"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

CABRAL DIZ A MORO QUE FEZ COMPRAS DE LUXO COM "SOBRA DE CAIXA 2"

Acusado de receber 2,7 milhões de reais em propina da Andrade Gutierrez, ex-governador afirmou que gastos foram sua responsabilidade, e não de sua mulher
(Reprodução/Reprodução)

Réu em uma ação penal sob responsabilidade do juiz federal Sergio Moro e preso em Bangu 8, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral foi nesta quinta-feira a Curitiba para depor ao magistrado. Na oitiva, que durou cerca de 30 minutos, Cabral, orientado por seus advogados, respondeu apenas as questões da defesa e ficou em silêncio quando perguntado por Moro ou o Ministério Público Federal. O ex-governador e seu grupo político são acusados neste processo de embolsar 2,7 milhões de reais em propina da empreiteira Andrade Gutierrez entre 2007 e 2011, referentes ao contrato de construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

As respostas do peemedebista diante do juiz mostram que sua estratégia de defesa é a de alegar que as compras milionárias roupas de grife, joias e carros, enumeradas pelo Ministério Público Federal na denúncia, foram feitas com dinheiro próprio e o que ele chamou de “sobras de caixa dois de campanha” – e não com propina.

“Reconheço esse erro, reconheço que são recursos próprios e recursos de sobra de campanha de caixa dois. Esses recursos nada a ver nem com minha mulher, muito menos com essa acusação de Comperj”, disse Cabral, cuja mulher, a advogada Adriana Ancelmo, também é ré neste processo.

“Não vou negar que houve uso de caixa dois e houve uso de sobra de campanha de recursos em função de eu ter sido um politico sempre com desempenho eleitoral muito forte no estado. O financiamento acontecia e esses fatos são reais”, gabou-se Cabral, que citou a preocupação de Moro com o financiamento paralelo de campanhas e disse que “a questão democrática é sempre vital e, portanto, tem que se encontrar um caminho para isso”.


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Após as questões feitas pelo advogado de Sérgio Cabral, Moro perguntou ao peemedebista se ele gostaria de dar mais informações sobre o pagamento de caixa dois que resultou nas tais “sobras”, mas o ex-governador respondeu que essas irregularidades não estão relacionadas ao processo e preferiu não entrar em detalhes.

A respeito das notas fiscais de compras de bens de luxo emitidas em nome de Adriana, que segundo o peemedebista apenas “escolhia alguns produtos”, Cabral afirmou a Moro que os recursos e gastos eram de sua responsabilidade, e não dela. “Em hipótese nenhuma vou dizer que não é verdade. Os recursos eram meus e a responsabilidade é minha. Minha mulher não conhece nenhum desses personagens que são citados, executivos da Petrobras, etc, etc. São responsabilidades minhas, diretas”.

Além deste processo, em que é acusado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Cabral é réu em seis ações penais na Justiça Federal do Rio de Janeiro, todas sob responsabilidade do juiz Marcelo Bretas.
Relação ‘dura’ com a Petrobras

Citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos padrinhos políticos que lhe deram sustentação política no cargo em troca de propinas, Sérgio Cabral afirmou a Sergio Moro que a relação de seu governo com a Petrobras era “muito difícil, muito dura” em função de cobranças feitas por mais royalties de petróleo, ICMS e participação especial.

“Nunca, nunca indiquei um cargo no governo federal, o que dirá na Petrobras, onde minha relação era extremamente polêmica e difícil, pelo posicionamento contra a lei do pré-sal, pelas cobranças que fazíamos de impostos devidos”.

Cabral relatou que havia uma apenas uma “relação institucional” com Paulo Roberto Costa e que nunca tratou de financiamento de campanhas com o ex-diretor da estatal. O ex-governador chamou de “invencionices” os trechos da delação de Costa que o citam como beneficiário de propinas de contratos da Petrobras.

O ex-governador também negou conhecer os executivos da Andrade Gutierrez Rogério Nora de Sá e Clóvis Primo, que o também o citaram em suas delações premiadas.

Assista abaixo à integra do depoimento de Sérgio Cabral a Sergio Moro:


27 de abril de 2017
joão pedroso de campos
VEJA

DELATOR REVELA A PREOCUPAÇÃO DE LULA EM ESCONDER QUE O TRIPLEX ERA SEU

EM REUNIÃO, SUA PREOCUPAÇÃO ERA OMITIR SER DELE O APARTAMENTO
EX-EXECUTIVO DA OAS FÁBIO HORI YONAMINE DISSE QUE NA REUNIÃO LULA SE PREOCUPAVA COM SUA "EXPOSIÇÃO".

O ex-presidente da OAS Empreendimentos, Fábio Hori Yonamine, confirmou ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, ter participado de reunião com o então presidente da construtora, Léo Pinheiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-primeira-dama Marisa Letícia para "apresentar" o triplex do Condomínio Solaris, no Guarujá. A organização do encontro teria sido um pedido pessoal de Léo Pinheiro ao executivo.

Yonamine é réu em ação penal que investiga se Lula teria recebido propinas de R$ 3,7 milhões da OAS - parte teria sido repassada ao petista por meio de investimentos no imóvel. O empreendimento foi assumido pela OAS, em acordo com cooperados da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo).

O executivo relatou ter organizado, com Léo Pinheiro, a visita de Lula ao triplex, em 2014. O encontro teria sido conduzido por Léo Pinheiro e, segundo Yonamine, foi "uma apresentação do apartamento". Na ocasião, não houve pedidos do petista, mas algumas "preocupações" foram externadas a respeito do imóvel, afirmou o executivo.

"Que eu tenho lembrança, uma escada que era muito estreita e uma preocupação da exposição do ex-presidente em relação a ter apartamento. Da exposição da vizinhança e tudo mais", relatou.

A reforma custou R$ 1,5 milhão, segundo os cálculos do executivo da OAS, e o projeto final previa um novo quarto, um elevador, uma reforma nas escadas, a mobília e os equipamentos da cozinha.

"Essa foi uma reforma totalmente atípica - pedido atípico e único que doutor Léo [presidente da OAS] fez. Ele não deu explicação, fez um pedido", lembrou.

27 de abril de 2017
diário do poder

PERDEMOS. NÃO DEMOS ATENÇÃO A NOVA LEI DE MIGRAÇÃO

A nova Lei de Migração, que revoga o Estatuto do Estrangeiro, foi aprovada na Câmara e no Senado e está aguardando sanção do presidente em exorcismo Michel Temer.

A nova lei dá livre trânsito para povos indígenas de outros países e impede nossa polícia de barrar até quem está na lista da Interpol. O policial não poderá nem mesmo barrar procurados por terrorismo! Em português claro: o Brasil aprovou no Congresso o fim da nossa soberania nacional e das nossas fronteiras.

A lei é de autoria do ministro delatado Aloysio Nunes, ex-motorista do psicopata-comunista-terrorista Mariguella, ex-membro do Partido Comunista, ex-quercista, ex-vice do Fleury e atual tucano.

A CONECTAS divulgou um manifesto em que cerca de 80 ONGs apoiam o projeto. Todas se engajaram na aprovação da medida, boa parte participou das audiências.

E a gente? Bom, a gente não deu atenção. A lei é tão absurda e a influência internacional na sua elaboração era tão clara que jamais imaginaríamos que o Congresso, pelo perfil de suas bancadas, fosse aprovar tamanho crime de lesa pátria. Analisando as votações na Câmara e no Senado é possível ver que a lei passou por acordo em ambas as casas, ou seja, os parlamentares nem debateram a lei!

Resta a pressão popular para que o presidente Michel Temer vete na íntegra o projeto. E torcer para que a Lava Jato retire logo o tucano delatado Aloysio Nunes do comando das Relações Exteriores do país.

#VetaTemer

Saiba mais:

Revisado por Maíra Pires @mairamacpires

27 de abril de 2017
reaçablog

COITADISMO PENAL

Dirceu, Bumlai, goleiro Bruno: histórias de coitadismo penal

O mesmo argumento usado para soltar o goleiro Bruno é usado para soltar José Dirceu. A esquerda tem um norte: bandido bom é bandido solto.

José Dirceu pode ser solto nesta terça-feira, segundo ameaça do STF. O argumento é o de que Dirça ainda não foi julgado e, por lei, tem o direito de responder ao processo em liberdade. O julgamento pela segunda turma da Suprema Corte ocorre no mesmo dia em que se apreciou se o goleiro Bruno deveria voltar à prisão, causando um enxame de comparações e piadas na internet.

