"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

A HORA É DE DESPRIVATIZAR O PAÍS

O Brasil tem sido um laboratório de experimentos econômicos, passando por casos de sucesso como o Plano Real, que acabou com a hiperinflação, até chegar ao desastre atual, onde o desrespeito para com o equilíbrio das contas públicas e uma condução ideológica acabaram por inviabilizar o Brasil no curto prazo. Sob o pano de fundo de bandeiras de avanços sociais, menos visível, um outro país se erguia e que juntou toda a sorte de incompetências e irresponsabilidades com um crescente processo de corrupção.

Em economia, a cena política pode se sobrepor a quaisquer planejamentos econômicos e comprometer prognósticos e previsibilidades. A saída de Dilma do poder representou, no aspecto econômico, o fim de um modelo que fracassou e resultou na maior recessão de nossa história. A chegada de Temer foi lida pelo mercado e por parte da sociedade como uma possibilidade de correção do desastroso conjunto de equívocos cometidos e a possibilidade de encaminhar mudanças estruturais, algumas ainda que duras, para viabilizar novamente nossa economia. Nesse sentido, já se verificava uma sensível melhoria nas expectativas, e a consistente queda da inflação permitiu o início da redução da taxa de juros, fundamental para a retomada econômica. Porém, para o equilíbrio de longo prazo, uma reforma da Previdência, mesmo que recortada como vinha sendo negociada, seria fundamental para o equilíbrio fiscal.

O recente envolvimento do presidente Temer nas denúncias da JBS mais uma vez faz a cena política se sobrepor à condução econômica, ao praticamente abortar projetos em andamento, que sustentavam a moderada melhoria das expectativas quanto a nossos rumos futuros.

A Operação Lava-Jato vem mostrando, em seus desdobramentos, que a pirataria instaurada no país era muito maior do que se imaginava. As denúncias de empresas como Odebrecht e OAS, e mais recentemente da JBS, demonstram que parte do Brasil foi privatizada, quando foram comprados políticos, contratos e mercados. Essa última é um case mundial; o grupo, no início dos governos Lula e Dilma, faturava aproximadamente R$ 4 bilhões e, em 2016, chegou a R$ 170 bilhões, viabilizado pelo fornecimento quase ilimitado de recursos públicos favorecidos e bem se viu como, através dos depoimentos de seu proprietário, pródigo pagador de "pedágios".

Após tudo que se tem visto, a tolerância brasileira permite que esses empresários sigam livres, empresas paguem multas irrisórias em relação ao que amealharam indevidamente e políticos denunciados tentem voltar com seus discursos messiânicos e negando até a cor do céu. É o paraíso da impunidade!


25 de maio de 2017
Ricardo Hingel, Zero Hora

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