável “colega” Keynes, que aconselhava a adoção de um modelo anticíclico para poder encarar com eficiência uma crise que se caracterizasse pelo aumento considerável de despesas, consumo desenfreado e completo desprezo pelas finanças públicas.

Logo de início, determinou que as concessionárias de energia teriam que derrubar suas tarifas como requisito principal para a renovação dos contratos. O resultado dessa medida foi um grande aumento nas contas a serem pagas pelos consumidores algum tempo depois. 

Utilizando-se de uma política cheia de artificialidade, começou a engessar preços e tarifas de energia elétrica, telefonia e combustíveis, estendendo-se também aos transportes urbanos, entre outros segmentos igualmente importantes.

Exigiu que o Banco Central desprezasse o regime de metas de inflação e promovesse a derrubada dos juros básicos da economia a partir do meado de 2011, diante de uma situação emblemática da “Nova Matriz Econômica”, quando buscou, simultaneamente, administrar o câmbio e juros, enquanto aprofundava o intervencionismo e as renúncias tributárias. Resultado, a âncora monetária aniquilou-se e, sem dispor da âncora fiscal, a inflação ascendeu.

Para tentar remediar os estragos que começavam a “fazer água” pouco antes e durante o início da sua campanha de reeleição, Dilma alavancou ainda mais as despesas e aumentou também as desonerações e isenções tributárias. Com isso, a renúncia fiscal atingiu R$ 290 bilhões por ano e, para se ter uma ideia, isso representa 24% da arrecadação de 2015.

Como a meta fiscal foi deixada de lado, o desgoverno avançou com voracidade às práticas na “imaculada” Lei de Responsabilidade Fiscal, utilizando-se das inebriantes “pedaladas”, sendo que, através delas, os bancos estatais acudiram o Tesouro Nacional sem o prévio consentimento do Congresso.

Evidentemente, tudo isso produziu uma certa euforia nas expectativas dos eleitores brasileiros, que, por uma margem pequena de votos, reelegeram a Presidente Dilma para um novo mandato, após uma campanha recheada de mentiras e denúncias inescrupulosas.  

A proposta elaborada pelo candidato de oposição para solucionar a instabilidade progressiva na economia brasileira sinalizava efetivamente uma linha por meio da qual adotava princípios ortodoxos que se faziam extremamente necessários ao Brasil, como uma solução estratégica para o primeiro momento, visando, no curto prazo, começar a reparar os desequilíbrios existentes no nosso combalido ambiente econômico. Os eleitores a receberam, inicialmente, com razoável ceticismo, que se transformou em pouco tempo, numa perceptível ameaça. 

A mentira criada com o objetivo iminentemente ardiloso, quando bem elaborada e plenamente massificada, poderá tornar-se uma verdade, como infelizmente aconteceu, pela competência direcionada para o “mal” do seu “brilhante” marqueteiro baiano.

No quarto ato, logo após a sua recondução, em janeiro de 2015, sua cadeira voltou a balançar e passou também a estremecer no Planalto.  Retornaram, com mais intensidade, as grandes manifestações nas ruas das principais cidades do País, iniciadas em 2013, com os gritos uníssonos de – Fora Dilma! - Abaixo a corrupção! Lembro-me de que, no final de março do corrente ano, a aprovação do desgoverno Dilma situava-se bem inferior a 10%.

A tentativa desesperada de convidar Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda em substituição a Mantega, um reconhecido economista de formação ortodoxa, infelizmente, não conseguiu avançar pelas inúmeras razões absurdas exigidas pelo alto comando da seita petista, que estavam intrinsecamente relacionadas ao seu plano de ação.

A crise política encorpou, assumindo uma trajetória irrefreável, sobrepondo-se incondicionalmente à crise econômica, agravando-a consideravelmente e tornando-a igualmente incontrolável, pelo acúmulo de providências que não foram adotadas, o que estrangulou vários setores econômicos, deixando-nos profundamente estagnados.  

Aconteceu justamente o que todos já sabem - os resultados esperados desde seu primeiro desgoverno nunca apareceram, mas apareceu, sim, uma brutal recessão que aí está, de aproximadamente 8%, compreendendo os últimos dois anos, o passado e o presente. Além disso, inflação acima de dois dígitos (acima de10%) no período de 12 meses, desemprego em ascendência ultrapassando também os dois dígitos e já com projeções de 14%, a indústria dilacerada e a Petrobrás destruída, assim como outras importantes estatais. 
O Banco Central já vinha turbinando a Selic (taxa básica de juros) desde a virada de 2012/13 e ela hoje ainda se encontra congelada há algum tempo, num patamar elevadíssimo (14,25% a.a.), continuando a se destacar, como uma das mais altas taxas praticadas no planeta. A dissimulação e o represamento dos problemas até o fim do ano eleitoral de 2014 levaram à hecatombe fiscal e econômica de 2015 e 2016. 

Por fim, o quinto e derradeiro ato - O “Gran Finale” - ou melhor, o início glorioso do processo de “despetização”, tão ambicionado pela grande maioria dos brasileiros, quando há dias atrás, o plenário do Senado aprovou a admissibilidade do seu impedimento, afastando Dilma por até 180 dias da Presidência da República.

Uma minoria inexpressiva afirma que foi “golpe”; para mim, foi realmente um grande golpe, mas, de sorte, pois acredito que os brasileiros nacionalistas se livraram definitivamente de uma criatura enganadora, estúpida, incompetente, prepotente e arrogante. Tchau, querida!  e PT saudações!.
Por fim, apenas uma “inocente” sugestão, para aquela turminha revoltada que fica protestando e obstruindo as avenidas, ruas e praças do País, atrapalhando a vida da população que precisa trabalhar e viver em paz; recomendo-lhes: tá saindo voo e ônibus diariamente para Venezuela. Sem dúvida, para mim, o lugar ideal para reconstruírem um futuro promissor.


20 de maio de 2016
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).

PORTUGAL E OS MITOS LULOPETISTAS SOBRE A CRISE BRASILEIRA




Físico português atualmente trabalhando no Rio de Janeiro, Sílvio Duarte Queirós escreve lúcido artigo no Observador sobre os mitos propagados pelo lulopetismo e seus aliados. Raro ler artigo com essa objetividade sobre o que está acontecendo no país. 
Queirós não poupa críticas à cobertura do jornalismo português, que parece "lavar mais branco":

Não obstante me ter radicado no Brasil, onde tenho direito de voto, não deixo de acompanhar a actualidade portuguesa e por inerência o olhar português sobre a crise política local, nomeadamente o acompanhamento oferecido pela comunicação social lusa. 
O resultado geral da avaliação dessa cobertura é amplamente assustador com a maioria da opinião difundida nos mass media portugueses a parecer uma lavandaria de todas as canalhices que o “Partido” dos “Trabalhadores” levou a cabo. Atrevo-me mesmo a dizer que o sonho do “P”“T” é mesmo do PT, pois aí encontra-se claramente instalada uma hegemonia ideológica de esquerda que gosta de um flirt com o totalitarismo.

Neste texto, ao contrário do que o “Partido” dos “Trabalhadores” fez em Junho de 2014, não elaborarei qualquer uma lista negra, que neste caso seria uma combinação de ignorantes, desonestos intelectuais e antigos correspondentes de jornais portugueses no ‘Foro de São Paulo’. Faço apenas uma ressalva, é curioso como numa situação em que não se ouve uma única palavra da sempre tão actuante Amnistia Internacional ou da HRW, a SIC /SIC-N dêem por pelo menos duas vezes mais de quinze minutos para um digníssimo representante da comediante ‘Esquerda de Ipanema’, reconhecido admirador de substâncias psicotrópicas, despejar a sua verborreia propagandista.

De todas as pessoas que dizem “conhecer muito bem o Brasil” – mas que nem um CPF devem ter ou saber do que se trata -, Maria João Avidez e Villaverde-Cabral, que escrevem neste jornal, são dos poucos que demonstram ter conhecimento efectivo, ou seja, para além das águas de coco na Delfim Moreira ou na Vieira Souto ou em alguns dos casos das brocas fumadas da Lapa.

