"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

MORO INTERROMPE LULA: "NÂO É PROGRAMA ELEITORAL"

Juiz se incomodou com discurso político do petista no interrogatório. Ex-presidente se queixou de decisões da Lava Jato

Depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba (//Reprodução)


Durante as suas declarações finais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou praticamente todo o tempo para falar sobre suas conquistas políticas e se colocar como vítima de ataques da imprensa e dos procuradores que o denunciaram por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá (SP). Em pelo menos três momentos diferentes, o juiz Sergio Moro ficou incomodado com o discurso político do petista e o interrompeu para afirmar que aquele espaço não era destinado a palanque.

“Presidente, só para esclarecer: não sei quanto tempo vai durar o pronunciamento, mas não é para fazer um apanhado do que [o senhor] fez no seu governo, não é programa eleitoral”, disse Moro. O petista logo reagiu: “É porque eu estou sendo julgado pelo que eu fiz no governo, pela construção de um Power Point mentiroso. Aquilo é ilação pura”.

Mais adiante, o magistrado tomou novamente a palavra para dizer que Lula estava “realmente fugindo da questão” e que ele tinha condições de fazer esse tipo de fala em outros lugares. O petista insistiu — disse ter “orgulho” da Petrobras e do desafio que teve em assumir a presidência sendo um metalúrgico sem formação acadêmica — e pediu ao juiz por mais paciência. “Eu sei que o senhor é muito jovem, jovem tem menos paciência que velho”, cutucou.

Na parte final, ocorreu o momento de maior tensão entre Lula e Moro — o petista se virou para o juiz e reclamou de duas decisões tomadas por ele na Lava Jato, a de liberar os áudios de conversas telefônicas com mulher, Marisa Letícia, e a de decretar a sua condução coercitiva na 24ª fase da Operação.

“O senhor sem querer entrou nesse processo, porque o vazamento de conversas com a minha mulher e os meus filhos foi o senhor que autorizou. Eu não tinha o direito de ter a minha casa molestada, sem que eu fosse intimado para uma audiência. Ninguém nunca me convidou. De repente, eu vejo um pelotão da Polícia Federal, quando eu sai até levantaram o colchão, achando que eu tinha dinheiro”, afirmou.


11 de maio de 2017
Eduardo Gonçalves
VEJA

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