A grande questão que não foi apreciada é que o Brasil não é um país para principiantes, e ficcionistas não têm espaço em um país cujo realidade é surrealista: o primeiro a fazer uma comparação entre a soltura do goleiro Bruno e a prisão de Dirceu não foi ninguém menos do que Rui Falcão, o próprio presidente do PT.

Há menos de um mês, Rui Falcão escreveu um artigo declarando que se o STF decidira por acatar o habeas corpus do goleiro Bruno de Souza, condenado pelo homicídio de Eliza Samudio, deveria agir com coerência e acatar igualmente todos os pedidos de habeas corpus em tramitação na Suprema Corte, como os do ex-tesoureiro do PT João Vaccari e dos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci.

Para confirmar que todas as piadas são ainda mais verdadeiras, realistas e naturalistas do que nosso vão noticiário, o argumento do habeas corpus do goleiro Bruno realmente utiliza o mesmíssimo argumento utilizado pela defesa de José Dirceu para soltar ambos os bandidos: que o réu ainda aguarda julgamento de recurso na segunda instância.

STF troca José Carlos Bumlai pelo goleiro Bruno. Lula aquece na lateral do campo.

O goleiro Bruno foi condenado a 22 anos anos e 3 meses em regime fechado pela morte de Eliza Samudio. José Dirceu foi condenado a 23 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. A pena, mais tarde, foi reduzida a 20 anos e 10 meses. Dirceu tem ainda uma segunda condenação, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com pena de 11 anos e 3 meses de reclusão. O juiz Sergio Moro ainda estipulou uma multa de R$ 774 mil.

A tese de Rui Falcão foi espelhada por um grande acólito do petismo para a mídia: Alex Solnik, infame por afirmar que black blocs são de direita porque “usam máscaras” (sic). Alex Solnik escreveu para o site petista Brasil 247 o artigo intitulado Ou soltam Dirceu ou prendem Bruno de novo, cujo título fala por si.

O que o STF acabou por decidir foi pelo retorno do goleiro Bruno à prisão. Na mesma toada, ainda liberou da prisão domiciliar o pecuarista José Carlos Bumlai, o “dono” do sítio em Atibaia, cujos pedalinhos têm os nomes dos netos de Lula. Bumlai sofre de câncer terminal, o que deve ter pesado para a decisão de livrá-lo até mesmo da prisão domiciliar.

Bruno volta pra cadeia.
Bumlai, amigo de Lula, é liberado.
Zé Dirceu, comparsa de Lula, é libertado.
Bandidagem 2 X 1 Honestidade.


Coitadismo penal


A soltura do goleiro Bruno de Souza causou uma das raras unanimidades no país cada vez mais bipolarizado: direita e esquerda acharam um absurdo que o ex-goleiro do Flamengo, acusado de planejar e encomendar o assassinato de Eliza Samudio, ex-atriz pornô que engravidou do goleiro e queria dar à luz à criança e que o jogador pagasse pensão do filho. Seu corpo nunca foi encontrado, mas provavelmente foi espancada até a morte e posteriormente esquartejada, tendo suas mãos comidas por Rottweillers.

Como o presidente do PT Rui Falcão e o petista Alex Solnik consubstanciam à perfeição, um assassino frio que não demonstra o menor arrependimento ou qualquer sentimento de culpa ou remorso pelo assassinato como o goleiro Bruno só volta às ruas graças aos ditames do pensamento de esquerda.

É a esquerda que possui “teses” ou, na verdade, frases de efeito e cacoetes verbais como “cadeia não resolve”, “o importante é ressocializar”, “polícia mata”, “legalize o aborto”, “meu corpo, minhas regras” e outros bordões repetidos acerebralmente pela militância em 140 caracteres. É a esquerda que acredita que leis penais, mormente quanto a temas que envolvam crimes de sangue e correlatos, têm apenas o fito de “criminalizar os pobres” (em sua visão, todos criminosos), como o ex-favelado goleiro Bruno.

É o que se chama de coitadismo penal: a idéia do Direito Penal Abolicionista (pregada por Juarez Cirino dos Santos, advogado mais óbvio do ex-presidente Lula), ou do Direito Penal Mínimo como meio para se atingir o Abolicionismo (o Direito Penal Mínimo como fim, a separação extrema de penas entre crimes brancos e de sangue, é defendido, por exemplo, pela doutora Janaína Paschoal). Toda uma cultura baseada na idéia estúpida de que criminosos, incluindo assaltantes, seqüestradores e assassinos, são coitadinhos. A culpa seria da sociedade, e não dos criminosos.

A simples materialização de suas próprias teses, atacadas pela direita todo santo dia, faz com que a esquerda se indigne. Não com seu próprio discurso, mas com a injustiça absurda de um homicida que mata uma mulher para não pagar as contas do filho (preferia que Eliza Samudio o abortasse), negando-se a cumprir seu papel de pai de família.

Preferindo o prazer fácil, o hedonismo irresponsável e negando a “família tradicional”, o goleiro Bruno seguiu pari passu o que a esquerda prega, mas quando feministas, esquerdistas e progressistas viram o próprio Frankenstein que criaram, tão lindo e defensável em abstrato, tão absolutamente horrendo, fétido, abissal e sulfúrico quando adquire carne e osso nas tessituras da realidade concreta.

Assim que viram seu monstro, esquerdistas abandonaram o discurso do “crime é culpa do social” e de “cadeia deve reeducar” e exigiram o retorno do goleiro Bruno à prisão – não em busca de “reeducação”, mas de simples punição por seu crime, como qualquer pessoa dotada do super-poder de enxergar o óbvio quando esfregado no nariz sabe que é a função primordial de uma cadeia ao lidar com um homicida. Foi-se a defesa do aborto, a crítica à família tradicional, a noção transfigurada de que justiça é soltar criminosos, e não prendê-los: acreditando que “esquerda” e “feminismo” são o contrário do que são, todas passaram a defender o que a direita sempre defendeu, sem palavrinhas chics para universitários se sentirem “intelectuais”.

A esquerda, que tem sua revelação com um livro sobre juros, e hoje se refugia nas ciências sociais e na crítica literária, é hoje pura estética: palavras que geram uma reação imediata (daí seu vocabulário ora hiperbólico, como “fascista”, ora pornograficamente eufemístico, como “interrupção da gravidez”). Esquerdistas adoram o palavreado do coitadismo penal, mas são de todo incapazes de formar conceitos de suas palavras, extrair idéias de seus vocábulos, organizá-los em silogismos para repudiar idéias que soem verdadeiras, como “desigualdade social”, sem precisar concretizá-las à custo de sangue alheio.

Rui Falcão e Alex Solnik sabem o que fazem, e sabem que só usam um discurso para proteger seus cupinchas usando a militância como peões. Já os militantes, acham que têm o poder de fogo de um Rui Falcão ou Alex Solnik, mas são apenas buchas de canhão e peões cuja maior glória na vida é serem substituídos por peças que interessem mais a quem está jogando o xadrez a sério.



27 de abril de 2017
flavio morgenstern
senso incomum

MINC APROVA CAPTAÇÃO DE QUASE R$ 8 MILHÕES PARA PROMOVER O ISLÃ PARA CRIANÇAS

Exposição quer mostrar o islamismo como "gerador de progresso"



MinC aprova captação de R$ 8 milhões para promoção do islã

Entre as dezenas de projetos temerários aprovados pelo governo Dilma Rousseff com captação pela via Lei Rouanet está a exposição “1001 Invenções: descobrindo o duradouro legado da civilização muçulmana”.


A exposição, idealizada por uma organização da Inglaterra, já conseguiu R$ 7.825.451,58 e recebeu do Ministério da Cultura aprovação para que ocorra em São Paulo, no período de 29/08/2017 a 03/12/2017.

A justificativa do projeto, idealizado por Ahmed Salim, um jordaniano radicado em Londres, tem “a finalidade de descortinar esse passado (muçulmano) encoberto pelos acontecimentos atuais e pelo próprio modo como foi contada a história ocidental.”
Realize o Seu Sonho de Tocar Piano sem Sair de Casa. Comece Agora!

Entre as várias facetas da exposição está a exibição do documentário: “O que o mundo islâmico fez por nós”.