O material é extenso, mas proporcional à desonestidade que fui lendo e ‘ouvendo’:

O mito do país dividido


Sou constantemente abordado por familiares e amigos residentes em Portugal preocupados com a “divisão” do Brasil que supostamente vêem nas televisões e jornais lusos. Se utilizarmos o adjectivo dividido de forma literal temos que dizer que sim, o Brasil está dividido; da mesma forma que Portugal também o estava no dia 25 de Abril de 1974 ou no 25 de Novembro de 1975. Afinal, basta que uma parte do todo esteja separada para que algo se mostre dividido. Contudo, da mesma forma que no dia 25 de Abril de 1974 a esmagadora maioria dos portugueses dava vivas pelo fim da ditadura salazarista ou pela defesa de uma democracia pluripartidária no 25/XI, a esmagadora maioria dos brasileiros, pelo menos 3 em cada 4, celebram a expulsão do poder daqueles que sorrateiramente implementaram um projecto totalitário que foi desenhado após três derrotas consecutivas através de uma inflexão de discurso e a adopção da táctica do “comer pelas beiradas”, o famoso “Lulinha paz e amor” da “Carta ao povo Brasileiro” inventado pelo marketeer Duda Mendonça.

Para tal, Luis Inácio Silva aparou a barba e juntou-se àqueles que sempre combateu, na grande maioria das vezes com total justeza e sobre o qual discursarei no fim deste texto. Para mim, o paradigma da negação em que o “Partido” dos “Trabalhadores” se transformou encontra-se impresso na fotografia que une por entre sorrisos Luís Inácio Silva, o candidato eleito do “P”“T” Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo e Paulo Maluf, ex-membro do partido da ditadura (ARENA) e condenado, com nome na lista da Interpol, por desvios da ordem de 300 milhões de euros enquanto Governador e Prefeito de… São Paulo! Diz-me com que andas…

Hoje, tirando meia dúzia de gatos que se alimentam dos cofres públicos o governo afastado não tem qualquer espécie de apoio popular. Basta mostrar as imagens em campo aberto senhores…

O mito da eliminação de 40 milhões de pobres


Deixo a pergunta ao leitor: suponha um casal em Portugal com dois filhos menores em que cada um dos cônjuges (géneros à parte Depª Isabel Moreira) ganha o salário mínimo. Como classificaria sócio-economicamente essa família? Parece-me ser muito difícil considerá-la como de classe média, mas não para os economistas ao serviço do projecto de poder totalitário do “P”“T” que martelaram o conceito de ‘nova classe média’ no qual se incluíam todos os agregados familiares que disponham de um rendimento per capita entre 291 e 1019 reais (o salário mínimo actual é de R$880).

Na realidade, para além do abaixamento da fasquia da linha de pobreza, houve uma alteração consumista do mesmo conceito: pobre passou a ser quem não tem capacidade de consumir. Essa capacidade de consumo foi promovida pelo plano Real (do qual o “P”“T” foi acérrimo opositor) que permitiu a estabilização da moeda, fim da hiperinflação e a baixa da taxa de juros. Hoje é importante que se diga que a taxa média de endividamento dos brasileiros é de 43% e uma vasta maioria não consegue fechar as contas ao fim do mês fruto de uma inflação novamente galopante.

Neste campo cabe a crítica mordaz do Senador Cristovam Buarque, Ministro da Educação de Luís Inácio Silva e militante do “Partido” até ao escândalo do Mensalão, “O governo Lula/Dilma não fez avançar a consciência cívica e política: acomodou as massas e cooptou os movimentos sociais, como CUT e UNE; abriu as portas das lojas para grupos que antes estavam marginalizados, mas não os abrigou como cidadãos plenos; aumentou o número de consumidores, não de cidadãos. Ao abandonarem propostas transformadoras, os partidos progressistas e os movimentos sociais agem como ex-abolicionistas que, ao chegar ao poder, contentam-se em emancipar alguns escravos e reduzir o sofrimento dos outros, sem fazer a abolição.”

Nestes 13 anos de poder o Brasil não evoluiu no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (perdeu até 3 posições) e com o fim do efeito Plano Real assim como a ‘gastança’ da China a desigualdade social começa a aumentar.

Numa tentativa de justificar a contabilidade destrutiva, a organização tem paulatinamente alegado que as famosas pedaladas foram para o pagamento dos programas sociais. Mentira, tal correspondeu a uma pequena parte do volume. A grande parte da maquilhagem fiscal está relacionada com o Banco de Fomento, o BNDES, e a famosa “Bolsa Empresário”:empréstimos com juros ultrabonificados atribuídos ad hoc a empresários amigos, como o fiasco Eike Batista, e às construtoras brasileiras para realização de obras em regimes não-democráticos.

A conivência com regimes como o Cubano é bem espelhada no programa Mais Médicos no qual médicos oriundos daquele além de receberem menos apenas tinham acesso a uma parte do seu salário, sendo outra parte transferida para Cuba e à qual apenas teriam acesso quando lá regressassem.

O mito da luta pelas minorias

Da mesma forma que o “P”“T” se investe de único e grande defensor dos pobres, quando apenas se serviu deles seguindo a lição leninista de “os idiotas úteis”, a organização expandiu o seu discurso para negros, mulheres e homossexuais. Torna-se contudo muito interessante verificar que apesar do número absurdo de ministros dos Governos do “Partido”, governantes com tais características não chegam a 10%, o mesmo se passa na sua cúpula directiva. Pior, a essas minorias foram sempre atribuídas pastas e funções de segundo plano.

O mito do “golpe”


Começando pelas trivialidades, uma das primeiras vantagens do afastamento de Dilma Rousseff é o fim do insuportável “Presidenta”, copiando a sua parceira argentina Cristina Kirchner (também com problemas com a justiça). Certamente virão muitos linguistas defender que Presidenta é aceitável; talvez, mas soa profundamente ridículo quando tal é estabelecido por uma mulher que diz “obrigado”. Sendo o português a língua oficial do Brasil, espero que um qualquer futuro Presidente faça varar uma errata em forma de decreto explicitando que em todos os documentos oficiais entre 1 de Janeiro 2011 e 12 de Maio de 2016 onde se lê “A Presidenta” se deva ler “A Presidente”.

Relativamente à tese do golpe, basta pegar na Constituição Federal, a mesma que o “P”“T” votou contra, e ler o artigo 85º:

“São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: V – a probidade na administração; VI – a lei orçamentária;”

Talvez para muita gente a conversa das ‘pedaladas fiscais’ seja difícil de compreender, mas na prática não é muito distante daquilo que Ricardo Salgado fez: Rousseff usou os bancos (BES) públicos para alimentar a máquina (GES) e manter a sua propaganda de que as contas do país estavam em ordem. Numa situação institucional ainda mais próxima da portuguesa seria o equivalente a que António Costa não transferisse para os CTT as verbas correspondentes aos vales de reforma e RSI e mesmo assim impusesse aos correios a execução de tais pagamentos, tudo com o propósito de mostrar superavit e controlo das contas públicas (espero não estar a dar ideias).

A isto junta-se a emissão de decretos para aumento dos gastos sem autorização do Congresso, como se o Primeiro-Ministro fizesse publicar um Orçamento Rectificativo sem votação na Assembleia da República e a respectiva promulgação do nosso Presidente. Os portugueses sabem os efeitos de uma gestão inconsequente da coisa pública.

Como se tal não bastasse, as decisões do Supremo Tribunal Federal, em que 8 dos 11 juízes foram nomeados por Silva/Rousseff, têm sido esmagadoras ao refutar todos os pedidos da base governamental, sendo o resultado habitual 8-2, um verdadeiro Brasil-Alemanha.

O mito da seriedade, honestidade e honradez de Dilma Rousseff

1) Comece-se pela tão propalada “defesa da democracia”. A Srª Dilma Rouseff foi membro de uma organização terrorista denominada Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR). A essa verdade já de si preocupante, adiciona-se a meia-verdade de que a VAR lutava pelo fim da ditadura militar; a outra meia-verdade convenientemente ocultada é que o grupo defendia uma ditadura do proletariado conforme os seus companheiros Fernando Gabeira e Eduardo Jorge (ex-deputados federais) várias vezes o confirmaram e não um democracia nos moldes Ocidentais. Alguém com dois neurónios considera Camilo Mortágua um democrata?

2) Equivalente à plataforma DeGóis, existe no Brasil a plataforma Lattes de curricula. Até ser descoberta, Dilma Rousseff tinha no seu CV a informação de que possuía mestrado e doutoramento em Economia,títulos que de facto não tem. Geachte heer Dijsselbloem, je bent niet alleen… (Sr Dijsselbloem, não está sozinho…)

Concomitantemente às funções de Ministra de Minas e Energia (de que se dizia expert) e da Casa Civil, a Srª Rousseff foi Presidente do Conselho de Administração da Petrobras. A sua assinatura está em todas as nomeações corruptas bem como na compra de refinarias por 30 vezes o seu valor de mercado, de tal forma podres e enferrujadas que uma delas era chamada de “Ruivinha” pelos engenheiros da empresa.

