"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 31 de dezembro de 2017

A FRASE DO ANO JAMAIS SERÁ ESQUECIDA

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Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)
A grande frase de 2017, “Tem que manter isso, viu?”, cometida pelo presidente Michel Temer ao ouvir de um amigo poderoso que este estava subornando um deputado preso para impedir que o dito deputado contasse os podres que sabia sobre eles, costuma ser classificada como “pouco republicana”. Nem todos entendem o significado dessa expressão. Sabem vagamente que tem a ver com “República”, que entendem como uma forma de governo oposta à monarquia. Pode ser, mas, no caso, aplica-se à “res publica”, a coisa pública, aquilo que diz respeito a todos nós.
Ao afirmar “Tem que manter isso, viu?”, a autoridade está endossando um cala-boca para encobrir o esclarecimento de crimes contra o interesse público — crimes que, em primeira e última análise, desviam dinheiro destinado a ocupar os 20% de brasileiros entre 14 e 29 anos que não estudam nem trabalham, abastecer de gaze e esparadrapo os hospitais públicos e devolver as ruas do Brasil aos seus cidadãos.
CASO DE MARIN – Daí a vergonha de muitos, outro dia, ao constatar que dependemos dos EUA para cuidar dos nossos criminosos. Ao levar apenas dois anos para investigar, julgar, condenar e prender o ex-presidente da CBF José Maria Marin, os americanos nos deram uma aula do que entendem por “res publica”. Por ser uma decisão em primeira instância, cabe recurso — mas Marin foi preventivamente engaiolado, para não restar dúvida de que não fugirá para o Brasil, onde passaria o resto de seus dias assobiando no azul.
Como, aliás, acontece com a maioria dos nossos ex-presidentes e atuais governadores, deputados e senadores soterrados por montanhas de processos e que, graças às leis brasileiras, apostam que seus crimes cairão de maduros antes que se chegue a uma decisão.
Decisão esta que, caso os desfavoreça, sempre terá um juiz leniente a anulá-la.

31 de dezembro de 2017
Ruy Castro
Folha

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