"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 3 de junho de 2017

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO

Lula, Aécio, Cabral, Cunha, Temer... Quais serão os bodes expiatórios para preservar o Estado Corrupto?




“#prontofalei” é um método fácil de escapar da armadilha da autoenganação em vigor no Brasil. Em meio a uma crise institucional marcada pela guerra de todos contra todos, vivenciamos uma onda moralizadora de caça a corruptos. Só é preciso ficar claro que o combate aos corruptos é uma etapa importante do processo. Ela não basta. O fundamental é mudar a estrutura que cria, viabiliza, sustenta e emplia a corrupção. Detalhe grave: Mudar o modelo estatal não é o foco da maioria dos brasileiros, e muito menos da maioria dos ocupantes da máquina estatal, incluindo muitos daqueles agentes responsáveis por combater a corrupção. “#prontofalei...

A intenção real não é mudar... Intervenção, não... O discurso oficial, por aqui, é “reformar”... Michel Temer, que roubou o lugarzinho da companheira Dilma, apenas se comprometeu a ser um “tocador de reformas”. Novamente, temos um dilema perigoso: de pouco ou nada adianta reformar algo que está estruturalmente estragado, degradado. A tragédia continua no vício permanente. O Estado perdulário gasta muito e mal. Precisa arrecadar cada vez mais para se manter. O jeito é tomar cada vez mais da sociedade. Para isso, precisa sempre de mais gente para fazer o serviço (sujo). Também necessita de um excesso de regras que legitimem a tungada sobre as pessoas e empresas.

Perdão pelo sincericídio, mas não temos mais o direito de ficar nos autoenganando: O círculo vicioso brasileiro está longe de mudar pela vontade daqueles que ocupam a máquina pública, sejam servidores públicos ou políticos a quem delegamos, pelo voto, o papel de nos representar neste jogo desleal em que a máquina estatal engole vida a sociedade. É por tal motivo que não se pode incorrer na inocência de comemorar, feito torcedor de futebol ou galera nervosa de um coliseu romano, a “punição seletiva” a alguns personagens do esquema estrutural de corrupção sistêmica.

Muitos vibram com a desgraça de Lula... Os seguidores fanáticos dele lamentam, porém vibram com a desgraça do Aécio Neves... Muitos também deliram com a derrocada do Temer... O deputado afastado e ex-assessor próximo do Presidente da República, o famoso homem da mala Rodrigo Rocha Loures, acabou até preso preventivamente neste sábado... Só não é recomendável que lhe alimentem com barrinha de cereal, pois pode deprimir o herdeiro de uma indústria do setor... Temer agora terá de torcer para que se cumpra seu desejo mais íntimo: que Loures não vire delator...

Outros festejam a desgraça do Eduardo Cunha ou do Serginho Cabral... Eles competem para ver quem responderá a mais processos judiciais... Muita gente até já esqueceu que José Dirceu está “preso” em casa (o sonho dourado de muito vagabundo, do mais pobre ao mais rico). Tem gente até lembrando que quase todos os mensaleiros foram “anistiados”, enquanto o publicitário Marcos Valério segue puxando cadeia, porque não abriu o bico na hora certa. Brevemente, seus colegas marketeiros João Santana e Mônica Moura estarão no regime de “home-prision” (na língua de Trump fica mais chique o benefício legal)...

É gigantesca a expectativa por uma condenação de Lula – que acabe gerando a prisão dele... Curiosamente, como o cara é um mito (mesmo que decadente) é enorme a expectativa contrária: que ele seja transformado em mártir e consiga retornar à Presidência da República, a fim de se tornar a versão atualizada de um Hugo Chavez... De casa, Zé Dirceu já faz o planejamento para o retorno triunfal do $talinácio... Dilma já lançou a candidatura dele... Aposta-se que Lula, se não for encarcerado, possa disputar a eleição e vencer, porém com chance de terminar apeado do poder por um tardio impeachment...

Vale Tudo... E um pouco mais... A Petelândia agora entra na campanha pela isonomia... Os primos tucanalhas são o alvo preferencial... Os comparsas peemedebostas, idem... Vide a corrente de ódio contra Eduardo Cunha, candidatíssimo a delator premiado junto com o doleiro de todos (Lúcio Bolonha Funaro)... No entanto, a cereja do bolinho de maldades dos petralhas é o netinho do Tancredo Neves... Aécio Neves já era... Talvez até acabe preso antes do Lula... A disputa é enorme...

Novamente: “#prontofalei”... As estorinhas de corrupção não chegam a um fim... Até porque este não é o objetivo do sistema. O mecanismo estatal corrupto e corruptor continua operando a pleno vapor... Continuamos pagando uma carga tributária (noventa e tantos impostos, taxas, contribuições, multas e por aí vai) para sustentar o esquema que explora a sociedade – as pessoas e as empresas. Ainda falta uma plena vontade (sobretudo política) de romper com a sacanagem hegemônica.

Por sorte, tem um outro lado positivo, bacana e feliz do “#prontofalei”... No Brasil, temos grandes heróis da resistência. Existem pessoas comuns dando belíssimos exemplos de inovação para a sociedade se superar a se reinventar em meio a esta conjuntura dominada pela corrupção sistêmica. A turma das Lava Jatos é uma delas... Outros focos de resistência são as Forças Armadas, apesar da derrota na batalha ideológica de comunicação. As pessoas de bem e do bem nunca estiveram tão vivas... Elas farão a diferença na hora da verdadeira mudança – um processo inevitável depois que o caos se aprofundar...

De imediato, vamos assistir à punição aos bodes expiatórios... O importante é ter fé que tal processo, mesmo que incompleto, possa criar pré-condições históricas (culturais e materiais) para que a maioria dos brasileiros entenda que é preciso dar uma parada para elaborar e discutir um grande e inédito Projeto Democrático de Nação que reinvente o modelo estatal, neutralize e supera o Estado Criminoso.

A ignorância ainda joga contra tal processo. A esperança é que tamanha estupidez perca força e não reine para sempre. Cada pessoa de bem e do bem precisa fazer sua parte, unido-se a outras com as mesmas boas intenções. Quando isto será viável? Não se sabe...

O que não dá mais para aguentar é a gente sobreviver em um Brasil com extremo potencial de riqueza, porém com a menor taxa de crescimento mundial, enquanto lamenta os índices de mais corrupto do mundo.

A solução mais rápida e efetiva seria uma Intervenção Institucional. As condições amadurecem para isto ocorrer. Temos muitos baldes a chutar...

Chutando o balde com Alcione

Olha o refrão, Sérgio Moro: “Não vale a pena ser juiz com tanta fraude”...


Trabalhemos mais?


















Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus. Nekan Adonai!



03 de junho de 2017
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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