Curiosamente, a ideia da exposição foi criada pela empresa 1001 Inventions, responsável por enviá-la para várias cidades do Estados Unidos na era Obama e outras muitas na Europa. O projeto pinta o islã como o grande inventor e criador da civilização moderna na Idade Média.

A mostra prevê a entrega de 115 mil cartilhas para os estudantes de 7 a 17 anos que visitarem o local. Inclui ainda verba para campanhas educativas com as escolas da cidade, visando “despertar o interesse do público, em especial os estudantes a respeito do tema central proposto”, no caso, o Islã.

O portal Gospel Prime já havia denunciado isso em meados de 2016. Mudou o governo, saiu Dilma entrou Temer, mas o apoio estatal a essa forma sutil de doutrinação continua valendo. A subvenção da religião, é bom lembrar, é proibida pelo artigo 19 da Constituição Federal.




Esta semana, o Ministro da Cultura Roberto Freire fez uma defesa pública da ideia na redes sociais, chamando atenção novamente para o fato de que o governo não vê nada errado em promover, ainda que
de forma indireta, a islamização.Projeto no site do MEC



A íntegra do projeto pode ser lida no site do Ministério da Cultura (aqui). Basta ir no menu Consultar, Projeto e colocar o número 1510875 no Pronac.
MEC responde

Após a publicação da matéria, o Ministério da Cultura (MinC) enviou email ao portal Gospel Prime, afirmando que o projeto em questão é “de caráter educativo” e que foi aprovado “conforme os critérios objetivos técnicos estabelecidos pela Lei Rouanet” visando “propiciar meios, à população em geral, que permitam o conhecimento dos bens de valores artísticos e culturais”.

Também esclarece que “1001 invenções” foi aprovado pelo MinC a captar recursos de incentivo fiscal no valor de R$ 7,8 milhões, mas ainda não captou “qualquer recurso até o presente momento”. finaliza dizendo que “a aprovação do projeto não garante a sua execução”.


27 de abril de 2017
jarbas aragão
in gospel prime

LEANDRO KARNAL SÓ É PENSADOR PRA ADOLESCENTE QUE ACREDITA EM WICCA, CÓDIGO DA VINCI E ET BILU



O queridinho da mídia Leandro Karnal tenta chocar falando em Lúcifer. O resultado não é de filme de terror: é incrontrolavelmente risível.

Leandro Karnal é chamado no baixo jornalismo de “filósofo”, por razões entre o Céu e a Terra que nossa vã filosofia desconhece. Junto a Mario Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho, foi considerado pela Istoé como os gurus “intelectuais com respeitável currículo” que fazem a cabeça dos jovens.

Considerados por qualquer intelectual com respeitável intelectualidade, a trinca conhecida como “Os Três Patetas” poderia ser melhor descrita com chamadas como “Conheça os novos intelectuais midiáticos da linha ‘não sou marxista, mas…’ que seu filho que só lê o Facebook no celular quer massagear com o duodeno”.

Leandro Karnal, Mario Sergio Cortella e Clóvis de Barros Filho são mestres na arte de falar o óbvio com aquela linguagem que nem é chique ou intelectual: é apenas o básico do básico de uma discussão de aula de Sociologia com adolescentes de 16 anos no esplendor da puberdade, ouvindo ladainhas ultrapassando as raias dos reducionismos da doutrinação pela primeira vez e se sentindo importantes por isso (“Olha, o Bolsonaro é contra a democracia! Viu? Eu uso a palavra ‘democracia’ numa discussão e até no meu Twitter, a minha avó reacionária e carola não xinga ninguém de anti-democrático!”). Um passo além no discurso (que tal a palavra “metafísica”?) e perderiam imediatamente 30% de suas curtidas no Facebook.

São os típicos intelectuais que fazem sucesso entre jornalistas e leitores de banca de jornal e portal descolado de internet falando do que é super cool e in nas redes. Intelectuais considerados intelectuais por qualquer um, exceto por aqueles que já viram um intelectual de verdade na frente.

Nosso Leandro Karnal ficou famoso recentemente por ter tirado uma foto com o juiz curitibano Sergio Moro, mas ter tomado uma torrente de descurtidas em sua página de seus leitores instigados por seus faniquitos contra a direita, mas que não gostaram nada de seu novo ídolo tirar uma foto com um juiz que, ao aplicar a lei, acaba por punir quem infringe a lei. Para os leitores de Leandro Karnal, é feio seguir e aplicar a lei, o bonito é roubar aposentado. Karnal, envergonhado (repetindo: um “filósofo”… envergonhado!), apagou a foto.

No penúltimo episódio de nosso podcast, analisamos como o Ocidente caiu numa crise intelectual que caiu de Sócrates a Leandro Karnal. Muitos acreditam que é apenas falta de leitura, para já sacar o clichê “Vá estudar!”. Ora, há leituras que transformam um eficiente carteiro ou um promissor motoboy em um Leandro Karnal. A chave de interpretação não abre essa porta do conhecimento.

Há algo no simples fato de, além de pensador risível, não ter coragem de manter uma foto em sua página, diante de uma platéia que acredita que o contato com um opositor te torna igual ao opositor, como se idéias fossem transmissíveis por um contato social mais fácil do que o exigido para se pegar gonorréia. Leandro Karnal é desprovido de algo mais importante para um intelectual: coragem e alma.

A coragem de ter idéias. E a alma para suportá-las além de seu corpo. Como delimita Nassim Nicholas Taleb, uma concepção de mundo em que sua individualidade tenha como limite a pele é frágil: torna preferível as glórias vãs de curtidas de Facebook como o máximo de realização na vida.

Uma concepção baseada na alma permite idéias tão elevadas que são maiores do que a vã existência dos vãos existencialistas: Jesus Cristo, Sócrates, Joana D’Arc, todos os mártires, todos os prisioneiros de guerra que não revelam segredos ao inimigo e preferem morrer sob a cimitarra do Estado Islâmico a abjurar de sua fé são antifrágeis: mostram o valor dessa idéia e sua potencialidade, o quanto deve ser defendida, justamente ao mostrarem que elas são maiores do que seu corpo.

Leandro Karnal mostra que seu sobrenome é destino ao tentar brincar de intelectual: basta alguém assustar seu corpo para que suas idéias “filosóficas” se sacudam e evanesçam diante de uma platéia de adolescentes em suas masturbações mentais e hipersensibilidades batendo o pézinho com o dorso da mão à cintura exigindo que seu ídolo se coadune 102% à modinha do momento. É fácil entender por que Karnal faz a cabeça dos jovens, e não Jesus: Karnal é um joguete nas mãos da criança. Jesus só promete a seus seguidores morrer carregando cada um a sua cruz.

Para comprovar a fragilidade de sua carnalidade, Karnal deu entrevista ao Globo, em que comenta um livro seu falando sobre religiões. Seu conhecimento carnal sobre o assunto é cotejado com alguma visão menos platiforme nos comentários abaixo. O leitor deve se sentir livre para analisar qual das duas visões tem alguma chance de sobrevida 5 minutos depois de se ler os tais pensamentos.

Globo:

“Pecar e perdoar” é um livro sobre julgamento. Julgar é humano? Ou foram as religiões que nos tornaram julgadores?

As religiões, apesar de darem a base moral para os julgamentos, sempre insistem em não julgar os outros. As religiões, ao mesmo tempo, e contraditoriamente, fornecem a base material para inventar o pecado, mas também recomendam quase universalmente a misericórdia, a compaixão, o perdão, o não julgamento. Faz parte de um jogo complexo.

Karnal, o carnal, julga que as religiões dão base moral para julgamento, mas insistem que os homens não devem julgar. Há raras religiões baseadas na idéia de se evitar julgamentos: Karnal toma a casca de cristianismo que conheceu em alguma comunidade do orkut para julgar todas as religiões pelo cristianismo.

Em verdade, o cristianismo tão somente garante que o verdadeiro Reino não é deste mundo, tal como a verdadeira justiça. Assim, há duas dimensões da existência: o plano material, que podemos chamar de Plano Karnal – falho, cheio de paixões, onde nunca se sabe 100% dos fatos – e o plano espiritual, onde há uma onisciência que julga com onipotência.

A recomendação é fácil de compreender: não julgue para não ser julgado, se o Plano Karnal, esse eterno Plano Cruzado da justiça, julga pelas paixões igualmente Karnais. Para não nos dizimarmos numa guerra eterna, e a vingança ser a única força na sociedade, a recomendação é o perdão: justiça pura não significa perdão (lex talionis, retaliação, punição), mas o perdão, partindo do coração, e não da racionalização e matematização de tudo, pode nos permitir a paz, e que não sejamos julgados com a mesma força.