Todavia, o facto socialmente mais grave prende-se com o aumento de capital realizado pela companhia em 2010, “a maior capitalização bolsista do mundo” (Luís Inácio) em que a título excepcional foi autorizada a utilização do Fundo de Garantia do Trabalhador para compra de acções. Acções de uma empresa que era diariamente e criminosamente sangrada através de contratos sobrefacturados. Um verdadeiro esbulho à classe trabalhadora para encher os cofres partidários e dos companheiros operacionais do esquema.

Sobre a Petrobras, a Srª Rousseff apenas não é investigada, pois de acordo com o artigo 86º da Constituição “§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções”. No entanto, Rodrigo Janot, o Procurador-Geral da República (PGR), já comunicou que situações relacionadas com a Petrobras poderão vir a ser investigados no futuro, i.e., assim que decorra a destituição.

3) Como é possível alguém que falsifica as contas do Estado e “faz o Diabo para ganhar uma eleição” ser considerada séria?

O mito de que querem acabar com a Lava Jato

“Acusa os teus adversários daquilo que fazes”, já dizia Lenine (mais uma vez).

Hoje, o maior interessado em parar com as investigações da Lava Jato é claramente o “Partido” dos “Trabalhadores”, quanto mais não seja pelo receio de que o Grande Líder seja finalmente preso e vá fazer companhia a todos os dirigentes e quadros da organização que já estão condenados.

Tanto é assim que o PGR decidiu abrir uma investigação à Srª Rousseff e a Luís Inácio Silva por obstrução à Justiça — o mesmo crime que fez cair Nixon –, sendo acusados de “articulações espúrias para influenciar o andamento da Operação Lava Jato”, nomeadamente com a nomeação de Marcelo Navarro para o Supremo Tribunal de Justiça com vista à libertação do patrono Marcelo Odebrecht.

Curiosamente, os meios de comunicação social português ignoraram este facto, preferindo os fait divers em torno da idade de Marcela Temer. Mass media portugueses, lavam mais branco…

Obstrução à Justiça é motivo de acusação com vista a afastamento do Presidente. Artigo 85º “II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação”.

A propósito de Luís Inácio Silva, o PGR é contundente: “Essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Lula dela participasse. Nesse sentido, foram os diversos relatos dos colaboradores e os próprios diálogos interceptados”.

O mito da eminência de um golpe militar – Meus caros, estamos em 2016 (precisam de um calendário?), o bloco soviético já foi. Alguém de bom juízo acha que noutros tempos Chavéz/Maduro se teriam aguentado todos estes anos?

Apesar das tentativas de controlar a internet com o “Marco Regulatório”, as redes sociais tornaram-se numa arma capaz de derrubar qualquer tentativa que possa colocar em causa a democracia no Brasil, foi assim que o regime cripto-totalitário que se estabeleceu a partir de 2003 foi derrubado e novas tentativas cairão. Para mal dos Bolsonaros e de Glauber Rocha (que dedicou o seu voto ao terrorista Carlos Marighella) estamos em 2016, não nos 1960.

É mais provável o cronista Daniel Oliveira votar CDS a dar-se um golpe militar. Falando em golpes continuo à espera do tal governo de coronéis na Grécia que as mesmas pessoas diziam ser eminente em 2010…

E agora o que vem?

Sempre fui da opinião que o Brasil tem dois obstáculos à exploração das suas capacidades: FIESP e PMDB. Como ao contrário da grande maioria dos comentadores e cronistas da comunicação social portuguesa eu não tenho bandidos de estimação, no qual se inclui o McTavarichismo (Tavarich = camarada em russo), estas duas entidades continuam na minha óptica a ser dois problemas sérios para o país.

A FIESP, Federação das Indústrias de São Paulo, sempre foi um dos grandes entraves ao real desenvolvimento económico do Brasil por representar o que de pior existem em certo tipo de empresariado: teoricamente defendem o liberalismo, porém vivem a chorar ajudas de Estado — sejam elas do tipo que sejam — e de proteccionismo alfandegário. Aqui assentam as razões pelas quais a industria brasileira é anacrónica, mas com altas taxas de rentabilidade e o motivo pelo que, aviões à parte, o Brasil exporta basicamente grãos e minério de ferro juntamente com alguns automóveis saídos dos anos 1990 para países de terceiro mundo.

No campo político, o PMDB, que enquanto MDB foi fundamental para a transição democrática, representa na actualidade um sindicato de fortes interesses estaduais, uma espécie de Grémio de Caciques que tendem a não concorrer à Presidência da República para evitar atritos entre os seus membros. Não é por acaso que é o Partido com o maior número de elementos no Congresso e no Senado e mesmo assim não apresenta candidato presidencial próprio. É ao PMDB que em grande medida o chamado presidencialismo de coalizão tem interessado, um sistema político que representa a quinta-essência da ineficiência da gestão pública.

Ao PMDB claramente não interessa estar na cara do poder Federal, coloca-o no foco à escala internacional. As vezes que assumiu o poder da União têm-se tratado de inevitabilidades com o objectivo de preservação do poder que de facto lhes interessa, o estadual/local. Assim aconteceu com a destituição de Collor após o confisco da poupança dos brasileiros e agora com a Srª Rousseff com a sua contabilidade destrutiva que trouxe uma crise sem precedentes.

Infelizmente, esses dois problemas — FIESP e PMDB — restam por resolver e assim ficarão por algum tempo. O justo seria claramente a marcação de novas eleições gerais; todavia, existem situações em que o justo/certo é a pior coisa que se pode fazer. O Brasil precisa de tempo para deixar a Justiça funcionar, para que aqueles que são investigados possam ser inocentados ou declarados réus e com isso afastados do poder e os que ainda não foram apanhados o sejam. As eleições apenas interessam a quem tenta desesperadamente arranjar um foro privilegiado ou a Marina Silva. Além disso, junta-se um problema Constitucional, a periodicidade das eleições é cláusula pétrea e “periodicidade” não é o mesmo que “regularidade”.

Este é o tempo para se arrumar a casa depois que o golpe totalitário executado quase-estaticamente numa primeira fase (2003-2011) e que nos últimos cinco anos assumiu a sua face mais descarada foi desmantelado. Não se pense que é coisa pouca: de um presidencialismo de coalizão, passou-se para o presidencialismo de corrupção; na lógica do dividir para reinar apostou-se na fragmentação partidária tendo-se hoje 25 partidos no congresso (!) que complicam a aprovação de decretos urgentes sem dar algo em troca; a destruição de uma política séria de relações internacionais que se voltou para a cooperação com ditaduras e regimes populistas totalitários que são financiados à custa dos contribuintes brasileiros; um governo inchado com 30 mil cargos comissionados; um país com rating de lixo; estados com salários em atraso; uma Petrobras falida; tentativas de controlo da comunicação social (o “Partido da Imprensa Golpista”) e asfixia democrática com os patrulheiros das caixas de comentários; das narrativas propagandistas e mais de 10 milhões de desempregados.

Com um cenário dantesco desta magnitude, com esta rota para a venezualização ou para a distopia da “Quinta dos Porcos” que foi traçada desde 2003, é impossível pensar em grandes milagres nos próximos anos.

Em muitas situações, o actual presidente teve que ceder a partidos para garantir o apoio em medidas que precisam ser adoptadas, pelo menos enquanto a sua nomeação não for definitiva. Costumam dizer-se que a política é a arte do possível, então espero ardentemente que Michel Temer conseguia fazer as pontes que dêem o respaldo político para que, sem providencialismos, Henrique Meirelles e a sua equipa tratem de colocar a casa em ordem, limpar o Brasil do pesadelo recente e colocá-lo numa situação em que o governo que assuma em 2018 possas tratar dos restantes problemas, trabalho certamente não faltará.

Se no fim tiver sido do nível de Itamar Franco, o governo de Temer já será mais do que bom.



20 de maio de 2016
in orlando tambosi

LULA CONCEDE ENTREVISTA A ESBIRROS DA DITADURA E DIZ MAIS SANDICES

O ex-presidente diz boçalidades à Telesur, a televisão do regime assassino de Nicolás Maduro. Aquele é o seu horizonte utópico

E Lula continua firme em sua parceria com ditaduras. Em entrevista à TV venezuelana Telesur, um mero aparelho da tirania de Nicolás Maduro, o ex-presidente brasileiro voltou a falar que pode ser candidato à Presidência em 2018. No seu delírio, diz que faria isso para “evitar a destruição das políticas de inclusão social”. Como se alguém tivesse tal intenção…

Apesar de admitir a possibilidade, diz trabalhar para lançar alguém mais jovem, já que está com 70 anos. É mentira, né? Num concurso para eleger o homem mais lindo do mundo, não tenho dúvidas de que Lula pensaria em Lula como candidato. Também o mais inteligente. O mais sensual. O mais generoso. O mais competente.

