"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 13 de maio de 2017

OS DANOS DA DELAÇÃO DE PALOCCI PODEM SER MAIORES DO QUE O PERIGO


A Sergio Moro, ex-ministro disse que banqueiro o procurou para gerir recursos ilegais de R$ 200 milhões. Estaria a serviço de uma alta autoridade do governo

(Mário/Reprodução) 


Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, decidiu fazer acordo de delação premiada. Vamos torcer para que o dano que isso vai provocar ao país seja menor do que o perigo. Vamos ver.

No depoimento prestado a Sergio Moro, Palocci afirmou, por exemplo, ter sido procurado, em 2014, por um conhecido banqueiro. Este dizia falar com delegação de uma autoridade do governo para cuidar de “provisões” da ordem de R$ 200 milhões. Segundo o ex-ministro, o interlocutor queria que ele intermediasse um encontro com representantes da Odebrecht para viabilizar os recursos. Palocci teria então indagado se Dilma sabia do que estava em curso. A resposta teria sido negativa.

O petista já havia se oferecido para passar a Sergio Moro, em sigilo, informações de alta sensibilidade:

“Fico à sua disposição hoje e em outros momentos, porque todos os nomes e situações que eu optei por não falar aqui, por sensibilidade da informação, estão à sua disposição o dia que o senhor quiser. Se o senhor estiver com a agenda muito ocupada, à pessoa que o senhor determinar, eu imediatamente apresento todos esses fatos com nomes, endereços, operações realizadas e coisas que vão ser certamente do interesse da Lava Jato…”

O temor dos sensatos é óbvio: que o sistema financeiro também seja tragado pela Lava Jato. Conhecemos como funciona o mercado: quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Vale dizer: o menor sinal de uma crise já será “a” crise. E a coisa não se limita aos bancos. Grandes empresários também podem entrar na mira. Vejam o caso da Operação “Bullish”, que investiga eventuais irregularidades na concessão de empréstimos do BNDES. No centro da coisa, está a gigante JBS. E Palocci teria atuando também nesse caso.

Será que o ex-ministro falou a verdade na audiência com Moro? Notem: se falou, então é inocente de todas as acusações que lhe fazem delatores como Marcelo Odebrecht e o casal João Santana-Mônica Moura. Ele contestou o empreiteiro mais de uma vez no depoimento. O que há de estranho nisso?

Se Palocci decidiu falar em sigilo, no ambiente de uma delação premiada, então é possível que vá revelar crimes e criminosos ainda desconhecidos. Mais: será preciso saber qual delator – ou delatores — está mentindo. Ou se mentiu o petista ao falar ao juiz.

Naquele depoimento, Palocci incensou Moro, exaltou a sua severidade, mas também seu espírito de justiça, e disse que esperava ser julgado de acordo com as provas. Bem, não vai precisar de nada disso. Feita a delação premiada, sai da cadeia, pega uns dois ou três aninhos, e fica tudo certo.

Ele acabará, no fim das contas, a exemplo de todo delator, se dando bem.

O crime compensa.


13 de maio de 2017
reinaldo azevedo

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