O perdão parte do pathos, do controle das paixões. Não significa que homens, os seres do julgamento, não julgarão: apenas que a sentença deve caminhar para o perdão, e não para a força bruta.

Em contraposição a tal visão tradicional, Karnal garante que as religiões “contraditoriamente” “inventam” o pecado e recomendam misericórdia, “e não o julgamento”. Misericórdia sem reconhecimento do pecado é que seria contraditória. Mas, para Karnal deslindar essa dinâmica nada arcana “faz parte de um jogo complexo”. O leitor que julgue (ops!) qual é mais profunda.

Karnal:

Nós gostamos de julgar. Se fosse apenas por causa da religião, em regimes ateus como a União Soviética ou a China de Mao-Tsé-Tung não teriam ocorrido julgamentos. Então eu diria que, apesar de a religião dar o vocabulário, o julgamento é humano, não é exatamente religioso.

Leandro Karnal julga bastante em um parágrafo, para quem parece julgar que julgamentos são negativos porque julgam. A conclusão que julga que “o julgamento é humano” merece o prêmio “humano do ano”, julgada por nossos julgadores.

Globo:

Normas, regras e leis não seriam necessárias para tornar a convivência entre as pessoas possível? Há um ponto de equilíbrio entre não julgar ninguém e julgar tudo?

O impulso de fazer muitas leis é uma tendência regular. (…) Para viver em grupo, como todos os filósofos destacam, nós precisamos criar regras mínimas de convívio. As regras mínimas estabelecem espaços onde eu posso ser ou não ser. (…) A nossa sociedade é tão indignada com a corrupção porque quase todos nós somos corruptos. A quebra da norma pelo outro mostra o espaço do meu desejo de quebrar também. Se não, não me incomodaria tanto.

É mesmo para se premiar a pergunta “precisamos de regras para viver em sociedade?”, com a profunda resposta de que “todos os filósofos destacam que precisamos criar regras mínimas de convívio”. Platão redivivo só poderia ficar de joelhos diante de Leandro, o Karnal!

Mas, para um “filósofo”, seria melhor ter um Sócrates diante de si a interpelar o aspira sobre o que é “corrupção”. Se Karnal é corrupto, ele que fale por si e vá para a cadeia. A definição de corrupção é factual e penal, e não deve ser usada sofisticamente como uma palavra mágica como analogia para tapear circunstantes ignorantes.

Corrupção são crimes arrolados no Código Penal, arts. 312 a 327, da Lei 8.429/92. Corrupção seria “pagar ou prometer algo não devido para conseguir a realização de ato de ofício”, segundo Edmundo Oliveira. Se não sou funcionário público e não posso realizar ato de ofício, como posso ser corrupto?

Sofistas, aqueles que usam palavras sem se preocuparem com alguma essência que seja âncora do pensamento, podem chamar de “corrupção” esbarrar sem dar licença ou trocar de faixa sem dar seta. É uma analogia entre duas coisas que só têm em comum não serem incentiváveis: as conseqüências são ridiculamente distintas, como comparar uma beterraba com uma furadeira. Mesmo não devolver troco a mais, furtar uma mexerica ou fazer um gato NET envolvem dinheiro e propriedade, mas são roubos, e não corrupção: não envolvem o poder público. Caixinha pra escapar de multa, ainda que bem menor do que um assalto a banco, sim, é corrupção.

A ânsia desesperada de Leandro Karnal para afirmar que quem está reclamando da corrupção do PT é também corrupto só funciona em suas analogias pueris. Púberes, naturalmente, caem como patinhos. Mas é apenas uma desculpa oca, um flatus vocis, um peido verbal para culpar os circunstantes pelo mau cheiro. Depois que uma geração de adolescentes e pós-adolescentes cujo único objetivo na vida é se tornarem corruptos passa a descurtir a página de Leandro Karnal por uma foto com Sérgio Moro, virá mais uma desculpa com vocabulário padronizado para O Globo.

Para coroar o bolo cerejosamente, é preciso mesmo ser um pervertido para dizer “A quebra da norma pelo outro mostra o espaço do meu desejo de quebrar também. Se não, não me incomodaria tanto” e viver numa sociedade de pervertidos para isso não ir parar nas páginas policiais. Quer dizer que nossa indignação com 64 mil homicídios por ano, com estupros, com pedófilos, com roubo de dinheiro de aposentados, é simplesmente porque nós queremos também, e nos indignamos porque outros fizeram o que queríamos? Além de logicamente contraditório, é apenas masturbação mental para auto-justificar vontades egoístas de apenas usar os outros como carcaças. Algo bem Karnal. O que nos leva à próxima:

Por que o erro, o pecado, é tão sedutor?

Nós temos uma sedução profunda pelo mal. De longe o demônio é o anjo mais interessante. Compare a biografia de Lúcifer com a do arcanjo Gabriel, que faz o anúncio a Maria. De longe o demônio, o erro e o desvio são muito mais sedutores para nós. Você vai lembrar para sempre de Odete Roitman, ou de Nazaré Tedesco, mas não vai lembrar a personagem boa, pura. Nós gostamos dos rebeldes. Nós gostamos de quem quebra a regra. A liderança numa sala quase sempre está naquele que infringe as regras, e não no nerd. O nerd exerce pouca liderança numa sala. Nós gostamos do pecador. E, aliás, Deus também no cristianismo parece ter uma predileção pelo pecador.

Será que devemos ser liderados por um aprendiz de Lúcifer, ou por um nerd? Observe bem essa imagem:



Espere, olhemos de novo:



E agora olhemos mais um pouco:



Estamos diante de um ser luciferiano liderando as hostes do Cramulhão Ele Próprio, um rebelde Hell’s Angels capaz de botar medo numa gangue de skinheads, ou de um cara que você identifica em uma praça pública apinhada como aquele que certamente tomava cuecão todo dia, escrevia poesias byronianas no Flogão porque não tinha coragem de colocar sua cara, e seu único subterfúgio para fugir de seu destino amargando uma virgindade involuntária aos 50 anos foi criando um discurso mavioso para adolescentinhas revoltadinhas que, se não encontram algo físico (ou melhor, Karnal) para suas angústias, ao menos encontram uma verborragia facinho de ser copiada para gritar com o papai no dia seguinte em que ele paga as suas contas? Antes de uma questão metafísica sobre a Queda do Paraíso, parece tão somente excesso de esforço pra dar uma bimbada.

(Antes que venham me encher: eu sei que o cara não é o Karnal, caceta, mas até você precisou verificar isso no Google pra ter certeza e sacar a metralhadora giratória da cagação de regra.)

Will Durant, em sua História da Filosofia, diagnostica que Nietzsche louvava o pecado, mas sua vida era basicamente uma castidade interminável. Era um santo, querendo ser um pecador. Ao menos Nietzsche sabia escrever bonito e brincar de filosofia com algum talento.

Mas tergiverso. Ora, por que será que a Bíblia tem mais interesse por pecadores do que por santos? Pelo mesmo motivo que Karnal tem mais interesse em provocar quem discorda de sua versão Nietzsche de banheiro do que em falar que adolescente é genial ao falar que Lúcifer é dominante na Bíblia: porque a Bíblia está preocupada com quem não entende sua mensagem (por exemplo: Leandro Karnal). Porque a Bíblia só faz sentido se for escrita para pecadores, e não para santos.

Quem quebra a regra é que precisa restaurar a ordem até tudo voltar a fazer sentido. Não é preciso ser um gênio da crítica literária a la Northrop Frye para saber disso: basta tomar uma bronca da mamãe por não ter colocado o lixo pra fora. Assim, vai se deslindando o que faltou para a inteligência de Leandro Karnal.

No livro, você lança um olhar positivo sobre Lúcifer, o anjo caído. Por que viveríamos “tempos luciferinos”, como você diz?