Lula se acha, em suma, o mais Lula do mundo!!!

Na conversa com a TV da ditadura venezuelana, o petista acusou o presidente interino, Michel Temer, de atuar como se fosse definitivo e disse que esse governo “virará as costas para a América do Sul” e não quer “enxergar os BRICs”.

O chefão petista afirmou ainda que o discurso do novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, na cerimônia de posse, é o da “elite brasileira” e de quem “não gosta de pobre, de negro ou de tratar os do andar de baixo com igualdade de posição”.

Tudo o que Lula diz é puro lixo moral. Não por acaso, concede entrevista à emissora oficial de uma país que está sob estado de emergência, com as Forças Armadas nas ruas, tendo de controlar a população na porrada. Falta tudo hoje na Venezuela: democracia, leis, comida, papel higiênico, energia, serviços públicos. O país está no fundo do poço.

O Brasil não enveredou pelo caminho da Venezuela porque nossas instituições não permitiram, mas era o horizonte do PT. Tanto é assim que a mais recente resolução do partido elogia países do continente que teriam completado o ciclo do que eles chamam “progressismo”. Trata-se, obviamente, de uma referência à ditadura venezuelana.

Vale dizer: se você quer saber qual é o horizonte utópico dos petistas, olhe para a Venezuela.


20 de maio de 2016
Reinaldo Azevedo, Veja

DILMA ROUSSEFF NÃO ESTÁ RECEBENDO O TRATAMENTO ADEQUADO E PODE PIORAR

Estado de saúde Dilma é grave e exige cuidados especiais

Que se trata de uma psicose grave, nós já havíamos advertido aqui logo após a reportagem da revista IstoÉ. Que as únicas indicações clínicas para o uso de Olanzapina são a mania furiosa, ou a esquizofrenia, também já havíamos dito. Também a Quetiapina só é indicada para os mesmos fins, embora seja menos eficaz do que a Olanzapina, mas pode ser tentada em casos que a Olanzapina não está surtindo o devido efeito.

Ocorre que não basta utilizar antipsicóticos, que aliás precisam ser bem dosados pessoa a pessoa. É necessária a intervenção ao menos semanal de um psiquiatra para acompanhar a evolução e mostrar, na medida do possível, através do diálogo, a realidade para um paciente que está delirante. Em muitos casos, quando não respondem bem a esses cuidados, só mesmo a internação com cuidados intensivos de equipe multiprofissional, até porque há risco do paciente em doença franca cometer atos impensados que põem em risco a própria vida e a de terceiros, além de atitudes vexatórias, que acabam derrubando mais a autoestima do paciente, que apesar de doente, sempre está lúcido.

REMÉDIO PERIGOSO


Mais grave disso tudo é a indicação de Midazolan para a presidente Dilma. Midazolan é um medicamento derivado do grupo do Diazepam, mas é um medicamento extremamente perigoso porque provoca dependência (como todos os medicamentos do grupo do Diazepam). Também causa tolerância, o que significa que há sempre necessidade de aumentar a dose para fazer efeito, podendo chegar à intoxicação ou provocar, dado sua vida curta, mesmo em pacientes que tomam altas doses, uma síndrome de abstinência, com convulsões incessantes, perda da consciência, necessidade de cuidados neurológicos em CTI.

E, se recuperado o paciente, terá esse a maior dificuldade de usar outro medicamento do grupo para que faça efeito porque os demais medicamentos são muito mais fracos na indução do sono.

CONTRAINDICAÇÃO


O pior é que, em tratamento de psicose, que é o caso, os medicamentos benzodiazepínicos (derivados do diazepam) não são indicados para induzir o sono, porque têm eficácia duvidosa em psicóticos, podem provocar delírios.

Os medicamentos para induzir o sono em psicóticos são os derivados fenotiazínicos, o mais comum e pioneiro é a Clorpromazina (Amplictil), em doses que variam de 50 a 150 mg. tomados à noite, e outros dos seus derivados, como a Levomepromazina (Neozine),

Pipotiazina (Piportil), Tioridazina, que é excelente (Melleril), em doses de 50 a 200 mg. por dia tomados à noite, entre outros do mesmo grupo. Jamais o Midazolan (Dormonid).

Para que os tribunários tenham uma compreensão de quão perigoso é o Dormonid, eu tenho na praça e pode ser comprado pela internet, três edições do meu livro “Psicofarmacologia Aplicada à Clínica”. As livrarias oferecem à venda tanto a segunda edição quanto a terceira, que foi publicada em 2000 – o que fica sem sentido comprar a segunda edição.

Pois bem. O Dormonid (Midazolan) é tão perigoso que resolvi, apesar de esgotar o estudo de todas as drogas psiquiátricas em meu livro, suprimir qualquer informação sobre o Midazolan (Dormonid). Simplesmente bani este medicamento de meu livro. Escrevi como se o Dormonid (Midazolan) não existisse, para evitar que psiquiatras meus leitores receitem este perigoso e até mortal medicamento.

SONAMBULISMO

O Midazolan pode provocar, e é muito comum, um tipo de sonambulismo, onde o indivíduo levanta da cama, come coisas bizarras que acordado ele repudiaria, sai de casa para beber bebidas alcoólicas e volta para a cama e no outro dia não se lembra de nada, e há caso na literatura de uma senhora, usuária de Dormonid (Midazolan), amorosa com seu esposo e dona de casa exemplar, com o uso de Dormonid (Midazolan) tinha estes episódios similares ao sonambulismo e levantava à noite, com a consciência entorpecida, e passava a manter relações sexuais com vaqueiros, empregados de seu marido, do que não se lembrava de ter feito pela manhã ao acordar. Foi com o auxílio de alguém que uma vez presenciou o fato que estes atos foram descobertos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O Dr. Ednei Freitas é um dos mais notáveis psiquiatras/psicanalistas do país, com diversas obras publicadas, inclusive pesquisas de alcance internacional, notadamente seus estudos sobre a chamada “segunda memória”. (C.N.)


20 de maio de 2016
Ednei Freitas

QUASE UMA CIDADÃ COMUM

Uma das maneiras mais seguras de perder tempo, daqui para a frente, será prestar atenção no que Dilma vai dizer enquanto sua situação legal não ficar tecnicamente definida

Deixa de fazer parte do linguajar político do momento, por desaparecimento de propósito prático, a expressão “não vai ter golpe”, uma das mais utilizadas pelo sistema de comunicação e propaganda do governo desde o início do processo de impeachment da presidente da República. 

O que passou a vigorar no mundo das realidades, desde a manhã do dia 12 de maio, é que não vai ter Dilma. Os 5 quilômetros que separam o Palácio do Planalto, onde governava oficialmente o Brasil, e o Palácio da Alvorada, onde não está claro o que poderá fazer de útil até seu julgamento final pelo Senado, formam um trajeto que não oferece a opção de volta. 

Decorridos no máximo 180 dias, a presidente ora afastada estará apta a retomar sua existência como cidadã comum. Sua ­influência na vida pública brasileira, a partir de então, estará limitada ao título de eleitor e ao direito de acrescentar um voto à soma final da apuração a ser computada nas próximas eleições municipais, como é o caso para a grande maioria de todos nós.

Uma das maneiras mais seguras de perder tempo, daqui para a frente, será prestar atenção no que Dilma vai dizer enquanto sua situação legal não ficar tecnicamente definida. 

A observação se justifica porque Dilma permanecerá na mídia escrita, falada, televisada e digitalizada na tela dos celulares, computadores e onde mais for possível que seu nome apareça. 

Qualquer pessoa menos atenta, dessa forma, pode ficar com a impressão de que a presidente afastada continua desempenhando um papel importante nos rumos da nação — se está presente todo santo dia nos meios de comunicação, seus movimentos devem ter alguma relevância, não é mesmo? Não, não é — o que torna perfeitamente dispensável o trabalho de ouvi-la. 
Dilma, para todos os efeitos práticos, não é mais presidente; é apenas afastada. 
Já há um bom tempo, na verdade, ela só tem existido na mídia — se a imprensa não falasse dela, nada de notável iria mudar. 

No momento de sua saída, não tinha um ministério, não tomava nenhuma decisão, não assinava nenhum documento relevante; chegou perto da perfeição, nessa inércia surrealista, ao nomear­ e exonerar o ex-presidente Lula do cargo de ministro da Casa Civil sem que ele tivesse conseguido dar nem mesmo 1 hora corrida de expediente. Assim continuará até o fim de seu estágio no Alvorada.

