"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

PIADA DO ANO: STJ MANTÉM EM SIGILO AS VIAGENS DE CABRAL AO EXTERIOR

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Charge reproduzida do Arquivo Google
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de Clarissa Garotinho, filha do ex-governador Anthony Garotinho, de acesso às informações da Polícia Federal sobre viagens do ex-governador Sérgio Cabral ao exterior. Deputada federal pelo PRB, Clarissa é secretária de Desenvolvimento, Emprego e Inovação do município do Rio, gestão Marcelo Crivella. Segundo o relator, ministro Benedito Gonçalves, a Lei de Acesso à Informação (LAI) não permite acesso a qualquer informação de interesse do solicitante, mas principalmente aos dados de interesse coletivo. Os outros cinco ministros presentes acompanharam o relator.
A decisão foi tomada no dia 24 e divulgada nesta quinta-feira, dia 1º, no site do STJ – Mandado de Segurança Nº 19.807 – DF. Cabral foi governador do Rio em dois mandatos consecutivos, entre 2007 e 2014. Em novembro de 2016 ele foi preso na Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato que atribui a ele comando de organização criminosa, corrupção, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações bilionárias.
ENTRADA E SAÍDA – Clarissa solicitou ao setor de imigração da PF informações relativas à entrada e saída de Cabral do país, no período entre julho de 2007 e junho de 2012, ano em que ingressou com o pedido. Ao negar o pedido, o Ministério da Justiça entendeu que as informações solicitadas eram de ‘natureza pessoal’, e que, portanto, o fornecimento do relatório violaria o direito fundamental à privacidade e à intimidade.
Na ação ao STJ, Clarissa argumenta que os dados interessam a toda a população do Rio de Janeiro e que não poderiam ser negadas informações sobre viagem de agente político durante o exercício do seu mandato. Porém, no entendimento do ministro Gonçalves, “a divulgação ou a permissão de divulgação da informação pessoal constitui conduta ilícita, conforme previsão do artigo 32 da Lei 12.527/11.”
ARGUMENTO REFUTADO – A deputada alegou que deveria ter direito às informações, por conta de sua condição de parlamentar, argumento também refutado pelo STJ. “Não há nos autos qualquer comprovação de que a deputada estadual esteja na defesa de sua prerrogativa parlamentar; nem se tem notícia de que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro estivesse apurando eventual irregularidade praticada pelo então governador, quanto às suas viagens Internacionais”, diz o texto do acórdão.
O ministro salientou que a Lei de Acesso de Informação não permite liberação de qualquer dado de interesse do solicitante, mas principalmente ‘aos dados de interesse coletivo, como repasses ou transferências de recursos, registros de despesas, procedimentos licitatórios, entre outros’.
Em sua decisão, o relator afirmou que a lei ‘ao contrário do que afirma a impetrante (Clarissa), dá tratamento especial e de proibição à divulgação de dados que digam respeito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas, direitos fundamentais constitucionalmente garantidos’.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Por coincidência, o ministro Benedito Gonçalves é citado na delação da OAS, por sua ligação íntima com o empreiteiro Léo Gonçalves. Mas é claro que se trata de coincidência. Quanto à decisão, depõe contra a jurisprudência do próprio, que reconheceu as limitações na privacidade de homens públicos, em causa defendida pelo jurista Fernando Orotavo Neto. Mas quem se interessa? (C.N.)

02 de junho de 2017
Galeno Lima
Estadão

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