Essa visão positiva de Lúcifer aparece na literatura quando John Milton, em “Paraíso perdido”, põe na boca do demônio a seguinte frase: “é melhor reinar no inferno do que ser escravo no céu”. Essa é uma noção de empreendedor. Prefiro o meu pequeno negócio do que ser empregado numa grande instituição. O empreendedor clássico sempre se orgulha do ilícito. (…) O empreendedor, o grande líder é louvado porque é alguém que quebra as regras, inclusive as leis, aceitas pelo grupo. Lúcifer é o primeiro empreendedor de todos os tempos porque saiu da caixinha. Lúcifer é o sonho do RH, né? (risos). Sem a infração de Lúcifer, assim como a de Adão e Eva, não haveria História. O mundo seria perfeito, com anjos no paraíso. O que criou a História do mundo foi a rebeldia, as quebras do padrão e das estruturas. Todas as vanguardas, sem exceção, são assim.

Observemos tempos luciferinos:




Karnal confunde com extremo louvor o empreendedor, aquele que empreende uma tarefa para criar um novo mundo, com o bandido, aquele que empreende um roubo para obter mais rapidamente o que precisa, e dane-se quem saiu prejudicado. Se empreendedores roubam, naquele momento não são empreendedores.

Sua interpretação de que John Milton diz algo positivo sobre Lúcifer não precisa de mais do que 5 segundos de análise de uma das frases mais famosas da literatura inglesa: o diabo prefere viver fora da ordem (com seu Non Serviam) em um lugar em que não há salvação, esperança ou qualquer coisa de bom (diz-se que as bibliotecas do Inferno só têm Karnal, Cortella e Clóvis), mas dominar todos que estejam por ali, danados, do que fazer parte da ordem, subordinando-se ao Senhor da realidade. É como ser senhor do lixeiro. É como ser um Leandro Karnal. Perspectiva que, a essa altura, raros querem para si.


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Como disse Gabriel Vince, “Lúcifer não foi o primeiro empreendedor de todos, ele foi o primeiro estagiário a fazer merda e ser demitido.” Empreendedor é quem cria algo novo para a ordem, não quem busca atalhos fáceis (o que explicaria muito melhor do que sua logorréia por que o pecado é tão sedutor). Empreender é criar algo difícil, quebrar regras, qualquer teenager com a maturidade de um chimpanzé quebra.

Não saber separar um de outro é o que mostra que Karnal só se dá bem por que toda a nossa sociedade, e a mídia é exemplo extremo, prefere os caminhos fáceis. Seus leitores, naturalmente, não terão muito mais inteligência do que a do estagiário que faz merda.

Se é para medir a capacidade de Leandro Karnal de entender, apreender e trabalhar (digamos, empreender) na realidade, só precisamos observar sua longa, arrastada, tergiversante e chatérrima última resposta:

O seu jantar com o juiz Sérgio Moro gerou grande repercussão nas redes. A polarização exacerba o julgamento?

Somos grandes vigilantes uns dos outros. Estamos num momento polarizado, não é um momento de cinza, mas de preto e branco. Tudo o que não for polar é criticado. Não equilibrado, como chamaríamos no século XIX, mas isentão. Não ser petralha ou coxinha é ser isentão. E o narcisismo hoje é definidor da nossa cultura. De tal forma que a frase que mais se multiplica é “ele me representa” ou “ele não me representa”. Algumas pessoas me disseram isso. “Eu não jantaria com o Moro”. Eu respondi: então, assim que ele te convidar, recuse. Não há problema nenhum nisso. Mas, enquanto for futuro do pretérito, é simplesmente desejo de polaridade invertida. Jesus comeu com Judas na última ceia. Não é o convívio que afeta o seu princípio. Essa necessidade de berrar para o mundo “eu vou te bloquear porque você jantou com quem eu não jantaria” é narcísica e infantil. A decepção advém da perda de controle sobre o outro. Ele não fez o que eu gostaria de fazer. É bom que aconteça isso. Não quero ser marionete da vontade alheia.

Ah, é? Então por que apagou a porra da foto?!



7 de abril de 2017
senso incomumj
flavio morgenstern

O ANALFABETISMO FUNCIONAL DOS UNIVERSITÁRIOS BRASILEIROS

A participação de Olavo de Carvalho na Brazil Conference em Harvard ofuscou o resto do evento e gerou discussões da mais alta relevância. Afinal, qual é exatamente o problema do Brasil com o analfabetismo funcional e como superá-lo?

O entrevero ocorrido no início do mês, em palestra realizada na Conferência Brazil 2017, sobre a afirmação do Prof. Olavo de que 80% dos acadêmicos brasileiros apresentam algum grau de analfabetismo funcional, gerou dúvidas quanto à interpretação de dados, ao significado do termo “analfabeto funcional” e à sanidade da Educação Superior brasileira.

O diálogo que originou a discórdia ocorreu da seguinte maneira:

“Arguente: Alô, oi. Boa tarde. É, bom dia. Minha pergunta é para o senhor Olavo de Carvalho. É, eu fui, eu fiquei muito impressionada com esse dado de 80% de analfabetismo funcional entre formandos e eu fui olhar o estudo de 2015 do Instituto Paulo Montenegro, que faz um estudo anual sobre o analfabetismo funcional no Brasil e o dado que eles estão apresentando é de 99% de formandos do ensino superior alfabetizados funcionalmente e 71% das pessoas que entram no ensino superior alfabetizados funcionalmente. A minha dúvida é: da onde vem esse dado?

Olavo: Eu tenho a fonte aqui e te dou.

Arguente: Tá. Porque eu acho que essa discussão precisa ser embasada em um mínimo de realidade.

ODEC: Eu tenho a fonte aqui.

MESA: Com certeza [inaudível pelos aplausos]. Mais alguma pergunta?”

Nesse sentido, é necessário conhecer o significado de analfabetismo funcional, da educação superior e do conteúdo apresentado na pesquisa do INAF, com vistas a melhor compreender a situação e verificar a correção dos dados apresentados na Conferência.

DO ANALFABETISMO FUNCIONAL

O significado do termo “analfabetismo funcional” é plurívoco. No artigo científico “Alfabetismo funcional: Referências conceituais e metodológicas para a pesquisa”, os fatos históricos demonstram que “O termo alfabetismo funcional foi cunhado nos Estados Unidos na década de 1930 e utilizado pelo exército norte-americano durante a Segunda Guerra, indicando a capacidade de entender instruções escritas necessárias para a realização de tarefas militares (Castell, Luke & MacLennan 1986).” (RIBEIRO, 1997, p. 145)

A etimologia pode não representar o significado hodierno do termo. Entretanto, tal qual conhecer uma pessoa desde criança, saber a sua origem pode orientar a heurística semântica da expressão.

Note-se que a polissemia foi causada pelo uso político do termo, com contribuição da ONU: “A ampla disseminação do termo analfabetismo funcional em âmbito mundial deveu-se basicamente à ação da Unesco, que adotou o termo na definição de alfabetização que propôs, em 1978, visando padronizar as estatísticas educacionais e influenciar as políticas educativas dos países-membros.” (IDEM, p. 147)

Servindo mais como instrumento político do que descritivo, posto “O apelo do termo analfabetismo funcional nos fóruns internacionais pode ser atribuído a essa polissemia de sua definição.” (IBIDEM), a confusão semântica original não pode embaraçar o seu uso.

Nesse sentido, “Grandes pesquisas sobre o alfabetismo/analfabetismo, realizadas nas últimas décadas, abandonam a tentativa de estabelecer uma escala única de habilidades em prol do estabelecimento de conjuntos de tarefas socialmente relevantes, nas quais usos de materiais impressos ou escritos podem estar implicados. Mais do que a definição de sub-habilidades que comporiam habilidades de leitura ou de escrita genéricas, esses estudos procuram investigar a capacidade dos indivíduos de aplicar essas habilidades para atingir metas específicas, socialmente significativas.” (IBIDEM)

Ou seja, a capacidade de exercer competências específicas, conforme seu estrato social, é fundamental na definição de conteúdo discernível no termo “analfabetismo funcional”.

Em suma: “Reconhecendo a dificuldade de estabelecer com precisão quais seriam as demandas referentes à alfabetização colocadas pelas mais distintas realidades nacionais e regionais, assim como os problemas envolvidos em estabelecer índices quantitativos que permitissem comparações válidas, a própria Unesco sugeriu que se tomasse como indicador do nível de alfabetismo de países ou regiões um determinado número de anos de escolarização.” (IDEM, p. 148)

Corroborando o expendido, por oposição, uma definição do termo “analfabeto funcional” é: “Termo que se refere ao tipo de instrução em que a pessoa sabe ler e escrever mas é incapaz de interpretar o que lê e de usar a leitura e a escrita em atividades cotidianas. Ou seja, o analfabeto funcional não consegue extrair sentido das palavras nem colocar idéias no papel por meio do sistema de escrita, como acontece com quem realmente foi alfabetizado.” (MENEZES, 2017)

Assim, analfabeto funcional é aquele que não consegue realizar uma atividade intelectual que seria esperada em seu papel funcional. A primeira consequência lógica é: analfabetismo funcional tem parâmetro móvel e teleologia específica. Para cada posição social, há limites para se determinar a existência desse analfabetismo.

