"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

TEMER VIVE UM INFERNO ASTRAL, MAS O MERCADO NÃO SE ABALA E CONTINUA OTIMISTA


Charge do Pelicano (pelicanocartum.net)
Não deve aparecer boa notícia alguma no horizonte, ao contrário, mas os credores do governo e os donos do dinheiro grosso em geral parecem calmos. Pelo menos é o que transparece nos preços do mercado financeiro. 
A reforma da Previdência, xodó da praça financeira, foi atropelada, vegeta em estado crítico, quase desenganada. 
Assessores políticos de Michel Temer rumorejam medidas que combinam idiotice econômica com inocuidade política. Várias delas não fariam coceira no prestígio popular do presidente.
Além do mais, há risco de o governo não fechar suas contas na meta, dada a catatonia do PIB, da receita e dos buracos que podem ser abertos nos cofres públicos devido a “restos a pagar” do investimento na salvação da cabeça de Temer. 
O dito “mercado” sabe de tudo isso. Mas não reage.
BOMBAS ACESAS – Na política e na guerra incivil das instituições, há bombas acesas com pavio curto. O processo da Procuradoria-Geral contra Temer pode dar em nada, morrer no Congresso, mas há delações gordas queimando.
Há risco de voarem estilhaços do conflito entre Poderes: grampos incógnitos, denúncias de espionagens no ar, vazamentos de outros golpes baixos, cadáveres que podem sair do armário, closet imenso, dos poderosos. Também disso tudo o “mercado” sabe, mas não reage.
Os juros no atacadão de dinheiro ainda estão mais altos que no 17 de maio que antecedeu a crise, mas apenas cerca de meio ponto. O dólar passou dos R$ 3,13 pré-crise para uns R$ 3,30, bem longe de estar “caro”, ao contrário, em alta de uns 5%.
Em resumo, não houve a turumbamba esperada com a agonia do programa reformista liberal, ao menos no mercado financeiro.
PRAÇA OTIMISTA – Quando se faz tal observação para os negociadores de dinheiro, eles dizem apenas que a praça está otimista demais, como se não pudessem explicar o comportamento da manada de que fazem parte.
Por enquanto, o único sucesso da história pós-grampo é o do acordão de Temer. O presidente venceu nos pênaltis no TSE, apesar da derrota moral. Por enquanto, leva o moribundo moral PSDB para sua cripta, em troca da preservação da cabeça de Aécio Neves no Congresso, cortesia de todos os PMDBs, da situação e de oposição (sic).
OFERTA DE AUXÍLIO – Temer jantou nesta terça (dia 13) com 18 governadores, que ouviriam oferta de auxílio do Banco do Brasil, da Caixa e do BNDES. 
Passam no Congresso medidas para catar trocados e fechar as contas, como a captura do dinheiro parado dos precatórios. Para alegria empresarial, talvez passe a reforma trabalhista, concedendo aos sindicatos a sobrevivência do imposto sindical. É esse arranjo, estabilidade no pântano, que acalma os negociadores de dinheiro, credores do governo?
Por fim, note-se que os resultados da economia em abril e mesmo maio, cantados como horríveis pelas casas de previsões, nem o foram (indústria e comércio no azul em abril, produção de carros subindo até maio etc.).
Não se sabe o que será dos números depois do maio dos grampos, da possível retranca dos consumidores e, pior, dos bancos. 
As previsões para o crescimento do PIB baixaram a zero, de fato. No entanto, não está mais certo que o BC vá mesmo pisar no freio da “sua” taxa de juros. 
Há uma estranha estabilidade no fundo do inferno.

15 de junho de 2017
Vinicius Torres Freire
Folha

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