É perfeitamente previsível, na presente situação, que apareçam notícias, análises e comentários sobre o “ministério paralelo” que, segundo anunciam alguns assessores, vai acompanhá-la em seu novo local de atividades. Mas o que se pode esperar de uma coisa dessas? 
Se Dilma não produzia o mínimo resultado com os ministros constantes do Diário Oficial, que diabo vai fazer de concreto com esses ministros paralelos, cuja capacidade de decidir é 100% nula? 
Há também a promessa de viagens internacionais em que Dilma faria denúncias contra o “golpe” — e, com isso, deixaria o governo Michel Temer numa situação delicadíssima perante a comunidade das nações. 

O que não se sabe é quais são os chefes de Estado, de partidos e de organismos mundiais, em carne e osso, que vão recebê-la em tais viagens. 
Que decisões podem tomar em relação ao Brasil? Vão retirar os embaixadores ou promover um boicote econômico? Vão juntar-se a Dilma para entrar com um processo contra Temer no Tribunal Internacional de Haia? 

Tudo isso só vai existir, é claro, nas páginas e nos programas dos meios de comunicação; no plenário do Senado Federal, onde estão os votos para o único julgamento que interessa, o efeito será zero. (Não conta ponto, nessa ofensiva estratégica, ser recebida pelos presidentes de Venezuela, Bolívia e outros do mesmo gênero.)

Estão abertos os cálculos para determinar por quanto tempo, ainda, Dilma terá algum interesse real para Lula, o PT e quem está hoje indignado com sua partida. A vida segue.

20 de maio de 2016
Revista Exame
J.R.Guzzo, Veja

DILMA ROUSSEFF E O PT EM PLENO VENDAVAL. A FOTO QUE REGISTRA O FRACASSO DE UM PROJETO DE PODER...


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Os treze anos do PT no poder terminam assim, com essa espetacular queda de Rousseff  (e, portanto, de seu mentor Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva) e em uma perda enorme de adeptos.

O que se joga hoje no Brasil é de importância capital para a democracia representativa não só do Brasil, senão do continente americano e do mundo.

Dilma Rousseff não suporta a realidade de seu processo de destituição. Não admite que tenha sido suspensa de funções legitimamente pelo poder legislativo de seu país. Não concebe que esse poder lhe reprove haver cometido graves delitos. Não aceita outra condição diferente à de vítima inocente. Não agüenta que lhe provem que foi posta fora do jogo por falsificar as contas do Estado, em uma tentativa para fazer os brasileiros acreditarem que sua gestão econômica era impecável. Não tolera que lhe cobrem ter encoberto os déficits orçamentários de seu país e ter dissimulado a crise criada por seu falso “Estado de bem-estar” levando às arcas públicas, sem permissão do Congresso, dinheiros emprestados pelos bancos estatais.
Dilma Rousseff, de 68 anos, não admite que foi defenestrada (embora seja provisoriamente e por até 180 dias, enquanto é julgada definitivamente pela Câmara Alta), e que perdeu a confiança dos brasileiros, por ter também jogado provavelmente um papel central no tremendo caso da Petrobras, que a imprensa internacional descreve como “o maior escândalo de corrupção político-econômico da história da América Latina”. Trata-se, com efeito, de um affaire descoberto há dois anos. Seu montante poderia ser de mais de 2.000 milhões de dólares. Este processo dará muito o que falar pois, além disso, o Supremo Tribunal Federal acusa a presidente suspensa de obstrução da justiça por sua atitude ante o assunto. O índice atual de favorabilidade de Rousseff, segundo as pesquisas, é de apenas 10%.
Para esquivar a humilhação de se ver destituída por essas razões, por ter faltado com seu dever de chefe de Estado, Dilma Rousseff monta um show patético. Ameaça o país com seis meses de tumultos e violências de rua: “A população saberá dizer não ao golpe”. Ela acusa os outros, seus ex-aliados, e cospe sobre seu juiz natural, o poder legislativo. Diz que eles, o Senado e a Câmara dos Deputados, orquestraram “um golpe” [de Estado] contra ela, um “golpe moderno” e “inconstitucional” destinado, diz, a satisfazer os mais baixos instintos “da direita” e do “fascismo”, pois querem tirar ela e o Partido dos Trabalhadores do poder para matar o povo de fome: “O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos, os ganhos das pessoas mais pobres e da classe média”.
A responsável pela atual recessão econômica diz que os delinqüentes são os outros. Ela é inocente e as maiorias que a destituíram são vis “inimigos do povo”. E reitera: “O que está em jogo é o respeito às urnas, à vontade soberana do povo brasileiro e à Constituição”.
Dilma não quer aceitar que a esquerda que ela representa no continente pode cair na lama da grande desonestidade, que pode ser corrompida e corruptora e que pode ser ladra. Essa esquerda é, segundo ela, sempre límpida, honesta, pacífica e desinteressada. É o que quer que acreditemos. Na realidade, o que os congressistas brasileiros estão provando é que, pelo contrário, essa esquerda é lamentável, e pior, é depravada, sem coragem e sem valores. A credibilidade da esquerda latino-americana cai de novo pelo caso de Rousseff.
O processo de impeachment em curso prova que ter levado a presidência de um grande país uma ex-guerrilheira que nunca se arrependeu de seus crimes, não é jamais um ato banal, que pode acabar de forma satisfatória para as maiorias, para a economia e para as instituições democráticas. Essa é uma lição importante que deve ser aprendida sobretudo pelos colombianos, no momento em que desde a cúpula do governo se quer impor ao país, arbitrariamente, a impunidade e a liderança política de criminosos endurecidos, os chefes das FARC.
Certos analistas pró-PT sugerem que o processo de impeachment foi uma conspiração de uns poucos. Na verdade, foi o resultado de mobilizações populares de grande amplitude contra o governo. As maiorias respaldam de fato esse processo. 61% dos brasileiros é a favor do impeachment de Rousseff. Sem esse apoio massivo tal evolução não teria sido possível.
Os treze anos do PT no poder terminam assim, com essa espetacular queda de Rousseff (e, portanto, de seu mentor Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva) e em uma perda enorme de adeptos. Salvo um espetacular retorno à situação anterior, esse experimento termina com o fracasso do capítulo melhor obtido até agora na longa aventura da esquerda continental. O do PT foi muito mais importante do que a catástrofe violenta e depredadora do castrismo em Cuba, mais que o convulsivo governo de Salvador Allende, mais do que a dramática destruição da Venezuela, vítima de um Chávez que acabou com as liberdades e saqueou os recursos de seu próprio país para sustentar, por razões ideológicas, a ditadura agônica de Cuba. 
Os governos de Lula e de Rousseff foram o máximo êxito da esquerda do hemisfério. Nunca antes essa corrente havia chegado tão longe. O de Cuba é apenas um avatar, sangrento e expansionista, mas de pouco valor estratégico por aparecer como um regime detestável e não viável. A chegada ao poder do lulo-petismo no Brasil, e sua permanência no Palácio do Planalto durante 13 anos, foi o autêntico triunfo, se tem-se em conta o grande peso demográfico, econômico e geo-político do Brasil. 
A plataforma assim montada nesse país reforçou todos os grupos e projetos anti-liberais das diferentes frações de esquerdas do hemisfério, desde as mais moderadas até as mais violentas, como a das FARC na Colômbia. Não é por casualidade que a seita internacional subversiva mais perigosa do continente, o Foro de São Paulo, tenha sido fundada no Brasil por Lula e Fidel Castro.
Esses bandos, grupos e partidos foram nutridos pelas estruturas de corrupção do PT, onde se cruzam dinheiros opacos dos governos chavistas, junto com dinheiros mal havidos do PT. Tudo isso, no episódio da Lava Jato está sendo investigado. Para tratar de frear tal dinâmica, o PT acode aos organismos “amigos”, inventados pelo chavismo como UNASUL, MERCOSUL, PARLASUL e TELESUL. Todos estão iracundos e no plano de luta para salvar o que resta.
O que se joga hoje no Brasil é de importância capital para a democracia representativa não só do Brasil, senão do continente americano e do mundo. Em seis meses saberemos se o horrível pesadelo criado pelo castro-comunismo no continente perde realmente terreno em benefício da economia de mercado e das idéias democráticas tão atacadas hoje.
20 de maio de 2016
EDUARDO MACKENZIE
Tradução: Graça Salgueiro

GRÃ-BRETANHA? MODERADOS? COMO É QUE É?