Inexistindo um significado específico ao termo, a sua aplicação dependerá da capacidade esperada do agente específico. Enfim, um analfabeto funcional na Educação Básica não é o mesmo que outro na Educação Superior.

DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

A Educação Brasileira divide-se em Educação Básica (com ensino fundamental e médio) e Educação Superior. A Educação Superior é (muito mal) determinada pela legislação nacional, com outorgada dignidade constitucional nos artigos 205 a 214 da nossa Magna Carta.

Nesse momento, basta notar a relevância da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (Art. 207, caput) e o inciso V do Art. 208: “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um.” (PLANALTO, 1988)

Regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96), as funções da Educação Superior são descritas entre seus arts. 43 a 57. Em apertado resumo, Educação Superior significa: estímulo da produção cultural, espírito científico e pensamento crítico; formação contínua; divulgação de conhecimentos; e permanente aperfeiçoamento cultural, numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração.

Independentemente de considerações sobre as minúcias da legislação específica, mormente a determinação de competências e habilidades descritas nas Diretrizes Curriculares Nacionais de cada curso, torna-se notório estabelecer que Educação Superior não aborda, meramente, o reconhecimento de conteúdos acadêmicos, mas o domínio proficiente da linguagem, a capacidade da produção científica e sua divulgação à sociedade.

Partindo-se desse paradigma, o alfabetismo em Educação Superior pressupõe não apenas um maior conhecimento da linguagem (além de outras ontologias), mas também a capacidade de sua reprodução e aprimoramento.

Enfim, não pode ser possível considerar o domínio intermediário enquanto suficiente na Educação Superior, pois o domínio cognitivo pleno é pressuposto de um verdadeiro acadêmico.

DA PESQUISA REALIZADA PELO INSTITUTO PAULO MONTENEGRO

Indigitado Instituto periodicamente realiza o INAF – Indicador de Alfabetismo Funcional, considerando que: “Este novo estudo permite ainda identificar como se distribui a população pesquisada segundo os grupos de alfabetismo nos diferentes setores econômicos, posições hierárquicas e funções, evidenciando características da força de trabalho no país e sugerindo enfoques para novas investigações que permitam estimar seu impacto e identificar caminhos para promover avanços efetivos, em espaços e tempos compatíveis com a urgência que os dados evidenciam.” (INSTITUTO, 2016, p. 03)

Novamente, o Instituto já reconhece a concepção de alfabetismo em decorrência de diferentes funções, subentendendo-se ser inapropriado impor-se uma mesma condição de analfabetismo funcional em diferentes posições hierárquicas.

Afirma, também, que “não registramos avanços na proporção de pessoas no nível de alfabetismo pleno, que oscila em torno de 25% desde a primeira edição do Inaf em 2001. (IDEM, p. 01). Note-se que a proporção de um quarto da população abrange todos os pesquisados, não somente aqueles pertencentes ao Ensino Superior.

Descartados os níveis “analfabeto”, “rudimentar” e “elementar”, a Escala de Proficiência, pelo Instituto, possui as seguintes definições (IDEM, p. 05):

Intermediário:

Localiza informação expressa de forma literal em textos diversos (jornalístico e/ou científico) realizando pequenas inferências.

Resolve problemas envolvendo operações matemáticas mais complexas (cálculo de porcentagens e proporções) da ordem dos milhões, que exigem critérios de seleção de informações, elaboração e controle em situações diversas (valor total de compras, cálculos de juros simples, medidas de área e escalas);

Interpreta e elabora síntese de textos diversos (narrativos, jornalísticos, científicos), relacionando regras com casos particulares a partir do reconhecimento de evidências e argumentos e confrontando a moral da história com sua própria opinião ou senso comum.
Reconhece o efeito de sentido ou estético de escolhas lexicais ou sintáticas, de figuras de linguagem ou sinais de pontuação.

Proficiente:

Elabora textos de maior complexidade (mensagem, descrição, exposição ou argumentação) com base em elementos de um contexto dado e opina sobre o posicionamento ou estilo do autor do texto.

Interpreta tabelas e gráficos envolvendo mais de duas variáveis, compreendendo elementos que caracterizam certos modos de representação de informação quantitativa (escolha do intervalo, escala, sistema de medidas ou padrões de comparação) reconhecendo efeitos de sentido (ênfases, distorções, tendências, projeções).

Resolve situações-problema relativos a tarefas de contextos diversos, que envolvem diversas etapas de planejamento, controle e elaboração, que exigem retomada de resultados parciais e o uso de inferências.

Coligindo-se as características determinantes à Educação Superior, conforme já demonstrado, com as exigibilidades da Escala de Proficiência fornecida pelo Instituto, lídima é a conclusão de que não é admissível o nível intermediário enquanto condição suficiente à alfabetização em Ensino Superior. Explica-se:

Meramente localizar informações literais não é suficiente à determinação do pensamento crítico (por mais indeterminado que seja esse conceito), posto a produção científica (um escopo do Ensino Superior) exigir muito mais que a mera recognição de conteúdo expresso de forma literal.

É necessária, à Educação Superior, a capacidade de elaborar textos de maior complexidade e, no mínimo, resolver situações-problema relativos a tarefas de contextos diversos, especialmente com o uso de inferências.

Se o próprio Instituto não percebeu que a sua escala, para não ser arbitrária, deve-se coadunar com as características determinadas pela concepção de Educação Superior (já explanada), é um possível problema de analfabetismo funcional dos seus elaboradores, assunto que extrapola o objeto desse texto.

Nesse sentido, somente pode ser considerado alfabetizado, nos termos vinculantes da própria legislação educacional e conteúdo representativo do termo “analfabeto funcional”, aquele indivíduo (rectius: acadêmico), que possua, até por pleonasmo enfático, alfabetização superior, conseguindo resolver situações-problema em diversos contextos, por meio de planejamento, com o uso de inferências.

A mera capacidade de compreensão de uma informação explícita (critério de proficiência intermediário), por óbvio, demonstra a inaptidão do indivíduo às exigências de uma Educação Superior.

Conforme se verifica na página 09 da citada pesquisa: “A grande maioria de quem chegou ou concluiu a educação superior permanece nos grupos Elementar (32%) e Intermediário (42%), enquanto apenas 22% situam-se na condição de Proficiente da escala considerada.”

Note-se que esses dados corroboram outra pesquisa independente, que afirma: “durante um semestre letivo, constatou-se a presença do analfabetismo funcional em 80% das turmas [de ensino superior], onde as análises feitas por elas tinham um teor imaturo e restrito. Apenas 20% dos alunos conseguiram solucionar todas as atividades propostas alcançando o objetivo dos exercícios, apresentando uma assimilação madura e eficaz dos mesmos.” (TEIXEIRA, 2012, p. 04)

Enfim, considerando-se o expendido, as inferências decorrem por necessidade lógica.

CONCLUSÃO

Não há ponderações psíquicas ou intelectuais quanto ao questionamento da arguente. Pressupondo-se ter sido uma pergunta honesta, ainda que ela não tenha buscado as fontes disponibilizadas pelo Prof. Olavo, é impossível atingir-se uma conclusão diferente da certeza que, novamente, o Prof. Olavo acertou: cerca de oitenta por cento dos estudantes universitários brasileiros sofrem de analfabetismo funcional.

Afinal, critério mínimo ao acadêmico de Ensino Superior é grau de proficiência em seu nível de alfabetização. Demonstrando o Instituto a existência de apenas 22% de alunos nessa situação, por óbvio que 78% dos demais alunos não são, neste nível de ensino, alfabetizados funcionalmente.

É relevante destacar que se busca a atualização intelectual do imenso potencial criativo e crítico da cultura brasileira, francamente espoliada e subjugada a mesquinhos interesses ideológicos e políticos que continuam a assolar um povo inculto, despreparado e aparentemente sem caminhos imediatos disponíveis ao seu próprio crescimento intelectual.

Não apenas por isso, e também porque #OlavoTemRazão, pessoas com interesses mais elevados que a tibieza mental, tripudiação, revanchismo barato e submissão mental, deveriam frequentar as excelentes, e baratíssimas, aulas oferecidas pelo Professor Olavo de Carvalho por meio de seu site www.seminariodefilosofia.org.

Afinal, existir somente vinte por cento dos acadêmicos com capacidade suficiente à Educação Superior é o verdadeiro quinto dos infernos.



27 de abril de 2017
mauricio marques canbto jr.
senso incomum

FONTES


INSTITUTO PAULO MONTENEGRO (São Paulo). Indicador de Alfabetismo Funcional – INAF: Estudo especial sobre alfabetismo e mundo do trabalho. 2016. Disponível em: <http://www.ipm.org.br/…/…/inaf/relatoriosinafbrasil/Relatrio Inaf Brasil 20112012/INAFEstudosEspeciais_2016_Letramento_e_Mundo_do_Trabalho.pdf>. Acesso: 09.abr.2017.

MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete analfabetismo funcional. Dicionário Interativo da Educação Brasileira – Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/analfabetismo-funcional/>. Acesso: 09.abr.2017.

RIBEIRO, Vera Masagão. Alfabetismo funcional: Referências conceituais e metodológicas para a pesquisa. Educação & Sociedade, ano XVIII, no 60, dezembro/97. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v18n60/v18n60a8.pdf>. Acesso: 09.abr.2017.

TEIXEIRA, Patrícia Luciano de Farias; SOUZA, Maria das Graças; FARIAS, Maria Alves. O Analfabetismo Funcional em Alunos Universitários. VII Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. Disponível em: <http://propi.ifto.edu.br/…/con…/vii/paper/viewFile/3157/3085>). Acesso: 09.abr.2017

VOCÊ SABE O QUE É UMA HÉGIRA? A LEI DE IMIGRAÇÃO VAI CAUSAR UMA NO BRASIL



O Ocidente chama de crise de refugiados ou questão humanitária. Mas os islâmicos chamam de hégira. O que está em jogo na lei de imigração?

As verdadeiras questões em disputa na geopolítica, e mesmo na configuração do mundo de hoje, passam tão ao largo da intelligentsia moderna – políticos, jornalistas, analistas, professores e o circuito think tank – que não surpreende quando todos se surpreendem com um resultado que seria óbvio fora de seu jargão de educação técnica.

A lei de imigração, de autoria do atual chanceler Aloysio Nunes (PSDB/SP), ex-motorista do terrorista Carlos Marighella, é um caso de estudo gritante: poucos conhecem seus prováveis resultados, raros entendem a dinâmica e quais são as forças em jogo, mas quase todos estão prontos para empunhar declarações com fontes na internet para, imediatamente, sacar o vocabulário do jornalismo e da Academia, acreditando que estão vencendo preconceitos, e não repetindo preconceitos socialmente aceitos, quando dizem que “nem todo muçulmano é terrorista”, ou ainda venerando vocábulos cristalizados como “islamofobia”.

Se a intelligentsia se recusa a usar termos com maior capacidade de descrever o que se passa no mundo, como jihad ou salafismo, que dirá até mesmo saber o que são questões fundamentais para o islamismo, mas menos “pop”, como saber o que é uma hégira.
A importância para o islam

Responda rápido: qual é o evento que marca o início do calendário islâmico, aproximadamente em julho de 622 para o calendário juliano? Para os “não-preconceituosos” que apenas conhecem a religião muçulmana em comparação ao cristianismo, a tentação de responder algo como “o nascimento de Maomé” ou “o dia da revelação do ‘anjo Gabriel’ a Maomé” é quase carnal de tão sedutora, mas o início do tempo sagrado do islamismo começa de outra forma: com a hégira – a imigração de Maomé de Meca para Medina.



Uma religião que marca o início de sua história com uma imigração, na mais branda das hipóteses, possui uma relação com imigrações indescritivelmente maior do que qualquer religião ou movimento político em toda a história do planeta. Enquanto ocidentais, que do Corão e do islamismo só conhecem os comentários da Globo News, falam em “crise de refugiados” ou “questão humanitária” (termos que nem possuiriam uma tradução aproximada em árabe), o que muçulmanos estão fazendo, mirando no Ocidente, é seguir os passos de Maomé, pregando abertamente uma hégira (hijra ou هجرة).

Quando Maomé afirma ter recebido a sua “revelação” (em estado de transe, ao contrário de Maria, que responde racionalmente) do suposto “anjo Gabriel”, começa uma pregação em Meca, sua terra natal, importantíssimo entreposto comercial, tentando “corrigir” o judaísmo e o cristianismo.

Naquilo que estudiosos do Corão determinam como os mais antigos escritos de Maomé, o “profeta” ainda é pacífico em relação a cristãos e judeus, “os povos do livro”, conforme o linguajar islâmico. Sua proposta é praticamente reescrever a Bíblia, sobretudo o Novo Testamento. Quem mais aparece nesse momento no Corão (e em boa parte do livro inteiro) é Jesus, não negando seus milagres, seu nascimento virginal, seu papel como profeta – mas negando sua mensagem, quase como se proferisse o tempo todo: “Eu nunca disse tal coisa!”.



Blasfêmias pesadíssimas e imperdoáveis para a mentalidade islâmica, como dizer que é Filho de Deus (como Alá, que não criou o homem à sua imagem e semelhança, pode ter alguma familiaridade com um humano?!) ou, oh, horror, que teria morrido numa cruz, algo que faria toda a teologia islâmica perder o sentido, mas que ocidentais seculares nem fazem idéia do porquê (vide nossos artigos Por que ateus devem comemorar o Natal e episódio Por que a esquerda adora muçulmanos do Guten Morgen, o nosso podcast).

Muçulmanos podem conviver com um tal de Jesus que multiplica pães e ressuscita mortos, mas não com um que morreu numa cruz, por isso costumam se focar não no aspecto messiânico (Kristos) de Jesus, mas no seu local de nascimento, preferindo chamar cristãos de “nazarenos”, até os marcando, em terras islâmicas, com a letra nuun (ن). Era tudo isso que o Corão buscava “corrigir”.



A pregação de Maomé não foi bem aceita por cristãos e judeus, mas também não por pagãos, que, pela visão da nova religião, não tinham nem mesmo o status de sub-religiões, os “errados” que deveriam marcar sua inferioridade se convertendo, pagando o imposto da jizya (“oferecido” apenas a cristãos e judeus). Meca, convoluta com a pregação de porta em porta do nosso auto-intitulado “profeta”, pregando um Deus que não era mais Verbo (logos) encarnado, mas pura vontade e mando, viu sua paz ser ameaçada e Maomé foge para uma cidade razoavelmente próxima, provavelmente com uma pequena caravana de convertidos: Medina, ou Yathreb. É a hégira que vai determinar tanto o islamismo que marca o início do tempo “verdadeiro”.

Após a hégira, já em Medina, Maomé troca completamente a sua estratégia de pregação cabana por cabana. Seu texto passa para a agressividade: ao invés da opção de pagar jizya para admitir a inferioridade, cristãos e judeus podem agora também ter a tentadora opção de serem mortos (já “infiéis” pagãos, como yazidis e afins, só podem mesmo se converter ou morrer, e suas mulheres serem usadas como escravas sexuais).

Hégira como teologia

Teólogos muçulmanos influentes nas principais universidades islâmicas do mundo costumam fazer a leitura desses versos contraditórios do Corão, que ora falam em “amar os judeus”, ora em “impor terror sobre aqueles descrentes, e então esmagar suas cabeças” (Qur’an 8:12), justamente pela posterioridade dos segundos sobre os primeiros: os versos de Medina, pós-Hégira, seriam mais “verdadeiros”. É por isso que um sem-número de países muçulmanos, mesmo com versos no Corão pregando alguma forma de “paz” com cristãos e judeus, proíbe sua permanência em suas terras.