Ouve-se com frequência acerca da "maioria moderada muçulmana". A cada ataque terrorista, os políticos nos dizem que "a maioria moderada dos muçulmanos condena veementemente esses ataques". Passada a comoção, cronistas e especialistas aparecem para ressaltar: "é óbvio que a ampla maioria dos muçulmanos é moderada". Mas será que é verdade? Será que a ampla maioria dos muçulmanos é realmente "moderada"?
Uma série de fatores indica que talvez não seja bem assim –– o que mais salta aos olhos é a questão repetidamente revelada pelas pesquisas de opinião. Recorrentemente os resultados das pesquisas de opinião no mundo ocidental, isso sem falar do Oriente Médio e do Norte da África, mostram um quadro completamente diferente da esmaecida imagem de "maioria moderada".
Verdade seja dita, essas pesquisas não raramente podem mostrar que, por exemplo, apenas 27% dos muçulmanos britânicos nutrem "certa simpatia no tocante à motivação que está por trás dos ataques do ano passado" à redação da revista satírica francesa Charlie Hebdo. Realmente, trata-se somente de 13 a 14 dos muçulmanos britânicos que simpatizam com o esquadrão de caça aos blasfemadores. Em outras ocasiões, como no recente caso na Grã-Bretanha de uma pesquisa de opinião da ICM encomendada pelo Channel 4, constatou-se que a maioria dos muçulmanos mantém pontos de vista que a maioria dos britânicos discordaria. 
Por exemplo, a pesquisa de opinião da ICM acima citada constatou que 52% dos muçulmanos britânicos sustentam que a homossexualidade deveria ser ilegal. É uma porcentagem impressionante. Não que 52% dos muçulmanos britânicos digam que a homossexualidade "não seja a praia deles" ou que "não compactuem totalmente com o casamento gay", mas que 52% dos muçulmanos britânicos acreditam que a homossexualismo deveria ser transformada em crime perante a lei.
Mas é o que ocorre depois que emergem os resultados de pesquisas dessa natureza que realmente faz pressão sobre a ideia de "maioria moderada". Primeiramente, é claro, sempre há aquela tentativa de distorcer, para formar uma imagem positiva do resultado dos levantamentos. Por exemplo, quando da divulgação da pesquisa de opinião após o ataque ao Charlie Hebdo no ano passado, a BBC (que encomendou a pesquisa), a veiculou com a manchete: "maioria dos muçulmanos britânicos se opõe a represálias às caricaturas de Maomé". 
Embora verdadeira, não é o aspecto mais impactante do levantamento. Mas o que ocorre a seguir que é mais revelador e verdadeiramente coloca em dúvida se realmente estamos lidando com uma "maioria moderada" ou de maneira honesta, com uma "minoria moderada". Isto porque sempre que saem os resultados, praticamente toda a comunidade muçulmana, incluindo quase todos os muçulmanos que trabalham na mídia e todos os grupos autonomeados "líderes da comunidade muçulmana" tentam provar que a pesquisa é fraudulenta. 
Foi o que aconteceu quando da publicação da pesquisa da ICM no Reino Unido, bem como em todas as pesquisas anteriores. Com a exceção de apenas um ou dois destacados dissidentes muçulmanos, todas as vozes muçulmanas da mídia e todos os grupos muçulmanos resolveram não dar atenção às revelações da ICM, a não ser colocar de lado a validade, metodologia e até a motivação da pesquisa. Isto é profundamente revelador.
Neste caso vale a pena fazer um exercício de raciocínio. Qualquer que seja a comunidade de onde você venha, imagine qual seria sua reação se uma pesquisa como a da ICM sobre os muçulmanos britânicos tivesse sido publicada sobre qualquer comunidade a qual você se sinta membro. Imagine que você é um judeu e que foi publicada uma pesquisa dizendo que a maioria dos judeus em seu país quer fazer com que ser gay seja criminalizado. 
Qual seria a sua primeira reação? Tenho a impressão que a maioria dos judeus ficaria profundamente constrangida. Logo após a reação inicial, você provavelmente se poria a imaginar o que poderia ser feito para mudar este terrível resultado da estatística. 
É possível que se você não conhecesse ninguém da sua religião que acreditasse que a homossexualidade devesse ser criminalizada e que nunca tivesse ouvido algo semelhante (ou uma pesquisa de opinião anterior que indicasse algo assim), você viesse a questionar a credibilidade ou a metodologia do levantamento. Mas se esse não fosse o caso, você provavelmente suspiraria e imaginaria o que poderia ser feito para que as coisas melhorassem. Se você soubesse que os levantamentos são confiáveis, por qual razão você tentaria desacreditar as revelações?
Na mesma linha, se amanhã fosse publicada uma pesquisa de opinião sobre britânicos de pele branca de criação cristã no Reino Unido, eu teria interesse em saber os resultados. Se ela revelasse que 39% dos cristãos britânicos acreditam que as esposas deveriam sempre obedecer seus maridos (conforme o levantamento da ICM revelou que os muçulmanos britânicos acreditam), eu colocaria as barbas de molho. 
Se ela também constatasse que cerca de 14 (23%) dos britânicos de origem cristã quisessem que determinadas regiões do Reino Unido abandonassem a lei do país e adotassem alguma "interpretação" literalista da Bíblia, eu ficaria mais preocupado ainda.
Obviamente nenhuma dessas possibilidades tem a menor chance de acontecer. Mas digamos que sim. Qual seria a minha primeira reação? A primeira seria ficar cabisbaixo e profundamente envergonhado. E eu ficaria um tanto mais cabisbaixo e envergonhado ainda se as revelações não constituíssem nenhuma surpresa para mim. 
Se eu sempre soubesse que a minha "comunidade" guardava no coração visões dessa natureza e se uma pesquisa de opinião revelasse essa realidade, eu ficaria profundamente envergonhado porque agora todo mundo do país saberia o que eu já sabia há tempos.
O que é mais interessante ainda, é que quando aparecem pesquisas de opinião dessa natureza em relação aos muçulmanos britânicos, elas nunca, jamais, dão a entender que há alguma introspecção dessas. Não há vergonha nem preocupação, somente ataques. 
Se realmente houvesse uma "maioria moderada", então se saísse uma pesquisa revelando que 14 da comunidade quer primordialmente mudar a lei do país e viver sob a Lei Islâmica (Sharia), os outros 75% dedicariam seu tempo tentando mudar a opinião daqueles 25%. Mas não, cerca de 74% dos 75% que não estão a favor da sharia passam o tempo cobrindo aqueles 25%, atacando o instituto de pesquisas que fez os levantamentos. É um pequeníssimo sintoma de um problema bem mais abrangente, cujas repercussões as nossas sociedades mal começaram a encarar.

CARTEL NA VALEC: QUASE TODAS AS LICITAÇÕES DA NORTE-SUL EM GOIÁS FORAM FRAUDADAS

PROCURADORIA CHEGOU À CONCLUSÃO APÓS ANÁLISE DE OBRAS DESDE 2009
PROCURADORIA CHEGOU À CONCLUSÃO APÓS ANÁLISE DE OBRAS DESDE 2009


Praticamente todas as licitações das ferrovias Norte-Sul e Interligação Oeste-Leste no Estado de Goiás a partir de 2001 foram fraudadas por um cartel de empreiteiras que pagava propinas a funcionários da Valec, estatal do setor ferroviário responsável pelas obras. 
A conclusão é da Procuradoria da República em Goiás, que investiga os empreendimentos desde 2009 e, com o apoio da Lava Jato, que descobriu um conluio de empreiteiras na Petrobras, fechou acordos de leniência e de delação premiada com a Camargo Corrêa e executivos.

Com as informações da Lava Jato, o Ministério Público Federal em Goiás apresentou nova denúncia contra oito envolvidos no esquema de corrupção envolvendo as obras ferroviárias, incluindo o ex-presidente da Valec José Francisco das Neves, o Juquinha.

A Camargo Corrêa e executivos admitiram ilícitos nas obras, aceitaram devolver R$ 75 milhões e entregaram um "mapa" do cartel envolvendo a Norte-Sul e a Leste-Oeste, as principais obras ferroviárias do País.

O MPF e a Polícia Federal em Goiás também identificaram ao menos 10 licitações dos trechos das duas ferrovias da Valec que teriam sido fraudadas pelo cartel e tiveram um superfaturamento de mais de R$ 236 milhões, desde 2001.


Para o procurador Hélio Telho Corrêa Filho, autor da denúncia, o conluio das empreiteiras nas várias licitações ocorreu "com o beneplácito e a efetiva participação da diretoria da Valec, em especial do seu então presidente, José Francisco das Neves, e do seu Diretor de Engenharia, Ulisses Assad, que atuaram para beneficiar as empreiteiras e serem por elas recompensados com vantagens ilícitas (propina)".

A denúncia é um desdobramento da operação "O Recebedor", deflagrada no dia 26 de fevereiro a partir das informações da colaboração da Camargo Corrêa e que cumpriu 44 mandados de busca e apreensão e sete de condução coercitiva em Goiás e em mais seis Estados. A acusação está sob análise da 11ª Vara Federal de Goiás, onde também foi homologado o acordo de leniência da Camargo referente às obras da Valec.

A reportagem não localizou Ulisses Assad e a Valec não havia se manifestado até a publicação da reportagem. O advogado Heli Dourado, que foi denunciado junto com seu cliente, José Francisco das Neves, disse que ainda não foi notificado sobre as acusações e deve apresentar defesa assim que tomar conhecimento do caso.



20 de maio de 2016
diário do poder

RELACIONAMENTO ESTREITO: TEORI INCLUI PROVAS DA PROXIMIDADE ENTRE LULA E ANDRÉ ESTEVES EM DENÚNCIA

ESTEVES SERIA UM DOS PRINCIPAIS MANTENEDORES DO INSTITUTO LULA

ESTEVES SERIA UM DOS PRINCIPAIS MANTENEDORES DO INSTITUTO LULA


O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), mandou incluir na denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva novas provas que demonstram a proximidade do petista com o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual. Ambos são acusados de participar da trama para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró.

A ordem de Teori inclui na denúncia trechos da delação premiada do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS), que também foi denunciado por envolvimento no mesmo caso. Delcídio afirmou, nos termos de colaboração, que Esteves é um dos principais mantenedores do Instituto Lula, responsável por organizar as palestras do ex-presidente.

De acordo com o ex-senador, a relação de Esteves com Lula se deve ao fato de o ex-presidente ter sido um dos principais apoiadores dos negócios do BTG, e que Lula era um "alavancador eficaz" de negócios para agentes econômicos no Brasil e no exterior. No pedido enviado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) a Teori, o procurador-geral Rodrigo Janot aponta o "relacionamento estreito" entre o banqueiro e o Instituto Lula.

"Embora isoladamente não constitua crime, (a proximidade) indica que o contexto das doações a que (Delcídio) faz menção é extremamente relevante para algumas investigações em curso, tanto em ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (especialmente a que trata de possível prática de crime de lavagem de dinheiro envolvendo o pagamento de suas palestras), quanto a relacionada à própria organização criminosa do Caso Lava Jato", afirma Janot.

Além de Lula, Delcídio e Esteves, também foram denunciados no mesmo procedimento o assessor do ex-senador, Diogo Ferreira, o ex-advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, o ruralista José Carlos Bumlai, e seu filho, Maurício Bumlai. Todos são acusados de tentativa de obstrução à Justiça ao tentar evitar que Cerveró fizesse delação premiada no âmbito da Lava Jato.

Na decisão, Teori também juntou o trecho da delação de Delcídio sobre Lula e Esteves no inquérito da Lava Jato que investiga parlamentares e operadores do esquema de corrupção por formação de quadrilha. Há um pedido pendente para que o ex-presidente também seja incluído neste inquérito.

As informações do ex-senador sobre o caso também foram atreladas às investigações no Supremo e na 13ª Vara Federal de Curitiba, conduzida pelo juiz Sérgio Moro, sobre o embandeiramento dos postos BR. O caso envolve, além de Esteves, o empresário Carlos Santiago, investigados na primeira instância, e o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL), que tem foro privilegiado.



20 de maio de 2016
diário do poder

O MUNDO POP DO GOLPE

O “exército do Stédile” estava perdendo a guerra da opinião pública e os que ainda insistem em falar em “golpe” trocaram os carimbados MST, CUT, UNE e MTST por uma tropa de elite: os artistas, que se misturam às mocinhas bonitas da classe média alta de Rio e São Paulo que ilustram as manifestações da Avenida Paulista e as capas dos jornais.

Como a turma do vermelho é a minoria da minoria, a estratégia petista é usar a transformação do Ministério da Cultura em Secretaria como pretexto para mobilizar os aliados do ambiente artístico, que acham chiquérrimo ser “de esquerda” e, a partir disso, defendem qualquer coisa. 

Os “movimentos sociais” dividem, mas o PT acha que esse “mundo pop” soma. É assim que artistas e assemelhados invadem prédios da área de Cultura, para ganhar espaço nas TVs e atrair simpatias entre os que não entenderam nada das pedaladas fiscais e caem na história do “golpe”.

Se ainda há dúvidas sobre por que Dilma Rousseff foi afastada, basta olhar o rombo das contas públicas: o governo dela admitia que era mais de R$ 90 bilhões e Henrique Meirelles e equipe – aliás, excelente equipe – já trabalham com quase R$ 200 bilhões. R$ 200 bi!

As pedaladas foram exatamente isso: Dilma gastou o que tinha e o que não tinha e, mesmo depois de estourar o Orçamento, continuou contraindo mais dívida, inclusive sem permissão do Congresso. Ou seja: ela “pedalou” para esconder o rombo, para continuar gastando mais e mais em políticas populistas e para se reeleger. 
É ou não crime de responsabilidade?

Aliás, há quem diga, principalmente nas Forças Armadas e na diplomacia, que um outro crime de responsabilidade de Dilma foi, e é, insistir na história do “golpe” no exterior. 
Para parlamentares, isso configura calúnia e difamações contra as instituições brasileiras: o Supremo, a Câmara e o Senado. 
Sem falar nos ataques do PT ao MP, à PF e à mídia, pilares da democracia.

Se faltava cutucar os militares, não falta mais, depois da Resolução do Diretório Nacional sobre Conjuntura em que os petistas lamentam não terem aproveitado os tempos de poder para modificar os currículos das academias militares e promover oficiais “com compromisso democrático e nacionalista”. Por em dúvida o compromisso democrático e até o nacionalismo de generais, almirantes e brigadeiros é um insulto às Forças Armadas.

Apesar de as três Forças terem mantido silêncio e distância da crise política, econômica e ética, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, não resistiu. 
Ontem, ele me disse que, com coisas assim, o PT está agindo como nas décadas de 1960 e 1970, aproximando-se do “bolivarianismo” de Cuba e Venezuela e “plantando o antipetismo no Exército”. 

Essa declaração de um comandante militar, convenhamos, não é trivial.

No próprio plano externo, a tese do golpe está ficando restrita aos próprios “bolivarianos”. Os Estados Unidos já se manifestaram em sentido contrário na Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Argentina e o Paraguai, entre outros, abortaram ameaças conjuntas contra o Brasil. Venezuela e seus seguidores podem ficar falando sozinhos.

Nicolás Maduro diz que há um golpe no Brasil, mas ele é que está na mira da OEA. O diretor-geral da organização, Luis Almagro, o chamou de “ditadorzinho”. 
Maduro reagiu dizendo que ele é “agente da Cia”. E, como Almagro foi chanceler do Uruguai, o ex-presidente Mujica tomou as dores: “Maduro está louco como uma cabra”.

Temos, pois, que Dilma anda mal de defensores. Os artistas farão manifestações inconsequentes internamente e Maduro tem de se preocupar mais com ele e com a OEA do que com o Brasil, enquanto Michel Temer toureia um Congresso rebelde e Henrique Meirelles tenta descobrir o tamanho do rombo e o fundo de um poço que parece não ter fim.



20 de maio de 2016
Eliane Cantanhede, O Estado de S.Paulo

AS PROVOCAÇÕES NÃO PARAM

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O Comandante do Exército, General Eduardo Villas Boas, reagiu com irritação à Resolução do Diretório Nacional do PT sobre Conjuntura, aprovada na última terça-feira, em que o partido, em meio críticas à própria atuação e ao governo Dilma Rousseff, incluiu um “mea culpa” por não ter aproveitado seus 13 anos no poder para duas providências em relação às Forças Armadas: 
modificar o currículo das academias militares e promover oficiais com “compromisso democrático e nacionalista”.

Com esse tipo de coisa, estão plantando um forte antipetismo no Exército”, disse o Comandante ao Estado, considerando que os termos da resolução petista - e não apenas às Forças Armadas - “remetem para as décadas de 1960 e de 1970″ e têm um tom “bolivariano”, ou seja, semelhante ao usado pelos regimes de Hugo Chávez e agora de Nicolás Maduro na Venezuela e também por outros países da América do Sul, como Bolívia e Equador.

Segundo o general Villas Boas, o Exército, como Marinha e Aeronáutica, atravessam todo esse momento de crises cumprindo estritamente seu papel constitucional e profissional, sem se manifestar e muito menos sem tentar interferir na vida política do país. Ele espera, no mínimo, reciprocidade. Além dele, oficiais de altas patentes se diziam indignados contra a resolução do PT. Há intensa troca de telefonemas nas Forças Armadas nestes dois últimos dias.