Houve um tempo em que era comum retratar o “profeta”

É o que faz a dissidente (“apóstata”) Ayaan Hirsi Ali, que abandonou o islamismo e fugiu da Arábia Saudita, dividir os muçulmanos não da forma da tradição islâmica (sunitas, xiitas e kharijistas), mas entre muçulmanos de Meca e muçulmanos de Medina. Os primeiros, felizmente a maioria, seguem os ditos de Maomé pré-Hégira, quando seus escritos ainda falam de comércio, de código civil e de reformas teológicas em um clima que crê que o islamismo vai ser dominante por sua atração própria. Os segundos, que podem até ser uma minoria ínfima, mas são um perigo extremo numa religião com quase 2 bilhões de praticantes, além da hégira, preconizam a jihad, a guerra santa para a conversão – não de pessoas, mas de povos, regiões e países inteiros. Note-se a diferença gritante com uma religião que começa com um Êxodo, para seguir seu Deus e sua verdade em paz.

Afinal, o islamismo, sendo um jin, não é só uma religião, mas também uma cosmogonia, um método de pensamento (incluindo o “científico”), um código civil, de alimentação, vestuário etc. Além do que ocidentais, incluindo seculares, chamam de “religião” (conceito latino que aprenderam unicamente pela via do complexo do judaico-cristianismo).

O maior estudioso das religiões do mundo, o romeno Mircea Eliade, define em sua importantíssima obra O Sagrado e o Profano que os religiosos devem seguir o comportamento dos seus líderes, até por imitação. Apesar de não haver uma “preconização” de que muçulmanos devem sair “imigrando” pelo mundo, até a forma de interpretação do Corão depende dos hadith, textos atribuídos que narram a vida do “profeta” Maomé exatamente para tal fim.
Hégira como conquista

A hégira “original” é apenas a imigração de Meca para Medina (não é chamada de hégira nem mesmo o retorno de Maomé para Meca, já dotado de uma ideologia guerreira, e entrando em conflito armado com os habitantes locais, iniciando seu reinado conhecido pelo fio da cimitarra).

Entretanto, como tanto o tempo quanto o espaço do islamismo são 100% sagrados (ao contrário do cristianismo, ou das antigas religiões de Roma, que permitem uma confluência entre sagrado e profano), uma imigração feita com fins religiosos, com o objetivo de povoamento de um lugar não-islâmico (Dar al-Harb, lar da guerra) para se tornar uma região muçulmana (Dar al-Islam, lar da submissão ou da “paz”: daí o apelido do islamismo) também pode ser chamado de hégira, por se estar imitando os passos do profeta.

Apenas tal entendimento explica 90% da idéia de um “Estado Palestino” na região de Israel que muçulmanos querem tomar para si, expulsando todos os judeus de seu território – com o beneplácito da ONU e do Ocidente, criticando “assentamentos” (ou seja, judeus que ousam existir na Dar al-Islam, ofendendo muçulmanos que não aceitam judeus existindo no seu “lar da paz”).

Seria uma imigração “sagrada”: como segue o roteiro Meca-Medina, é uma imigração “na paz”, e não ainda praticando a jihad, mesmo para muçulmanos que defendem o jihadismo: de fato, a história do islamismo é uma eterna repetição de tratados de paz (hudna), como o de Hudaybiyyah, feito pelo próprio Maomé.

Enquanto o muçulmano, geralmente seu líder, está pensando numa trégua com fins de islamizar uma região, o ocidental pensa em “tratado de paz”. Após ter maioria populacional em Hudaybiyyah, através da poligamia e do incentivo islâmico ao prazer sexual (ao contrário do cristianismo católico), em 10 anos, Maomé declara guerra à cidade.



O modelo segue sendo repetido em toda a islamização da religião com mais rápida ascensão no mundo: imigrações (hégiras), tratados de paz (hudnas), ocasionais guerras (jihad) e tomada de poder (Dar al-Islam). Muçulmanos conhecem o roteiro de cor e salteado. Ocidentais acreditam em “crise de imigração”. Dos portões de Viena ao acordo nuclear com o Irã, comemorando por acólitos de Barack Obama como uma “vitória” do presidente americano, ao mesmo tempo em que os imãs iranianos garantiam ao povo que fora uma vitória contra a América, que seria colocada de joelhos e teria a morte vinda de Alá, a novela é sempre reprise.

Do Irã à Bósnia e Herzegovina, de Omã à Chechênia, dos Emirados Árabes Unidos à Ucrânia, da Turquia ao Afeganistão, o islamismo se espalhou por tal meio. Não por jesuítas e filosofia patrística e escolástica com universalização de ensino teológico como o cristianismo, mas pela submissão, o próprio significado da palavra islam.
Vá e ensine a palavra do profeta – e mate os infiéis

Muçulmanos enxergam o tempo, em seu calendário, pelo ponto de vista da Eternidade, quase como se tudo ocorresse simultaneamente para Alá. Se o Vaticano é um dos lugares no mundo em que mais se pode encontrar arte grega e romana (incluindo as mais pornográficas), o Estado Islâmico precisa destruir estátuas de deidades já não adoradas há milênios.

Jihadistas consideram que atropelar civis com um caminhão é o mesmo que praticar a jihad com a espada na época de Maomé. Chamam hoje os combatentes aos grupos jihadistas de Cruzados, ou mesmo de romanos, enquanto a mídia ocidental se recusa até a dizer que dizem “Alá é grande”. Líderes islâmicos de países em guerra, no que chamamos de “crise imigratória”, incentivam sua população a praticar hégira, e a não respeitar as leis locais, esperando pela lei verdadeira de Alá. O resultado não poderia ser mais óbvio, caso ocidentais falassem claramente o que acontece no mundo.

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A hégira não é importante, portanto, apenas como história, ou teologia, ou metafísica mítica para interessados no sobrenatural, mas como atividade política de transformação de um país para a não-tão lenta submissão de sua população ao islamismo.

Quando o chanceler Aloysio Nunes, eternamente ex-motorista do terrorista Carlos Marighella, cria uma lei para “ajudar” na “crise de refugiados” da Síria, tudo o que ele está fazendo, de verdade, é permitir que uma hégira finalmente mire o Brasil. E ainda dando mais direitos a muçulmanos do que a nativos brasileiros.

Um microcosmo de imigração islâmica ocorreu na Argentina de Perón e depois com a conivência dos socialistas Néstor e Cristina Kirchner, até mesmo permitindo um atentado terrorista contra uma sinagoga que foi encoberto pelo casal. Também temos, é claro, das ligações da Venezuela com grupos terroristas pelo mundo, além do Irã. O vice-presidente venezuelano, o druso Tareck El Aissami, além de acusações de tráfico de drogas, foi acusado por um ex-ministro chavista de dar centenas de passaportes venezuelanos verdadeiros a terroristas sírios para praticar jihad na América.

As perspectivas da lei de imigração de Aloysio Nunes não são exatamente animadoras.

O perigo de um atentado terrorista, da jihad moderna, não é exatamente o que principal a ser temido – por isso é inócuo o apelo de que “nem todo muçulmano é terrorista”, se nem mesmo todo jihadista, como nem todo defensor das Forças Armadas, está de arma em punho, matando infiéis no campo de batalha e degolando infiéis.



Mas o islamismo, ao contrário de qualquer outra religião, vê imigração de uma maneira completamente distinta da de outros religiosos ou seculares. Não significa, é claro, que todo muçulmano tenha um plano de “islamizar” o lugar para onde migre, mas basta ver o pensamento dos imigrantes muçulmanos sobre apedrejamento de mulheres adúlteras, pena de morte para apóstatas ou o que acham de gays para se entender o tamanho do problema.

Fora, é claro, que mesmo assim, há risco do próprio terrorismo e dos efeitos que teria no Brasil (o massacre de Realengo não é lembrado com o primeiro ato de terrorismo islâmico no Brasil). Como disse o atual prefeito de Londres, o muçulmano Sadiq Khan, do Partido Trabalhista, o terrorismo é uma realidade com a qual as grandes cidades hoje “terão de conviver”. Sair na rua com Aloysio Nunes, desde seus tempos como motorista de Marighella, significa brincar de roleta russa sem nada a ganhar em caso de sobrevivência.

Para quem considerou o muslim ban, o veto de Donald Trump a imigração vinda de 7 países do Oriente Médio, como mero “racismo”, “xenofobia” ou “islamofobia”, fica realmente a dúvida se sabem de 10% do que vai acima.

Sem necessidade de uma jihad, mais uma vez a esquerda ultra-atéia permite que a idéia de algum dia se implantar a lei da shari’ah em um lugar onde ela parecia ser impensável se torna questão não de se, mas de quando. Ocidentais acabam sendo crentes em deuses que nem sabem que existem, e nem sabem como esses deuses querem seus pescoços no chão.



27 de abril de 2017
flávio morgenstern
senso incomum