Eis o parágrafo da Resolução do PT que irritou o Exército, na página 4 do documento:
Fomos igualmente descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista; fortalecer a ala mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a distribuição de 5 verbas publicitárias para os monopólios da informação.


COMENTO:  promoções por motivações ideológicas nas Forças Armadas seriam tudo, o que os canalhas poderiam querer.  No Rio Grande do Sul, o ex governador onanista quis implementar essa sem-vergonhice na briosa Brigada Militar. Felizmente seu intento foi barrado pela Justiça. 
A submissão de currículos acadêmicos e dos sistemas de promoção aos desígnios do governante de plantão configuraria o completo abandono do compromisso das Forças Armadas para com a Nação (povo, território e cultura, não esqueçamos), transformando-as em milícias a serviço dos patifes.
Faço minhas as palavras do General Heleno:

Sobre o currículo das escolas militares, não serão os especialistas em educação do PT e congêneres, que destruíram a educação no país, que vão determinar mudanças em nossos estabelecimentos de ensino. A começar pelos Colégios Militares, modelares e invejados e chegando às Universidades Militares, em diferentes níveis, graduação, mestrado, doutorado e pós doutorado, seja no campo militar, seja no campo científico, não há o que modificar em nossos currículos e sim o que copiar. 

Primamos pela excelência, ética e absoluta ausência de preconceitos. Preservamos, em todas as crises, o Sistema Militar de Ensino, nosso orgulho, nosso cerne, nosso berço. 
Jamais seremos FA politizadas e, muito menos petistas. 
Vermelhinhos, se um dia voltarem ao poder, o que espero jamais aconteça, não se atrevam a tocar nesse vespeiro. Vão se arrepender amargamente, outra vez. Brasil acima de tudo!

20 de maio de 2016
Eliane Cantanhêde
in mujahdin cucaracha

CAI A MÁSCARA

ARTIGOS - CULTURA


Coisa triste de ser ver é a degradação de alguém a quem se tinha em certa conta. Mas quando isso toma a forma de uma queda de máscaras, converte-se numa sensação de libertação de fantasmas e de conhecimento sobre quem as pessoas realmente são.

Desde o começo do ano, segundo recordo de maneira rápida, Reinaldo Azevedo não teve muita cortesia em expor suas divergências com o professor Olavo de Carvalho em relação à atual crise política brasileira. 
Todavia, o dissenso logo se transformou em campanha selvagem de ataque e difamação por parte do blogueiro da Veja, culminando neste artigo lamentável, indigno de alguém que se pretenda sério.

Não procederei como deveria, decompondo o artigo e refutando suas teses porque isso é, a rigor, impossível. Não se podem refutar insultos vulgares, não se contra-argumenta o não-argumento. E disso se compõe quase todo o texto do “Tio Rei”, que já no título usa de um expediente infantil para atacar o filósofo e seus admiradores (só crianças acham que chamar alguém de “feio, sujo e malvado” é argumentar de maneira fulminante). Não faltam, claro, mentiras deslavadas, como a de que “a filosofia de Olavo de Carvalho foi amplamente refutada pela realidade” (Onde? Quando? Como? Por quem? Cadê as provas?), a de que ele “sempre defendeu uma intervenção militar” (criticou os intervencionistas várias vezes, tornando-se pouco querido por eles), de que “quase ninguém o conhece” (mesmo assim, é autor de best sellers e tem milhares de alunos e seguidores nas redes sociais, como pode isso?), “serve à candidatura de Jair Bolsonaro” (não sabe distinguir de uma análise da realidade política de uma torcida partidária, o porta-voz do PSDB?), ou de que “é movido por rancor, fel e melancolia” (isso era para ser roteiro de um filme de terror B?).

Entretanto, quero deter-me nesses dois últimos pontos. Sei que não é lá um bom método de proceder na análise de ideias ou do que quer que como tal se apresente, mas, tendo em vista o tipo de pessoa com quem estamos lidando, alguma incursão psicológica se faz necessária, além das inevitáveis considerações políticas.

Não é novidade para ninguém que o governo Dilma Rousseff começou a deteriorar-se pouco depois da reeleição da petista, com o estouro da crise e a revelação de que a situação econômico-financeira do país estava muito pior do que se imaginava. Três meses após a posse, correu a primeira grande manifestação popular contra o governo, seguida por outras alguns meses depois. A derrocada econômica, a crescente deslegitimação do poder petista, os sucessivos escândalos de corrupção, e a Operação Lava-Jato lentamente deram cabo do governo do PT, que perdeu apoio político de uma maneira há muito não vista no país.

Poderia se esperar que esse processo tivesse como consequência o fortalecimento dentre a população da oposição “oficial” ao PT, o PSDB. Entretanto, o que se viu foi exatamente o contrário: com exceção de políticos de expressão regional (como o senador Tasso Jereissati), os próceres do tucanismo foram rejeitados e desprezados pelo povo nas ruas (um matéria da revista Época mostrou que a popularidade de Aécio Neves caía vertiginosamente com o passar do tempo). Concomitantemente, uma figura política crescia a olhos vistos, pelo menos para quem estava nas ruas e acompanhava as coisas em primeira mão. Goste-se ou não dele, o deputado Jair Bolsonaro foi praticamente o único político que conseguiu emergir forte das manifestações e ser visto como uma alternativa para um povo já cansado das mesmas figuras e dos mesmos partidos no poder há mais de duas décadas.

Bolsonaro, com seu politicamente incorreto, seu nacionalismo e sua admiração pelas Forças Armadas, é a antítese do que Reinaldo Azevedo considera um político decente. Ele em nada se parece com FHC, José Serra, Geraldo Alckmin ou Aécio Neves. Ver que seus heróis não conseguiram capitalizar o descontentamento popular contra o PT foi, decerto, um golpe muito duro para o autor de “No País dos Petralhas”, algo realmente inaceitável.

Além disso, quem prestou atenção às manifestações viu claramente a influência de Olavo de Carvalho no processo que revelou aos brasileiros a verdadeira face do PT e a necessidade de reagir. Em São paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, Porto Alegre, Brasília ou Belém, centenas de pessoas carregavam cartazes e camisas referentes ao autor de “O Jardim das Aflições”, homenageando-o efusivamente, além de mencionarem o Foro de São Paulo, que só se tornou conhecido no Brasil graças ao trabalho de Olavo de Carvalho por anos a fio. Queiram ou não, gostem ou não, a importância dele para a atual situação de reação político cultural é inegável, como muito bem escreveu meu amigo Eduardo Levy. Nada do que se passa seria possível sem o trabalho dele.

Quem acompanha o blogueiro de Veja há algum tempo já percebeu que o mesmo padece de um ego demasiado inflado, um senso hipertrófico da própria importância e um amor pela opinião do mundo além do recomendado. Ver que um filósofo sem diploma, sem cargos em jornais importantes, sem o suporte de nenhum partido ou potentado das finanças conseguir tanto êxito onde outros mais avantajados falhavam foi, sem sombra de dúvidas, fatal para o Tio Rei. Ver que ele tinha um papel pequena enquanto que o filósofo radicado na Virgínia era homenageado por milhares, que há anos se socorrem dele em busca de conhecimento e de orientação intelectual, ver que ele tornou-se a referência para o aparecimento de uma direita política hoje em dia teve o efeito de uma ofensiva poderosíssima contra o ego do blogueiro. Foi como se um samurai habilidoso, munido apenas de sua katana, partisse a armadura do inimigo, trazendo à luz a pequenez antes escondida.

Tio Rei não suportou. Disparou a difamar o filósofo, atribuindo-o pensamentos e ações falsas e macaqueando os chavões de velhos desafetos do escritor campineiro, tanto da esquerda como de — vejam só!- de fascistóides e eurasianos. Claro que não se pode excluir das possíveis motivações do jornalista a de prestar serviço ao PSDB, partido muito criticado por Olavo mas defendido de maneira férrea por Reinaldo. Para isso ele não se vexa nem de se contradizer brutalmente pois, até certo tempo atrás, recomendava os livros do filósofo, se referia a ele nos termos mais elogiosos e era tido por Olavo como um amigo. Muy amigo!

A máscara caiu. Reinaldo Azevedo assumiu sua verdadeira forma: a de porta-voz do tucanato na mídia, e de alguém que, para promover seu partido, não recua em nada, seja em difamar alguém antes tido como amigo, seja mesmo a de cruzar a linha que separa a excentricidade do ridículo.

Segue o jogo.



20 de maio de 2016
Fábio Barreto